Já
tudo feito. Sim, já tudo pode ter sido feito. Qual o problema? Já tudo foi
feito. Já tudo foi pensando, criado, realizado. Já tudo foi realizado? De
certeza? Então, porque ainda sofremos de profundas desigualdades de
oportunidade? Porque ainda vivemos numa hegemonia secular camuflada de
democracia? Talvez seja impossível sermos originais. Vivemos no mesmo mundo, no
mesmo tempo. Temos inquietações semelhantes algumas vezes sentidas de maneiras
diferentes. Não será a originalidade uma invenção bastante recente? A questão
talvez não seja ser original ou deixar de ser e sim ter liberdade de pensar,
liberdade de errar, liberdade de questionar, repetir, de perguntar, de nos
inspirarmos. De termos rigor sem ser rígidos. Porque dizem que a educação está
falida? Porque a educação virou um negócio, porque não se é dada importância
suficiente ao conhecimento como algo libertador, democratizante. Porque não se
substitui carreira por percurso? O que falhou desde a revolução francesa? O que
falhou desde o Maio de 68? Porque continuamos a repetir velhos padrões e
modelos? Modelos. Padrões. Não nos damos liberdade de sair desses padrões em
prole do rigor. Mas concluo que podemos ter rigor sem sermos rígidos. Podemos
ter a ética de saber quais os autores que já pensarem inquietações semelhantes
sem que nos aprisionemos em modelos de escrita que nos bloqueiam. Podemos citar
autores porque com eles dialogamos, porque nos apropriamos de uma reflexão
teórica com base na observação, na escuta, na leitura, na prática. Para que serve a produção de conhecimento? Para
onde vai esse conhecimento? Serve quem e o quê? Porque nos desmotivamos? Porque
a escola é vista com algum enfado? Porque talvez não se escutem as necessidades
do individuo enquanto ser pensante e interveniente num espaço. Talvez porque
não é dada atenção a uma realidade ou várias realidades que se vivem no dia a
dia.
A piu
br, 17.10.2013
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