quarta-feira, 23 de outubro de 2013

ROMANOFF


Atravessou o mar congelado que liga Zugland a Prustinaw. As pálpebras ferviam de frio.
Crianças cá fora brincavam no meio da neve. Alguém lhe ofereceu um vinho quente com sabor a canela. Dormiu no estábulo de outro alguém que se apiedou dele. Em troca Romanoff ofereceu um colar de contas de Turizeia.

Avistou uma ilha. Numa embarcação foi. Alojado no convés puxava o lustre aos garfos.

Nessa ilha falava-se uma lingua semelhante à sua, mas como não era igual ninguém com ele queria conversar, apesar da cordialidade com que foi recebido. Disse que tinha sede, alguém lhe estendeu um copo com água. Tentou conversar com as meninas da ilha, pois eram as únicas que pareciam dispostas a comunicar. Afastaram-se receosas de segundas intenções.

Romanoff sorriu um sorriso triste.

Ao luar escutou música ao fundo. Havia uma festa, mas Romanoff não fora convidado. Naquela ilha era de mau tom aparecer sem ser convidado.Não fazia parte da comunidade. Romanoff tentou entender.

Romanoff sorriu um sorriso triste.

De manhã, quando acordou escutou um som de assobio intrometido seguido de uma melodia pulante. Olhou. Não tinha idade, não se sabia de onde vinha, o que fazia. Um ser imberbe. Chegou-se mais perto. Sorriu o seu sorriso largo desdentando ponteado por alguns dentes e ouro. Sentiu cumplicidade. Abraçou-se a Semirnoff e chorou de comoção. Um amigo do peito. Tinha encontrado um amigo do peito que não era preciso falar nada. Um amigo para partilhar aventuras.

a piu
br, 22.10.2013

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