quinta-feira, 28 de maio de 2015

SEMPRE A SORRIR E A ACENAR ( série seguindo as regras do face)


E aí galeraaaa?! Tudo em cima! Ouvi dizer que no face todo o mundo é feliz com vidas estonteantes, super aventureiras, bem sucedidas e felizes! Também quero fazer parte dessa felicidade gósmica! oooops Cósmica! Curto música rock, punk rock, música do mundo, clássica, jazz. Enfim! Também curto andar de olhos abertos e de vez em quando fechá-los. Curto rir e chorar. oooops chorar não entra nas regras do face? ooops Perdão. Também curto fazer novos amigos e amigas. Sou uma pessoa super, mas super mesmo. Não liguem para a foto que foi tirada com um fundo cheio de inseticidas. É que estava lá este chapéu que me dá um ar deveras cosmopolita rural.
chauuuu galerada e beijokinhas para todos
yá, tá-se bem!
Ana Piu
Br, 28.05.2015

FASCISMO NUNCA MAIS


A 28 de Maio de 1926 iniciava-se uma longa e sinistra noite escura em Portugal que durou 48 anos. Nesse ano a minha avó faria 4 anos. Em 1932, tinha os 10 anos que agora a minha filha completerá. Nem metade dos sonhos e oportunidades a minha avó teve em relação a mim e à sua bisneta. Aprendeu a ler e a escrever, mas nunca foi professora primária como desejava. Aprendeu a servir os outros e aceitar a sua condição. Neste ponto não tenho vergonha absolutamente nenhuma de dizer que as minhas origens são pobres, de explorados. Vergonha tenho daqueles que da sua origem se esquecem e exploram, achando que o trabalho dos outros não vale nada e que a força de trabalho é para se roubar mesmo. E quem tem a mania que é fino e despreza os pobres... Vai dar banho ao cão! E não venha com caridadezinhas. Pode metê-las num lugar que todos sabemos. Seja bem vindo quem vier solidário.
A 28 de Maio, em plena Primavera os últimos resquicios de sonhos republicanos esmureciam, as lutas operárias e do campesinato eram reprimidas. NOVENTA POR CENTO DA POPULAÇÃO ERA POBRE E ANALFABETA. Muitos emigraram, outros perseguidos pelo regime fascista, muitas vezes foram presos, torturados e mortos. As pessoas tinham medo de pensar e falar. Não podiam. E depois havia sempre os "engraçadinhos" que bufavam, delatavam. Alguns ainda andam por aí. Talvez tenham se convertido em alguma coisa para se redimirem ou então ainda acham que no tempo da outra senhora é que era bom. Ai! Ao fim deste tempo até dá preguiça dar dois abanões nessa malta. Coitados!...
Imagine-se dar uma bengalada com a própria bengala da pessoa, que deve ter uma pensão miserável e ainda se convence que antes ainda era melhor... Passaram-se 41 anos depois da queda do fascismo, mas os resquicios ainda se sentem. Pessoas despolitizadas, partidos sedentos de poder, sejam de esquerda ou direita. Mas uma coisa tenho a certeza! Um partido de direita no pleno termo da palavra e da ação não valoriza a educação e a cultura no sentido democrático e libetário. Só para ficarmos nestas duas áreas socais.
AH! E APETECE-ME ESCREVER PORQUE É ISSO QUE PENSO E SINTO: SER DE DIREITA É CAFONA, PIROSO, BREGA, TRISTE, GANANCIOSO, INSENSIVEL, ESTÚPIDO. Embora haja uma malta que se diz de esquerda que também não fica atrás. Mas esses são de esquerda assim como eu sou astronauta ou modelo do Armani. Enquanto houver sede de poder e muito ego e super ego descompensado... Fazer o quê?
Ana Piu
Br, 27.05.2015

quarta-feira, 27 de maio de 2015

M DE MAIO, DE MULHER, MÃE, MATURIDADE, E OUTRAS COISAS MAIS (série homenagem ao Maio de 68 com as suas contra culturas e revoluções sexuais e sociais que tantas vezes tem ficado pelo caminho)


Homem que é homem não teme as mulheres porque as admira. Assim como as mesmas admiram os admiráveis.
O mês de Maio está a acabar. Mais um Maio. Outro virão. O ano que vem, se tudo correr como desejamos, ainda cá estamos. Maio, mês primaveril em muitos lugares e em outros outonal. Por estas bandas é outonal, embora seja o equivalente a muitos verões que tenho conhecido.
Maio, mês de despedidas e reencontros. Mês das colheitas, da fertilidade. E não tem jeito, não. Viemos todos dum ventre maternal. Ainda não conheci nenhum ser nascido dum tubo. Mesmo existindo não conheço nem sei o que pensam em relação à fertilidade e ao respeito que devemos nutrir pela mãe natureza e por consequência por todas mães e mulheres, valorizando-as na plenitude das suas múltiplas facetas. Sejam elas de foro intimo, interpessoal, profissional. E pedir muito? É exigir muito? hmmmmmmmmmmmmmmmmm
Penso, sinto e digo que não. Aliás. NÃO! Em pleno século XXI ainda somos as feiticeiras, bruxas, serpentes e outras coisas do imaginário medieval que predomina até hoje. Principalmente na cultura latina em contexto ocidental. Homem que é homem não teme as mulheres porque as admira. Assim como as mesmas admiram os admiráveis.

Br, 27.05.2015
Buuuuuuu! Quem tem medo das fadas do espaço sideral? Cada uma tem a sua vassoura. Somos muito autónomas.
A gata Mimi que é mãe da Barnabica e a cadelita Nica que é mãe do Migo.

terça-feira, 26 de maio de 2015

SUPERBACANA


Toda essa gente se engana
Ou então finge que não vê que eu nasci
Pra ser a superbacana
Eu nasci pra ser a superbacana
Superbacana Superbacana
Superbacana Super-mulher
Supermãe, Supertrabalhadora
Superestudante, Superbacana
Estilhaços sobre a Alemanha
O mundo na China e na Alemanha
Tudo na China e na Alemanha
O mundo explode longe, muito longe
O sol responde
O tempo esconde
O vento espalha
E as migalhas caem todas sobre
a minha terra me engana
Esconde o superamendoim
O espinafre, o biotônico
O comando do avião supersônico
Do parque eletrônico
Do poder atômico
Do avanço econômico
A moeda número um do Tio Patinhas não é minha
Um batalhão das tartarugas ninja
Barra a entrada da legião dos anti super-heróis
E eu superbacana
Vou sonhando até explodir colorido
No sol, nos cinco sentidos
Nada no bolso ou nas mãos
Um instante, maestro
Super-mulher Superflirt
Super tudo, Super nada
Superviva, Super não lugar
Superesperançar

super bacana super bacana

Ana Piu
Brasil, 26.05.2015


Évora, Portugal 2011


FIADO SÓ AMANHÃ (série come e cala)


O ambiente é um qualquer restaurantezinho na grande Lisboa, vulgus tasquinha.
- Tem sopa do dia?
- A sopa do dia é de ontem, mas está boa.
- Pode ser. Em tempos de austeridade não há cá pão para malucos.
- Ponho uma salsinha e um fiozinho de natas para dar aquele ar gormê e vai ver que fica uma categoria.
(...)
- Sobremesa vai querer?
- A mousse de chocolate é caseira?
- Foi feita em casa, sim. É da Alsa.
- ahhhhhh... (uma espécie de lamento quase em surdina)- Fica mais barato, sabe. - É que antes fazíamos com ovos caseiros mas sabe como a ASAE* anda.
- Sim... Venha então essa mousse.
(...)
- Posso pagar amanhã?
- Olha-me este!! Ora tomaaaaaaaaaaaaaaaaa ( o "ora toma" é emitido num som gutural que qualquer conterrâneo identifica. Difícil de explicar quem nunca presenciou, pois requer uma visualização que inclui textura e odor. Mas lá vai. Um som gutural e anasalado com ênfase nas vogais, o "a" vira "ê" com cheiro a sardinha assada e duma textura gordurosa de toalha de oleado e dum chão onde o copo de três facilmente desmaia. Para os não nativos, copo de três é um copinho de vinho tinto carrascão. Carrascão significa que é duma qualidade duvidosa que causa dores de cabeça latejantes) .
Ana Piu
Br, 26.05.2015


* A ASAE é a autoridade administrativa nacional especializada no âmbito da segurança alimentar e da fiscalização económica.
Deste modo, é responsável pela avaliação e comunicação dos riscos na cadeia alimentar, bem como pela disciplina do exercício das atividades económicas nos setores alimentar e não alimentar, mediante a fiscalização e prevenção do cumprimento da legislação reguladora das mesmas.
No exercício da sua missão, a ASAE rege-se pelos princípios da independência científica, da precaução, da credibilidade e transparência e da confidencialidade.


Ai meu Zé Povinho
meu Zé Povinho!
qualquer dia
nem um ovinho 
para o corpinho!

ODE QUASE SURREAL PARA O ZÉ POVINHO

manguito aqui 
manguito lá
só um fiado
vá!

não sejas uma pessoa má!

buáááááá




INVENTÁRIO DOS DIAS CLAROS (série acerca amor pleno)


Na tv passou um documentário. Alguém comenta. Um gorila bebé viveu durante alguns tempos num galinheiro. Os protetores dos animais descobriram o gorila petiz e tiraram-no de lá pelos maus tratos. "Ele era picado pelas galinhas?"; "Não, ele vivia num espaço muito pequeno".
Quem relata este episódio continua:" Vou mudar de professor de violão. Ele não tem paciência para ensinar. Ele sabe muito, mas fica irritado, no caso do aluno, neste caso aluna, não acertar logo. Lembra um outro professor que eu tive. Novinho! Assim que eu pegava o volante ele gritava:" Acelera! Não está pisando no pedal da máquina de costura. Mudei para um professor já velhinho que falou umas cinco coisas para eu levar o carro com tranquilidade e confiança. Resultou."
Os cavalos têm uma zona perto da garupa que se denomina "sweet place". O equivalente ao nosso pescoço. Quando se escova o cavalo pela primeira vez devemos começar por essa região, para o conquistar, para lhe dar tranquilidade e confiança. É também nessa região do corpo que os cavalos se atacam uns aos outros. Os cavalos têm os olhos doces, embora alguns sejam selvagens.
Nas inúmeras páginas da dissertação da Johana sublinho:" capacidade de lidar com o "não" é a potência do palhaço, o erro, o fracasso, a vergonha. (...) a falta de formação gera amor desordenado, que busca receitas prontas."
Conclusão dos inventários dos dias claros:
Viver num espaço menor que o tamanho do corpo é uma agressão, mesmo que a vizinhança não bique.
O virtuosismo não é lá muito amigo do prazer e da paixão de ensinar ou simplesmente partilhar conhecimentos. Ensinar e aprender plenamente requer humildade, entrega e essa tal de paixão.
Nós, seres humanos, somos como os cavalos. Um afago na "sweet zone" poderá ser um tratado de paz mundial. Pronto, para não pedir muito, um tratado de paz local.
Sermos seres bem formados possibilita-nos amar plenamente aquilo que fazemos, o que somos e como nos relacionamos com os outros seres vivos. Sejam cavalos, humanos, gorilas todos somos livres quando temos espaço para amar plenamente, sem receio de errar. Da próxima é melhor. Essa é a esperança daqueles que levam a sério não se levarem demasiado a sério.
Ana Piu
Brasil, 28.05.2015

sexta-feira, 22 de maio de 2015

A CONVERSA COM A SIMONE

A CONVERSA COM A SIMONE
querida Simone, faco tuas as minhas palavras. Porém vou alterar ligeiramente. Pode ser ( como se coloca interrogacoes e acentuacao neste teclado )
Eu sou absurdamente esperancosa. Eu desejo tudo na vida. Tudo eu quero ser. Eu quero ser mulher e homem, eu nao quero ser nem uma coisa nem outra. Eu quero ser feminina, eu quero ser feminista, eu não quero ser feminista, pois diabolizar os homens tambem nao e justo. Eu quero ter muitos amigos e ter solidao tambem, pois a solidao mostra-nos que nos bastamos a nos mesmos e que e bom o encontro inteiro. Eu quero trabalhar muito e ter direito a preguica. Eu quero criar muito e quem sabe escrever muitos livros que toque o coracao das pessoas. Eu quero subir ao palco. Eu quero nao ser o centro das atencoes nas horas vagas. Eu quero rir junto, eu quero curtir a vida, eu quero permitir-me errar e na mesma ta tudo. Eu quero escutar o silencio. Eu quero cantar mesmo que desafinada ate perder o folego.
Ja se ve que sao muitos quereres, mas eu sou absurdamente esperancosa. Eu desejo tudo na vida. E isso deixa-me feliz.
A Piu
Brasil, Maio de 2015

“I am awfully greedy; I want everything from life. I want to be a woman and to be a man, to have many friends and to have loneliness, to work much and write good books, to travel and enjoy myself, to be selfish and to be unselfish… You see, it is difficult to get all which I want. And then when I do not succeed I get mad with anger.”
Simone de Beauvoir

quinta-feira, 21 de maio de 2015

PAZ, AMOR E IMAGINAÇÃO AO PODER (série comemoraçóes do Maio de 68)

Haja hoje para tanto ontem
Paulo Leminski
Tão prendada a minha Janis. Tá cá um bejinho, minha rica filha!

Imagine-se só apaixonarmo-nos pelo Che e a barba queremos lhe cortar!!
Tás a anhar!? Nem a sonhar!
Imagine-se só querermos que a Joplin volte a ser aquilo que já não é nem nunca será jamais!
Na vitrola escuto 'Como os nossos pais"
Imagine-se só apaixonarmo-nos pela liberdade de alguém e queremos tolhi-la!
Até se trava a mandíbula!
E o Leminski, que é um bom rapaz
sopra uma flor da paz
uma flor do coração
não cultivara ele a imaginação!
a pipiripipiu
Br, 21.05.2015

Ai Ernesto! Tu faz-me a barba!




SERÁ QUE É UM QUASE UM PEIXE OU QUASE UMA BORBOLETA? (série surrealidades do mundo quase quase real, se é que a realidade não é um surrealismo naturalista)


Uma amiga disse-me que tem uma Avenida lá em São Paulo que é a Avenida quase quase. Porquê a Avenida quase quase? Porque a Avenida denomina-se Avenida Bolhão de Carvalho.
Oh messa! Quase quase compreendo o porquê. Será que tem a ver com a Democracia ou é outra coisa qualquer? Esperai! Vou me referenciar bibliograficamente!
Ana Piu
Br, 21.05.2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

FOMES E JEJUNS ( série IMAGINAÇÃO AO PODER, comemoração do MAIO DE 68)

"abaixo a repressão" Maio de 68, Paris
Se tocar uma só pessoa quando escrevo. Excelente. Os toques não se quantificam e sim qualificam-se. Se tocar uns 10. Muito bom mais que excelente! Neste mundo loucaço de curtidas e likes 10 pessoas que param para olhar com olhos de ver é um feito!
Se escrevo é porque sim. Por necessidade? Claro! Fazer as coisas à toa faz sentido? Andar à toa é de boa, mas mesmo esse à toa pode ser consciente na subconsciência do inconsciente.  Se brinco com as palavras é por que brincar faz muito, mas muito bem à saúde e resignifica o que aparentemente já tinha um significado estanque.

Se ofendo alguém com os meus pensamentos escritos... Paciência e excelente! Foi por que a pessoa se deu ao trabalho de ler! Posso até pensar que não fui clara na exposição das minhas ideias ou que das duas três: quem lê personaliza e que lê ou não consegue sair do conforto do próprio umbigo, da sua zona de conforto, das suas pequenas conquistas neste mundo mutável, logo vulnerável para todos. Dialogar faz também muito bem à saúde, segundo especialistas da especialidade.

Escrevo porque sinto fome. Fome de tudo e no jejum reinvento-me sonhando com nós todos.

Ana Piu
Br, 20.05.2015

"a poesia está na rua! Maio de 68, Paris




MARIA VAI ( homenagem a Maria Zamora)

Ela sentiu-se tantas e tantas vezes. Olhava para a lua e cantava e baixinho. De noite semeava flores. Flores pequenas cresciam rasteiras. Maria ia, Maria vinha. Maria beijava a face da lua. A  cada beijo a lua derretia-se um pouco. Certa vez, Maria engoliu uma parte considerável dessa mesma lua que se derretia a cada beijo.

Maria ia a voltava com o sol entre os braços, junto ao peito. Ia e voltava.

Maria amava João que amava Maria.

Maria semeava pequenas flores ao luar. Um dia Maria voou para longe. João procurou-a em cada canto da casa. Maria já não estava. No jardim as flores sorriam sobre a chuva fininha que parecia que não molhava, mas molhava sim.

Um murmúrio vinha de longe como um cântico:

quando alguém nos pisa fazemos "ui"
quando nos pisam mais fazemos "ai"
e pisamos também
quando nos pisam muitas e muitas vezes dizemos "fui"

mas entre o "fui" e o "não fui"
fico contigo
abraço-me a ti e chamo-te amigo

Maria aconchegou-se sobre o seu peito, que cansado estava. Segredou baixinho de si para si que voltaria a sorrir. Quase sorriu. Sorriu. Uma lágrima caiu. Bebeu aquela lágrima tão salgada que lhe limpou profundamente por dentro. Sorriu um sorriso suave. Leve.  João também sorriu de longe. De longe, olhando-o no fundo dos olhos. Tão perto João sorriu de longe.

Ana Piu
Brasil, 20.05.2005



terça-feira, 19 de maio de 2015

QUANDO A RESPIRAÇÃO ABRE O OLHAR


Podemos passar uma vida inteira a conjecturar o porquê de toda esta nossa existência. Sair à rua com grandes cartazes, apregoando o que é justo e o que não é. Podemos, do alto, das nossas torres de babel recitar o que está escrito no papel. Podemos até colocar alguns princípios em prática, tais como a reciclagem, a alimentação sustentável, defesa dos animais e outras humanizações que fazem sentido neste encurralamento de indústrias,bancos, instituições várias, desmatamentos e outras medidas apocalipticas que passamos a naturalizar nas nossas vidas.
Podemos estar tão assombrados com todo isto que nem sequer reação temos. Apáticos nos movemos entre um excesso de informação e um excesso de outra coisa qualquer que só serve para nos ensurdecer cegar. E o que resta, depois dos grandes discursos, das grandes utopias de que um dia os trabalhadores do mundo inteiro se iriam unir numa só voz e numa só direção, de que a paz e o amor seriam as palavras de ordem?
Restamos nós. Resta estar entre nós, e no modo como nos relacionamos uns com os outros.Onde a competição é premiada não haverá saída. Onde a desvalorização de nós mesmos enquanto seres continuar, nada feito. Enquanto formos déspotas uns com os outros nos mais pequenos detalhes do quotidiano... Meu amigo!.... Enquanto ficarmos nas palavras bonitas de esperança, igualdade, dignidade forem soletradas entre uma e outra vaidade as conjecturas do viver vão pelo cano da nossa efémera e ridiculamente bela existência;pois onde não há simplicidade a complexidade desta imensa variedade que somos cada um de nós como um todo torna-se uma complicadisse que não vai nem para a frente, nem para trás.
Confiar ainda na Humanidade é um projeto assim tão megalómano ou um dia os egos se derreterão numa respiração profunda e continuada? E então dançaremos num compasso espécie tipo do género good vibration em que tudo flui entre uma estrela cadente e um reflexo da montanha no rio.
Ana Piu
Br, 18.05.2015

segunda-feira, 18 de maio de 2015

CORRENTE QUASE COERENTE ( série uto pius)


Eu hoje fiz uma escolha bem para a frente
dizendo realmente o que é que eu acho
eu acho que a nossa vida é uma corrente
e (in)coerentemente assino em baixo
Hoje é preciso refletir um pouco
E ver que a vida é para olhar de frente. É o jeito
Só mesmo embriagada ou muito louca
Pra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincera e clara
Pra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na cara
Pra ver que a vida está bem melhorada
Tem mas é que ser bem cara de caixa
Não ver que a solução é escolher ser feliz e contente
Isso me deixa nem triste e nem cabisbaixa
Por isso eu fiz um escolha de mudar de vida bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho
Eu acho que a minha vida é uma corrente
E ((in)coerentemente assino em baixo
Hoje é preciso refletir um pouco
E ver que as escolhas vão tomando jeito
Só mesmo embriagada ou muito louca
Pra contestar e pra botar defeito
Precisa ser muito sincera e clara
Pra confessar que andei sambando errado
Talvez precise até tomar na cara
Pra ver que a mudança está bem melhorada
Tem mais é que ser bem cara de caixa
Não ver que a multidão contente
é quando realmente cada um sente realmente
Por isso eu fiz uma escolha de mudar de vida bem pra frente
Dizendo realmente o que é que eu acho
Ana Piu
Brasil, 17.05.2015
texto de minha autoria com inspiração na "Corrente" do Chico Buarque
desenho de Picasso

CHAVES PARA A LIBERDADE (série uto pius)


© F L O R A • B O R S I

E se não tivesse vindo para os trópicos e sim para a Escandinávia, mais propriamente Copenhaga, ou para as Alemanhas, mais propriamente Berlim? Olho para o sol e para o verde desta natureza luxuriante e revitalizante e um murmúrio vem como uma melodia quase involuntária: 'Estou bem aqui."
Conheçi uma menina moça mulher que vive na Áustria que quer voltar aos trópicos. "Apesar de bagunçado, gosto desta bagunça." 
Na verdade tem bagunça que eu não aprecio mesmo nada: burocracia e descriminação, seja ela étnica, de género, económica, social. Considero de muito pouco gosto. De mau gosto, mesmo. Tem o toque, o olhar, a solidariedade de alguns muitos que aquecem a alma.

Por exemplo, quando falamos de machismo falamos do quê e de quem? Não existem mulheres machistas? CLARO QUE EXISTEM! Talvez, em muitos casos são as próprias que fomentam o machismo não educando os seus filhos e filhas para a autonomia e para o respeito. Primeiro que tudo ninguém é dono de ninguém e que talvez a chave de todas as relações, sejam elas amorosas, de amizade, interpessoais, profissionais é a cordialidade e a admiração mútua e o respeito profundo. Digo eu! E não de servilismo. Digo!...

Pessoalmente não ambiciono mandar em ninguém, muito menos que mandem em mim. Bueno! Bueno! Cada um terá de fazer a sua tarefa de casa de se libertar de si mesmo. Seja aqui, na Conchichina, na Escandinávia, na Patagónia ou até mesmo nas ilhas do Pacifico.
É essa a chave mãe! EUREKA! SERMOS PACIFISTAS! 
Quem se sonha pacifista não ambiciona relações de poder nem de opressão.
Ser libertário e libertária não é nem uma religião, nem uma seita, muito menos um partido ou uma moda. É um modo de estar no mundo livre e comprometid@.
 
Ana Piu
Brasil, 18.05.2015

Texto escrito com inspiração neste artigo: http://www.publico.pt/mundo/noticia/os-campeoes-da-igualdade-continuam-a-lutar-1695342

sexta-feira, 15 de maio de 2015

BRAVO!!

Festival Islâmico de Mértola, Portugal
Está com tosse? Não sabe o que fazer com essa catarreira? Experimente os rebuçados de mel do Dótor Bravo e vai ver que vai tossir por mais!

Ah não tem tosse! Pois então tire o casaco e aventure-se no orvalho da manhã e das noites que pedem uma fogueirita e para os mais 'sortudos" uma lareira.

Venha provar os rebuçados de mel do alentejano Dótor Bravo. Quem diz alentejano diz mouro. Sim! Porque todos os que estão abaixo do norte de terras lusas somos mouros! Isto dito pelos nortenhos, que foram os fundadores do país!  Olhem!  E COM MUITO GOSTO! PRAZER! Pena é que os registros dos grandes progressos nos plantios e cultura ancestral árabe tenha sido apagada pelos tempos, quem diz apagada diz incendiada.
E só por causa das tosses, numa Europa que gradualmente está a voltar aos tempos próximos de estigmatização e segregação dos árabes, ciganos e outras 'minorias" vindas do norte de África e outros continentes, o pessoal do sul mantem firme de pedra e cal. Não fora degustarem todos os dias os bem  ditos rebuçados de mel do Dótor Bravo!

Ana Piu
Br, 15.05.2015

produções caseiras do apicultor Pedro Bravo


DE ONDE VIEMOS, ONDE CHEGAMOS #

(...) Com a chegada da agricultura, as mulheres, assim como as plantas e os animais, também foram domesticadas. A cultura que se estabeleceu pela instauração da nova ordem exigia a submissão autoritária dos instintos, da liberdade e a sexualidade. Toda a desordem tem que ser banida, o que é mais elementar e espontâneo precisa estar controlado firmemente na palma da mão. A criatividade das mulheres e o seu ser como pessoas sexuais são pressionadas para dar lugar ao papel, expressado em todas as religiões camponesas, da Grande Mãe, isto é, e reprodutora fértil dos homens e de alimentos.  (...) Simone de Beauvoir (1949) reconheceu na equação do arado e do falo um símbolo da autoridade masculina sobre a mulher."


Zerzan, John "Futuro Primitivo", Deriva edição, Porto Alegre, 2006.



# o titulo é de minha autoria





Pintura: Paula Rego
Pintura: Pablo Picasso

MAS QUE HISTÓRIA É ESSA?

a
Lúcia (no meio, aos dez anos de idade) e seus dois primos: Francisco (nove anos) e Jacinta Marto (sete anos) segurando seus rosários (fotografia tirada na altura das aparições).

 Lúcia dos Santos com os seus primos Francisco e Jacinta Marto.


"Se eles rezam muito eu já estou no céu. (...) Eu juro que é melhor não ser o normal. Sim sou muito louco, não vou me curar. Já não sou o único que encontrou a paz." Ney Matogrosso 

A dia 13 de Maio de 1917 aparece por cima duma árvore "...uma senhora mais branca que o Sol" a três pueris crianças num Portugal rural que vive os primeiros e turbulentos anos da República, após um regicídio desse povo de brandos costumes. Enfim, numa frase, com algumas virgulas, já podemos concluir que essa questão do que um povo é ou deixa de ser são construtos para legitimar algo e desautorizar outro algo.

Essa história da aparição de Nossa Senhora de Fátima a três crianças, uma delas, a irmã Lúcia viveu até aos 98 anos, é uma pulga atrás da orelha. Até hoje uma ideia faz toc toc nesta minha cabeçorra: Que história é essa? Será que a irmã Lúcia acreditou até ao fim da vida nessa visão? Que visão foi essa em plena época histórica em que a industrialização galopa, os ismos enfrentam-se e confrontam-se guerreiam, os movimentos sociais e ideais libertários consolidam-se?

Num país em que o índice de analfabetismo passava os 90% não fica mais fácil de convencer as pessoas dum discurso? Como manter o povo lerdo, e não foi só em Portugal! Até hoje a Itália é assustadoramente conservadora, machista e beata! Só me apercebi isso depois de viajar de carro até à Sicília. Já nem vou falar de Roma e da vizinhança! Ahhhhh! Não nos esqueçamos que a Itália tem um histórico de movimentos libertários e outros resistências ao embrutecimento que o Vaticano tem vindo a efetuar há séculos e séculos. Espanha, apesar da diversidade, é beata que doí. Não tanto como a Itália, cá no meu parecer.

Mesmo assim prefiro acreditar na história da Carochinha e do João Ratão. E com isto não significa que queira atropelar a espiritualidade. PELO CONTRÁRIO! Aliás, o Vaticano, assim como outras instituições religiosas e partidárias que anseiam poder, tem roubado a espiritualidade das pessoas. E vamos combinar! O ser humano é feito de histórias e imaginários! E as aparições são encantadoras. Mas convencem? Bom, muitas vezes convencemo-nos em algo exterior quando não encontramos a divindade dentro de nós. Uma divindade libertadora que nos liberta de nós mesmos olhando de frente a nossa essência.


Ana Piu
Br, 15.05.2015




quinta-feira, 14 de maio de 2015

ATIRA-TE AO MAR E DIZ QUE TE EMPURRAREM

Este "revival" com Nossa Senhora de Fátima que vejo em Portugal está a assustar-me um bocado.... Tenho o feed de notícias cheio de velinhas e mensagens de esperança, tudo embrulhado num tom jovem e fresco!.... 

(Susana Freitas)

Uma vez mais, diretamente das Alemanhas recebo esta noticia da minha amiga que anda igualmente cá fora a lutar pela vida. Uma entre muitas e muitos de nós que que demos  corda aos sapatos, pantufas, botas cardadas, chinelitos e plantas dos pés do nosso país à beira mar plantado.

Há que caracterize esse secular e saudosista país com três Fs. Fado, futebol e Fátima. Olha! Da minha parte acrescento mais um. F........dasseeeeeeeeeeeeeeeeeee



O que resta, então? Rir e cantar o Zeca, não esquecendo que existem pessoas e acontecimentos com valor no meio duma piscina sem água para dar umas belas braçadas e tonificar a alma e o corpo!

Ana Piu
Brasil, 14.05.2015
ilustração de João Abel Manta






O país vai de carrinho
Vai de carrinho o país
O s falcões da avenida
São os meninos nazis
Se o Adolfo pudesse

(...)

Ressuscitar em Abril
Dançava a dança macabra
Com os meninos nazis
Depois mandava-os a todos
Com treze anos ou menos
Entrar na ordem teutónica
Combater os sarracenos
Os pretos, os comunistas
Os Índios, os turcomanos
Morram todos os hirsutos!
Fiquem só os arianos !"

José Afonso

O país vai de carrinho
Vai de carrinho o país
O s falcões da avenida
São os meninos nazis
"Portugal a banhos", Joana de Vasconcelos
unsure  

terça-feira, 12 de maio de 2015

ANITA DO OUTRO LADO DO ESPELHO


Anita depois da hora do chá olha-se ao espelho para ajeitar o cabelo. Como ela gosta de beber chá, a Anita! Assim que Anita olha ao espelho o avental no remoinho vai embora. O lindo e composto penteado zás! Desfaz-se! A secular moldura do espelho desfaz-se em pó.
Anita olha-se de frente e num segundo está no jardim. Já com um outro figurino, branco, como se dum virar de página se tratasse, Anita conversa com a sua amiguita tartaruga. Esta dá-lhe alguns conselhos: "Não corras, fica. Não tenhas pressa, respira. Observa cada detalhe que logo logo entenderás que tudo é uma questão de tempo. Devagar se vai ao longe devagar chegas lá ao lugar de onde partiste mas com uma outra visão. Entendes, Anita?" ......................... " Sim. Acho que sim. Como se o olhar fosse uma espiral de dentro para fora?" A tartaruga já ia uns passos mais à frente, mas a sua cauda acenou que era isso.
Ana Piu
Br, 12.05.2015

Parecia que aquele dia era igual a tantos outros. Mas....

segunda-feira, 11 de maio de 2015

ANITA, UM ESTILO RECORRENTE (série as Anitas contra corrente também existem, tal como os Anitos modernos metamorfósicos paradigmáticos. Assim esperam as Anitas contra corrente)


Prendada, Anita cozinha, lê, lava, encera, estende a roupa, passa a ferro, sempre de sorriso no rosto e olhar brilhante. Deixa a casa num brinco! Não, não usa lexívia. Usa tudo produtos verdes, ecológicos. Há segunda feira no hiper é muito mais barato. Aproveita todas as promoções.
Zelosa de tudo e todos é uma exemplar dona de casa, além de trabalhar fora que a vida não está para brincadeiras. Se fosse só dona de casa seria sinal que estava desempregada. Mesmo ganhando mais que o marido cada um é dono do que já está estipulado desde os tempos dos seus avós. Uma vez uma amiga disse-lhe que ninguém é dono de ninguém, mas o marido logo respondeu:"Não dês ouvidos para más companhias, minha princesa de Alguidares de Fora."
Ana Piu
Br, 11.05.2015




De tão prendada que é, até o cachorrinho Pantufa lambe a beiçola.
Mesmo assim ele limpa um prato para a fotografia. Já é um começo!

SER MÃE ( série dia das mães)


Ser mãe é nunca ter tido piolhos na vida e agora!... De vez em quando, eles visitam desde de lá até aqui.
Ser mãe é não pensar só em si e também não se esquecer que tem vida pópria. Que tem nome e que não passa a ser a mãe de fulaninha de tal.
Ser mãe é praticar o "estamos juntas!".
Ser mãe é contar com o que o que se tem e se é no momento, porque só faz falta quem está. Quem está, está. Quem não está estivesse.
Ser mãe é dar beijinhos e abraços e fazer cara feia quando é preciso e explicar o porquê.
É saber que quem gosta de nós gosta dos nossos filhos e o resto é converseta pendureta, blá blá para boi dormir.Ser mãe é ser mãe dos filhos biológicos e adotivos e não ser mãe dos parceiros amorosos. (amorosos!...ehehehe). Venham os libertários, sensiveis e open mind que a malta da minha turma está mais que mais cansada de perguntar ao Freud: "Porquê?!". Alê hop!
Ser mãe é muita fixe bacana, embora às vezes dê vontade de apertar o garganiço, quando depois de um dia longo e cansativo e ainda termos de aturar parvoices e dramas do caracácá.
Ser mãe é assumirmos que não somos perfeitas e que ser perfeito é só nos livros da Anita e isso é deveras assaz aborrecido, entediante, chato e irreal.
Ser mãe é crescermos juntas.
E isso é mais que demais!
Ana Piu
Br, 09.05.2015
foto: Lisboa, 2005 com a menina Flor.