terça-feira, 28 de maio de 2019

RIR FAZ MUITO BEM À SAÚDE, ASSIM COMO SABERMOS QUEM SOMOS E COMO NOS AMAMOS

Como nos rirmos, de forma libertadora, de algo que nos magoou profundamente?  Essa é aquela grande pergunta. A outra grande pergunta, no meu ponto de vista pois sou eu que vou assinar o texto embora esteja dentro dum projeto coletivo, logo as opiniões podem variar. E esse é o grande barato dum espírito democrático onde a comunicação não violenta está implícita. Vamos lá então à segunda pergunta: Como levar para cena, numa linguagem de palhaçaria, essa(s) situações de violência doméstica em que algum momento vivenciamos, seja na primeira pessoa ou alguém próximo a nós?

"Ar Dulce Ar" é uma montagem teatral de palhaçaria feminina que surgiu da urgência de curar dores profundas através da arte do riso. Ao pensar neste texto e neste projeto com todo o cuidado e carinho penso se é um ajuste de contas com os nossos ex companheiros, que por acaso são seres masculinos de cunho tropical ( vieram luz em terras brasileiras), que um dia quiseram ser pais como quem quer um amster, mas depois não deram conta do recado e ainda infernizaram a vida. Sem pensar nas consequências que isso possa trazer para um filho ou uma filha. Falando com aquele ar politicamente correto como tanto está em voga diria que não, não é um ajuste de contas e sim outra coisa qualquer que duas malucas inventaram para aparecer e ainda convidaram um amigo, com outra orientação sexual, para dirigir. Mas da minha parte é sim um ajuste de contas que ofereço a todas as mulheres e homens do mundo e em específico do Brasil, porque histórias como estas de homens que não medem as consequências da sua boçalidade, repleta de calúnias e ameaças, e ao limite brutalidade são aos montes. E no Brasil é o pão nosso de cada dia. Então, nós, Ana Piu e Geni Viegas precisamos de colocar isso em cena mesmo que precisamos de tomar aquele fôlego de coragem  para tal porque além de nos expormos revisitamos lugares que só gostariamos de esquecer. Mas para que as gerações seguintes e as que já estão aí não esqueçam penso que a forma mais pacifista,  logo libertadora, é criar um espetáculo de palhaçaria feminina para tomarmos consciência das  relações abusivas e ao limite agressivas e prevenirmos-nos.

Também gostaria de deixar escrito que um homem ou uma mulher incontrolavelmente agressiva, ou controlável quando reprimida institucionalmente, tem a sua criança interior profundamente ferida. Alguém que lá atrás, em criança, não teve as suas necessidades emocionais e sentimentais supridas e segue pela vida projetando nas suas relações essa carência. Termos esse olhar compassivo é muito importante, mas cuidarmos e amar-nos primeiramente é fundamental e bastante sensual e assim atraimos seres que nos amam com respeito. Por que amar sem respeito é algo distorcido que não serve mais. Nunca serviu, aliás. ;)


Beijos e abraços a tod@s nós que nos dispomos a fazer diferente daqui para a frente! Até rima! Iuuuuu!
A Piu
Brasil, 28/05/2019

Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonardo Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia.

Quebrar o padrão de relações abusivas é cuidar das gerações que estão a chegar
Se tivermos aquela intimidade de nós para nós mesminhas aproxima-se quem realmente gosta de nós. Então fica a grande pergunta: estramos interessadas em relações vampirescas ou em relações com lucidez, consciência de nós mesmas e dos outros?

A INDIAZINHA DE LÁBIO PINTADO



Oh a imagem, o retrato que vou colocar na terceira caixa de teatro lambe lambe que estou a fazer para " A Viagem de Maria da Luz". Poizé! Eu "mema" aos 8 anos de idade num Carnaval de escola nos " Portugau". Vestida de índio com a roupa do meu irmão, pois a roupinha de índia que vestira uns 5 anos antes agora só nas orelhas. Esta ainda entrou no corpinho (mazolha lá!) da menina mocinha, que do Brasil tinha a referência do Sitio do Pica Pau Amarelo. Uma Índia/ Índio de lábio pintado com um batô da mamã de marca cibelle ( a marca do batô, claro! Cas mamães não tem marca! Acho!) . Mas siga!  Já a balbúrdia que dá para ver que estamos numa escola é visível. Penso que o fotógrafo fez de propósito. Nem se deu ao trabalho de tirar a balbúrdia do campo visão. Um visionário! 
Aqui estou com 8 anitos. Oito o número do infinito. Não digo o ano, pois não se pergunta a idade às senhoras nem senhoritas. Ihihih Ainda não entendi bem porquê, porque viver e amadurecer é muito bonito! Quanto mais amadurecemos com entendimento mais joviais ficamos. 'Num é memo"? Então lá vai charada! Esta foto foi tirada no ano em que o meu cartonista português preferido desencarnou: João Abel Manta. Assim como desencarnou nesse ano a Elis Regina, aquela voz e interprete de todos os tempos que nos meus 13 anos quase fiquei afónica de tentar karaokar mas ainda fiquei com aquela rouquidão misteriosa de quem não sabia colocar a voz e já queria voar com a Elis. Porque não? Há que arriscar! Quem não arrisca não petisca! Isso serve para tudo! Olarépipu!
Esta foto, na minha caixa, é uma homenagem ao povo brasileiro e ao seu povo originário. Uma homenagem de menina mulher moça que um dia acreditou que o Brasil era um imenso Sitio do Pica Pau Amarelo. Nessa idade também escutava em casa e na rádio Chico Buarque e achava que o povo todo pensava como o Chico e como o Milton Nascimento. Então hoje, a esta altura do campeonato, o que Portugal fez de muito digno foi conceder o prémio Camões ao Chico. VIVAM AS NOTICIAS BOAS E EDIFICANTES!
A Piu 
28/05/2019


quinta-feira, 23 de maio de 2019

ALGUMAS COISAS ACERCA DO SER MASCULINO DE CUNHO TROPICAL

Agora chegou a vez de olhar com mais olhos de escutar e sentir sobre os homens brasileiros no geral com as suas devidas diversidades. É um entendimento que está em curso há uns bons anitos, visto ter tido a oportunidade de conviver de perto, com aquela intimidade de casalito enamoradito mas que a coisa desvalou. Ihihihih Olhem que rir faz muito bem à saúde, principalmente quando nos rimos de nós própri@s diante de coisitas que não correram assim tão bem por estarmos desavisa@s dum certo e determinado perfil e também não nos auto conhecermos o suficiente! Mazólhem! Não tem essa dos homens ou das mulheres serem tod@s iguais! Mas existem perfis fruto de contextos, que muitos chamam de estruturas cármicas que não é nada mais nada menos que padrões de comportamento que vamos reproduzindo ao longo da vida. Muitas vezes, se não quase sempre, herdamos dos nossos antepassados. Então, há que tomar consciência e fazer tudo para fazer diferente e assim cultivarmos mais felicidade dentro de nós e com os demais, erradicando passinho a passinho o sofrimento.

Há um tempo atrás percebi que andava meio que a modos assim como que total quase radical apreensiva em relação a voltar a estabelecer aquele tête a tête, aquele rom rom com um ser masculino de cunho tropical. Gostei dessa agora: " ser masculino de cunho tropical ". Há pouco peguei-me a rir no semáforo sobre uma possível descrição de nós portuguesas, na sequência da minha estadia na Dinamarca onde eu fazia parte das europeias calientes do sul. :D " Daí eu, do alto da minha bike pensei: "Oh! Pelo menos saí do lugar ou do rótulo das portuguesas mosquinhas mortas que choram muito em melodia de fado em frente ao mar porque perderam a chave do cinto de castidade!" Ahahaha ADORO PODER DESCONSTRUIR TODAS AS IDEIAS FEITAS ACERCA DA NOSSA LIBIDO, DA NOSSA FEMINILIDADE QUE FOI CASTRADA DURANTE SÉCULOS!IUUUUUUHHHH HONRANDO AS TRÊS MARIAS PORTUGUESAS ASSIM COMO A MARIANA ALCOFORADO!

Voltando aos seres masculinos de cunho tropical cujas origens são do mundo inteiro: não é que o machismo, o patriarcado não esteja em outros lugares do mundo. Se não estivesse não haveria tantos conflitos, nem tantas guerras. A questão é que no Brasil, talvez pelo processo histórico de colonialismo e escravatura, ainda está presente, umas vezes mais gritante outras de forma mais subtil, a subjugação ou a tentativa da mesma. E isso é transversal a etnias, classes sociais e todo e qualquer recorte que possamos fazer.

Tenho observado que muitos homens já estão a tomar consciência que não é mais sustentável diminuir a mulher, tentar controlá-la, colocá-la num lugar de serpente venenosa que se enrola em tudo e todas duma forma sedutora mas pouco confiável que é preciso ficar fechada dentro de casa, muito menos trabalhar tampouco ser realizar. Uns já estão a tomar consciência outros estão em vias de se prestar a tomar consciência. É para esses que comunico. Os outros, aqueles que não se prestam a escutar e a se auscultar... Eh pá! Muita paz no coração, mas não sei em que posso contribuir a não ser colocar um basta na perseguição que alguns insistem, por orgulho ferido, em fazer. Mesmo quando nem esteajam interessados a manter nada a não ser chatear. Enfim. Sim, porque nem sempre é  evidente o ser masculino, seja de cunho tropical ou não, saber-se retirar pela porta da frente. Chiça penico chapéu de coco! Daí mente, manipula, vitimiza-se. Um embroglio! Respira, concentra fzzzzzzz ooooom :) <3

Já aqueles , como nós mulheres e também seres binários ou trans, que se prestam a se rever na sua conduta de vez em quando lá vai mancada! Em vez de serem, sermos clar@s com as nossas vontades e desejos andamos ali às voltas e por vezes caímos na armadilha do ciume e das suposições que é uma mé... daí em vez de nos aproximarmos, distanciamos-nos mais. Bom enfim, agora vou abraçar uma árvore  para dar aquela energizada e de repente até abraço a mãe terra vai que tenho uma surpresa agradável!

 A Piu
B' Olhão Geralzen, 23/05/2019

Oh a mãozinha! Azul1 Assim tá bem com um símbolo de paz e amor ao ladinho. Já a mãozinha trash mettal do dark side of the heart eh pá! Quem ama o sol e a luz da lua? Levante o dedinho!

quarta-feira, 22 de maio de 2019

O CAMINHO FAZ-SE CAMINHANDO

O espetáculo " Um Buraco no Céu" foi criado em 2013, fruto duma parceria com a artista visual Denise Valarini. Foi ela quem me apresentou algumas linguagens que eu desconhecia: teatro lambe lambe e teatro de papel. Manipulação de bonecos e máscaras eu já conhecia mas não desenvolvia, embora já desenvolvesse a máscara menor do teatro: o nariz de palhaço. A Denise trouxe um texto e fomos desenvolvendo. Nesse ano viajamos até à Argentina para apresentar num festival de titeres em San Nicolas e no museu da marioneta em Buenos Aires. Por questões profissionais a Denise passou o legado das bonecaria para eu dar continuidade ao trabalho e assim fui reescrevendo o trabalho nesses anos de resiliência que passavam por alguns lutos, nomeadamente o da minha avó e alguns amigos queridos apesar dos desencontros de entendimento. E assim fui conduzindo a dramaturgia do trabalho: como chegar a um entendimento que nos una ?

Este trabalho a solo, como o solo de palhaça " Os Numbros de Bell Trana d'Tall" e as caixa de teatro lambe lambe: " Uma janela para o largo" e " A Viagem de Maria da Luz" tem sido suspiros, fôlegos umas vezes até vertiginosos de continuar a acreditar  que o trabalho artístico é válido e que este é possível de continuar a ser uma forma de nos sustentarmos financeiramente e que não é por fazer trabalhos a solo que nos isolamos das parcerias. Pelo contrário! Termos autonomia abre espaço para relações com mais inteireza.

"Um Buraco no Céu"  tem sido apresentado em festivais tanto no Brasil, como Portugal e Argentina e durante algum tempo foi a minha boia de salvação numa praia que conclui que não é a minha, apesar de amar estudar. Praia essa que é o meio acadêmico que de tão mentalista que é padece de sentimento, inteligência emocional. " Um Buraco no Céu" foi e é uma homenagem à maior idade, tanto dos meus avós, como dos Idosos que encontrei durante a minha etnografia no mestrado em Antropologia Social. Uma homenagem artística é-me mais valiosa que análises sociais. E uma coisa que eu já alguns anos sei que estou na minha praia, sabendo que posso sempre melhorar, é estar em cena, atuar como atriz. Grata ao jurado pelo reconhecimento. Tomo estes prémios como reconhecimento e não como competição tal qual Jogos Olimpicos. VIVA A CLASSE ARTÍSTICA!! VIVA NÓS!

É com muita comoção receber um prémio de terceiro melhor espetáculo, pois eu levei algum tempo, anos, a entender como tocar o coração do público brasileiro e estrangeiro. Um espetáculo feito na marra sem dinheiro mas com muito carinho, em algumas vezes com melancolia, e  com a determinação de confiar mais no trabalho de autoria e na capacidade de viver do mesmo. 
Gratidão aqueles que tem saciado a minha sede e sossegado a minha fome. Fome de poesia, de solidariedade, de comida, e todas as fomes que nos fazem olhar para nós e para o entorno com mais tranquilidade, erradicando a carência e o desespero. E assim as parcerias são sim boas uniões!







Foi uma honra ter participado do 10% Festival de Teatro de Mogi Guaçu/ SP com o espetáculo de formas animadas " Um Buraco no Céu" cujo tema é a ecologia das emoções.
Gratidão infinita pelo acolhimento de toda a equipe que continua a acreditar na importância do fazer teatral e outras artes. Gratidão pelo reconhecimento do trabalho e pela premiação de 'Melhor Atriz' e 'Terceiro Melhor Espetáculo'. Este trabalho dedico a todos nós que re existimos com o nosso trabalho e aqueles e aquelas que vieram antes de nós.
A Piu
Campinas SP 22/05/2019

Dona Zenilda recebe o prémio de melhor atriz
Feliz por comunicar através da arte

CAMINHO DO CORAÇÃO *

" (...) Então, se alguma dessas forças o tocar e abrir  sua brecha deve tentar propositadamente fechá-la você mesmo. Para isso precisa ter um certo número  de coisas escolhidas que lhe deem muita paz e prazer, coisas que você possa usar propositadamente para desviar seus pensamentos de seu medo e fechar sua brecha e torná-lo sólido.
-  Que tipo de coisas?
- Há anos eu lhe disse que, em sua vida diária, o guerreiro escolhe o caminho do coração que torna o guerreiro  diferente dos homens comuns. Ele sabe que o caminho tem coração  quando é  um com ele,  quando sente muita paz e prazer percorrendo sua extensão. As coisas  que o guerreiro escolhe para  fazer seus escudos são os itens do caminho com coração."

Castañeda, Carlos" Uma estranha realidade ", Círculo do Livro, SP.
* título : A Piu 


terça-feira, 21 de maio de 2019

SORORIDADE


De que falamos quando falamos de sororidade, essa palavra tão em voga assim como ancestralidade?
Antes de tudo mais nada falar de sororidade é também incluir os homens outros seres que se considerem de outro género. Sororidade antes de tudo é não julgar as escolhas alheias, mesmo sendo totalmente distintas das nossas. Sororidade é ter abertura para ajudar alguém não porque nos traz vantagem e aquele status de " boazinha" e sim porque a empatia é sabermos nos colocar no lugar da outra pessoa, mesmo quando nem conseguimos enxergar na totalidade o que a outra pessoa está a passar por carência de referências e experiência de vida. Sororidade é aprender a escutar e prestar-se a dar o seu melhor, dentro das suas possibilidades. Dar valor às outras mulheres, seja qual for a condição em que se encontram. É olhar a outra mulher com o seu potencial é prezar a outra mulher nas suas mais corriqueiras ações. Mas, nesse caso, para apreciarmos as outras mulheres e também os outros homens precisamos de apreciar quem nós somos e baixar a guarda da vaidade, do orgulho. Desapego do ego. Vá!

Muitas mulheres falam que defendem a sororidade, mas na hora " H' elas próprias se subjugam a uma lógica de " cada uma por si" ou a uma presença masculina que acham que devem servir e deste modo olham a outra mulher como alguém que tem de ser repreendida por não ser a mulher maravilha que está pronta para servir e ser esplendorosa no seu desempenho feminino onde acumula múltiplas funções, nomeadamente ser mãe solteira com os devidos encargos desequilibrados.

Sororidade é não se comparar com outra mulher duma forma hierárquica, logo competitiva e ao limite numa lógica militar pelas caraterísticas anteriormente apontadas.

Praticar sororidade é auto observação para desconstruir certas e determinadas ideias feitas acerca de nós mesmas e das nossas manas. Praticar sororidade é dialogar também com os homens enxergando-os com animosidade, sabendo colocar limites em abusos de confiança e outras pedras no sapatito.  Pedras no sapato como por exemplo, aceitar os ciumes descabidos deles, por que eles atém nos amam, mas nos conformarmos que eles podem ser os gostosões. Que serem gostosões com as outras minas até uma forma de nos dizer que no final das contas somos as eleitas e o grande sonho deles é ter um harém. Mas se nós mulheres comentarmos que também temos o sonho de ter um harém, aí a moda já pia de fininho. O amor livre já vira aquela zona! ahahaha Ainda estou para conhecer os beneficios do harém, mas tudo bem. Até rima! Das histórias do dito amor livre e relações abertas normalmente o desfecho é meu que sofridinho. Enfim! Podem comentar abaixo acerca de relações abertas e livres bem sucedidas a médio e longo prazo!

Em suma, sororidade é descer do salto alto e sentir com a planta dos pés o chão que todas e todos tocamos mesmo que possamos ter distintas sensibilidades. Sororidade é em toda e qualquer circunstância respeito e ao limite admiração por tod@s nós!

A Piu
Campinas/ SP 21/05/2019



Beijos e abraços e até à próxima semana!
Ah não se esqueça de curtir, se curte, a página no facebook " Ar Dulce Ar"- espetáculo de palhaçaria feminina sobre erradicação da violência contra a mulher com Geni Viegas e Ana Piu com direção de Leonarado Tonon e assessoria artística de Adelvane Neia.




MAIO MADURO MAIO QUEM TE PINTOU? * #PROFISSÃOARTISTA



MAIO MADURO MAIO QUEM TE PINTOU? * - o valor do nosso trabalho #PROFISSÃOARTISTA
Hoje, como sempre, é importante refletir, individual e coletivamente, sobre a viabilidade de nos sustentarmos financeiramente com esse nosso ofício, essa profissão que é artística. Em primeiro lugar, nós artistas termos mais firmeza em nossa atitude em relação à nossa atividade. Nos apresentamos como artistas profissionais e perdemos a nossa modéstia, falsa modéstia e pudor de que o nosso trabalho tem um preço sem valor material, que deve ser democrático, logo livre ou cada um dá o que sente em seu coração. O ponto é que, antes de perguntar ao público em geral, cada um dá o valor que sente em seu coração e pode haver pessoas que ainda não estão conscientes de sentir com o coração. Nós artistas precisamos ser mais práticos. Falar sim com o coração, sem ganâncias ou mendigando,falar com calma e sem vitimismo sobre nós; que para fazer este trabalho há uma dedicação e investimento, não só de tempo de investigação e execução como financeiros. Explique àqueles que não sabem que isso é um trabalho e explique por que e os benefícios que podem trazer para uma sociedade emocionalmente mais sustentável. Valorizar a arte é valorizar a cidadania e valorizar a cidadania é valorizar o trabalho de terceiros, sejam eles artistas, professores, médicos, pedreiros ou empregados domésticos. É urgente que os artistas saibam valorizar o seu trabalho e conhecer a prática do valor confortável que é desenvolvido pela prática da comunicação não-violenta. No valor confortável, o artista, artesão, intérprete dá um valor básico ao trabalho e um valor ideal. O espectador / "consumidor" dará dentro desse valor o que é confortável para seu bolso e para sua consciência. Em relação ao conceito e prática da arte como algo livre e / ou voluntário onde o artista não recebe nada em troca de não ser aplauso, um sorriso, um abraço ou uma voltar das costas e ainda se doa com seu trabalho e sua alma é urgente refletir. Nesse caso, temos que refletir a razão pela qual não estamos valorizando nosso trabalho. Em relação ao voluntariado, só temos que decidir se faz sentido doar voluntariamente o nosso trabalho, porque o fazemos a nós diz respeito. Por altruísmo ou para solidificar um projeto a se desenvolver com vários tipos de recursos, nomeadamente o humano e financeiro. De facto não forçar ou julgar a decisão de terceiros se quiserem se voluntariar ou não é básico mas necessita de ser lembrado. Assim como necessita de ser lembrado se a pessoa acha tão importante e bonito ser voluntaria voluntarie-se ela própria, ao invés de voluntariar ou querer voluntariar os outros. Quando um cuida do seu próprio voluntariado. Se um dentista, um horticultor, um padeiro, a empresa de água quiser doar ao artista o seu voluntariado, o artista certamente se sentirá muito compensado pelo valor emocional e de identidade que a arte, cultura e educação têm para a sociedade. A arte de rua é democrática e, portanto, acessível ao público e apenas para artistas como idealizadores de sonhos e pausas de rotinas.
Por outro lado, a importância de se terem políticas públicas que apoiem ​​a arte, a cultura e a educação é como a importância de saneamento básico. Assim como as empresas privadas dialogarem mais com esse mercado de trabalho, porque não só a produção em série e o lucro vive o "Homem", como as empresas precisam entender esse paradigma que é a importância das manifestações artísticas como bem-estar social.
Por último, e nesta incluo-me a mim de corpo e alma pelas mais variadas vicissitudes da vida ( esta palavra agora saiu cara,mas não há que teme-las assim como não perder o hábito de lermos e consultarmos o dicionário faz parte do auto didatismo pois a educação não está só nas mãos das instituições) , aprendermos o oficio de sermos nossos próprios produtores culturais. Autonomia e auto gestão são posturas que não sejam más de pensar face uma sociedade que precisa de rever a sua lógica de mercado e as suas leis trabalhistas que descartam com uma certa facilidade o trabalhador, seja este qualificado ou não. Contribuir no chapéu não é uma esmola, defender as leis de mecenato e outros incentivos à cultura são apostas numa sociedade com cultura para a paz, onde a violência vira uma brincadeira de criança birrenta que é risível para quem já entendeu que isso já foi chão que deu uvas, como se diz na minha terra que é um mundo inteiro. Olhar olho no olho torna-nos seres mais empáticos.
A Piu
Brasil, 21/05/2019
Este é um trecho duma resposta para um questionário realizado por Paula Casanova de Barcelona/ Catalunha sobre teatro lambe lambe.
* José Afonso
imagem: " Uma Janela para o Largo"- teatro lambe lambe de Teatro Balbuínas com Ana Piu, máscara confeccionada por Denise Valarini

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
Crédito: Gilmar Castro Moura

terça-feira, 14 de maio de 2019

SAIR À RUA COM SABEDORIA - no Brasil ou em qualquer outro lugar

De nós mesm@s portugueses e portuguesas alguns dizem: " Somos um povo de brandos costumes." A sério? Isso é mesmo assim? Antes de tudo somos razinzas e também afáveis, mas só às vezes. Essa dos brandos costumes quem inventou para baixarmos a bola, e abafar prováveis e também evidentes rebeliões, posições e também contradições ou para nos desresponsabilizarmos-nos dos últimos 500 anos? acho que foi o Tonecas Narigudo Salazarento.

Só sei que nunca vi um carro em chamas ou barricadas quando saí à rua em manifestações e passeatas no meu país natal, aquele jardinzinho à beira mar plantado. Nunca tive de fugir de gás nem de bombas de borracha, mas que elas existem oh se existem. Quanto aos " pretos", passo a expressão, a bófia ( os police) fazem das suas mas às " escondidas", porque afinal também não somos um povo racista e a tortura e morte é algo que já fundou em 1974. Pois, pois.... Ora pois pois.

Já na vizinha Espanha e na vizinha do segundo andar que é a França a coisa ferve nas ruas. É o fim do mundo em cuecas! Na Tugolândia se alguém leva uma pedrada na cabeça e sangra é noticia nacional, mas quem não se lembra dumas balas perdidas na paralisação da ponte 25 de Abril. Olha a ironia! Ponte 25 de Abril...

O questão é que, por exemplo, quando se deu a revolução dos cravos em 1974 o pessoal estava cansadinho dos 12 anos de guerra em África, e de voltar para casa estropiado com pesadelos noturnos anos e anos, ou nem voltar. Então essa revolução, que foi um golpe militar para acabar com o regime fascista e com a guerra com os países africanos que lutavam pela sua independência, foi de alguma forma pacífica, havendo uma baixa aqui e ali mas nada que definisse essa revolução como violenta.

Já no Brasil, nunca se concluiu um momento histórico tão significativo que aconteceu entre 1964 e 19985/89. E esse pessoal voltou a sair do armário, do sotão, da cave. Esse pessoal é defendido por pessoas, umas por ignorância outras porque trazem desamor no coração. Por isso, só desejo que aquelas e aqueles que se posicionarem em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente, nomeadamente o desmatamento, o façam com sabedoria e com muito amor pela vida. Quanto à Comissão da Verdade, talvez seja necessário esperar um pouco mais. Quando os ânimos não estiverem tão exaltados e até mesmos assustados. Ah! E se alguém, levianamente, vier defender a tortura podemos sempre perguntar: " E se fosse com um parente seu muito querido?", podemos até responder: " Isso aconteceu com alguém muito próximo a mim."Eu sei que nem sempre é fácil, porque é algo ainda muito recente,  mas isso desconcerta.  Assim espero.


Beijos e e agora é um ótimo momento para ninguém largar a mão de ninguém com amorosidade firme.

A Piu
Brasil, 14/05/2019


SER NO DIA A DIA TEM MUITO MAIS CONTINUIDADE DO QUE A ADRENALINA DO MOMENTO

Volvidos 51 anos depois das lutas estudantis do Maio de 68 nas universidades francesas, que possamos estar  ou não de acordo com todo esse processo histórico é um marco, logo uma referência a não descurar. Independentemente se aconteceu a milhares e milhares de quilômetros de distância em contexto europeu no século passado do milénio anterior. Fora de euro centrismos, o que provavelmente acontece quando algum estudante universitário no Brasil desconhece tal facto histórico é porque provavelmente teve uma educação com um cunho mais para o norte americano, num viés neo liberal. Isto é uma hipótese que coloco, poderão haver outras razões. Como o " simples facto" que muitos estudantes universitários desconhecem o que realmente aconteceu no Brasil entre 1964 e 1985/89. Isso ainda é mais intrigante, mas hoje à luz dos últimos acontecimentos nacionais é compreensível. Não existe sequer um feriado nacional onde se comemore as " diretas já " e a queda duma ditadura. Sinceramente, como estrangeira, tenho algumas salvaguardas em sair à rua em passeata e manifestação no Brasil. Nunca sei muito bem quando vai virar o far west.  Aprender a viver em democracia é exercício de cidadania que leva por vezes gerações até que se firme. Dum momento para o outro podemos deparar-nos com o abalo dessa mesma democracia. Obviamente sou solidária à paralisação nacional que amanhã acontecerá no Brasil acerca dos cortes que o Coiso e os seus coisinhos querem fazer, mas eu AMO MUITO A MINHA VIDA  OS MEUS OLHOS PARA LEVAR COM PIMENTA. Não é isso que me faz mais heroína. Por outro lado, muitas vezes não entendo o que a grande maioria está defendendo e quais os seus exercícios de liberdade de pensamento e expressão. E parece que muitos querem exprimentar uma adrenalina sinistra de tempos nefastos. Estou fora. Assim como , ofender e personalizar aqueles que nos incomodam não é libertador, nem libertário. Cada detalhe do dia a dia, cada olhar olho no olho, cada exercício de escuta é um ato que pode ser transformador. Cada proposta que fizermos, seja através dos nossos encontros pessoais e profissionais, para vivermos no mundo emocionalmente sustentável JÁ É MUITO! Principalmente aprendermos a nos comunicar numa comunicação não violenta.  De seguida transcrevo em modo parafraseado a palestra Marcia Baja do Centro de Estudos Budistas Tibetanos:


' Colabore para que a raiva se auto libere . Agradecer  a quem nos abriu os arquivos da nossa escuridão. ( pensamento alto da Piu: Oh Coiso! Gratidão! Oh pessoal com comportamentos Coisos mil gratidões por me dar a oportunidade de quanto é urgente em me alinhar e assim me curar de mim, jogando para longe negatividade! Ufa! Esta agora é  como aquele espirro ou mesmo aquele gás, vulgus peidola,  que estava entalado que aliviou ;) <3 ) Não tente educar o outro. Dizendo: " Ah! Isso aí você está fazendo é completamente errado!". Sendo que estamos muitas vezes desorganizados. A primeira coisa a fazermos é nos organizarmos interiormente e assim começam a surgir os meios hábeis, inclusive a sabedoria irada, quando você precisa de interromper a negatividade do outro. Mas aí não existe raiva. Você não está interrompendo o outro porque ele te incomoda ( Ai Piu! que desafio!) , você está interrompendo o outro porque vê que o outro está cavando o próprio buraco. Então devemos-nos perguntar se realmente estamos querendo ajudar o outro ou tentando-nos livrar daquele comportamento que achamos uma chatice. Primeiro que tudo, somos nós que temos que liberar a nossa negatividade "

Vida longa a tod@s nós e sejamos heróis e heroínas no no nosso dia a dia, ter a coragem de não cair em falácias e obas obas quando não queremos perder o nosso lugarzinho ao sol ou até queremos subjugar o outro à nossa vontade por mais nobre que a nossa causa possa parecer. E agora  transformo esta música do José Mário Branco :
Cá dentro inqueitação, inquietação
"  Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda "

em 


" Cá dentro meditação, meditação
É só meditação, meditação
Porquê, eu já sei
Porquê, eu já sei
Porquê, ainda estou a aprender mas já entendi
e assim a vida sorri
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devo praticar
Porquê, eu já sei
Porquê, eu já sei
Porquê,ainda estou a aprender mas já entendi
e assim a vida sorri" 

E como dos States nem tudo o que vem é descartável de composição duvidosa e imperialista vou continuar a escutar os " meus" Velvet Underground. Hey babe! Take the walk on the wild side, yeah!

A Piu
Bolhão Geralvem, 14/05/2019
Sejam realistas, peçam o impossível.

No mês em que estudantes e povo saíam à rua.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

MOMENTO AUSPICIOSO PARA REPENSAR A INSTITUIÇÃO ACADÉMICA DESDE A SUA BASE

Antes de toda e qualquer consideração afirmo que o conhecinhemto é importante como base duma sociedade que se auto valoriza. A educação é bastante importante, principalmente como exercicio democrático que valoriza cada cidadã e cada cidadão. Mas o que me traz aqui é compartilhar algumas visões, a partir da minha experiência académica, sobre essa instituição que se chama universidade. Há relativamente pouco tempo inteirei-me realmente que eu sou a primeira mulher da minha linhagem que frequentou uma graduação e uma pós graduação. Isso, claro, não me faz mais e melhor que todas as outras mulheres que vieram antes de mim. Pelo contrário, se sou hoje o que sou é graças a elas e estou aqui para honrá-las na minha liberdade de expressão e nas realizações pessoais e também profissionais. E sinceramente não são nem os títulos, nem certificados e status que me movem. Isso chega a me enjoar, pois além de supérfulo, carente de alma, subscreve uma lógica patriarcal onde hierarquias e subjugações engessam o conhecimento para servir um capitalismo selvagem que está falido, mas que ainda está aí.

Quando eu tinha uns dez anos, certa vez tive uma intoxicação alimentar com um crepe que comi num restaurante chinês. Até hoje lembro-me daquela madrugada em branco agarrada à barriga com o cheiro e o gosto do óleo do dito presente na minha memória. Durante anos não consegui comer comida chinesa. Só o cheiro já me dava náuseas. Nessa mesma época um garçon numa brincadeira provocativa grita assim para o balcão após o meu pedido dum " cueca cuela bem frescola: " Sai uma lexivia / água sanitária para esta mesa!" Por sugestão ou não, não é que aquela beberage de composição duvidosa da terra do Mickey sabia a água sanitária?!?!?! Nunca tinha bebido esse detergente, mas o olfacto estã ligado ao paladar. ANOS SEM BEBER O REFRIGERANTE MAIS POP DO MUNDO!!!!


Assim se passou com a universidade. Principalmente na minha passagem pelo mestrado, que "por acaso" foi no Brasil numa universidade estadual, logo pública, considerada referência pelo menos na América Latina. Também no resto do mundo, mas fiquemos-nos pela América cá de baixo pois o nariz da Unicamp já é empinado mais que demais, que olhando de perto, percebemos os meandros da farsoliçe. Isto é, da farsa.  Obviamente existem pessoas sérias, comprometidas   com o uso dos dinheiros públicos, mas começando pelos múltiplos exemplos de relação entre orientadores e orientandos onde o abandono negligente dos orientadores é efetivo, assim como a competição entre alunos é o equivalente a um crepe oleoso embebido em cueca cuela. A pessoa pode levar anos a limpar o estômago, principalmente quando a narrativa de separar o erudito do popular, assim como nem todos são capazes de dar conta de tanto conhecimento porque é só para os iluminados.... Enfim.


Sendo a minha trajetória de formação primeira e profissional nas artes cénicas quando chego à gavetinha da Antropologia no Instituto das Humanas tomei um SUSTO! UM VERDADEIRO SUSTO! Tanto preconceito que arrepiava os pelinhos mais pequeninos dos braços! Algumas ingenuidades cairam por terra. Por exemplo, deparei-me com feministas dondocas, cujas preocupações, além de retóricas, ficam restritas ao seu condomínio fechado de faxineiras, babás, motoristas e jardineiros. Também me deparei com esquerdo machos. Ufa!  Desses é preciso estarmos muito atentos! Sinaliza-los. Ao primeiro brilho da mulher já fazem suposições rasteiras sobre a sua conduta. Também conheci eruditos (?...) que achavam que não tinham dever nenhum para com a sociedade que estudavam e que principalmente financiavam a instituição com a contribuição dos seus impostos. Em suma, além da frequência ser totalmente gratuita, o que não acontece em muitos países, existem bolsas, o que também não acontece em muitos países. Porém, o acesso à universidade não é, dum modo geral, para o povão. E o povão já encara desde sempre todas as faltas de oportunidade que hoje uma classe, ou umas classes, mais favorecidas estão sendo postas contra a parede diante das medidas mediocres dum governate que muitos votaram. Agora encarem as consequências e não percam a oportunidade de reverem toda a sua conduta e olhar sobre o mundo e sobre o outro.
Princiaplmente nas Humanas e nas Artes que encontrei tanta vaidade e insenbilidade de pessoas que menos esperava. Mas, nós não somos um comportamento e sim somos seres com a devida plasticidade para modificar os nosssos comportamentos com sabedoria. Que é isso que o meio académico carece: de sabedoria, Por isso tanta gente adoece e muitas até colocam termo na sua vida de tão exauridas  com um objetivo de alcançar metas que no final das contas não traz nem beneficios para elas nem para todos. Quanto ao Coiso é só mais um reflexo da falta de reflexão de quem o defende, defendeu ou está contra ele. Baixarmos todos a bola e darmos o nosso melhor de coração é muito mais proveitoso que vestir um camisolão de pura lã encolhido numa lavagem a a alta temperatura e ainda calçarmos umas botas ortopédicas em duas pernas engessadas inutilmente para fazer conjunto com dois braços saudáveis igualmente engessados. É assim que muitas vezes o conhecimento académico é produzido.Por vezes nem conhecimento nenhum é produzido e sim reproduzido para agradra e subscreve para conseguir um emprego, um lugar ao sol de luminosidade opaca. E aí eu pergunto: não estará na hora de sermos todos mais gente de verdade e deixar os egos de lado?

A Piu
Brasil, 10/05/2019







Hã uns bons anos atrás