segunda-feira, 30 de novembro de 2015

OH MY DOG! ou OH MEU CACHORRITO!

Pronto! Eu ainda sou do tempo que se mandavam postais e cartas. Este postal tem 30 anos! Também tenho de dizer publicamente que em breve retribuirei aos meus amigos e família que me desafiaram a voltar a escrever cartas. Retribuirei! Retribuirei!

Como dá para ver na imagem são vários transportes públicos que a minhã mãe descreve à sua filha de 10 anos, que no caso sou eu. Nessa época eu já ia para a escola de transportes públicos sozinha. A autonomia é um exercício de cidadania.

Hoje a minha filha de 10 anos quis aprender a ir sozinha para a escola de transporte público. Só que!... O tal do ônibus que vai do terminal para o jardim Primavera já não existe! Curioso! Um lugar de rede de transportes públicos escassos e inexistentes promovem o uso do carro, da segregação de quem não o possui e reforça uma lógica elitista que nada de progresso traz. Se o progresso é ter um monte de prédios altos, condomínios fechados em que as faxineiras, jardineiros e outros levam horas para chegar... Vou ali já venho! A pé de bike, com o meu cachorrito a correr rua afora atrás de mim. Pronto vou de calhambeque a cair aos pedaços! Vá!

Ana Piu
Brasil, 30.11.2105



SIM, O BRASIL É ESPECIAL

SIM, O BRASIL É ESPECIAL!
Desde criança, embalada pelas músicas doces, irreverentes e utópicas da música popular brasileira, sonho conhecer o Brasil.
Em 1996 realizei esse sonho. Antes de viajar andei dias a contar as horas e os minutos que faltavam. Um cardume de borboletas no estômago! Aterrei no Rio de Janeiro para visitar a Anabela Teixeira que na época participava da novela Xica da Silva, depois viajamos para Cuiabá, no Matogrosso, para conhecer o Amauri Tangará e o seu trabalho artístico.
Atalhando faço uma lista das razões pelas quais o Brasil para mim é especial, embora não subscreva em tempo algum a abominável desigualdade e os fortes resquícios de imperialismos, colonialismo e escravatura:
A sua natureza tropical é luxuriante e revitalizadora, onde acolhe memórias ancestrais dum povo indígena dizimado, mas resistente e sábio, sem exotismos e deslumbramentos romantizados duma portuguesa.
O seu clima gostoso que aquece o coração, mesmo em momentos de alguma solidão. O imenso prazer de ter a porta e a janela aberta quando chove e poder dançar descalça debaixo da chuva sem ficar com uma tremenda pneumonia. Não precisar de muita roupa, pois seca num instante!
Ter uma terra fértil em que podemos ser auto sustentáveis.
Saber intimamente que a diversidade humano neste território dá alento, pois podemos sempre encontrar a nossa turma, a nossa praia. E sonharmos sonhos realizáveis juntos! Esse é o meu projeto vida! Encontrar seres humanos que não se esquecem de Ser nem da sua Humanidade.
Para mim o Brasil é muito especial, pois à parte dum sistema em que o luxo e o lixo convivem muitas vezes sem escrúpulos; chego a pensar que esse convívio é muito mais honesto que um Paris, por exemplo, em que o centro é todo bonitinho mas a periferia é uma loucura dessa mesma desigualdade e segregação fruto dum imperialismo e colonialismo recente. Paris esse, que no ano de 1996 iria estudar e viver, depois de ter conhecido o Brasil. No Brasil sinto-me em casa, em Paris... causa-me stress, ansiedade, embora a cultura e a arte tenham uma importância muito especial que eu aprecio.
Nada é linear e cada um tem a sua lista de prioridades do que é ou deixa de ser especial para si. Essa é a minha. Uma mulher, uma atriz de teatro de sala e rua, uma palhaça, uma portuguesa que faz questão de se apresentar assim não por feminismo, nem por nacionalismo ou seja lá o que for! O contrário! Por não ter vergonha de se ser quem se é em permanente construção e desconstrução de esterótipos.
Ana Piu
Brasil, 30.11.2015


Anabela Teixeira e Ana Piu perto da cachoeira Véu de Noiva no centro geodésico da América do Sul







FRASES DE INTER AJUDA

 (Interajuda: conceito paradigmático ramificado da auto ajuda mas num contexto mais abrangente do agente social, emocional e afetivo, assim como efetivo enquanto utopia realizável da existência do ser vivo que se propõe a se transformar interiormente para que a mudança que se quer ver no mundo comece em si)
" A crise é a sua grande oportunidade de se desenvolver como ser humano. Abrace-a com coragem." Saulo Fong



¨A transição do palhaço ou o Trapaceiro para a condição de Bobo Sábio
ocorre quando o Bobo experimenta a iniciação através do Amor. "
Pearson, Carol S.

SER UM HOMEM FEMININO NÃO FERE O MEU LADO MASCULINO, ASSIM COMO SER UMA MULHER MASCULINA NÃO FERE O MEU LADO FEMININO

" O desenvolvimento de uma capacidade para a androginia no permite ter mais plenitude, liberdade e variedade nas maneiras através das quais no expressamos no mundo. A androginia é inicialmente definida como uma espécie de estado neutro- evidenciado nas roupas e penteados unisesex- e, na adolescência, é saudável o individuo expressar-se dessa maneira. A verdadeira androginia não é simplesmente uma questão de realizar com sucesso algumas tarefas convencionalmente masculinas ou femininas ( como combinar a criação dos filhos com uma carreira profissional), embora a capacidade de fazê-lo contribua para a consecução de uma androginia genuína."
Pearson, Carol S.




Para que @s amig@s secretos passem rapidamente à história, porque ninguém tem o direito de atazanar a vida de ninguém seja lá em que circunstância for.
Ana Piu
Brasil, 28.11.2015


Coisas da vida, que podem acontecer a qualquer um cuja pontualidade se verseja em prosas poemáticas para que as distrações da mente possam dar passagem à contra mão coração que circula em viadutos com sentido único.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

ACERCA DOS AMIGOS SECRETOS E OUTROS PARASITAS EMOCIONAIS E RELACIONAMENTOS ABUSIVOS

Um monte de amigas está no face a escrever sobre os seus‪#‎meuamigosecreto‬ . Isto é, sobre relacionamentos abusivos. Textos muito pertinentes. Bem vistas as coisas quem nunca teve um machãozinho cobardolas que nos atazana a vida, nos envelhece em pouquissimo tempo e continua saltitão e airoso pela vida fora a chatear com quem se relaciona? EU JÁ! E NÃO QUERO VOLTAR A REPETIR A EXPERIÊNCIA. NUNCA MAIS! Muita paz dentro desse tal de meu amigo secreto. Mas muito longe!!!
Quem diz machãozinho diz machonazeca que acha que o elan sex appeal e a chantagem psicológica e afins são mecanismos para manipular e ainda afirmar que quem é machista é o homem! Ah pois! Há de tudo!
Também hás amigas secretas, aquelas que não temos afinidade nenhuma porém vem se fazer de nossas amigas para serem parasitas emocionais. Muita paz para essa malta! Para esse pessoal! Muita harmonia e quem sabe terapia, mas com a devida distância. E VIVAM AS REDES SOCIAIS PARA DE VEZ EM QUANDO ACIONAR O SINAL VERMELHO! VIVA NÓS! HOMENS, MULHERES E TODOS OS GÉNEROS QUE SE RECUSAM A RELACIONAMENTOS ABUSIVOS!! E quem já passou ou passa por isso não é porque merece e sim porque estava ou está menos atento.
Ana Piu
Br, 26.11.2015

ACERCA DOS AMIGOS SECRETOS E OUTROS PARASITAS EMOCIONAIS E RELACIONAMENTOS ABUSIVOS parte II

"Hoje eu não quero ouvir falar de beleza
ouvir você me chamar de princesa" in Desenhos estranhos pra gente esquisita


Não, eu não quero ser princesa. Quero ser um monstro daqueles monstros que sentem gratidão pela vida e por aqueles cuja amizade tem raízes até ao núcleo central do planeta terra, essa incansável bola de fogo.

Sim, sou um monstro e gosto de monstros. Monstros que olham a vida de frente e não saltam para cima das costas dos outros e acham que o mundo inteiro lhes deve alguma coisa e que todos os seus direitos são dados adquiridos e que nada tem a agradecer e ainda podem virar as costas com arrogância.

Sim, sou um terrível monstro quando a aparência se sobrepõe à essência.
Sim, sou um monstro. Quiçá um osso duro de roer para quem olha os demais como lerdinhos. Um monstro que não nasceu ontem e sim antes de ontem e que hoje a sua dieta é à base de fruta madura, porque mais macia e doce. Que fruta verde parece muito tenrinha e fácil de mastigar, mas não! Tudo ilusão.

Sim, sou um monstro das bolachas de água e sal como o gosto do mar e das lágrimas verdadeiras de quem chora e ri. De quem antes de amar alguém tem de se amar a si.

Ana Piu
Brasil, 27.11.2015



quinta-feira, 26 de novembro de 2015

OS PÉS FORAM FEITOS PARA VOAR

Tu vives dizendo que sentes alguma coisa por mim
Alguma coisa que chamas de amor, mas reconhece
Tu vives confundindo onde não devisa
E agora como é?

Essas botas foram feitas para andar, e isso é o que elas farão
Assim como voar! Assim como voar!

Você continua mentindo-se quando deveria ser verdadeiro
E você vives perdendo quando deveria apostar
Você continua quase o mesmo quando deveria estar mudando
Agora o que é certo é certo, mas o que tem de ser é e o que não tem de ser deixa lá isso da mão!

Essas botas foram feitas para andar, e isso é o que elas farão
Assim como voar! Assim como voar!


Essas botas foram feitas para andar, e isso é o que elas farão
Um dia destes descalço as botas e caminho sentindo o chão na planta dos pés
Ah pois é! Ah pois é!

Estão prontas, botas? Comecem a andar!
Estão prontos, pés? Comecem a voar!

Ana Piu
Br, 26.11.2015


tradução livre: These boots are made for walkin'- Nancy Sinatra


1915
by LiliumEternal




terça-feira, 24 de novembro de 2015

NO VERÃO TROPICAL, BEM PERTO DO NATAL

Não somos pessoas cinzentas, não somos indecentes
         Não temos de amar todo mundo, mas não tratamos mal niguém
         mesmo sem vintém
         fazemos como nos agrada
         Quando o clima está bom
        Nós pescamos ou nadamos no mar

          Cante comigo dee-dee-dee-dee
          Da-da-da-da-a, yeah, nós queremos é ser felizes

         Nós não somos sempre felizes, mas fazemos por isso
        A vida é pra viver, yeah, essa é nossa filosofia




      tradução livre de In the summertime dos Mungo Jerry





No verão quando o clima está alto
Você pode se esticar e tocar o céu
Quando o clima está bom
Você lê as noticias do mundo
mas no fundo 
quer é viver feliz
é como quem diz:
Tome uma bebida, dê um passeio
Saia e veja o que você pode fazer
mesmo que tenha de ler e escrever

a vida é para amar
e na sala também ensaiar
Cante comigo dee-dee-dee-dee
Da-da-da-da-a, yeah, nós queremos é ser felizes

tradução livre de In the summertime dos Mungo Jerry



Ana Piu
Brasil, 24.12.2015


segunda-feira, 23 de novembro de 2015

QUAL A SUA GRAÇA PALHAÇA?

As mulheres quando enraizadas adoram elfos e seres que fazem da vida uma melodia. Que se movem a música.




A Adelvane Neia pediu-me um depoimento sobre a minha experiência nas duas edições anteriores de "Qual a sua graça palhaça?". Fiquei uns dias a reorganizar sentimentos e reflexões. Algumas vezes escrevo espontânea e automaticamente, outras penso e quando chego na parte da escrita a coisa também vai numa escrita fluida sem grandes racionalizações. Espero transmitir isso.

Comecemos então por aí. O trabalho que a Adelvane desenvolve de comicidade feminina centra-se no sentir, no sensorial e no corpóreo. Sentir com o corpo, a respiração, dançar as ações.

Trabalhar a comicidade e a poética feminina é uma especificidade da linguagem do palhaço. Não significa que nos fechemos em pequenos nichos ditos feministas e diabolizadores da figura masculina. No meu ponto de vista é exatamente o contrário! Repensar-me como mulher com outras mulheres, para depois num momento seguinte atrair, convidar os homens. E aí repensarmos juntos a feminilidade, a masculinidade, a hibridez que há em todos nós. Sermos seres mais sensíveis e atentos, honrando a relação que mantemos uns com os outros, sem nunca esquecer de nos rimos de nós mesmos e através da poesia do ridículo sonharmos e construirmos um mundo emocionalmente mais sustentável. Mais solidário, com mais Amor, com mais verdade interior.

Sim, para mim é importante trabalhar umas vezes só com mulheres e outras tantas com homens que estão dispostas a criar uma relação de igualdade, de cooperação. 

Como mulher, mãe. cidadã, palhaça aos 42 anos, na estrada das teatradas desde 1990, é importante repensar o meu corpo, a minha feminilidade, homenagear as minhas ancestrais que é a minha mãe, a minha avó e as outras todas que vieram antes de nós. 

Em sala de trabalho tenho tido essa oportunidade com a Adelvane. Estou-lhe muito grata por isso, pois há quase quatro anos, vinda de Lisboa/ Portugal,  faço o que posso criar raízes e laços em Barão Geraldo para voar para  mundo e ter uma base física e emocional para voltar. Saber que não estou só e que podemos caminhar juntas.

GRATIDÃO, Adelvane, pelo nosso encontro que se tem vindo a construir ao longo destes três anos!

Ana Piu
Brasil, 23.11.2015


Mulher palhaça. Aprender a direcionar o seu próprio voo.
imagem: Ruth Law ( em 1912 com a idade de 21 anos em Orville Wright) , primeira mulher a pilotar

Mulher palhaça. Voltar às raízes. Desnudar-se. Rir-se de si mesma para novas folhas e frutos crescerem.
Mulher palhaça. Voltar ao lar, a si mesma, para se re habitar. 




quinta-feira, 19 de novembro de 2015

ACERCA DA VASSALAGEM E OUTROS TIQUES SOCIAIS (série 20 de Novembro dia da consciência negra no Brasil)

Existem comportamentos que de tão interiorizados nós naturalizamos. Se não damos um passo a trás e não nos estranharmos a nós mesmos repetimos por séculos e séculos aquilo que já deveria ter passado à História. É ainda bastante visível as relações de vassalagem num Brasil com marcantes resquícios de escravidão e machismo.

É muito frequente escutar, mesmo de pessoas mais próximas, um " Traga isso para mim!", "Faça isto! Faça aquilo!" ou " Venha cá!" Para quem não está habituado a este tipo de relação pode, por não querer bater de frente, fazer durante um tempo esses favores, mas daí começa a perguntar-se:"Mas porque é que a pessoa não se levanta e faz?" ou "Porque é que não vem ter comigo em vez de ficar no seu lugar?" Na minha adolescência tínhamos a resposta na ponta da língua:" Vem cá tu que o caminho é o mesmo!"

Outro dia queria mostrar algo no you tube que eu gostei muito e disse:"Venha" Venha aqui!" Recebi um redondo "NÃO!" Enfim, pode acontecer as nossas intenções serem confundidas. É compreensível!

Quanto a mim relações de vassalagem já deveria ser fora de moda assim como a bajulação. Sim porque ser fashion libertário é muito mais cool!

Ana Piu
Brasil, 19.11.2015



João Abel Manta, artista plástico português

João Abel Manta, artista plástico português

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

ALGUMAS CARACTERISTICAS DOS GNOMOS DA FLORESTA

Os gnomos conhecem na intimidade a floresta. Habitam entre as raízes das árvores e alimentam-se de luz e humidade. Conhecem todos os recantos da floresta, as suas clareiras e os lugares mais densos onde os saguins fazem festa nas copas.
Os gnomos e as gnomas são brincalhões e brincalhonas e gostam muito de festa! Gostam de roubar beijos aos mais desprevenidos. São traquinas, mas honestos. Falam sempre com H no inicio de palavras como "Humidade", "Hutilidade", "Hemoção"e " HAmor" pois consideram que o calor quando abraça a profundeza da floresta é muito hemocionante, e a hutilidade do HAmor com letras grandes é imensurável para o habitat em que os gnomos e as gnomas gostam de se mover.



terça-feira, 17 de novembro de 2015

PARIS É A CIDADE DO AMOR?


Dizem por aí que Paris é a cidade do amor. Podemos já começar por aí. De que falamos  quando falamos de amor? Amor é o mesmo que paixão? Não existem verdades absolutas dentro do vasto campo dos sentimentos e emoções. Aqui dou o meu olhar. Claro! Quando manifestamos algo é segundo a nossa perspectiva no individual e no coletivo no qual nós nos movimentamos. Mas há um amor universal. Não esse dos grandes edifícios, antigos cinemas comprados por uns que vivem às custas do sofrimento humano e lucram horrores com isso! Mas cada um sabe de si e de como curar as suas dores.

Sim, o Amor salva! Um Amor semeado e tranquilamente ir colhendo sem desejos de conquistas impostas. Cada conquista empática, cada compreensão pelo bem tratar, pelo cuidar são atos que juntos compõem essa palavra tantas vezes banalizada: AMOR.

Já a paixão é um arrebate do coração. Muitas vezes, se não a maioria das vezes, uma espécie de cegueira. Uma projeção de idealizações e expectativas acerca de algo que não estamos a enxergar na totalidade. Passada a paixão pode ficar o Amor ou um grande rancor e até mesmo ódio.

Não, Paris não é a cidade do Amor pois declara guerra a esta altura do campeonato!!! Embora já tenha sido palco de grandes transformações sociais e utopias, veja-se a Revolução Francesa e o Maio de 68, Paris não aprendeu com a História e continua imperialista, orgulhosa. Volto a perguntar para que serve tanta arte e intelectualidade assim como ser chique se o sotão e a cave estão sujos com velhos valores?

Teremos de nos reinventar com AMOR. Eu não apoio um Paris e uma Europa, assim como uns EUA que promovem guerra do seu sofá e poltrona e que acham que isso não tem consequências para si. 
 
Não apoio quem pratica relações abusivas sejam elas ao nível micro, como macro. Isso não é Amor e sim desejo de poder e controle que pode começar com corações arrebatados de paixão mas que não se sustenta é destrutivo. Sem Amor por nós mesmos e ao próximo estamos perto do fim, apesar de não termos de ser todos amiguinhos mas o respeito mútuo só faz bem e não faz mal. 

Eu não quero estar próxima do fim! É bom viver com plenitude, semeando essa mesma plenitude com atenção e cuidado. Não será isso Amor?

Ana Piu
Brasil, 17.11.2015

















Paris é uma linda paisagem, mas não passa duma furada.
André Kertész - Broken Plate, Paris, 1929
O Amor não rima com o estarmos viradas uns para os outros. Paris - Champ de Mars, photography by Jean Mounicq 1957
Existe amor e paixão. O amor pede mais concentração, continuidade e compasso mesmo que haja um descompasso aqui e ali. Vai-se a festa e a paixão  ou fica o amor ou cai tudo no esquecimento ou até mesmo no não perdão.
Jean-Luc Godard, Bande à part (1964)



segunda-feira, 16 de novembro de 2015

UMA ENTRE VÁRIAS RESPOSTAS (série: E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias?)

Agora ainda vou fazer outra pergunta, pronta para levar com flechadas não da floresta amazónica e sim da selva de pedra.
Há um ano atrás houve durante vários meses uma greve geral no campus universitário da unicamp. Mas os trabalhadores terceirizados, que cumprem aquela função assaz indispensável, que é entregar cartõezinhos aos condutores de viaturas automobilizada, na entrada e saída do campus, continuaram lá a cumprir a sua função. Diz-se que é para assegurar a segurança, o controle. A sério?
Agora pergunto: Com tantas reeinvindicações trabalhistas e salariais esses seres humanos, por serem terceirizados numa função que é uma falácia, não tem capacidade e direito de assumir uma outra função? Não são qualificados... Ok! Mas o mundo tem ser constituido somente por doutores e outros pretendentes a, que abraçam causas mas muitas vezes só na teoria?
Agora, vou-me debruçar sobre estudos teórico práticos sobre dignidade humana, animal e vegetal, assim como mineral com base na prática. Que o resto dá cá uma soneira... E a vaidade e o eco do ego não soa a música e sim a ruido.
Ana Piu , uma portuguesa anti fascista e anti colonialista em terras tropicais com RNE. Isto é, com visto de permanência.
Barão Geraldo, Campinas, Brasil,13.11.2015
pergunta:
" Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância? '
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.





imagem: YUKO SHIMIZU: Panda Bear Girl. The First Asian Super Heroine
(Detail)


PROJETO VIDA: SER GNOMO DA FLORESTA AMAZÓNICA

"São três pães franceses, por favor!" Silêncio, olhar, interrogação do interlocutor: " Moça! Você é carioca!" Silêncio, olhar e afirmação minha: " Não, mas o sotaque é parecido. Ora raios! Ora raios pois pois!" Saio com a música na cabeça: "Ela carioca, ela é carioca basta o jeitinho dela andar."
Chego à Portuguesa, que é a rodoviária de São Paulo. Dirijo-me às informações para saber como chegar de metro à Lapa, a Lapa de São Paulo e não de Lisboa. Claro! Trago um saco daqueles semelhantes ao do Pão de Acucar, mas este é maior. Vem da Tugolândia duma loja de brinquedos. Lá dentro cabe o meu solo e ainda alguns objetos pessoais! EUREKA! Um homem olha lá para dentro várias vezes. Tento não dar um ar desconfiado, mas estou atenta. O homem pergunta:" Você é cigana?" Respondo que não mas quase que respondo que sim dado o meu oficio. Depois ele vai embora e pergunto donde ele é. "Peru".
Fiquei com pena de não conversar mais, pois fiquei curiosa da sua pergunta. Olho para mim e vejo que tenho uma flor vermelha na cabeça, um xaile branco amarrado na cintura da saia rodada. Depois de dois dias deambulando por Sampa e pela Avenida Paulista com a sua fauna múltipla, que noutro texto descreverei.
Gosto de São Paulo e numa conversa de amigos digo: " Sou uma cosmopolita rural, mas como as coisas andam eu quero mesmo ser é um gnomo da floresta amazónica! Aliás! Amazônica!"
Ana Piu
Br, 16.11.2015


foto: Piu aos 17 ou 18 anos


quinta-feira, 12 de novembro de 2015

UMA ENTRE VÁRIAS RESPOSTAS (série: E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias?)

Atelier Composition, 1933 — Man Ray

Agora vamos ao cerne da questão. Antes de tudo adianto que este texto não tem qualquer cunho partidário e ideológico. Sim, é muito importante esta salvaguarda nos dias que correm para não haver equívoco acerca de  sentido de cidadania, de bom som e consciência social.
Ora vejamos, pergunto eu, em tom entre o curioso e o intrigado: uma universidade pública que, sendo pública, é sustentada com dinheiros públicos não tem dever nenhum para com a sociedade? Não há um engajamento? Uma retribuição?

Logo se levantarão uns, perdão!... Não se levantarão e sim do seu refastelado lugar afirmarão: Nós produzimos conhecimento cientifico e não politica! Não somos enm ONGs nem outras entidade competentes com as politicas públicas!
Outros responderão ainda que estão muito ocupados com o Aristóteles, o Kant e no seu doutorado, na sua pós, artigos e congressos.

Agora pergunto, novamente curiosa e intrigada: Para que serve tanto conhecimento financiado com o dinheiro do contribuinte se este continua nas trevas da caverna de Platão? Muitas vezes vivendo em condições insalubres enquanto há salários da boca ficar aberta com uma forte câimbra!

Nesse caso, vou passear o meu cachorrito Pluto pelo bairro e perguntar-lhe olhos nos olhos: " O que é que pensas da vida, pá?! O que pensas disto tudo e da ração que te dou com um um T de trangénico? Sê sincero! Sê sincero! Sou do bem! Não sou do mal, meu cachorrito Pluto!"


Ana Piu
Barão Geraldo, Campinas, Brasil 12.11.2015
pergunta:
" Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância? '
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

SER PRECONCEITUOSO É SER FASCISTA?

" Todo preconceito tem o gérmen do fascismo, mas o fascismo é uma espécie de espetáculo, o fascismo é uma exibição desavergonhada do ódio."


Márcia Tiburi, filósofa e professora, conhecida por tornar a filosofia acessível e fundamental para a ação, lança novo livro “Como Conversar com um Fascista?”.

Alegarmos que nunca tivemos preconceito seria um cinismo da nossa parte. O cinismo de não assumir que muitas vezes temos uma ideia de nós mesmos que faz com que tenhamos preconceito em não assumir que temos preconceito. A questão está em sinalizar esse preconceito em nós e revermos o que se passa cá dentro. Esse trabalho só a nós nos compete. 

Já ser fascista é uma característica que muitos podem não assumir, pois naturalizam o ódio. Esse ódio pode vir camuflado de vitimização para justificá-lo. "Ah! Em determinada época fomos colonizados então vamos rechaçar quem for descendente do colonizador!". O mais curioso é que muitos que se posicionam assim são os neo colonizadores, seja a nível privado como público. E isto pode se estender a diferentes campos: "Ah fulano ou fulana é medíocre então vou ser igualmente medíocre para com essa pessoa!" Enfim...

Quem nunca  sofreu de preconceito? De sermos olhados com um olhar revirado, tirando-nos as medidas de alto a baixo, meio que ofendido, ou aprovando quase mas reprovando um pouco ou até mesmo deslumbrado por termos determinada fisionomia, determinada profissão, termos determinado poder de compra ou carecermos do mesmo ou virmos de determinado lugar e/ ou país ou pensarmos e comportamo-nos de modo diferente, com outros códigos e padrões.

Há o preconceituoso que não quer deixar de o ser, logo é fascista em maior ou menor escala e há aquele que tem vivido com determinados preconceitos, mas que está disposto a se superar. Essa é a pessoa que está disposta a dialogar consigo mesma e com quem a rodeia. Já é um caminho de paz, parafraseando o Gandhi. 

Ana Piu
Br, 11.11.2015



UMA ENTRE VÁRIAS RESPOSTAS (série: E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias?

Não panicar! Uma questão de respirar fundo e manter a esperança de encontrar semelhantes a nós nas suas diferenças
Os mais desavisados das lides académicas podem chegar com a ilusão que o diálogo seja efetivo e que princípios éticos, tais como respeito, humildade, curiosidade no outro estejam na base. Mas o conselho é; levem um chapéu de chuva para se protegerem, mesmo que este seja usado duma forma inusitada. E muito humor dentro de si. Isso é muito importante, pois vamos nos deparar com arrogância da parte de quem nunca saiu da sua bolha vivencial e do seu condomínio intelectual. Se tiver uma vontade profunda de chorar, escreva.  É libertador!

Se estiver mais vulnerável dirão  que aquele não é um instituto de beneficência e que para ali estar é necessária erudição. Resta saber o que se entende por beneficência e o que é saber colocarmo-nos no lugar do outro e o que se entende por erudição. E se sentir que a sua cabeça está enfiada num frasco não entre em pânico. Respire fundo e não perca a cordialidade, porque para todos os efeitos andamos todos a aprender a viver. Uns focam-se unicamente no conhecimento, outros na sabedoria. Eu prefiro a última. E assim vamos vivendo entre a curiosidade e o assombro. Da minha parte afasto-me de todo e qualquer tipo de competição, pois esta carece de alma e de amor. E o Amor com A grande é base de tudo.


Ana Piu
Barão Geraldo, Campinas, Brasil 11.11.2015

pergunta:
" Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância? '
Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.

nunca esquecer quem somos, pois o Amor por nós mesmos e por aqueles que nos enxergam é precioso


UMA ENTRE VÁRIAS RESPOSTAS


Quem chega vindo do parque de estacionamento encontrará alguns edifícios envoltos em espaços arborizados e ajardinados. Jardineiros e faxineiras de uniforme  bege mantém o espaço físico aprazível. Em algumas ocasiões grupos de jovens sentam-se numas escadas para debaterem assuntos vários pertinentes à sociedade, em que citam Bourdieu, Weber, assim como Marx e até mesmo Trotski!  Alguns falam das cotas raciais, em geral aqueles que são diretamente afetados ou estão próximos de quem é. Outros discutem a defesa dos animais e uma dieta em que estes não estão contemplados. Nunca tomei conhecimento de algum debate sobre meninos de rua e crianças mal tratadas. Então, o que depreendo é que toda essa preocupação com os animais numa cidade  onde há mais pet shops que livrarias e cinemas fora dos shoppings, assim como centros de convívio que não fiquem restritos ao meio académico é um descargo de consciência. 

Quem chega do lado oposto ao parque de estacionamento encontra um gramado considerável e a cantina do Instituto de filosofia e ciências humanas não está oficialmente aberta. A reitoria fechou-a "coincidentemente" por altura da Copa do Mundo.

Há uns tempos alguém disse que a par com os alunos da medicina estavam os alunos dessa instituição com famílias de renda mais alta. No último caso, as pessoas iam para Humanas pois o mercado de trabalho é mais restrito então o respaldo familiar é maior. Procuro no google se existe algo oficial provando o mesmo. Não encontro nada, mas parece ser convincente e justificável face à pergunta da Eliane. Já não falando que muitas vezes da teoria à prática o passo é enorme. E dá muito mais trabalho que passear o cachorrinho pela avenida. Sim, porque estes em muitos casos são muito mais importantes que qualquer vida humana. Não lhes retirando, obviamente, importância não dão opinião. Logo, são queridos e fofinhos.

Ana Piu
Barão Geraldo, Campinas, Brasil 11.11.2015


" Episódios semelhantes à “moção de repúdio” à Simone de Beauvoir ocorriam esporadicamente em rincões afastados, e logo eram ridicularizados. Hoje, acontecem na Câmara de Vereadores de uma das maiores e mais ricas cidades do estado de São Paulo, no sudeste do Brasil, uma cidade que abriga várias universidades, entre elas a Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), uma das mais respeitadas do país. E cadê os intelectuais? Rindo dos burros nas cantinas universitárias? Será? Não era de se esperar mais iniciativas de busca do diálogo, de criação de oportunidades para explicar quem é Simone de Beauvoir e refletir sobre sua obra, ou mesmo a ocupação da Câmara, para produzir reação e movimento que permitisse o conhecimento e combatesse a ignorância? '

Eliane Brum é escritora, repórter e documentarista.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

ANA, COM UM N, PODENDO SE LER DA ESQUERDA PARA A DIREITA COMO VICE VERSA

Nada melhor que ser estrangeiro e ao mesmo tempo morador a curto, médio, longo prazo. Os estrangeiros trazem lufadas de ar, trazem consigo outros ares.
Nada melhor que fazer da vida uma aventura, já que esta por vezes parece um capricho devido aos desafios da subsistência.
Nada melhor que etnografar os que etnografam que se consideram os iluminados mas muitas vezes não enxergam quem ao seu lado está e trazem um olhar de desdém com os que são diferentes, pois "eu não sou eu nem sou o outro. Sou qualquer coisa de intermédio: Pilar da ponte de tédio. Que vai de mim para o Outro."#
Nada melhor, mesmo que algumas vezes pouco confortável, em passar por vulnerável. E sê-lo em algumas situações. De passar por lerdinha e bigoduda sem sex appeal devido à nacionalidade que trago num cartão e outro padrão de comportamento.
Nada melhor que distinguir entre sedução e antropofagia, entre erotismo e pornografia, entre amor e ego, entre liberdade e apego.
Nada melhor que estranhar aquelas e aqueles que supostamente defendem amor livre, mas que não passa (passo a expressão e coloco uma bolinha como nos filmes para maiores de 18) "putaria" °.
Nada melhor que questionar.
Nada melhor que ser em vez de parecer.
Ana Piu
Brasil, 10.11.2015
# Mário de Sá Carneiro

CARTA ABERTA À LEE

O que resta fazer quando o conservadorismo é mais que demais
A cutucação das piratas do Tietê
Querida Rita, querida Lee

eu cresci a ouvir a sua música lá nos idos finais dos anos 70 e ao longo dos anos 80 do outro lado do mar, na terra de origem da Carmen Miranda. " A gente faz amor por telepatia (...) nada melhor que não fazer nada só p'ra deitar e rolar com você!"; "Baila comigo! Como se baila na tribo!" Muito bom!

Sim, eu era uma criança, mas era o que passava na rádio. Imagine Rita! Enquanto por terras brasileiras se vivia ainda a tal da dita, da dura, nós por lá descobríamos ares de liberdade após 48 anos de fascismo e 500 de imperialismo com música e literatura brasileira. Incrível! Inspirador!

Nessa época eu desconhecia que o Brasil andava de botas duras. Era criança. No meu imaginário o Brasil era um imenso Sitio do Pica Pau Amarelo.

Tenho de te falar em tom de provocação, que nesse aspecto você é inspiradora: Vou pedir uma indemnização/ indenização* ao governo brasileiro pela propaganda enganosa! Andei convencida anos e anos que o Brasil era muito à frente e não era careta, conservador!

Ah Lee! Ah Rita! A minha ingenuidade! Veja só! Onde a desigualdade é tão marcante como é que não pode ser careta?! A desigualdade é careta porque carece de educação, de reflexão, de paz, de justiça. A desigualdade é uma violência, mas há os que privilegiados são que se sentem muito ofendidos por dizermos tal coisa. Ainda para mais uma estrangeira! Ainda para mais uma portuguesa! Vejam só! Ainda para mais uma mulher! Ainda para mais uma atriz! Uma palhaça! Uma... uma... atrevida que se atreve em estudar antropologia, entre a nata da nata. Pois.... será que ser mãe duma menina brasileira altera em alguma coisa?



 * detalhe diplomático no acordo ortográfico


Ana Piu
Brasil, 10.11.2015



Da paz


segunda-feira, 9 de novembro de 2015

MULHER COM PEITO ABERTO DE MÃO DADA COM UM CAN GURU EM FRENTE AO MAR

Can guru é um guru que salta muito mesmo quando traz os filhinhos na bolsa.
A mulher de peito aberto tem o olhar pousado no horizonte e canta com o can guru que navegar é preciso e viver ainda mais.
Os can gurus sabem muitas coisas por isso são can gurus. Sabem que existem mulheres de peito aberto com olhar pousado no horizonte e que cantam cheias de estilo, mesmo quando fora de tom
Ana Piu
Br, 9.11.2015

Shot by Helmut Newton for Vogue Australia, 1964

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

NINGUÉM NASCE MULHER TORNA-SE MULHER ( Simone de Beauvoir)

Para a Biologia, andrógino é o ser que possui os dois sexos ao mesmo tempo e é capaz de reproduzir-se sozinho (não no caso dos humanos). O mesmo que hermafrodita. Mas para os psicólogos, médicos e até estilistas, a androginia é sobretudo um fenômeno cultural, nada tem a ver com a bissexualidade ou o homossexualismo. “O que está em jogo é o papel social desempenhado pelo indivíduo. A pessoa andrógina não precisa ter, necessariamente, comportamento sexual ambíguo”, explica o sexólogo Oswaldo Rodrigues Júnior, de São Paulo, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Sexualidade. 


Ele dá exemplos de incorporação de papéis sociais do sexo oposto: o homem que não tem vergonha de chorar e expor sentimentos, cuida dos filhos, participa das tarefas domésticas, ou a mulher que impõe opiniões, assume o sustento da casa, exerce profissões consideradas “masculinas”.
(in http://super.abril.com.br/cultura/androgenia-cultural-o-sexos-se-confundem)

Ana Piu  grávida a fazer um papel andrógino. Matogrosso, Brasil 2000

MULHER DE VESTIDO DE SEDA ÀS BOLINHAS, PERNA GRADA TAL QUAL PORTUGUESAS DA PINTORA PAULA REGO, COM SAPATOS DE SAPATEADO E MEIAS CANELADAS AMARELO TORRADO

“Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino.” Simone de Beauvoir
# a frase que causou polémica no Brasil que como a Europa num estalinho dedos fica mais conservador, como se o século XX não tivesse acontecido

Ana Piu (PT/BR) na Gala de Solidariedade do 2ºEncontro Internacional Palhaços Vila do Conde — sábado, 17 de outubro, Teatro Municipal de Vila do Conde.

[foto: margarida ribeiro]
 — com Ana Piu em Vila do Conde.