quinta-feira, 27 de junho de 2013

PALAVRAS PARA SONORIDADES

Once again.
Once again and keep going
Don't  give up
Once again
Once again and again and again
Don't give up
Keep going and going and going
Once again
Once again and again
Come and the days will be ours
Once again
Will be ours
The days
Sunny days with or without clouds
Come, once again
Come and come
Don't forget the way
Keep going slower or faster
Come and the days will be ours

a piu
Br, 27.06.2013


PENSAMENTOS


Talvez tudo o que eu pense, diga, fale, balbucie não passem de lugares comuns, banalidades, redundâncias sem importâncias. Mas também penso que quando o que se sente é uma inquietação que nos persegue constantemente não poderá ser assim tão banal e superficial. Talvez não tenha uma argumentação sofisticada, mas o que é a sofisticação sem sentimento? Um sentimento vivido, observado, mastigado, cuspido, reciclado, aprofundado, simplificado construído, desconstruído e renovado?




A piU
Br, 27.Junho de 2013

TENHO FOME

- Tenho fome.
- Se dizes isso assim só, publicamente, o que as pessoas vão pensar?!
- Quero lá saber o que as pessoas vão pensar! Aliás, interessa-me muito o que as pessoas vão pensar sim. Pensar é importante. Talvez se toquem. Podem pensar que tenho fome de comida, como de amor, como de justiça,como de liberdade, tolerância, de paz, de utopia. Tudo clichés, não é? Mas quando sentidos na pele o caso muda de figura.Talvez sintam também fome seja lá do que for e assim não se sintam sós e possamos agir juntos. Tenho fome.

A piU
Br, 27.06.2013
Giacometti

quarta-feira, 26 de junho de 2013

DESPOJAR-SE DE SI


















"Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É saber falar de si mesmo. É não ter medo dos próprios sentimentos” 
Fernando Pessoa


A respiração ofegante de quem queremos bem se diluindo no tempo. O peito que se vai mais o seu calor. Os olhos dum filho que se fecham. Os sonhos e os quereres que se transformam ou que se revelam num outro ângulo, numa outra perspectiva.
Deixar ir. Abrir mão. Segurar o ovo da vida delicadamente na ponta dos dedos. Delicadamente segurando para que não cai no meio do chão e esborrache.
Deixar ir. Deixar que o ovo rebole para onde tiver de rebolar. Não o prender entre os dedos para que este se esmigalhe e já nada restar.
Deixar ir, guardando os momentos. Momentos Kodak. Momentos Brinde. Momentos desmunhecados, delicados, chorados, gargalhados, esperançados, resignados, perdoados, reinventando-nos numa outra calma.
Deixar ir em suaves e vorazes círculos em espiral. Soltarmos-nos de nós mesmos, para nos voltarmos a encontrar. "Porque nada acaba nunca, só muda de lugar".



a piu
Br, 26.06.2013

citação aspas: Paula Só, atriz e encenadora portuguesa












terça-feira, 25 de junho de 2013

SILÊNCIO

O silêncio doí? Depende. Se for um silêncio que nos enraíza no chão e que nos faz mover, que nos faz voar até quem sabe, não doí. Se for uma dor libertadora, aquela dor que nos leva para lá de nós e que num fundo é uma dor benéfica por ser libertadora de nós mesmos, do nosso pequeno grande umbigo. Por outro lado, se for um silêncio fruto do medo, do desprezo então doí. Há um silêncio que aparenta paz, mas é um silêncio ruidoso abafado no escuro da noite. Um grito abafado implorando vida, exigindo paz, pedindo um abraço. Há o silêncio dos corpos cansados, descompassados. Há o silêncio que não necessita de palavras. Há o silêncio na  luz de dia cinzento ou um silêncio de noite com luar. Um silêncio de desejo de sonho. Um silêncio de medo de desejo de sonho. Um silêncio de noite de lua cheia não é realmente um silêncio, pois muitas coisas acontecem. Há também o silêncio da folha branca que vai sendo escrita em silêncio plena de vozes, melodias, cores, odores, sabores, dissabores, calores, clamores, horrores, amores.

A piU
Br, Junho de 2013

pintura: César Teles

INTERROGATÓRIO


- Senhor anda a escrever textos subversivos que falam do amor.
- Eu sou um revolucionário, meu ilustre inspetor. Os meus textos são críticas afiadas às instituições.
- Aqui quem tem de afirmar se o senhor é um revolucionário de criticas afiadas sou eu. Entendeu? Além de que as suas ironias de duplo sentido são inconstitucionais a esta nossa revolução. Explique-me o significado do último texto que escreveu.
- Então, era uma crítica à Instituição Igreja, um apelo à livre escolha de parceiro que esta Instituição reprime e era também uma crítica à Instituição Família.
- Agora sim! As suas palavras denunciaram-no!! Instituição família é amor!
- ... Não necessariamente. O amor institui-se? Sinto e penso que não.
- Por favor,guarda Leandro e guarda Feliciano prendam este subversivo! Em nome da lei, da moral e dos bons costumes a sua identificação ficará comigo sem direito a resgate.
- (Isso é que o senhor inspetor pensa).
- DISSE ALGUMA COISA?!
- Nada, nada. Só pensei como a sua caneta de ouro é bonita e brilhante. Um privilégio para o senhor inspetor poder-se ver reflectido na sua ilustre caneta azul de ouro qualquer hora do dia e da noite. O senhor e sua caneta que assina e faz traços.
- LEVEM-NOOOOOO!

A piU
Br, 25 de Junho de 2013

segunda-feira, 24 de junho de 2013

RELATOS DO MANUEL, QUE POR ACASO É PORTUGUÊS, QUE POR ACASO É DA MINHA CIDADE, QUE ACASO VIVE NA MESMA RUA DESSA MINHA CIDADE QUE EU DEIXEI PARA TRÁS, QUE POR ACASO NEM NOS CONHECIAMOS, QUE POR ACASO ATÉ ESTUDAMOS NA MESMA UNIVERSIDADE DO OUTRO DO LADO ATLÂNTICO E QUE SEM SER POR ACASO EU CHAMO-LHE MANUELSON PARA DAR ARES DE INTERNACIONAL ou O MUNDO É CANININHO E A CRISE ATÉ QUE É RÍSIVEL DE VERDADE

A crise veio. Os velhos morreram. A empresa faliu. A cega morreu. Eu comprei a casa e havia um monte de cartas no sotão.

A pIU
Br, 24/06/2013

 Obs: olha lá a ridiculitude disto tudo?! O titulo maior que o próprio texto! Tudo uma questão de marketing, meus caros! O marketing é a nossa salvação! ;)





É ISSO AÍ!

- Tenho uma ideia genial!!!
- Fala! Fala!
- Bora deixar de nos acharmos geniais?!
- Yéééé! Boraaaaa!!! Genial! Genial!
- Eu não vos disse?! Somos muita bons! Somos poucos, mas bons!

A piU
Br, 24.06.2013

O GATO GUERRILHEIRO



- Tu és um homem ou és um rato?
- Sou um gato.
- Um gato? hmmmm
- Um gato guerrilheiro.
- hhhhhhhhhhhhhhhmmmmmmmmmmmmmm

A piU
Br,22.06.2013

CRAVOS QUE BEBEM COCA COLA



"Se os democratas são muitos, mas muito pouco a democracia, é porque embora tenha mudado o regime o poder do dinheiro continuou a manter o dinheiro no poder"

Moraes, João Quartim "Liberalismo e ditadura no Cone Sul". Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, UNICAMP, Campinas, Brasil 2001

A TRANÇA LOURA DA MINHA MÃE

Eu tive uma mãe, acho que ainda tenho apesar já ter ido lá para o eterno se existir há uns largos anos, que cresceu na ditadura salazarista. Na escola primária tinha uma professora à maneira. Uma professora bacanona. Uma professora que guardava zelosamente o jardim da escola. Ninguém lá podia brincar para estar impecável para os senhores inspectores. Ao que dizem a professora Carmen, que não era Miranda, era careca. Más línguas? A minha mãe além de olhos verdes tinha uma longa trança loura. Bom, isso poderia criar algum transtorno à senhora. Mas talvez não fosse exatamente isso. A minha mãe recusava-se a regar o jardim nos dias em que os senhores inspectores vinham inspectar. Também reusava-se a vender as porras das flores
que a professora Carmen, que não era Miranda, obrigava as crianças a venderem. Resultado: PUXÃO NA TRANÇA! TOMA E VAI BUSCAR! Para mim é dos atos de resistência à violência mais relevantes que tenho na minha memória ancestral. A minha mãe era uma criança ruça de má pêlo nos negros anos 50. Ato de coragem ou de inconsciência? Boa questão.

A piU
Br, 20.06.2013

DESPOJAMENTOS ENRAÍZADOS



Logo de manhã em conversa com uma pessoa de 12 anos, esta disse-me:"Ainda bem que não fomos à manifestação. Prenderam pessoas." Depois respondi:"Lembras-te lá da escola em Lisboa, quando nas comemorações do 25 de Abril vinha sempre um preso politico falar da ditadura? Sabes, prefiro que sejamos pres@s por defender a nossa liberdade que nos aprisionarem na repressão e no medo. Na paz podre." E ela:" Mas porque é que tens de estar sempre metida nisso para onde quer que a gente vá?" "Primeiro porque somos do lugar onde estamos, segundo por que nasceste aqui. És daqui, como és da velha Europa." Mas continuo a achar, eu cá acho muitas coisas, que os principais opressores de nós somos nós mesmos. Muitas e tantas vezes criamos relações de poder e vigia uns sobre os outros que não nos favorece em nada. Oprimos-nos e oprimimos enquanto não nos libertamos do medo de sermos felizes. De termos o prazer de estar aqui e agora, seja lá em que circunstância for. Estar aqui e agora despojados do sentido de posse e de poder opressivo.
É assim tão abstrato o que falo? Acho que não, basta analisar as relações de dependência que criamos uns com os outros, tantas vezes a maior parte das vezes desnecessária.O Pierre Bourdieu fala de um tal habitus. Mas agora não me apetece falar dele. Apetece-me que falemos de nós no nosso dia a dia, pelas nossas palavras e sentimentos e ações.

A piU
Br, 20 de Junho de 2013

imagem: Pablo Picasso

RALAÇÕES PESSOAIS, PROFISSIONAIS E OUTRAS QUE TAIS



Tu dizes-me que estou a ser injust@. Eu tento justificar-me. Tu dizes que eu não entendo. Fingo não te escutar. Tu pedes diálogo. 'Tou ocupad@. Dizes que te vais embora. Não ligo. Dizes sempre isso. Aos poucos vais. Tento que não vás. Chantageio.Umas vez com golpes altos e outras baixos. Só tento que não vás. Digo que a culpa é tua. Toda tua. Depois sou eu que te mando embora. Depois sou eu que quero dialogar nem sei bem o quê. Um buraco enorme entre nós, tentamos cobri-lo mas o carambas do habitus! Não há maneira de nos despirmos do caramba do habitus. Tentamos dar um abraço como uma bandeira de paz, mas a porra do buraco imerso num vácuo de falta de diálogo, de escuta!... Gostamos tanto um do outro com uma sinceridade sufocada pela porra do habitus. Pelo caramba de querermos sempre sair por cima e não deixarmos que o rio que corre entre nós flua. Vamos descansar. Retomar forças e irmos ao encontro do outro sem armas apontadas e escudos.

a piu
Br, 21 Junho de 2013
imagem: Basquiat

ILINEARIDADES

- Se te convidassem para fazer uma telenovela tu aceitavas?
- Utla! Não me digas nada! Já pensei algumas vezes nisso! Na verdade desejo do mais intimo de mim que não me chamem! Mas se me chamassem aquele dinheirito ia cá dar um jeito! Uma jeitaça! Mas de alguma forma ia-me sentir a rapariguinha da esquina, com todo o respeito pelas rapariguinhas e pelas esquinas! Já imaginaste eu ter que dar a cara por um roteiro horrível e medíocre fast food? Nem dá para defender o nosso trabalho. Vai daí que o pessoal vai e diz:"Eh pá tu até que fazes um bom trabalho, mas desta vez!..."
- Lá tás tu! Mas fazem-se coisas boas na televisão.
- Até se podem fazer... Olham se se fizerem que se lembrem de mim. Mas das duas duas ou fazes parte do lobby ou fazes parte do lobby.
- Isso lembra os políticos. Podem ter uma bela preparação e um fundo ideológico que pensa no bem comum, mas tá quilhado logo à partida. Ou joga as regras do jogo ou joga as regras do jogo e nunca se escapará de ser bode expiatório para todos os males.
- Pode ser... É sempre bom ter um bode expiatório à mão. É ótimo! Faz-nos sentir honestos, de princípios elevados. Mas nada é linear! Não é mesmo?

A piU
Br, 23. Junho de 2013

A SENHORITA DA BOTA DESCARDADA QUE AFINAL NÃO ERA DELA



E pááá ando aqui com uma bota por descalçar que nem te digo nem te conto! Meto-me em cada uma! As senhoras não calçam botas? Muito menos cardadas? Oh se não calçam! Sim, eu sou uma senhora e tento portar-me como uma senhora! Tás a ver o céu lá fora? É enooorme! E eu com esta bota por descalçar. A outra senhora olhou-me de revés e eu como senhora que tento ser portei-me com uma senhora. Aliás! Uma senhorita que há medida que a idade avança a pessoa tem de dar ares de senhorita sem gastar nenhum em plásticas. Uma senhorita cool, aprazível, acessível, decente, (in)coerente. Opa! Afinal esta bota não me pertence vou dar à outra senhora que olha a vida de revés, talvez as botas de vez em quando nos ajudem a olhar de frente para o céu, para as estrelas, para o sol e até mesmo para a lua que tem andado gorda, estaladinha para iluminar sonhos. Hmmmm afinal não é mau de todo de vez em quando ter uma bota para descalçar, porque assim que a descalçamos sentimos-nos mais livres. E tu, ó gato miaufas, pára de arranhar as paredes e sai para rua e rebola-te no chão. Andas muito domesticado!

A piU
Br, 24 de Junho de 2013

Imagem: Paula Rego

sexta-feira, 21 de junho de 2013

OH LORD!

Desde pequenitos e pequenitas queremos as nossas necessidades satisfeitas. Choramos e se a nossa mamã for uma boa mama lá nos consolamos. Nem sempre a mama está lá. Também faz parte do crescimento. Crescer de vez em quando doi. As pernas crecem e doí. A mama de vez em quando também não está, mas ensina-nos a receber uma nega. A questão é quando essa nega é permanente porque a mama nunca está. Negligencia a sua presença. Isso já é outra história. Depois as nossas pernas crescem e supostamente crescemos por dentro, mas nem sempre conseguimos crescer juntos porque não passamos de umas crianças mimadas birrentas, que por excesso de zelo ou falta dele não temos amor próprio suficiente para não sermos ditadores uns dos outros. Depois até empunhamos bandeiras disto e daquilo. Porque não? Tudo bem! A questão é respondermos a nós mesmos se essas bandeiras nos libertam das nossos anseios de tudo querer controlar. De um desejo imenso e vão de nos recusarmos a crescer sem relações de poder rasteiro e oportunista para ascender ao trono do prestígio e afins. Ter poder pode ser libertador. O poder de sonhar. O poder de construir. O poder de abrir mão das nossas certezas. O poder de dar a mão. O poder de abrir mão dos nossos medos e voarmos, mesmo que a mãe natureza não nos tenha dado asas. Mas deu-nos o poder da imaginação. Então... A IMAGINAÇÃO AO PODER!

A piU

Br, 21.06.2013



Ó PRESSÕES QUOTIDIANAS NA FALA DO ANTI HERÓI OU DA ANTI HEROÍNA EM RALAÇÕES PESSOAIS, PROFISSIONAIS E OUTRAS QUE TAIS

Tu dizes-me que estou a ser injust@. Eu tento justificar-me. Tu dizes que eu não entendo. Fingo não te escutar. Tu pedes diálogo. Tou ocupad@. Dizes que te vais embora. Não ligo. Dizes sempre isso.  Aos poucos vais. Tento que não vás. Chantageio.Umas vez com golpes altos e outras baixos. Só tento que não vás. Digo que a culpa é tua. Toda tua. Depois sou eu que te mando embora. Depois sou eu que quero dialogar nem sei bem o quê. Um buraco enorme entre nós, tentamos cobri-lo mas o carambas do habitus! Não há maneira de nos despirmos do caramba do habitus. Tentamos dar um abraço como uma bandeira de paz, mas a porra do buraco imerso num vácuo de falta de diálogo, de escuta!... Gostamos tanto um do outro com uma sinceridade sufocada pela porra do habitus. Pelo caramba de querermos sempre sair por cima e não deixarmos que o rio que corre entre nós flua. Vamos descansar. Retomar forças e irmos ao encontro do outro sem armas apontadas e escudos.

a piu
Br, 21 Junho de 2013
imagem: Basquiat


quinta-feira, 20 de junho de 2013

O PORQUÊ DE SAIR À RUA





A questão não são os 20 cêntimos. A questão nem é local, talvez nem nacional. A atuação diária, quotidiana de uma policia militar como a brasileira é uma questão internacional. Violam os direitos humanos. E isso deve ser pensado, reflectido e erradicado como questão mundial. E já agora pensarmos em que medida contribuímos para esta maluqueira toda. Essa violência que naturalizamos quando não é diretamente connosco. 
Somos violentos quando excluímos, porque nos achamos os tais, os mais, os fenomenais, os profissionais. Somos violentos quando chamamos burros aos outros e achamos que não temos obrigação nenhuma de dar a mão ao irmão, ao amigo, ao colega, ao Outro. Somos violentos quando acionamos a fechadura central mesmo do lado do sujeito que do lado de fora da nossa cápsula está e o consideramos um potencial criminoso. Somos violentos quando somos preconceituosos. Somos violentos quando nem nos questionamos que uma policia militar são resquícios de uma ditadura militar, sinistra, nefasta como todas as ditaduras. Somos violentos quando não escutamos o mais profundo de nós mesmo e temos medo de sermos felizes em paz e por consequência tememos a felicidade dos outros. Colocamos dúvidas onde elas não existem e negligenciamos-nos porque escolhemos ser complicados em vez de simples. Como se a simplicidade não fosse algo belo nem profundo. Enfim... desafios individuais quotidianos que os podemos realizar em coro.

a piu
Br, 20.06.2013
imagem: Pablo Picasso

quarta-feira, 19 de junho de 2013

MASSA DE POVO

De que se fala quando se fala de amor?, perguntou o Raymond Craver num dos seus livros de contos. De que se fala quando se fala de povo?, pergunto eu. 'O povo é burro!", dizem uns. "O poder das massas é brutal!", dizem outros e até mesmo os mesmos. Volto a perguntar: onde se posiciona aquele ou aqueles que dizem que o povo é burro? Do alto da sua sapiciência? Nesse caso que a sua sapiciência sirva para alguma coisa. Que sirva para partilhar com aqueles que acha que estão abaixo de si. Porém essa sapiciência deve andar um pouco coxa, pois talvez desconheça que existam movimentos sociais e populares no ativo. E depois chamarem alguém, de burro!?! Um animal tão dócil e com personalidade que é vista como teimosia. Quem não é completamente domesticável é no que dá... Também é engraçado todos aqueles clichés que se criam em menos de nada, como por exemplo: "O povo acordou finalmente!" E volto a perguntar: "Acordou? O povo? Em massa? Uma manifestação é significativa de um acordar efectivo ou se não houver uma reflexão a curto, médio, longo prazo que despertar é esse?" Podemos-nos sair às ruas de peito aberto vezes sem conta, mas só isso não chega. Quanto ao poder das massas e estas irem numa só direção!... Já vimos que não é assim!

Os Fóruns Sociais no Brasil já existem há alguns anos, mais os seus movimentos e em termos de produção de conhecimento estão a "ultrapassar" a velha e cansada Europa. De facto (desculpem mas fato para minha lusitanidade é paletó e soletro o C. Deste C não abro mão. ihihi) o Brasil é imenso. Dizer que o conheço como a palma da minha mão seria uma perfeita arrogância e falta de noção. Nenhum país cabe na palma da nossa mão. Mas posso adiantar que do Amazonas, passando pelo Matogrosso, descendo a Bahia até Minas, Rio e Pará, aportando em São Paulo já dá para ter algum conhecimento de causa que o povo não é uma massa homogénia e burra, como alguns que se sentem acordados e despertos acham. Os países, as instituições, os lugares são feitos de pessoas e já agora de animais, entre eles o burro que está em vias de extinção por já não ser força de trabalho para o homem, e as plantas. O que é então preciso para fazer uma massa de povo? Pelo menos farinha e ovos. Como o outro diz: "Não se fazem omoletes sem ovos." Então digo:" Não se fazem transfoirmações sociais sem educação, tanto no conhecimento como no trato.

A piU
Br, 19.06.2013

terça-feira, 18 de junho de 2013

CHIÇA CACHAISSA

Ai mas o fulano tem filhos! Tu vê lá onde te metes! Imagina que são umas crianças insuportáveis que vais ter de aturar e privacidade será uma coisa que olha que...  que...Tu já viste!? Depois vais ter de aturar, ainda por cima!, a mãe das criançinhas! A outra! Tu vê lá onde te metes! E se te afeiçoas a elas como é que é?! Tu protege-te! Tu não te metas nisso! Tu já viste quando saires e tiveres de pagar a parte delas?! Ah pois! Pode acontecer! Tu não te metas nisso! Gostas dele, é?! Homens há muitos, pá! E sem filhos é o que há mais! Faz lá a tua vida sossegada e curte a vida mas é, páááá! Olho vivo e pé ligeiro! Que a vida não tá para brincadeiras, muito menos com as crianças dos outros! Elas são o quê?! Divertidas?! Carinhosas?! Não me digas que já te afeiçoas-te a elas!? Não dês a tua parte fraca! O que foste fazer?!?!? E agora?

A piU
Br, 18.06.2013

O CACHORRO E A CRIANÇA

Um cão é um cão. É maravilhoso afeiçarmos-nos aos animais quando cuidamos deles, quando nutrimos carinho por eles. O olhar inocente de um cachorrinho bebé é semelhante ao de uma criança. Os antepassados dos cães são os lobos. Os nossos antepasados também tinham uns dentes carnívoros e foram se domesticando aos poucos. Esse processo civilizacional ainda está em curso, veja-se como a polícia age como uma matilha raivosa. Mas um cão é um cão. Tem necessidades fisiológicas e afetivas como nós. Mas tratar cachorro como criança ou melhor!? Nos países ditos de primeiro mundo a população está a envelhecer, entre muitos outros fenómenos a carreira profissional, os hábitos de consumo são argumentos para que seja obstáculo aos seres viventes em escolherem terem filhos. Parece-me a mim que hoje mais facilmente as pessoas sabem lidar melhor com cães e gatos do que com crianças. Aberrante é o que eu acho. Aberrante. Nos países ditos de primeiro mundo existem pessoas que tratam os animais como pessoas e nem são capazes de parar na rua quando alguém se sente mal, porém não existem crianças de rua. Nos países ditos em vias de desenvolvimento ou até mesmo de terceiro mundo há mais crianças de rua que cães na rua. Isso é milhões biliares quatralhiares de vezes aberrante. Todos os seres vivos merecem serem bem tratados. Mas um cachorro é um cachorro e uma criança é uma criança. Um cachorro dorme numa casota e pode ser educado para obedecer e questionar é pouco provável. Uma criança se dormir numa casota alguma coisa de errado se passa, se for educada para obedecer e a nada questionar então tudo está errado. E dizer-se que se gosta mais de animais do que pessoas?! Nós, pessoas, saimos cá um animal muito esquisito que mais facilmente sabe lidar com um gato ou cachorro do que com uma criança. Que mundo loucão. Até me dá gatinhos nos peitos. Achaques pasmáticos.

A piU
Br, 18.06/2013

OH CIDADE

As ruas estão cheias. Massas de pessoas invadem ruas de muitas cidades quando se sentem invadidas. O que as move para sairem à rua? As massas assustam, porque poderosas.As redes sociais assustam, porque poderosas. No campus universitário o acesso à internet é suspendido por momentos. Coincidência? Quandoa as elites se levantam e se indignam o que acontece? Quem são as pessoas que sairam à rua e que encheram as praças, as ruas, as avenidas largas? Gente de todas as cores, tamanhos e feitios? E se abrissem as prisões onde 20 milhares de milhões de presos que por serem pobres e pretos (ai desculpem! não se pode dizer preto porque é politicamente incorreto e pode dar prisão! Mas não é politicamente incorreto o preto ser tratado abaixo de cão. Aliás há cães que são tratados como bonequinhos de luxo. Adiante) Quem saiu à rua? Foram os sem terra? Os sem abrigo? Mas esses na rua já estão! Quem saiu à rua? Foram os indios que desta terra pertencem, mais do que ninguém, mas que são tratados como intrusos inconvenientes? Quem saiu à rua deixou o alarme desligado dos seus condominios ou os dos condominios não saem à rua? As massas assustam. Se assustam. Formam opinião pública. As redes sociais assustam igualmente. Formam igualmente opinião pública. Que se saia à rua, que manifestemos a nossa indignação, que não tenhamos medo ou constrangimento de nos expormos nesse aspecto. A mim não me interessa que pratos comes, mas interessa-me se passas fome. A mim não me interessa que amigos tens, mas interessa-me se não estás só. A mim não me interessa onde passas férias, mas se tens direito ao lazer e a sonhar. Cada gesto quotidiano pode ser um gesto de mudança. Cada bater de teclado pode ser um gesto de mudança, nem que seja na reflexão. E que um dia, aqueles que nas ruas vivem ou em bairros degradados e insalubres possam também teclar e manifestarem-se com a mesma dignidade daqueles que ontem sairam às ruas das inúmeras cidades brasileiras.


A piU
18/06/2013


Oh cidade, ilusão
Que te veste de cimento e alcatrão
Não me encontro, nem a ti
Nos muros que fazem de ti prisão

Vamos fazer uma festa e dançar
Alegria de podermos cantar
Sem barreiras na maneira de pensar
E as palavras são montes a atravessar

Oh caminho, sem destino
Só tu sabes o que podemos esperar
Nossa aposta em criar
Novas formas de nos aproximar

Vamos fazer uma festa e dançar
Alegria de podermos cantar
Sem barreiras na maneira de pensar
E as palavras são montes a atravessar

Kumpania Algazarra

segunda-feira, 17 de junho de 2013

A DUZENTOS METROS A LINHA DO HORIZONTE

Tentou ganhar coragem. Ali parado ficou olhando a linha do horizonte a pouco mais de 200 metros. Tão perto de alcançar e ali estático com as retinas desatinadas procurando, procurando respostas na cabeça. Procurando respostas em visões que se não arriscasse nunca passariam de visões, ilações e ilusões. Onde o caminho se apresentava aberto criava obstáculos, onde o obstáculo se apresentava bastava confiar no impulso dos pés. E ali ficou com as ideias rodopiando às voltas, enquanto as mãos as unhas esgravatavam a terra. Olhou para o lado. Um grande buraco, uma cova criada no chão enquanto estivera parado olhando a linha do horizonte a 200 metros. Colocou aquelas ideias, aqueles pensamentos que de nada serviam, que só o bloqueavam dentro da cova. Enterrou todas as hesitações. Sentiu-se mais leve.

a piu
Br, 17 Junho de 2913

HOMO SAPIENS HABITUS STATIENS

Egon Schiele
Tudo no mesmo lugar durante anos. Nas prateleiras tudo meticulosamente arrumado. O beijo pontual. O tédio pontual. Os receios guardados em pequenas caixas de cartas antigas da adolescencia. Tudo normal. Tudo igual minuto após minuto, dia após dia, mês após mês durante anos. E a vida corria despreocupada porque tudo estava no seu lugar. Todos habituados estavam a que estivesse habituado. O beijo pontual, o suspiro habitual. As lágrimas estavam guardadas em segredo na pequena caixa dos amores não concluidos. O hábito era mais forte que outra coisa qualquer. Certa vez sentiu o hábito escorregar por si abaixo sem pedir licença. Na cabeça uma tremenda confusão e os receios pulando ruidosamente em surdina das pequenas caixas, onde entre as cartas  haviam bilheste de metro, de avião, de espetáculos e uma prata enxovalhada de uma barra de chocolate amargo.
E o hábito caindo sem pedir licença e o beijo pontual que já não vinha e o tédio transformando-se em reticência. Queria  chocalhar a cabeça para as ideias voltarem ao lugar, os hábitos voltarem ao lugar, mas era tarde demais. Teria de enfrentar o desafio de abraçar a vida despido dos velhos hábitos, do hábito que pela cintura abaixo caía. Das duas uma ou se deixaria ir nesse novo caminho ou então a cabeça ficaria estanque, pois o excesso de pensamento receoso congelaria gradualmente os movimentos, as ações. E desistir de si próprio seria uma perda irremediável.

A piU
Br, 17. 06.2013

sexta-feira, 14 de junho de 2013

DE BROMA

Certa vez, entre espanto e riso, chamaste-me de psicopata pelo meu olhar, meu impulso estar descompassado, cansados dessas injustiças sociais, que passaram a anedóticas, como designação. Com gestos dilatados pelo cansaço de não sentir calor chamaste-me refugiada entre risos e outros fait divers. Com dignidade acabrunhei-me sem demonstrar acabrunhamento. Só precisava de um aconchego, uma respiração de alívio, um olhar solidário. Talvez estivesse pedindo muito. Senti sede. Não te deste conta. Lágrimas cairam. Perguntas-te o que se passava. Nem sempre o óbvio é óbvio, pois requer transportarmo-nos para outro lugar fora do nosso. Depois fiquei. E como muitas vezes a história move-se em circulos ora fechados, ora abertos.
Amadeo Modigliani “Woman with a Necklace” (1917)

BANALIDADES ÉPICAS A DAR ARES DE REALISMO FANTÁSTICO

Um dia disseram-nos que era aquele o caminho! Felizes fomos, enaltecidos por grandes ideais. No dia seguinte aprisionados estavamos nesses grandes ideais que afinal não o eram. Ou melhor eram, porém colocados em prática não o eram porque havia sempre alguém que queria levar vantagem. Dois dias depois, após almas e corpos estraçalhados nos campos de batalha dos grandes ideais impraticáveis quando a sede do poder se sobrepunha à fome de justiça, instaurou-se um novo caminho. Nós aliviados e enaltecidos continuamos. Alguém nos levaria para esse caminho de luz onde as trevas se apagariam para todo o sempre. Mortos pela sede dos mesmos e dos outros que passaram a serem os mesmos que em grandes goladas sorviam poder em ruidosos tragos, sucumbiram ao cansaço. Vencidos, resignados ficaram. Condecorados foram por uma pitada de conforto e consumo que logo logo se dissipou para nos levar em remoinho para um abismo total. Alguns tentaram se agarrar às paredes desse abismo, quem de fora estava, por vezes sentiu compaixão, outras virou o rosto para o lado olhando o que lá longe se passava e achando que estava perto. Mais uns dias caminhámos. Depois, já eramos muitos a redemoinhar pelos ares, pelo chão. Quem fome sempre sentira aliviou-se por já não estar só, pois agora aqueles que algumas vezes se esqueceram de olhar para o lado estava no mesmo vai e vem doido, doidaço. Quem fome sentia de liberdade e que muitas vezes se fez passar por louco ou deixou que o fizessem passar por tal, sentiu algum alivio por finalmente não se sentir só nesse vira virote. Muitos dias se passaram até todos acertarem o passo de tão desacreditados que andavam e que era possivel seguirem o caminho por seus próprios passos. Alguns transformaram-se em seres de luz e levitaram enraízados no ar, acima de sedes e fomes. Apenas eram. Os outros em seres de pó navegaram pelas pegadas que imprimiam no barro. E seguiram. Seguiram. Uns levitando, outros navegando traçando um outro rumo num compasso combinado entre todos.Um compasso proposto e não imposto.

A piU
Br, 14 de Junho de 2013
Vieira da Silva

quinta-feira, 13 de junho de 2013

COLOCAR O DEDO NA FERIDA

 A voz do Caetano é aquela voz de sempre. Aquela voz que faz parte do meu imaginário. Através da sua música, das suas letras eu fui criando um imaginário sobre o Brasil e de alguma forma sobre o meu posicionamento no mundo. Não foi só o Caetano, mas é dele que estamos  a falar. Há pouco tempo atrás escutei um amigo ou outro falando que o Caetano "já não era bem o que já tinha sido". Na realidade ainda não entendi porque é que ele se tornou uma pessoa não grata para alguns dos seus admiradores. Na viagem de Lisboa para São Paulo assisti a dois filmes:"Coração Vagabundo" sobre Caetano Veloso e "José e Pilar" sobre o José Saramago. Num dos livros que andam no virote das minhas mãos apareceu este trecho que talvez me faça novamente pensar que quem coloca o dedo na ferida passa a ser um maldito. Bom, aguardo outras opiniões.


'O que tenha dificultado tudo desde sempre é o fato de nunca antes ter havido no Brasil uma figura popular com tanta pinta de intelectual quanto eu. Não sou um mito nacional, na medida em que o Pelé o é, na medida em que Roberto Carlos o é. Nem pretendo sê-lo. (...) Como Glauber (mais ou menos involutariamente) tornei-me uma caricatura do líder intelectual de uma geração. Nada mais. Um ídolo para consumo de intelectuais, jornalistas, universitários em transe. Só que jogando sem grandes grilos nos apavorantes meios de comunicação de massa. Isso, creio, é o que fez com que esperasse demais de mim.
Na sua miséria, a intelectualidade brasileira viu em mim um porta-estandarte, um salvador, um bode expiatório.
Agora sente-se masi descansada ao ver que pode jogar sobre as costas de uma pessoa como eu a responsabilidade por coisas que não seriam da alçada de qualquer deus. Tais como:
A tão exuastivamente discutida (e melhor do que ninguém pelo tropicalismo, depois do Cinema Novo) necessidade de que têm os povos subdesenvolvidos de imitar padrões internacionais."

 Veloso, Caetano (2005) 'O mundo não é chato", org. Eucanaã Ferraz. Companhia das Letras, Brasil.

URGE EMANCIPAR-NOS

Tomei a liberdade de partilhar o texto do Sergio Veleda, cujo o pensamento eu muito admiro. Admiro especialmente este texto por ser pensado, dito e escrito por um homem. Pois já é tempo de realmente pensarmos sem ismos, sejam eles quais forem. Pessoalmente, já me dá canseira o feminismo roçar o machismo. Já me dá canseira há décadas, e não estou a ser hiperbólica porque essa postura conheço-a desde a mais tenra idade, das mulheres que se dizem feministas educarem os seus filhos homens com o mesmo padrão que tanto criticam. (desculpa tia! ihih refiro-me à Revista Mulheres e afins do quotidiano, não a ti! ;) ) Assim deixo o meu comentário a este texto tão bem escrito do Sergio: Urge o homem emancipar-se. Urge mulheres e homens emanciparem-se mutuamente. Urge a mãe emancipar o filho, urge o pai emancipar-se com a mãe mais os filhos. e por aí afora. urge emanciparmos-nos enquanto individuos e coletivo. 

A piU
 
A ENCRUZILHADA MASCULINA

Ocorre que a falta de estima masculina se revela como uma solidão entre seus companheiros. Quando abandonados pelas mulheres os homens buscam sexo nas sombras, bebida, cigarros, futebol, drogas, carros para preencherem uma carência reprimida, e se relegam em um cubículo onde juntam seus pertences. Não encontram entre os outros homens solidariedade, pois os homens desconfiam uns dos outros, principalmente junto de uma mulher. Poucos homens sabem se cuidar e carecem de espírito associativo entre os outros. Quando abandonados mais perdidos se encontram. Ao contrário as mulheres são como úteros que se aquecem e se protegem. Os homens abandonam uns aos outros pois devem manter o estigma caduco do machismo e da fortaleza. Os homens são infantis e muitos vivem em um eterno recreio. Os homens se encontram em uma encruzilhada, pois não funciona mais o modelo John Waine do machão porrada de peito peludo, nem a delicadeza exagerada do masculino gestado nos anos 60/70 com John Lennon. Não sabe como preservar a força dos pêlos com a ternura de uma carne quente e firme. Essa é uma noite escura para o masculino, pois é necessário perder a vergonha sobre sua vulnerabilidade para nascer um tipo de sinceridade consigo em falta na maioria.
 
Sergio Veleda

CONTINHOS DE BOLSINHO CRUEIZINHOS NUMA CONTEMPORANEIDADE A LA MARIE ANTONIETA COM UMA DOSE DE DÁ-SE O JEITINHO



- Senhora, estão lá fora umas crianças que dizem que estão com fome.
- Umas crianças? Na rua? Ai que horror! E os pais!? Bom!... Dê-lhes aquela ração do Dia % que sobrou da ceia do Policarpo. Ai esses pais! Aposto que não fazem nada e vivem da bolsa família!... Que gentalha!
- Por acaso até são pais qualificados.
- Não me diga!!?? Dê-lhes então ração Pedigree, e peça para passar no meu gabinete a ver o que posso fazer. Mas não prometo nada!

A piU
Br, 13.06.2013

quarta-feira, 12 de junho de 2013

TÁ LIGADO?

Forbes fala:

"Estamos tão velozes, que não damos conta das nossas mortes. Vivemos uma vida idealizada no novo, no rápido, fast food."

Forbes diz:

'Para morrer basta um minuto para estar vivo."

Forbes diz e fala. A sua pergunta é: 'Tá ligado?" 

Como Forbes fala e diz outros falam, afirmam, questionam. Forbes é mais uma partícula no universo. Todos nós podemos ser Forbes desde que estejamos vivos e nos toquemos, toquemos o mais recôndito recanto de nós próprios, partículas no universo.

Stela de Patrocínio incisiva divaga e devaneia :
 
Eu era gases puro, ar, espaço vazio, tempo
Eu era ar, espaço vazio, tempo
E gazes puro, assim, ó, espaço vazio, ó
Eu não tinha formação
Não tinha formatura (...)


Eu não tinha onde fazer nada dessas coisas
Fazer cabeça, pensar em alguma coisa
Ser útil, inteligente, ser raciocínio
Não tinha onde tirar nada disso
Eu era espaço vazio puro

Olhando a vida de frente enfrentamos a morte. Morrendo e renascendo vivemos em diferentes ângulos. Tá ligado? 

A piU
bR, 12 de Junho de 2012

fontes: Revista Confraria  Arte e literatura " Stela do Patrocínio: o tempo é gás, o ar, o espaço vazio"; Velhice, para que te quero?, Jorge Forbes, cpfl cultura







ART IS REBELLIOUS



Art is profoundly rebellious. Bad artists speak of rebelling, really artists actually rebel.  They respond to the powers that be with a concrete act: this is both the most important and the most dangerous point. Real rebellion in art is something wich persists and is competent and never dilettant.  (…) I began asking myself, as the end of the period of the Theatre of Sources, how people used this primary energy, how, through differing techiques elaborated in traditions, people found access to this ancient body of man. I have traveled a lot, I’ve read numerous books, I have found numerous traces.   (Grotowski 1987: 30-5)


SCHECHENER, RICHARD “The future of Ritual, writings on Culture and Performance”, Routledge, London and New York, 1993.