terça-feira, 31 de janeiro de 2017

PALHAÇAS DO MUNDO

Às 15.15 do horário de Brasilia o faceiro do face lança um intervalo na minha labuta empreendedora e zás a programação das Palhaças do Mundo!!... Cada um(a) é como cada qual, com o seu jeito maneira de se sentir honrad@ e com gratidão. Et 'boilá'! Ça ra va! Axé Barnabé! Olaiê olodum! Eu, tu, eles e nós somos somos um!
créditos da foto: Marina Mayumi

Foto de Ana Piu.

JE SUIS ANA E TU? ( série: o sublime de nos sublimarmos)

Resultado de imagem para ANA pIU

Ana é uma palavra capicua. Tanto se lê da direita para a esquerda, como da esquerda para a direita. De cima para baixo e vice versa e troca o passo. Onde eu nasci, lá naquele jardinzinho à beira mar plantado e pranteado, Ana escreve-se só com um “n”. Já na vizinha Espanha pode-se escrever com dois. Já mais acima, em chegando aos Pirineus até à ilha neerlandesa Ana ou Anna pode passar a ser Anne. Um pouco mais para o lado e acima também pode ser Hannah. Em suma, nas línguas latinas: Ana, Anna, Anne. Nas germânicas: Ann, Anna, Antje, Hannah. Nas célticas: Ainé, Anna. Nas Balto-Eslavas: Anna, Ona, Onité, Hanna. Em finlandês: Anna, Anja, Annikki, Anne, Anuuka. Em hebraico: Chanah, Hanah. Vimos então que elas andam aí! Aliás, como as Marias. Não fosse a Maria filha de Ana. Refiro-me à bíblica, porque a minha só é Maria Flor porque no cartório não me foi permitido colocar somente Flor. Mas Maria Flor também é um nome muito bonito. Pelo andar aqui do texto concluo que todos e todas nós somos flores que devemos ser cuidadas independentemente da configuração do nosso nome, origem e credos. Algumas são carnívoras e outras não suportam um lindo ramo de flores silvestres. Eu não consigo imaginar o Trump como uma singela flor. Mas vai que na sua essência é um cravo vermelho e ainda não descobriu! Nunca é tarde! ;) Uma questão de oportunidade existencial.

Tenho evitado dar demasiada importância aos desabafos virtuais acerca do Trump. Esses desabafos são aquém e além mar. É importante estarmos informados e posicionarmo-nos em relação ao andamento global, mas para salvaguardar a minha espiritualidade tenho me focado ainda mais nas relações inter pessoais. Porque esses, no final das contas de toda esta maluqueira, é que contam. De que vale eu me insurgir verborraicamente contra o Trump e o Temer e outros amiguinhos sinistros se eu, no meio dia a dia, não sou gentil solidária, honesta com os demais? Isso é muito sério. Com a devida leveza que devemos trazer no coração, mas é muito sério. De que vale rezarmos, orarmos, meditarmos se só pensamos no nosso bem estar individual?

Ontem houve um atentado numa mesquita no Quebec, no Canadá. Tirando um amigo que é de lá, mas que vive no Brasil, não tomei conhecimento por mais ninguém acerca do atentado. Mas há dois anos atrás, na mesma época, toda a gente falava do “Je suis Charlie” em Paris. Agora pergunto: a vida dum islâmico é menos importante que a dum francês laico? Poderia ainda perguntar acerca das vitimas da guerra da Síria, mais da forma como os refugiados são tratados à chegada  à Europa. Também poderia levantar uma série de questões acerca da importância da vida de uns sobre outros, “somente” por motivos económicos e religiosos. A questão da religiosidade e seus conflitos não é meramente medieval, é muito antes disso. É um atrofio milenar para perpetuar cegueiras espirituais que não passam de disputas de egos, interesses de poder abusivo. A espiritualidade, quando canalizada para nos conectarmos com nós mesmos e com o Todo, isto é com o Cosmos ( conceito tantas vezes banalizado. Logo destituído de sentido profundo) é libertadora. Como diz o outro: A Espiritualidade serve para nos unir. As religiões para nos separar.

A Piu

Brasil, 31.01.2017

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

A ESTÉTICA DA ÉTICA



Escrever, falar, silenciarmos-nos é uma responsabilidade. Compreendermos-nos a nós mesmo e ao 'outro' é uma grande responsabilidade. A liberdade de expressão é uma responsabilidade mas não é nada do outro mundo. É uma questão de exercitar.
Em 1991 "visitei" o campo de concentração de Auschwitz, na Polónia. Vinte anos depois "visitei" em Berlim o Memorial da Vitimas do Holocausto. No último caso, só se tratava da lembrar as vitimas judias. No primeiro lembrava-nos que não foram ""só"" os judeus, assim como os deficientes físicos, os idosos, os homossexuais, a oposição ao nazismo, etc, etc. O higienismo é fascista; não é ético.

No mesmo ano que estive em Berlim, também conheci São Paulo. Nessa cidade eu sinto-me um grãozinho na multidão. Encarar São Paulo é como levar com um balde de água fria sobre os nossos possíveis narcisismos ou aflorar do mesmo como por sobrevivência. Não sei ao certo, porque nunca vivi em Sampa. Mas esse mar de gente oferece a percepção que somos tudo e não somos nada. Facilmente podemos cair em desgraça e sermos esquecidos. Manter a lucidez, mesmo na vulnerabilidade e até mesmo na doença é um gesto nobre.

Sem querer desviar muito o assunto e sim indo por associações de ideias, aproveito para sublinhar novamente que este espaço virtual ,que vamos compartilhando uns com os outros, no meu ponto de vista deve ser ético. E porque não estético? Considero que é ético e estético mantermos uns com os outros uma troca de ideias e pontos de vista com base na comunicação não violenta. Isso nem sempre acontece, quer nos conheçamos pessoalmente ou nunca nos vimos nem mais gordos nem mais magros. Da minha parte eu não entro na página de alguém que nem conheço de lugar nenhum, nem estou adicionada a sua lista de amigos virtuais para escrever de qualquer jeito num tom ofensivo ou dúbio. Acho que é o mínimo. E quando fazem isso comigo, quando entram na minha página, para o fazer eu faço por parar a conversa e ao limite removo ou bloqueio a pessoa em causa. Isto por motivos éticos e estéticos. Éticos porque não há vida para bate bocas, principalmente virtuais e estético, porque faço questão que a minha página emane boas vibrações. Com sentido critico, com opiniões diferentes, indignações e tudo o mais. Mas a vida é tão bela, tão desafiante, tão grande e tão curta para nos determos com energia baixa. Para finalizar, quem não curtir o que eu escrevo, o que eu penso, o meu trabalho NÃO TEM PROBLEMA! Não temos de ser todos iguaizinhos. Mas há uma coisa que deve ficar ciente entre nós: o respeito é muito lindo e não custa dinheiro. Ah! E outra coisa! Viver do nosso trabalho nos dias que (es)correm é um desafio. Principalmente quando se tem filhos. Então, bora lá ser um pouco mais éticos e estéticos uns para os outros.

Gratidão por quem teve a paciência de chegar até aqui

Ana Piu
Brasil, 27.01.2017

sábado, 21 de janeiro de 2017

MOONDOG- UM MORADOR DE RUA GENIAL (série: sob a lua o cão

Há relativamente pouco tempo conheci o Moondog, numa daqueles encontros de you tube por associação de referências. Viva o you tube! Estou “vidrada” no trabalho deste senhor. Tenho alguma dificuldade em qualificar algo de genial ou alguém de génio. Principalmente quando passei por uma escola de teatro em Paris com renome internacional onde no primeiro ano da escola os alunos rotulavam os colegas ou as suas ideias de “C’est genial!” ( É genial!) ou nem escutavam. Uma surdez que talvez marcasse aqueles idos anos 90, em que a escola adquirira um estatuto de 40 anos, que é próprio das instituições renomeadas em qualquer parte do mundo, acrescido ao neo liberalismo galopar Europa afora; em que uns são geniais e outros nem têm direito a serem escutados.

Moondog, Louis Thomas Hardin
, nasceu nos EUA em 1916 no meio rural. Três anos depois de um dos meus avôs. O avô Mário. Mas em Portugal não se encontrava Nova York. Aos 16 anos Moondog ficou cego, depois de um acidente com dinamite. Mais tarde foi para NY e durante 20 anos morou na rua, vendendo partituras da sua autoria e tocando com instrumentos feitos artesanalmente por ele. Depois foi realmente conhecido e foi para a Europa até morrer em 1999. Dá para imaginar alguém viver na rua com ou sem este potencial? Dá para imaginar alguém viver na rua durante os invernos de NY? Outro dia alguém falava dos malabaristas de semáforo como vagabundos drogados. Se quem o disse ler isto fica o recado dado publicamente: Mais vale trabalhar que roubar. E eu, pessoalmente, conheço muitos estudantes universitários e ótimos malabaristas que estão no semáforo e não são drogados. Quanto a mim falta-me a coragem de ir para o semáforo, mas vou para a praça, para o largo, para a favela. Tenho dificuldade de passar o chapéu, tenho de aprender a pedir dinheiro pelo meu trabalho pois o dinheiro faz falta; embora prefira outro sistema como a troca de saberes e fazeres. Mas estar na rua não tira o mérito da pessoa. Pelo contrário, torna-a grandiosa. Democrática. Forte na sua vulnerabilidade. Vulnerável na sua força.

A Piu
BR. 21.01.2017

Viver de moedinhas não tira o valor ao artista

Odin, o deus Viking
A música encanta-

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

MAMA MIA! MAMA BIA! CA ANA JÁ PIA! CA PIU JÁ MIA!


Há exatamente 70 anos nascia a minha mãe. Uma capricorniana como manda o figurino. Nascida a 17 de Janeiro de 1947, a Maria Rosária, mais conhecida por Bia encarava a luz do dia no conselho de Odemira, distrito de Beja, no lugarejo de Colos. Alentejo. Sim, Colos onde se encontra hoje uma eco vila permacultural empresarial. O projeto Tamera. Sem lhe retirar o seu devido valor, mas a permacultura no caso é só para quem tem pasta, garganhol, grana, cacau. Também fica a pergunta se esse pessoal, cujo projeto é ótimo apesar desse viés excludente, mistura-se efetivamente com as pessoas da terra. Não sei, nunca conheci nenhum. Mas gostaria de conhecer e tenho a curiosidade de saber se falam português ou falam apenas inglês, alemão, holandês e desdenham das pessoas que, duma forma ou outra, os receberam na sua terra natal. Oxalá que não seja assim. Sim, não seria a primeira nem a última vez que isso aconteceria. Oxalá que no caso não seja assim, repito.
Voltando à minha mãe que pouco tempo viveu no Alentejo, vindo para a grande Lisboa em 1949 com os seus pais. Um deles também capricorniano, o pai, e uma escorpiana, a mãe. É raça! Ihihih Bom, enfim. Em chegando à Abóboda, a uns 5 km da praia, foram recebidos como devem ser recebidos os nordestinos na grande São Paulo. Com aquele desdém e aquele anedotário que a pessoa precisa de muita presença de espíirito. Resultado, a minha mãe era uma russa (loura de olhos verdes) de má pelo. Não dava muitas confianças. Estudou, inédito para a maioria das meninas da sua época naquele lugar, e seguiu a sua vida até 1985. A tal da glândula tireoide achou que devia fazer greve. Há quem diga, os especialistas, que esta maleita que se instala na garganta é porque as palavras e os sentimentos não escoam de forma harmoniosa. Como se fossem nódulos emocionais, frustrações mal resolvidas. Então, fica já aqui uma dica: nunca guardarmos nada para nós que nos intoxique. Não fazer dos outros, obviamente o nosso cesto do lixo, mas ter a coragem de não deixar nada entalado no garganiço, na pescoceira, na garganta por onde a água e os alimentos passam. Algumas histórias, que conheço, da minha mãe são de resistência. Uma delas é a de não se dobrar à professora fascista da escola primária.
Muitos de nós nem temos muita ideia do que é viver num período fascista. Outros nem saberão o que é passar privações. Então vem defender duma forma leviana o regresso de medidas de extrema direita. Outros que se envergonham de assumir essas defesas, acham que quem acredita que ter direitos e deveres trabalhistas é subversivo. Dou-me a pensar acerca disso tudo e do que os outros que leem estas minhas palavras, sem pretensões panfletárias, pensarão. E como o passado já passou, e o futuro ainda não chegou e é incerto, mas o presente é garantido digo e escrevo publicamente que quem acha que é super bacana explorar, denegrir o trabalho de outrem, desvalorizar o ser humano enquanto ser afetivo, emocional com as suas capacidades de trabalho e contributo para uma sociedade emocionalmente mais sustentável também não estou interessada em trabalhar e ao limite em me relacionar. Relacionarmos-nos com quem não valoriza, quem subjuga pelo simples prazer do jogo de poder, faz mal à saúde. E a vida é tão boa de se viver na sua plenitude com pessoas que se respeitam nas suas vulnerabilidades e aprendizagens de se ser mais generoso, menos egoísta. Estamos em constante aprendizagem, mas o que distingue uns de outros é que uns quererem ser melhores seres viventes, mais criativos, mais sonhador e outros só pensam no seu umbigo e bem-estar material com o respectivo status do corócóco. Talvez fosse isso, entre outras coisas, que a minha mãe quisesse dizer e fazer e por algum motivo ficou entalado no garganiço. Não, que fosse menina de ficar calada, mas vai que não se exprimisse o suficiente para o patrão, para o colega, para quem ao seu lado estivesse. Sei lá. Nada é linear. Antes de tudo resolvermos-nos dentro de nós, ao invés de apontar nos outros. Então, mas estou eu aqui para dizê-lo publicamente com a verdadeira esperança e crença que existem pessoas formidáveis neste mundo para estar, sonhar e trabalhar junto. É com essas que desejo, quero e faço por tudo para estar junto. Eu conheço algumas e sinto-me grata por isso.
À minha mãe Bia, a ruça de má pelo, doce e arisca. Quem sai aos seus não é de Genebra, alguns até são. Ihihih
Ana Piu
Br. 17.01.2017

Foto de Ana Piu.
Eu sou o pirata da perna de pau. 
Um olho de vidro e cara de mau. 
Eu sou a pirata com a cara má. 
Tanto digo:"E aí?! " como digo "Oh pá!". 
Eu tenho um sapato do meu pai. 
Se me pisam!... Digo: Ai!Ai!
Tenho um chinelo da minha mãe.
Sei dar abraços e sorrir também.
Não sei fazer croché e custa-me balir: Méééé.
Às vezes passa-me umas nuvens pela crambalheira e parto toda a cristaleira.
A minha fatiota é branca
para condizer com o feitio que manca
Tenho este ar de rufia, mas o que gosto mesmo é de alegria.

piu

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

SER ESTRANGEIRO EM CASA, SER DA CASA NO ESTRANGEIRO

saber o que não se sabe ao certo e isto tudo às 14.50 do horário de Brasília do ano de dois mil e dezassete: "Sentes-te mais portuguesa ou mais brasileira ao fim destes cinco anos?" Daí eu responderia: "Mais espanhola!" ihihih Porque não? Entre todos da velha Europa é com quem me identifico mais! Não há problemas nenhuns de assumir a minha portugalidade. Embora ande aqui na limpeza do disco rígido lusitano, onde o pessimismo, a resmunguisse, aquela energia meio impaciente com a vida é algo que é urgente lançar para longe. Mas nunca é demais lembrar as impressões duma amiga húngara que vivendo na Espanha considerava que as amizades que se criavam com os portugueses e as portuguesas eram mais profundas. Pode ser. Tem a sua lógica. Menos festeiros, mais recatados mas quando é é. Sinto-me igualmente argentina ou brasileira e tenho uma grande afinidade com cidadãos do México, do Equador,da Colômbia, Peru e Chile. São os que conheço da América Latina. Mais do que alemã ou francesa que está mais perto da casa natal e cujo passaporte tem a mesma cor e as mesmas letras.
Fiquei a pensar no que escrevi acerca dos brancos, descendentes de portugueses, a viver nos países africanos lusófonos atualmente. Escrevi que eles são portugueses. Será? Eles sentem-se assim, principalmente os nascidos depois de 1975, alguns sem nunca terem ido a Portugal? Talvez sim, talvez não. Uma questão de perguntar. Porém não esquecer nunca de onde viemos e não renegarmos as nossas origens e o nosso povo é um modo de nos apaziguarmos e nos responsabilizarmos com a nossa História, com as nossas raízes. As minhas, aquelas que os meus avós me mostraram, são rurais. São daqueles que nasciam e cresciam para servir alguém, "os senhores latifundiários" por exemplo, e que um dia resolveram ir para os arrabaldes da capital à procura de vida melhor para si e para as suas crias. Esquecer que os meus avós e bisavós vieram dum país provinciano, moralista, que olha para o horizonte sonhador como se se encontrasse encurralado diante do mar seria esquecer de me lembrar de onde venho e para onde vou. Os lugares fazem as pessoas, as pessoas fazem os lugares. Somos do lugar onde nos sentimos bem, onde nos identificamos. Aí está a nossa identidade.
Ana Piu
Brasil, 16.01.2017
" A verdade é que nós somos sempre não uma mas várias pessoas e deveria ser norma que a nossa assinatura acabasse sempre por não conferir. Todos nós convivemos com diversos eus, diversas pessoas reclamando a nossa identidade. O segredo é permitir que as escolhas que a vida nos impõe não nos obriguem a matar a nossa diversidade interior. O melhor nesta vida é poder escolher, mas o mais triste é ter mesmo que escolher." ( MIA COUTO, O planeta das peúgas rotas)

Adicionar legenda
E se nesta idade, 3 anos, tivesse ido e ficado a viver na Islândia? Falava islandês e quem sabe seria amiga da Bjork e conheceria o pai natal, o papai noel, enquanto passeava o pinguim no jardim. Ana Piu



sábado, 14 de janeiro de 2017

OS ENCANTOS DA NATUREZA E AS TRAVESSURAS DOS HOMENS ( acerca do neo colonialismo)


Quem visita e conhece Ubatuba sente a natureza luxuriante secular. Uma natureza imponente de seios verdejantes. A Mata Atlântica resistente no seu esplendor. Por mais que a ocupem e a explorem, esta sobrepõe-se à mão humana; essa mão que pode ser criadora como devastadora.
Da praia podemos imaginar umas caravelas salpicando o horizonte e aproximando-se. O que terá passado na cabeça daqueles que em terra estavam? Alguém estava à beira mar nesse exato momento? E o que passou pela cabeça daqueles que navegavam e navegavam e navegavam? O ponto de vista de quem chega é diferente do ponto de quem já lá está. O ponto de visto é muito diferente de quem, praticamente pelado, é coberto pela natureza e do ponto de visto de quem chega das trevas medievais cobertos de credos, pudores e punições.
Dar novos mundos ao mundo… Como dar novos mundos ao mundo se o projeto foi de derrube com vista a conquistar, usurpar e lucrar? O que ficou das culturas “descobertas” tem sido pura resistência.
Há um tempo atrás esfolhei “ A força das coisas” de Simone de Beauvoir. Por mero acaso abri naquela parte em que Simone e Jean Paul Sartre visitam o Brasil em meados dos anos 60. Surpresa, ela descreve um encontro com uns exilados políticos portugueses do regime fascista vigente entre 1932 e 1974. Segundo ela, eles defendiam o fim do fascismo mas alegavam que a Angola deveria continuar a ser de Portugal. Isto dito no Brasil!!!
Depois entre o 25 de Abril de 1974 e a independência dos povos africanos, sobre o jugo do governo português em 1975, muitos foram obrigados a sair das ex colónias. Uns foram para a metrópole ( Portugal), outros diretamente para o Brasil onde se vivia uma ditadura militar. Alguns dos primeiros não aguentaram muito tempo em Portugal. Por inadaptação, segregação e tudo o que podemos imaginar de alguém que chega dum país tropical com as suas dimensões, melodias, privilégios (justos ou injustos) e depara-se com um país como Portugal. Provinciano, sedento de liberdade, confuso em relação ao que é a democracia e… agora vou tocar num ponto, talvez delicado para muitos. As pessoas que retornavam de África poderiam ser muitas delas direitonas, conservadoras, exploradoras. Nem todas eram, nem são. Mas elas transpiravam liberdade! Soltura nos movimentos! E eram vistas como as “pretas”. Olha a ironia! Os revolucionários estigmatizavam aqueles que viveram os privilégios. Com inveja do que não viveram e chamarem "pretas", como algo pejorativo...
Enquanto escrevo, as janelas estão abertas e uma chuva tropical cai diante dum céu laranja. Essa é uma das grandes fantasias de quem não conhece os trópicos. E leva-me a crer que alguns revolucionários da época sentiam inveja dessa vivência ou então não compreendiam o que é viver diante duma natureza tão imponente e ancestral. Não estou com isto a defender aqueles que voltaram carentes da sua criadagem. Seja como for, muitos dos que ficaram, por serem pró independência mantém a mesma criadagem e privilégios por serem brancos. Eu já conheci alguns que são capazes ainda de falarem mal dos portugueses no geral, sendo que são portugueses igualmente, e eles sim são os colonizadores efetivos a darem uma de independentistas. Ah! E nos depararmos com essa postura num país como o Brasil, temos de ter muita presença de espírito pois os outros, igualmente privilegiados poderão subscrever. E passarmos por bode expiatório é chato. :) Em suma, uma série de equívocos e falta de consciência de classe e histórica. Alguns são negros, normalmente podemos encontra-los em Portugal ou nos países africanos lusófonos. Esses incluem-se nos opressores que uma vez foram oprimidos e em nome da independência seguem o padrão do branco que se diz independentista, anti imperialista. Sim, porque um angolano, moçambicano, guineense, Cabo Verdeano negro no Brasil é estigmatizado. Só para avisar. E já que os brancos que não retornaram em 75 são isso tudo, então que passem o seu capital cultural à criadagem ao invés de defender que criam postos de trabalho. Aprender a fazer a cama onde se deita é um primeiro passo para a libertação, já não falando de cuidar do seu próprio jardim e limpar o lugar onde escoa as suas águas e matérias bio degradáveis interiores. Além de ser muito ecológico, emocionalmente falando, é coerente com o que se defende desde há umas quatro ou cinco décadas a esta parte.
Ana Piu
Brasil, 14.01.2017


quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

O PASSADO FOI LÁ ATRÁS!



Dois mil e dezassete está aí. Já leva uns doze dias que ele anda aí, Entretanto o Bochechas partiu. Querido por uns, tolerado por outros, ostracizado por terceiros. Mário Soares.  Ex presidente, ex primeiro ministro e todos os cargos que a sua carreira politica proporcionou, despediu-se com a sua já avançada idade. Podemos todos nós ter as nossas ressalvas em relação ao senhor (eu tenho, principalmente ao caso do tráfico diamantes em Angola) mas ele foi anti fascista antes de 1974 e por consequência disso teve de se exilar. Ele lutou pela democracia. Se esta é efectiva ou não já é outra conversa. Mas mesmo que manca não é o mesmo que um regime fascista que persegue, tortura e dá sumiço. Embora muitas histórias estão por contar em relação a quem se opôs à entrada de Portugal na União Europeia. De que forma estes sujeitos sociais foram igualmente perseguidos em plena democracia lá nos afinais dos anos 70, e durante todos os anos 80. Enfim... Os envolvidos ainda vivos poderão melhor contar a sua história.

Nessa época eu andava na escola. Por ironia, ou não, eu estava numa escola criada pelos ditos "retornados de Moçambique". Uma grande parte daqueles que regressaram eram anti independência dos países africanos. Salvo raras excepções, muitos lamentavam que tinham perdido tudo. Que tinham tudo e tinham ficado sem nada e se não tivessem zarpado teriam sidos mortos. Sim, é uma realidade dura em tempos de guerra. Mas quando a barbárie se instala também temos e devemos pensar cada detalhe dessa trajetória, qual a nossa responsabilidade social e humana que nos levou até esse lugar, enquanto povo. Claro que muita gente que vivia honestamente do seu trabalho teve de fugir. Mas guardo até hoje a memória duma amiguinha de escola que entre os seus 7 e 11 anos, foi o tempo que estivemos juntas, dizia que sentia saudades de Moçambique. Lá ela tinha muitos criados.... Como nunca tivemos criados em casa eu imaginava alguém a limpar o pó do meu quarto e arrumar direitinho as Tuchas em vez de mim. Ah e limpar a loiça, assim como aspirar que eram tarefa, escalonadas entre mim e o meu irmão, que não dava para fugir... Não conseguia era imaginar alguém a abanar um leque horas a fim no meu regaço. Já nessa idade considerava a imagem entediante e deprimente.

Nessa escola fizeram luto ao social democrata Sá Carneiro em 1980. Era, vamos dizer, um direita cabeça aberta não tivesse  ele como companheira a dinamarquesa Snu, uma mulher empreendedora e letrada, para escândalo das cabeças provincianas e moralistas do paísinho à beira mar plantado com pretensões caducadas de governar para além da península e ilhas da Madeira e Açores.

O que é facto, é que ainda existem umas almas lamuriosas, POR INCRÍVEL QUE PAREÇA!, que acham que o Império, as colónias deveriam manter-se acrescido ao facto de considerarem que existem cidadãos de primeira, segunda e terceira. Uns, obviamente, mais merecedores que outros porque mais capazes. Isto no Brasil é bastante visível. Esta lógica da elite ainda está em curso. Porém, isso não é motivo para que os brasileiros e as brasileiras sejam estigmatizados em terras portuguesas ou por esse dito povo do sul da Europa.  Claro que aqueles armados aos cucos que acham que os portuguesas e as portuguesas são todos os lerdos e que ganhar vantagem é que é fixe bacana legal mais que demais... Eh pá!... Esses precisam duma ensaboadela, assim como os portugueses, os italianos ( olha estes! olha que meninos!), os franceses, os alemães, ingleses e outros que acham que são superiores e tudo se compra com dinheiro ou exploração.

Transcendermos-nos não será baixar a guarda? Respirar fundo sem tentar ter sempre razão duma forma rígida, rispida e grosseira, digamos. Nesse aspecto eu estou profundamente grata ao Brasil e ao povo brasileiro: rever a cada instante a minha energia que imprimo no espaço que vai de mim até ao outro. Gentileza gera gentileza. E muitas vezes somos estúpidos, literalmente estúpidos, uns para os outros não por má fé e sim porque não conhecemos ainda outra forma de atuar, de interagir. E nós portugueses e portuguesas precisamos de sorrir mais por dentro. Aquele sorriso genuíno de gratidão à vida na sua simplicidade e plenitude. Sem leviandades, claro, mas com sentimento. Em relação a quem age por má fé... E esses existem em qualquer parte do mundo! Pessoalmente não estou interessada em conviver de perto e desejo que se encontrem e se revejam. Mas cada um tem de fazer a sua faxina interna, 'num é memo'? Não existem pajens que o façam. Quanto muito pajés com a sua sabedoria da floresta ancestral. A esses estou eternamente grata, pela oportunidade que me têm dado de rever as estupidezes ancestrais que o meu povo tem exercido sobre o deles e que trazemos para esta vida como um carma a banir efectivamente.

A Piu
Brasil, 12.01.2017

O Bochechas ( Mário Soares do partido socialista) e o Galinha Branca\( Álvaro Cunhal do partido Comunista) a confessarem as suas diabruras ao Zé Povinho Cartoon: João Abel Manta

Um fraterno aperto de  mão do Salgueiro Maia aos dirigentes de Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Pricipe, Cabo Verde e Timor. O chorão lá atrás precisa duns lencinhos scotex. Cartoon: João Abel Manta
Então, palavras para quê? Hoje há o neo colonialismo, tanto exercido pela tugalhada como pelos nativos da própria terra. Caramba! Eu não quero estar no meio deles e ser confundida. SAI P'RA LÁ QUE ESTE CORPO NÃO TE PERTENCE! TAMPOUCO ESTA ALMA E ESTE ESPÍRITO!
Cartoon: João Abel Manta





quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

O VOO DAS MARITACAS- SÉRIE: ACERCA DE NÓS, SERES HUMANOS

" Mantida à margem do mundo, a mulher não pode definir-se objectivamente através desse mundo e o seu mistério cobre apenas um vazio.
Além disso, acontece que, como todos os oprimidos, dissimula deliberadamente a sua figura objectiva; o escravo, o criado, o indígena, todos os que dependem dos caprichos de um senhor, aprenderam a opor-lhe um sorriso imutável ou uma impossibilidade enigmática; escondem cuidadosamente os seus verdadeiros sentimentos, as suas verdadeiras condutas. À mulher também ensinaram, desde a  adolescência a mentir aos homens, a trapacear, a usar de subterfúgios. Chega-se a eles com máscaras: é prudente, hipócrita, comediante."

BEAUVOIR, Simone " O segundo sexo- volume1"- ed. Gallimard 1949/ Bertrand Editora Lisboa: 1987

Comecei o dia de hoje escrevendo às 6.30 da manhã. Escrever liberta. Umas vezes é para partilhar outras para organizar ideias. Às 11.30 ouvi uma história inspiradora para escrever um conto. A maritaca de asa partida do quintal onde faço yoga  voou. Abriu as asas e voou. História bonita que num outro tempo romancearei.

 A esta altura do campeonato, muitos dos que me conhecem pessoalmente dirão: "Olha! A Ana a fazer yoga! Bem precisa!" Outros, ou os mesmos, ainda dirão: "Oh p'ra ela a  escrever num jeito  abrasileirado!" Nesta última terei de recorrer ao yoga. Ah pois! Porque essa discussão aí já é chão que deu uvas e como não aprecio uvas desde criança para mim não é discussão. Resumindo e concluindo: a língua é viva e medir forças de qual é a mais bem falada é conversa para boi dormir.

Volto à leitura da Beauvoir, agora o segundo volume. É certo que foi escrito em 1949 e que alguns aspectos, aparentemente, já se ultrapassaram. Mas analisando mais de de perto, parece fazer-se sentir uma regressão ou algo latente que sempre lá esteve e numa ou noutra oportunidade manifesta-se.

A violência doméstica existe, o assédio moral também. Já só para falar destes dois itens de abuso de confiança entre aqueles que nos estão mais próximos. O assédio moral por vezes é mais subtil ( esta faço questão de escrever em português de  Portugal, pois soletro  o "b"). Assédio é quando alguém considera que pode falar ou tratar o outro de qualquer jeito, em alguns casos sem conhecimento de causa ou com base na mentira para poder exercer o seu controle sobre o seu alvo. Esse assédio é muito frequente no meio profissional, familiar, "entre amigos" e "amoroso". E tanto homens como mulheres, e outros géneros assumidos podem exercer tal aberração. É nosso dever protegermos-nos disso e estarmos vigilantes para não assumirmos também nós esse lugar de carrasco. Sim, de boas intenções o mundo está cheio. E muitas vezes, como um jogo de crianças, assumimos o papel de "Ah! Ele também fez!  É ele que é agora está a ser assim!" Vou dar um dois exemplos bastantes concretos: há cinco anos que vim de Portugal para viver no Brasil. Até hoje tento respirar fundo para saber lidar com os resquícios de escravatura  assim como com o machismo, muitas vezes "cordial", tanto da parte dos homens como das mulheres. Mas isso não significa que em Portugal e no resto da Europa esses resquícios e esse machismo não existam. Existem. E o grande resquício do colonialismo é a de que os europeus acharem que nesse aspecto já estão muito à frente... 'Granda' piada. Vê-se como recebem os refugiados. Vê-se o índice de violência doméstica de norte a sul da Europa. É preciso muita yoga para relevar essa arrogância que constata exatamente esse resquício de colonialismo balofo, ultrapassado mas em vigência em algumas almas que se acham muito p'ra frentex. Defendem certas e determinadas causas ditas "pacifistas" para justificarem que os outros é que são mauzões e eles são santinhos, socialmente falando. Já para não falar do foro pessoal. Não podemos esquecer que a descolonização por parte da Inglaterra, França e outros foi feita no final da segunda grande guerra e que Portugal foi o último país a descolonizar (1975) os países africanos. Na geração dos meus pais batia-se no peito durante a guerra colonial: "Angola é nossa! Angola é nossa!" Isso já fala muita coisa. Ooops já diz muita coisa, para ser fiel ao português de Portugal. ;) Na verdade não há mistério nenhum. A questão está naquilo que nos move, na consciência que temos ou não de nós e do outro. E ser cúmplice duma mentira só para não se chatear é-se duplamente mentiroso. Seja homem, seja mulher, seja que género for. Género ou gênero. Fica à escolha do freguês, visto sermos feitos de escolhas. Da escolha de como nos queremos relacionar.


A Piu
Brasil, 11.01.2017


sábado, 7 de janeiro de 2017

OS IMPASSES PARA MIM DE PARATY


Chegando a Paraty a meio de um qualquer dia de Janeiro, a roupa cola-se ao corpo e a vontade primeira é dar um mergulho no mar ou procurar o aconchego duma cachoeira no meio da vegetação refrescante. Mas Paraty aguarda a nossa curiosidade de conhecer melhor os últimos séculos, desde a chegada dos nossos ancestrais. Dos meus ancestrais, vá. Na primeira pessoa falo, pois sou portuguesa nascida e criada em terras lusas, residente há cinco anos em terras brasileiras. Mas uma grande parte daqueles que aqui vivem são, duma maneira ou outra, descendentes de portugueses. Chegar a Paraty e como se viajássemos cinco séculos no tempo e revisitássemos Portugal em tom tropical. O centro histórico é serpenteado por ruas feitas de pedra que vinham de Portugal, a arquitetura é semelhante a muitas cidades de Portugal, mas com as portadas das janelas e portas mais largas e coloridas. Os telhados definiam a riqueza dos seus habitantes e proprietários. Havia o telhado com eira, beira e tribeira. Outro só com eira e beira, outros ainda sem eira nem beira. Daí a expressão : “Sem eira nem beira” ( aos caídos, não ter onde cair morto); assim como ter “Eira, beira e tribeira” era ter uma riqueza maior. Quem perdia tudo e não se confirmava poderia perder as estribeiras, perder a paciência…
Ao caminhar pelo centro histórico podemos encarar as igrejas que eram só para mulheres, outras só para homens e as igrejas onde era permitida a entrada dos escravos, onde as mulheres poderiam se misturar. Há também a rua mais florida, onde outrora era onde as “mulheres da vida” satisfaziam os impulsos e instintos viris das cabeças patriarcais. As ruas são serpenteadas para confundir os piratas franceses que queriam tomar de assalto aquele, outrora, importante porto de exportação de ouro.
Hoje Paraty é um centro turístico de cara limpa com lojas de griffe, artesanato fashion, casa da cultura, ateliês de artistas, restaurantes, cachaçarias, sorveterias, etc etc.
No dia 4 de Janeiro de 2017 conheci essa tão falada cidade. Alguns indígenas expunham na rua os seus artesanatos. Confesso que tive um pensamento preconceituoso, aqueles pensamentos piloto automático carentes de alteridade. Pensei que aqueles indígenas que ali estavam de cocar na cabeça, tronco nu pintado de short e tênis eram um sucedâneo para turista fotografar… Uma espécie de indígenas não genuínos… Urbanizados, turistizados. Perdão. Antes fossem… Esse pensamento também não digno de que estudou antropologia...
Ao caminhar pela rua, as minhas filhas quiseram tomar um sorvete. Um moço dum bar falou que era melhor não continuar naquela rua, pois estava havendo um impasse. Isto é, os indígenas estavam a resistir aos policiais que estavam a impedir que estes vendessem o seu artesanato na rua. Mais uma razão para me aproximar. Pois é! “Vocês portugueses vieram-NOS colonizar.” Vocês quem? De que lugar é que alguém fala isso, visto esse projeto de estigmatização e ao limite de eliminação do povo indígena continuar em curso?
Um dos indígenas falava para quem quisesse ouvir que os policiais já tinham ido na aldeia deles quebrar o artesanato, que é um trabalho não é um crime, e usar a força policial para bater nos mesmos. O que deixou as suas crianças assustadas. Bonito serviço! Que cartão de visita para os visitantes. Mas ainda bem que temos essa oportunidade de presenciar, pois lá no meio do mato muitos de nós não testemunhamos essa boçalidade secular.
Lamento publicamente, enquanto sujeito histórico, por tudo o que tem sucedido ao povo nativo desta terra desde 1500 até hoje. E como cidadã sinto-me na obrigação ética de escrever nas redes sociais, nomeadamente em páginas de foro turístico. E agora pergunto: qual o posicionamento dos comerciantes em relação a isso? Compactuam com as forças policiais? Nunca conjecturaram serem aliados dessas pessoas, comprando o seu artesanato, cedendo espaço para estes venderem, chamando-os para que estes partilhassem a sua cultura ancestral e tão rica? Se assim não for, demonstra alguma falta de visão não só humanista como mercantilista, já que Paraty hoje é feita para lucrar com o turismo.
Urge o povo indígena recuperar a sua dignidade sem paternalismo do branco. Não merecem serem tratados de qualquer maneira, deixando-os sem eira nem beira. Mais do que um direito é um dever histórico quebrar a lógica da boçalidade secular. É de perder as estribeiras esse padrão de comportamento….
Haux haux ( gratidão) para quem teve a paciência e ler este texto até ao fim
Haux haux a todas as oportunidades que tenho tido em conhecer e mergulhar na sabedoria indígena, na sabedoria da floresta. Haux haux
Ana Piu
Brasil, 07.01.2017