quinta-feira, 30 de abril de 2015

É JUSTO!


... porque não aceito pedidos de amizade de alguém que não conheço e que vive em Fafe e que gosta de Bon Jovi e Shakira! Sim, sou preconceituosa!

Susana, a Piupi

Quem não se lembra, muito antes da febre da internet e até mesmo dos telemóveis, celulares, tabletes, aifones e aipedes daquele correio aparecia sempre no final dos livros de quadradinhos do Walt Disney, da Luluzinha e até mesmo do jornal de música pop rock punk popular "Blitz".
 Passemos ao último:

' Estavas naquele concerto dos Bruce Springsteen. Olhas-te para mim três vezes e demos um chocho. E eu segredei-te ao ouvido que és muita querida. Sou eu,o Cajó. Curto-te bués sem te conhecer. A minha música preferida é Springsteen, Guns and Roses e Xutos. Curto bués vestir-me de preto. Já fui heavy metal e agora sou vanguarda. Escreve-me, miúda."

Passados estes anos todos a Piupi, ali, que conheço desde... ora deixa cá ver... 1989!! Publica esta bela frase no seu face diretamente das Alemanhas!!! Genial! Eu até consigo visualizar o sujeito em causa! Adoro! E adoro principalmente a honestidade da minha amiga. Miúda! Com esta vou agora dançar ao som da Shakira e quem sabe danço um slow com a vassoura ao som de Bon Jovi. Isto tudo de olhos fechados. Claro!

Ana Piu
Brasil, 30.04.2015

Nina Hagen is gonna rock you
nina hagen is gonna rock you

oh berlin berlin
du bist aller städte queen
der berliner bär bin ich
sagt der liebt dich
mein berlin bin ich
berlin is all right now


Should I? Could I?
Have said the wrong things right a thousand times
If I could just rewind, I see it in my mind
If I could turn back time, you'd still be mine

Y

DISCURSO DA COMPANHEIRA DA CLASSE PRECÁRIA NO PLENÁRIO INTER SINDICAL DOS TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA / empresários (?!) individuais (série 1º de Maio)


Companheiros e companheiras já é tempo de mudar de paradigma, de foco, de léxico, de modo de atuar!
Em primeiro lugar, companheiros e companheiras, vamos substituir a denominação de trabalhador por trabalhamor. Erradiquemos a dor do nosso fazer e produzir! Coloquemos somente amor. E com isto não quero incentivar de modo algum que sejamos voluntários à força! NÃO! JAMAIS! NÃO PASSARÁ! NÃO PASSARÃO QUEM OLHA PARA O NOSSO TRABALHO COMO QUE VALENDO NEM UM TOSTÃO! ( pausa dramática para os aplausos da plateia virtual. Aproveita para beber água depois de tantas palavras escritas em maiúsculas)
Companheiros e companheiras, NÃO TEM MAIS ESSA QUE A CULPA É SEMPRE DO PATRÃO! E NÓS?! COMO NOS RELACIONAMOS ENTRE NÓS? EXISTE SOLIDARIEDADE ENTRE NÓS OU NA PRIMEIRA OU NA SEGUNDA OPORTUNIDADE PASSAMOS RASTEIRAS UNS AOS OUTROS? REPITO: EXISTE SOLIDARIEDADE ENTRE NÓS OU NA PRIMEIRA OU NA SEGUNDA OPORTUNIDADE PASSAMOS RASTEIRAS UNS AOS OUTROS?
TRABALHAMOR AO PODER! QUE PODER DE SER SEJA MAIOR QUE O PODER DE OBEDECER SEJA LÁ O QUE FOR!
( pausa dramática para os aplausos da plateia virtual. Aproveita para beber água depois de tantas palavras escritas em maiúsculas)
Ana Piu
Br, 30.04.2015
foto: movimento "Mujeres libres"

quarta-feira, 29 de abril de 2015

BUENA

Eu ouço uma voz que vem do fundo do quarto
Eu ouço uma voz que choraminga, que geme, que grita em surdina, uma voz que quer alguma coisa boa
Bem, chegue um pouco mais perto deixa me ver o teu rosto
Yea, chegue um pouco mais perto da frente do palco
Eu disse, chegue um pouco mais perto 
Eu tenho algo pra te dizer
Yea, chegue um pouco mais perto que quero ver  o teu rosto
Olha, eu conheço um gnomo chamado Buena Buena
E desde que conheci esse gnomo eu nunca mais fui o mesma, ah pois não
E eu sinto que está tudo bem agora E
Eu tenho dito
Eu acho que está na hora para mim de finalmente apresentar para ti
o Buena buena buena buena bom bom bom
Veio para mim, yea veio para mim
Agora eu... eu acho que sei o que tu precisas
Conheço pessoas que te querem  mudar
Bem eu... eu sei como faze-los irem embora
Olha, eu conheço um duende chamado Buena Buena
Olha, eu conheço uma fada chamada Buena Buena


E desde que conheci esses seres eu nunca mais fui a mesma, ah pois não
E eu sinto que está tudo bem agora eu tenho dito
Eu acho que está na hora para mim de finalmente apresentar para ti
o e a  Buena buena buena buena bom bom bom

Ana Piu
Br, 29.04.2015

tradução livre de Buena dos Morphine








ALGUMAS MEDIDAS TOMADAS E DIVULGADAS NO ÚLTIMO PLENÁRIO INTER SINDICAL DA TRABALHADORA INDEPENDENTE NO ACONCHEGO DO SEU LAR PENSANDO NO COLETIVO E NO INDIVIDUAL (série 1 de Maio, dia do trabalhador)

1. Todo e qualquer trabalho e função que se assumir que faça sentido e que o compromisso seja efetivo.

2. Respeitar e fazer-se respeitar. Quando a sua proposta de trabalho não é compreendida não se frustrar. Respirar fundo, concentrar-se (se for necessário fechar os olhos. Não hesite, as pessoas tem inteligência emocional suficiente para compreender que não está a dormir, está sim a esvaziar para depois preencher). Terá, então, de ser mais clara na sua proposta e intenções.

3. Não trabalhar gratuitamente. A reciprocidade é imprescindível. Seja ela de respeito, cordialidade e no final de contas todos temos contas para pagar. ( Quem não tem, que sorte! Não é a maioria.)

4. Quanto mais valorizar o seu trabalho mais vão valorizá-la. Não perder as estribeiras, mesmo quando a vontade é saltar para o garganiço do(s) interlocutor(es). Respirar fundo, concentrar-se, sorrir por dentro e repetir três a cinco vezes: 'Bora lá!"

5. Escolher criteriosamente as suas parcerias com utopias semelhantes e diferenças que acrescentem. A diferença entre um país pequeno e grande, como a própria palavra indica é que num grande o leque de opções é mais vasto. Observe de longe e de perto. Siga a intuição. Escolher aqueles para quem o conceito "dignidade" é efetivo.

6. Não aceite a mediocridade. Não reaja duma forma medíocre nem boçal perante aquilo que considera boçal e medíocre. Aja com elegância, frontalidade elegante, calma e firmeza. (ufff que desafio!)

7. Não pense que o problema é sempre do outros. Respirar fundo, concentrar-se. Quando for caso assumir as suas lacunas e negligências que pode melhorar.

8 . Nivelar sempre por cima. Todas as pessoas tem uma essência e nessa essência está a paz interior.

9. A paz interior é essencial. É o centro da questão desta vida que certezas nenhumas tem a não ser que um dia voltamos ao pó cósmico.

10. Fazer de todas as palavras, pensamentos ações sustentáveis.


Ana Piu
Brasil, 29.04.2015


terça-feira, 28 de abril de 2015

MARIA FLOR TRATADORA DE SERES VIVOS (série 1 de Maio)


Menina Flor na semana do trabalhador publica no jornal da escola. Esta foto que data de uns 3 ou 4 anos atrás demonstra essa ligação estreita e carinhosa com os animais.


segunda-feira, 27 de abril de 2015

TÁJESTARIR DE MIM! OH PÁ! EU TAMBÉM ADORO RIR DE MIM! PREFIRO MAIS RIR DE MIM QUE DO OUTRO. E SE RIU DO OUTRO É PORQUE ESTOU A RIR DE MIM ASSIM VAIA A GINGA DA VIDA, LEVE, NATURAL E EMOCIONALMENTE SUSTENTÁVEL

 É comum ainda, no Brasil actual, a imagem do português justaposta ou associada ora ao trabalhador “burro de cargas”, ora ao comerciante ávido de lucro e riqueza, ora ao colonizador a quem se deve atribuir senão todas, grande parte das mazelas do país; ora ao sujeito tacanho e ora, afinal, ao “burro”, na linguagem local, aquele que tem dificuldades para entender as coisas, pois faltam-lhe “ginga” e ‘malandragem” brasileira, tema recorrente no anedotário popular. (...) A imagem de Portugal mais moderno e membro da União Europeia é recente, produto, sobretudo, dos media, do turismos e do recente aumento da emigração de brasileiros para Portugal e da vinda de grandes investimentos portugueses para o Brasil. Mansur da Silva, Douglas "A oposição ao Estado Novo no Exilio Brasileiro 1956-1974, ICS, Portugal, 2006


Adicionar legenda

Sou da geração sem remuneração
E nem me incomoda esta condição.
Que parva que eu sou!
Porque isto está mal e vai continuar,
Já é uma sorte eu poder estagiar.
Que parva que eu sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Que para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'casinha dos pais',
Se já tenho tudo, para quê querer mais?
Que parva que eu sou!
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar,
Que parva que eu sou!
E fico a pensar
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.
Sou da geração 'vou queixar-me para quê?'
Há alguém bem pior do que eu na tv.
Que parva que eu sou!
Sou da geração 'eu já não posso mais!'
Que esta situação dura há tempo demais
E parva não sou!
E fico a pensar,
Que mundo tão parvo
Onde para ser escravo é preciso estudar.

Parva Que Eu Sou

Deolinda



A MULHER DO BIGODE PENTEADO PARA O LADO ESQUERDO 


Quando eu vim para esse mundo
Eu não atinava em nada
Hoje eu sou Ana Piu
Ana Piu ê meus camaradas

Eu nasci assim eu cresci assim e sou mesmo assim
Vou ser sempre assim Ana Piu, sempre Ana Piu

Quem me batizou quem me nomeou
Pouco me importou é assim que eu sou
Ana Piu sempre Ana Piu
Eu sou sempre igual não desejo o mal
Amo o natural etc e tal


quinta-feira, 23 de abril de 2015

OOOPS DAIZY ou GAFE, UM PÁSSARO DAS ALTAS MONTANHAS AGRESTES


Gafe é uma espécie de pássaro de plumagem rala com tonalidades dum bege desmaiado. De porte pequeno assemelha-se a um abutre. O seu piar é rouco com pretensão a ser austero. Alimenta-se de memórias históricas desfazadas, insustentáveis em decomposição. Vejamos então alguns exemplos de gafeios deste pássaro pequenito de dentição miúda:
"Brasil já foi Portugal a sul" Oooops Daizy! Oooops Daizy! A sério! Olha, e agora Portugal é o sul da Alemanha. 'Tás a ver como as coisas são?!
" Se o Brasil continuasse a ser nosso não estaríamos a passar por esta crise financeira"! Oooops Daizy! Oooops Daizy! Oooops Daizy! Oooops Daizy! iste gafeado num circulo de historiadores na mais antiga cidade universitária da Europa ocidental, Coimbra, perante uma plateia de várias nacionalidade com expressão portuguesa!!!!
Enfim, não se sabe ao certo se essa espécie de aves, os gafes, estão em vias de extinção ou se retornam sanzonalmente. Alguns dizem que procuram a Atlântida. O melhor é manter alguma distância, pois a gripe das aves anda aí e as salas de espera estão à pinha! Mente sã em corpo são. Bora lá!
Ana Piu
Br, 23.04.2015
Ilustração: João Abel Manta
João Abel Manta (Lisboa, 1928) é um arquitecto, pintor, ilustrador e cartoonistas português.
Autor de uma obra multifacetada, centrada sobretudo na arquitetura, desenho e pintura, João Abel Manta afirmou-se no panorama cultural português a partir do final da década de 1940. Nos anos que se seguiram teve importante atividade no domínio da arquitetura, que abandonaria progressivamente em favor das artes, destacando-se como um dos maiores cartoonistas portugueses das décadas de 1960 e 1970. Nos anos anteriores e posteriores ao 25 de Abril publicou regularmente, em jornais de grande tiragem, trabalhos emblemáticos da situação político-social portuguesa nesse período de transição (queda da ditadura e implantação de um regime democrático). Na década de 1980 redirecionou uma vez mais a sua obra, centrando-se prioritariamente na pintura.



quarta-feira, 22 de abril de 2015

25 DE ABRIL SEMPRE! FASCISMO NUNCA MAIS!


Mesmo que o neo liberalismo tenha vencido, nunca é tarde ele ir pelo cano.
Mesmo que o exercício de liberdade e cidadania seja algo que se aprenda e se exercite, mas muitos se acobardem perante injustiças que ao seu alcance de barrá-las aceitem-nas passivamente, para não perder o seu lugarzinho ao sol.
Mesmo que tudo poderia ser uma coisa e é outra, o 25 de Abril deve ser celebrado! Peço, com os olhos concentrados num cravo vermelho, que este ano não dê de caras nas redes sociais com comentários e publicações que a revolução, fim do fascismo de nada valeu. Quem pensa assim talvez nunca se tenha comprometido com o exercicio da democracia e nunca passou fominha nem o medo da tortura e da morte em tempos nefastos. Ou então a memória é curta. O 25 de Abril pertence a todos os que prezam pela liberdade. Não pertence aos partidos. Pertence às pessoas, aos trabalhadores. Pertence a nós que temos 40, 60, 70, 80, 90, 100 e aos nossos filhos, netos, bisnetos e tetranetos. Pertence a quem não quer ser colonizado nem imperalizado seja lá por quem for!
Ana Piu
Brasil, 22.04.2015
Ilustração: João Abel Manta

OS ACHAMENTOS



Um ritual católico. Só isso. Nada de mais......................


A 22 de Abril de 1500 a turma do Pedrito lá andava à deriva quando vislumbrou um Porto Seguro. "Oh pá!! É já aqui que a galera vai dar uma descansada e ver o que é que rola!"
Por comerem muitos ovos do coelhinho da Páscoa os malandrecos andavam cheios de escorbuto. Não se sabe ao certo se chegaram em terras tropicais por engano ou já havia ali marosca. Eles e os espanhóis andavam sempre às turras a ver quem chegava primeiro.Uma coisa tipo espécie competição manhosa de vizinhos.
"Ah! Chegamos À Índia! Olha lá os índios! Mas estes são diferentes! Não usam túnicas nem bolinhas de tinta no meio da testa! Ah mas estes devem ser obra do demo! Terão alma? O melhor é fazer uma churrascada!"
Enfim, uma história que o melhor é rir e corar de riso de tão vergonhosa que foi e tem sido! Ah porque esta história ainda não acabou volvidos 200 anos desses camafeus terem basado. Outros camafeus de olho grande mas que não se esquecem que o domingo é santo continuam o projeto muita marado.
Ana Piu
Brasil, 22.04.2015



Quem são aqueles? Parecem (!!!) ser da paz., pergunta a turma dos pardos.

O hábito do dedinho mandão numa veste branca tipo "tá quieto não me empurres, que desafino!"


VALSA DA MULHER MANCA ESQUERDINA CANHOTA ZAROLHA DA VISTA DIREITA MAIS TORCIDA CAS COISAS TORCIDAS (valsa a tês tempos para ser cantada com efeito de distanciação brechetiano)

Tum ta ta
Tum ta ta
ela é a mulher que manca para o lado esquerdo
não tem muita ciência nem segredo
ela tem aquele  savoir faire
fundamental!
como dizer?... um quelque chose de Portugal que se pode aplicar ao planeta atual!

Tum ta ta
Tum ta ta

ela critica a esquerda
mas sabe que a direita é uma ....erda
ela provoca os que são quase quase como ela
para que a vida se torne mais bela

Tum ta ta
Tum ta ta

ela provoca os seus semelhantes
e cantarola: nada será como antes!



Tum ta ta
Tum ta ta
a ela não lhe tolhem os sentidos
olha! não pertence a partidos

Tum ta ta
Tum ta ta
se lhe atiram areia para os olhos
ela fica transtornada
e o que ela faz?
ela dança esta valsa ainda mais ou menos um pouco muito esperançada



Tum ta ta
Tum ta ta
Tum ta ta
Tum ta ta


Ana Piu
Brasil, 22.04.2015






sexta-feira, 17 de abril de 2015

AI MELHER! BAIXA A SAIA! PENSAS QUE ÉS A MARILYN MONROE! QUE INDECÊNCIA!

Indecente é queremos trabalhar e não nos conseguirmos sustentar com dignidade.
Indecente é fazermos da vida uns dos outros uma brincadeira de mau gosto e fingirmos que está tudo bem. Isso é muito indecente.
Indecente é acharmos que devemos andar na linha a troco de muito pouco e que dificilmente conseguimos sair dessa mediocridade pintada com uma  tinta dourada de má qualidade.
Indecente é sermos considerados conflituosos por querermos ir mais longe. Sermos melhores no nosso trabalho juntos e como seres humanos.
Mais indecente ainda é quando se é catalogado de competente, mas conflituoso. Não serve. Descarta-se.
INDECENTE É ACEITARMOS DESCARTARMO-NOS UNS AOS OUTRO!
INDECENTE É SILENCIARMO-NOS EM RELAÇÃO A TODAS ESTAS QUESTÕES!
Indecente é também alguém ser considerado conflituoso e incompetente, vai-se lá saber com critérios.
Mais indecente ainda é aquele que é incompetente, mas como é conivente logo não é conflituoso, e ocupa lugares de competência.
Indecente é a cobardia, o oportunismo sobrepôr-se ao sentido de justiça e solidariedade.
Indecentes são as revoluções de trazer por casa onde não se chega a lugar nenhum, somente a arrufes de egos que não se escutam. Embora as intenções e os ideais sejam promissores.
Muito indecente são as revoluções gourmets, em que, como a maioria das vezes, a sede de poder e má liderança se sobrepõe a boas coordenações. Sim, porque liderar dá muito trabalho e muita responsabilidade.
Muito mas muito indecente é não fazermos a nossa parte, não mexermos uma palha, à espera que as soluções venham tal qual Tang de Morango. GRANDA TANGA!

Ana Piu
Brasil, 17.04.2015




UM DIA A CASA VEM ABAIXO E ATÉ A SOMBRA ESPANTAR-SE- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH (série VIVA JOSEPHINE WITT E AS CONQUISTAS PERDIDAS DE ABRIL)


dedicado às minhas filhas no particular, a todas as crianças no geral e a nós todos que somos Josephine Witt

MAS AFINAL O QUE É SER PRECÁRIO?

Ser precário é trabalhar a recibos verdes, com notas fiscais.
Ser trabalhador precário é não ter nenhum respaldo social.
É ficar doente e perder o dia de trabalho com a sua respectiva remuneração. Ou então ter de ir trabalhar doente ou até ao final da gravidez para poder se sustentar.
É ter filhos e não ter direito a uma licença de parto com vencimento/ remuneração.
É a entidade empregatícia prescindir dos serviços prestados e o trabalhador precário ir para o olho da rua com uma mão à frente outra atrás.

E O QUE SÃO FALSOS RECIBOS VERDES, NOTAS FISCAIS?

É trabalhar há anos numa entidade empregatícia, seja ela pública, privada e/ou sem fins lucrativos e essa mesma entidade não se responsabiliza pelos seus trabalhadores, relegando-os a prestadores de serviços, colaboradores. (A categoria de colaborador é muito boa, porque hipócrita. Dá aquele ar que somos todos muito amigos e porreiraços, colaborativos entre nós. Mas não passa duma falácia neo liberal, onde os direitos e deveres do trabalhador resumem-se aos deveres dp colaborador).

E O QUE É A SOLIDARIEDADE DA CLASSE TRABALHADORA/

Eh pá! Isso já é pedir muito! Os tempos são agrestes e não há tempo para solidariedade. É o salve-se quem puder! É aquela lógica de "mais vale um trabalho precário e explorado na mão que eu ser mais um desempregado pelo ar!

MAS AFINAL O QUE ANDAMOS AQUI A FAZER?

Eu, por amar o que faço, não tenho de estar constantemente a ser desvalorizada no meu trabalho.
O trabalho troca-se com remuneração, com banco do tempo e valorização. Amar o que fazemos não é uma regalia e sim um requisito para que esta loucura toda que é viver faça sentido e seja emocionalmente sustentável. Que o nosso trabalho nos dignifique a nós e aos nossos filhos e netos, quem os tiver. Enfim que nos dignifique a nós e às gerações seguintes!


Ana Piu
Brasil, 17.04.2015

Obs: Esta foto não se propõem a auto promoção, embora esta seja importante para a valorização do nosso trabalho. Esta foto contém um manifesto em solidariedade com todos aqueles que vivem, sobrevivem do seu trabalho e não desistem.



quinta-feira, 16 de abril de 2015

QUANDO ESCREVO COMO ME LEIO E COMO SOU LIDA


Trabalhos ilustrativos do ilustrador português João Vaz de Carvalho foram seleccionados para serem publicados na próxima edição da revista americana Creative Quarterly 39, entre muitos outros ilustradores de renome!

Assim, reparem Vossas Excelências, estou a fazer uma conferência, tenho um ar alegre, e contudo desejaria gritar de desespero e fugir, fugir, fosse lá para onde fosse! 
Dou tratos aos miolos quando, às vezes, - imaginem Vossas Excelências! – tenho de escrever artigos científicos ou... Talvez muito pouco científicos, mas que, vá lá, têm um certo ar científico.

Os Malefícios do Tabaco (Anton Tchekov)



Escrever é uma necessidade como outra qualquer. Assim como falar, dançar, semear. A escrita não é mais nem menos que a oralidade. É sim um registro que requer um tempo de reflexão, escrita e leitura. A nossa escrita é uma continuidade de nós um semear de esperanças de ainda estarmos cá amanhã. Na oralidade os direitos autorais são espuma dos dias. Vejam que usei um título dum livro do Boris Vian numa frase como se a expressão "espuma dos dias" fosse minha.

Sem prazer, sem alma a escrita é um amontoado de palavras engessadas em obrigações conceituais.
Escrevo porque gosto, escrevo porque quero, escrevo porque desejo um planeta emocionalmente mais respirável.
Quem lê as as palavras, as frases, as páginas e longos e pesados livros faz a sua leitura, segundo as suas referências.
Como posso eu controlar leituras mais negativas, deprimidas? Correndo ainda o risco de afirmarem:"Ah mas tu escreves com tristeza! Andas deprimida (como eu)?
Escrevo o meu assombro com o mundo. Se me plagiam... Embora ache desonesto, significa que a ideia é boa... Se descontextualizam as minhas palavras e deturpam-nas dando-lhes o sentido o oposto, o que posso pensar? Parasitismo marado?
Escrever é um ato de resistência, seja ela poética, cientifica, o que for. É um ato de nos sabermos vivos.


Ana Piu
Brasil, 16.04.2015

O QUE OLHOS VEEM O CORAÇÃO COME

"we will find our radical answers and act with no violence" Josephine Witt


Ontem entrei na padaria do português. Não tem pão português, mas o pão é dos melhores da região, na minha opinião. Entre um gole no pingado e uma mordisca no pão com manteiga acabadinho de sair do forno os olhos param na tv logo de manhã ligada. Oh hipnotismo marafado que afeta até quem por escolha própria não usa tv no seu lar!!! Na imagem vê-se um exterior e uma patrulha armada atirando para alguém que não se vê... Um dá um passo à frente atira e volta ao pelotão. Uma rua qualquer do Estado de São Paulo. Deve ser. Naquela hipnose falo com os meus botões:"Mas eles atiram para quem? Por quê? Será que é uma montagem televisiva para avisar diariamente o cidadão comum que o melhor é  andar direitinho senão zás? O que vejo é uma guerra cicil declarada onde quem fica a ganhar é a violência legitimada pelos orgãos estatais? Porque temos de comer com este lixo visual logo de manhã?"

Bom dia! (...) Bom dia! (...) Bom dia!, ao terceiro bom dia com um sorriso largo do outro lado do balcão dou-me conta que estou tão hipnotizada e apreensiva que nem dei por esse cumprimento caloroso. Repito duas ou três vezes bom dia para me "redimir" daquela viajem não perdendo a oportunidade de verbalizar os meus pensamentos.

Cansa tanta noticias em jorro que nos fazem mais negativos. Cansa a banalização da violência! 
Ontem a noticia da jovem alemã que saltou para o outro lado do balcão deixou-me feliz e esperançosa. Que as noticias sirvam para não sermos apáticos, muito menos mórbidos achando que andamos muito informados nessa dança grotesca de negatividade que nos bloqueia emocionalmente tantas e muitas vezes.

Ana Piu
Brasil, 16.04.2015

foto de Ronnie Burkett Theatre of Marionettes.


quarta-feira, 15 de abril de 2015

O QUE VEM A SER ISTO?

O preconceito é um conceito que antes sê-lo já o é. O preconceito é uma ideia pre concebida que coloca o objeto, o sujeito em questão num patamar acima ou abaixo. É uma visão distorcida, porque criada na cabeça e não na vivência, sobre o mundo e seus habitantes. Há também o preconceito do preconceito. Isto é, o preconceito que não temos preconceitos e/ou que o outro tem um preconceito em relação a algo ou a nós. E o mais curioso é que esse tal outro não estava nem aí. Pensava e age exatamente ao contrário.
Procuro no dicionário o sinónimo de pintelho ou pentelho. Encontro pintassilgo. Olho para a foto e vejo um pintelho, não um pintasilgo e concluo dentro das minhas referências conceituais: O preconceito é um pintelho. Ou será um pintasilgo?

Ana Piu
Br, 15.04.2015


 Kate Parker Photography


nota de rodapé: acerca dos preconceitos em relação aos indígenas

As 10 mentiras mais contadas sobre os indígenas: http://www.revistaforum.com.br/blog/2014/12/10-mentiras-mais-contadas-sobre-os-indigenas/

terça-feira, 14 de abril de 2015

OFICINA DE PALHAÇO COM ANA PIU: DONOS DO SEU NARIZ

O nariz de palhaço é a máscara mais pequena do teatro. Ao contrário de cobrir, de esconder, o nariz dilata o rosto e as emoções que se expressam através de o olhar. Disponibilidade, vazio inocência, curiosidade, liberdade, compromisso, coragem, divertimento, disciplina, humor, imaginação, espontaneidade, prazer, esperança, amor, carisma são as forças motrizes que pautam o trabalho.
A segmentação da ação, o golpe de máscara, o contacto direto com o público, a pausa a três tempos e o foco da ação possibilitarão que a escuta, o estado de alerta, a visão periférica se afinem proporcionando uma limpeza nos gestos e nas ações.
Porém, a chave principal é prazer do jogo. Nesta oficina serão disponibilizadas ferramentas práticas para que esse jogo teatral aconteça. Conhecer o nosso corpo e as suas possibilidades é muito importante para que possamos jogar com ele e essencialmente brincar.


Conteúdos

. O estado do palhaço
. O prazer de estar no tempo presente
. O ridículo e a sua poética: ternura, paixão que o leva a exagerar sem ter consciência disso
. O Eu em relação com o espaço
. O Eu em relação com o outro
. Olhar - porta aberta para expressar, comunicar


Metodologia
Pedagogia do prazer, de estar a gosto.
Cumplicidade entre participantes
O nascimento do clown a partir de trabalho físico e improvisação
Busca do vestuário e objetos
Busca de nomes para o seu palhaço
Cada sessão será dividida em três momentos:
1. Jogos de aquecimento
2. Jogos de preparação
3. Propostas de improvisação com nariz



OFICINA DE PALHAÇO COM ANA PIU: DONOS DO SEU NARIZ



Ana Piu. Atriz palhaça desde 1995. Formou-se no curso de atores no IFICT (Lisboa), no Centro Cultural de Évora e na École International du Théâtre Jacques Lecoq (Paris, França) como bolsista da Fundação Calouste Gulbenkian e na International Summer University of Amsterdam (Holanda) como bolsista do programa Caleidoscópio. Apresenta espetáculos teatrais em vários países: Brasil, Argentina, Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha e Holanda.

A MENINA FLOR E AS SUAS LEITURAS


(numa gráfica entre impressões a cores e a preto e branco)
Flower Power - Olha o que está escrito naquela caixa! Lista de cansamentos!
Yo - Cansamentos?!?! Genial! Muito bom! Ahaha Casamentos, Florita! Casamentos! Sim, por vezes é mais cansamentos. Olha! Por falar em (des)uniões! Espero que tu e as tuas amigas não estejam a pôr aquela menina de lado por ela ser chilena! Sabes do que falo, não sabes? Já te trataram de modo diferente por seres portuguesa, não já?
Flower Power - Já....
Yo - Então sabes o que é isso.
(breve silêncio)
Flower Power - Mas se ela quiser ser amiga não venha armar-se em chefona. Aí não dá!
Yo - Ahhh Agora estamos a falar a mesma língua! Sim, se não é uma canseira! Venha a rainha de Inglaterra armar-se em boa a ver o que é bom para a tosse! Mas pensa nisso, dela se ser estrangeira. wink emoticon
Flower Power - Sim.
Ana Piu
Brasil, 14.04.2015

JOGAR-SE DE CORAÇÃO, ALGUMAS PRESCRIÇÕES BÁSICAS (O regresso da Dótora Lorena após uma breve sabática)


1. Jogar-se de coração não significa desmunhecar-se no chão.
2. Nunca nivelar por baixo. Não ver @ parceir@ de jogo como um@ adversári@ e sim como um parceir@ à nossa altura ou a uma altura que nós desejamos e queremos alcançar.
3. Não passar rasteiras. Passar o pé em alguém para este tropeçar e até mesmo cair não tem graça. A humilhação não tem graça.
4. Tentar acertar a bola no cesto é o objetivo. Acertar a bola no cesto é uma virtude em que a cordialidade, o respeito e a admiração pel@ parceir@ é a virtude essencial.
5. 5. Não ser moralista e sim étic@. Não podemos exigir do outro o que não asseguramos para nós mesmos.
Estas prescrições aplicam-se a todos os campos de jogo, seja ele amoroso, pessoal, de amizade, profissional e outros não mencionados.
Dótora Lorena ao vosso dispor com muito amor e pouco abuso. wink emoticon smile emoticon
Ana Piu
Br, 14.04.2015
Foto: Kate Parker Photography

segunda-feira, 13 de abril de 2015

MEMÓRIAS LÍQUIDAS DE FOGO (série comemorações das conquistas de Abril)



Não consigo dormir. Tenho uma mulher atravessada entre as minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora;  mas tenho uma mulher atravessada na garganta.Eduardo Galeano
Ler o Eduardo Galeano é olhar de frente os últimos 500 anos da América Latina, outrora Ameríndia. Ler as "Memórias de fogo' é não esquecer quem já vivia nesta terra antes do colono chegar. É não silenciar os horrores dum passado recente ainda não resolvido.Conhecer as palavras, o pensamento do Galeano é olharmos de frente a utopia de forma consciente entre a tristeza de testemunhos históricos e a esperança dum novo mundoHoje pensei em escrever sobre a condição da mulher portuguesa antes de 1974, data que marca o final do fascismo e do inicio duma democracia posteriormente neo liberal, quando soube da noticia falecimento do escritor Eduardo Galeano.Há 41 anos atrás, isto é antes de ontem, as mulheres em território lusitano não tinham praticamente direitos nenhuns. Não podiam viajar sozinhas sem a autorização do marido ou do pai e o divórcio era muito mal visto. Muitas eram dependentes financeiramente e uma grande maioria, até hoje, ganha um salário menor fazendo exatamente o mesmo trabalho que um homem.Em meados dos anos 70 e durante os anos 80 alguns movimentos feministas tomaram forma num país patriarcal, de cunho religioso moralista, em que as mulheres que se desejavam emancipar era vistas muitas e tantas vezes como ressabiadas e frígidas. Enfim, todo um pensamento e modo de operar provinciano e medieval. Esse modo de estar no mundo talvez justifique, de algum modo, as atrocidades que o colonialismo fez e tem feito ao longo séculos. O desrespeito pela mulher reflete o desrespeito pela vida no geral e no particular.
Ana PiuBrasil, 13.04.2015

# Eduardo Hughes Galeano (Montevidéu, 3 de setembro de 1940 - Montevidéu, 13 de abril de 2015) foi um jornalista e escritor uruguaio


Kate Parker Photography




sexta-feira, 10 de abril de 2015

NOTICIAS DA NOSSA TERRA


Faz calor. A mioleira quase derrete. Se derreter significa que não é de pedra. E significa que existe uma mioleira, vulgus massa encefálica.
Mantermos nos de pedra e cal é um desafio. Faz calor e o verde das folhas é um alento, desde que haja uma água de coco à mão de semear.
Mantermos nos de pedra e cal é o desafio; significa que não desistimos.
Se ao menos houvesse uma cachoeira ou o mar aqui ao lado já daria mais um alento. Mas a vida é como é. Não a vida não é como é, é como a tomamos. Os ses ficam para depois.
Sorrir faz bem, assim como olhar de frente e em várias perspectivas.
Ainda bem que o sol não deixa de nascer todos os dias. Isso é bom.
Aquece a alma para continuarmos, permitindo que a brisa bata no cabelo.
Ana Piu
Brasil, 10.0.2015

As paradoxalidades aparentes.

tradução dos painéis de manifestação: "Sou contra a islamofobia", "Sou pela solidariedade entre os povos", "Sou contra os choques de civilizações"

Escultura de pedra de menina sorrindo com olhar aberto e a brisa que bate no cabelo.