terça-feira, 30 de julho de 2013

CONSIDER AÇÕES RALATIVAS

Tá bonita a festa! Quantas vezes encarnamos o papel da besta e para estarmos numa boa (!?) nos ombros do outro nos empoleiramos à toa? Tá bonita a festa! Pensamos que o outro de olhos fechados dorme a sesta e para não nos afogarmos nos empoleiramos. Olha o uso! Olha o abuso! Amigos mas non troppo!Para não nos afogarmos afogamos o outro. Para não nos afogarmos sós levamos o outro atrás! Atroz!!

E rimos-nos como se nada fosse e outro já foi! Já foi-se!
Tá armado o estaminé! Abusamos da confiança uns dos outros! Assim!.. Da mão para o pé!

Tá bonita a brincadeira! Assim são algumas das nossas relações! Sem eira nem beira!

 De tão desconcertante até é intimidante!
Ai o ego que é deveras, mas deveras cego!


A piU
Br, 30. Julho de 2013







CIÚMES



Uma conhecida amiga escreve no seu mural:" Estou com ciúmes!" Assumindo, expondo o que sente, ri-se de si mesma. BRAVO! Expurga um sentimento tão comum a nós mortais. Quem nunca sentiu ciúmes? "Ah! Não, que eu sou uma pessoa open mind! Desapegada!" baaaahhhhh Duvido! Duvido mesmo! Que existam pessoas que tentem não alimentar esse sentimento é uma coisa, porque existem pessoas que por insegurança são obsessivamente ciumentas, mas afirmarmos que nunca sentimos ciúmes?!.... Ahhh num vem que não tem! Da minha parte considero que o ciúme mata toda e qualquer relação, assim como a inveja. Também há aquele pessoal que propositadamente ou não curte bués provocar ciúmes no seu parceiro ou parceira. Uma questão de auto estima ou falta dela. Um dia o feitiço pode-se virar contra o feiticeiro. Mas isso... quem vai à guerra dá e leva.

Procuro na net aquele velho mito (grego?) de duas mulheres que reclamavam um mesmo bebé para si. (não encontro). Diante o conselho de decisão a proposta foi cortarem a criança ao meio. Uma das mulheres aceitou, a verdadeira mãe preferiu ficar sem o filho a que este fosse esquartejado. Conclusão: a criança ficou com a verdadeira mãe. Lógico! (Lógico? Nem sempre se faz justiça). Agora pergunto-me e pergunto: O que é preferível, viver uma relação de ciúmes ou deixar a pessoa ir? Simplesmente. Deixar ir com alguma dor, mas sentir carinho por ela estar feliz? Não será isso sentir amor? Sentir amor por si e pelo sujeito amado?

 a piu
Br, 30. Julho. 2013

segunda-feira, 29 de julho de 2013

CAMISOLÃO DE PURA LÃ VIRGEM

pintura: Mário Botas
CAMISOLÃO DE PURA LÃ VIRGEM

Sentiu frio. Ou sentiria calor? Aconchegou-se ao seu camisolão de pura lã virgem. Sentiu uma aspereza no pescoço. Viu um borboto saltar à sua vista mesmo no meio da manga, que já não era manga, era uma meia manga. Tentou com o outro braço arrancar o borboto. Tolhidos pela manga, encolhida devido à lavagem a 100%, os movimentos eram descandenciados por um respirar sofisticado. E aquela aspereza no pescoço! Logo o seu melhor camisolão de pura lã virgem!! E como elegante ficava debaixo dele. Que pena! Já não cabia naquele lindo camisolão de pure wool com uma etiqueta de garantia de qualidade de onde saltava um novelo de lã estilizado em sintetizados traços. E aqueles borbotos! O que era aquilo!? O lindo camisolão  borbotado e até um pouco desbotado tolhiam-lhe os movimentos concedendo-lhe uma ar de anhuca.

Tristemente olhou para a sua bela máscara e uma fina camada de orvalho revistia o interior. Consegui ver o reflexo do seu rosto naquela película de frio. Riu-se às gargalhadas até chegar às lágrimas. Que triste figura! Sentiu-se tão ridícula  com aquele ar desconsolado que passou aconchegar-se a gosto naquele grande borboto que outrora fora um camisolão de pure wool. Correu um pouco na tentativa do  alargar, nem que fosse só um pouquinho. Depois até que se sentiu bem. Mas quando chegasse o calor tiraria delicadamente o camisolão para outras ocasiões. Quem sabe ele iria alargando aos poucos? Nada como tentar!

a piu
Br, 29. 07. 2013

sexta-feira, 26 de julho de 2013

MARIETTA BADERNA






"Marietta Baderna, nascida em Piacenza, em 1828, filha do médico e músico Antônio Baderna. Conforme o professor Ari Riboldi, especialista em termos e expressões da língua portuguesa, Marietta, ainda adolescente, tornou-se famosa bailarina, com muito sucesso na Itália e países europeus vizinhos, como a Inglaterra. Nesse período, a Itália passou por conflitos internos e ficou dividida, com parte de seu território sob dominação da Áustria. Graças ao sucesso de sua arte, a bailarina teria contribuído com recursos para a causa da unificação de seu país.
Para escapar da perseguição política, em 1849, Marietta e seu pai refugiaram-se no Brasil, fixando residência no Rio de Janeiro, lugar ideal para a família Baderna prosperar. O Brasil vivia o regime imperial. "A bailarina começou a apresentar-se no Teatro Imperial e logo conquistou uma legião de fanáticos fãs, especialmente entre o público mais jovem", conta Riboldi. Talentosa, de espírito rebelde e contestador, a artista ganhou muitos admiradores.

 Logo, porém, começou a sofrer a perseguição dos conservadores e moralistas. Para eles, a bailarina italiana representava um perigo ao futuro das novas gerações, um mau exemplo. "Ela vivia com um artista sem estar formalmente casada. Além disso, incorporara em seu repertório clássico músicas e coreografias de origem popular brasileira e africana", explica. Começou a ser rejeitada pelos empresários e suas apresentações ficavam reduzidas em tempo e em segundo plano. Os seus fãs, já conhecidos como baderneiros, protestavam batendo os pés no chão e intrrompendo os espetáculos. Ao término das apresentações, saíam pelas ruas da cidade batendo os pés e gritando o nome da artista.

 Prevaleceu a vontade dos conservadores e os bons costumes foram salvaguardados. Marginalizada e para muitos tida como prostituta, não coube a Marietta Baderna outro destino: com o pai voltou para a Itália e sua carreira entrou em decadência. "Dela ficou como legado a ousadia de afrontar as ditas regras sociais e bons costumes e a palavra baderna, registrada como sinônimo de bagunça, confusão, desordem pública", explica o professor.

 Dez ´vadias´ históricas do Brasil:
http://xicosa.blogfolha.uol.com.br/2012/05/26/dez-%C2%B4vadias%C2%B4-historicas-do-brasil/

ÁGUA DE COLÔNIA DE FRAGRÂNCIAS VÁRIAS ou NOVOS E VELHOS MUNDOS


-Ah se eu pudesse ter escolhido teria escolhido ser colonizado pelos ingleses ou franceses.Sim, porque seria muito diferente! Completamente diferente! Seriamos muito mais evoluídos! Seriamos um país como a USA.
-Sim, é melhor não citar a África do Sul, tampouco o Haiti.
- Fomos colonizados pelos portugueses e foi nisto que deu. São boa gente, mas são lerdos.
- Hmmm compreendo. Pensando a fundo a sua lerdice ela é explicada de uma forma bem sintetizada. Muitos dos portugueses que para cá vieram as suas origens eram humildes, de um país que na época era bastante rural, pobre e analfabeto. Como na Itália. Só que Portugal é mais pequeno e isolado.  Mas olhe que esses traços não são muito diferentes de algumas pessoas daqui que emigram para Portugal para tentar a sorte. Mas chamar-lhes de lerdas é demais, apesar de serem alvo de preconceito também. E de forte e ofensivo preconceito. Nem queira saber! São os fenómenos migratórios. Tá a ver? Mas diga-me uma coisa, O senhor é descendente de quem?
- Meu avô era italiano da parte do pai, minha bisavó da parte da mãe era alemã, minha avó da parte da mãe era portuguesa, meu avô da parte do pai era espanhol...
- E tem índio  ou negro aí no meio?
- Que eu saiba não, mas deve ter.
-Então. pelo que vejo o senhor é que é descendente do colonizador e que deu continuidade a esse projeto.
-Ah mas foram os portugueses!
- Mas acabou-me de dizer que a sua avó materna era portuguesa e tudo o resto eram europeus. Logo, vieram para cá, logo, logo. Entende? Seria bom podermos voltar 500 anos atrás e fazer tudo de novo. Ter sentido de viagem, na mesma, mas e curiosidade efetiva pelo desconhecido e pelo outro,mas sem sentido de explorar o outro, de aniquilá-lo. O que se tem feito até então, desde os nossos trisavós até à data, é dar velhos e caducos mundos ao novo mundo.

A piU
Br, 26. Julho.2013



quarta-feira, 24 de julho de 2013

DECLARAZÕES. AI DECLARASSÕES! AI DECLARAÇÕNS


Eu, Ana. Eu, Piu. Eu, Ana Piu. Eu, eu declaro que toda e qualquer publicação minha é de domínio público com a devida citação da autora, vulgus de mim. Por motivos de ética óbvia, já que as coisas dão trabalhinho a fazer e não é justo que nos apropriemos da criação, do trabalho,  ideias e provocações alheias sem a devida consideração em citar e não plagiar. Deixarmos nos inspirar sem plágio. Declaro ainda que toda e qualquer verborreia minha são pensamentos, inquietações que não se pretendem verdades absolutas e sim partilhas para possiveis diálogos, já que estes andam tantas vezes por baixo.
Declaro ainda que qualquer exposição minha é logicamente de minha inteira responsabilidade, que não temo recolhas de informações por olhares alheios e espiolheiros. Declaro que me borrifo para ilações precipitadas sobre a minha vida. O que como, o que visto, do que gosto ou deixo de gostar, do que acreditar ou duvido. Declaro ainda que me borrifo para as ilações abelhudas de vidas intimas latentes, pois toda e qualquer declaração de amor que eu possa fazer on line farei com a devida privacidade e já agora aviso que fazer declarações amorosas em canone é areia de mais para a minha camioneta. O meu coraçõazinho de pássaro despassarado não aguenta! Declarações de amor e carinho não é como o pó Tang de Laranja Limão que basta juntar água e sacudir! é uma coisa mais! Mais profunda! Sou antiquada. Eu sei! Não me importo. Não considero as pessoas como copos descartáveis de mega concertos rock. Sorry! Declaro que os bons amigos são para se guardarem no coração e que há bons amigos que não são bons namorados e que os bons namorados são bons amigos. Em suma, declaro que toda e qualquer publicação minha é pública e que a privacidade como o próprio nome indica fica na privacidade. Declaro que não coleciono amigos e que os cultivo. Os amigos são para se cultivarem e se trazerem na ponta dos dedos. Declaro que não faço questão nenhuma de ter na minha lista de amigos pessoas xenófobas, de humor duvidoso que ao invés de se rirem de si, riem-se do outro, desvalorizando-o para se valorizarem. Declaro que não tenho paciência para publicações moralistas, aquelas que as pessoas descarregam toda a sua ira falando o que o outro deve ou não ser e fazer, e que não dá para confiar nas pessoas etc e tal. ufffff Também não tenho paciência para a maledicência, muito menos para bate bocas de ofensas pessoais. Declaro que quando a mostarda me chega ao nariz estrebucho. Declaro que mesmo assim curto estar na boa. Bom, declaro que as redes sociais podem ser fenomenais desde que sejam usadas numa boa, de forma construtiva, desconstruindo castelos de certezas, desconstruindo-nos.E! Nos não nos levarmos demasiado a sério! Sermos leves sem sermos levianos.  Sermos Fuck you! sem sermos boçais. Declaro ainda que!... Declaro ainda  que!... que não tenho mais nada para declarar.

a piu
Br, 24 de Julho 2013

terça-feira, 23 de julho de 2013

MULHER

Amadeo de Sousa Cardoso
Esta mulher é uma mulher. Esta mulher é também um homem. Uma mulher homem. Sexuada, assexuada. Esta mulher é uma pintura. Esta mulher é real. Tem vida própria. Faz escolhas. Relaciona-se. Umas tantas vezes castigada por ser mulher, outras por não ser, por não querer ser o que se espera. Castigada por escolher, por fazer escolhas. Do ventre desta mulher ela escolhe que saiam outros seres com vida própria. Também escolhe que não saiam. As suas escolhas assustam!
E o medo gera o ataque, o estigma, o preconceito.
Esta é mulher é uma pintura que se faz circular a si mesma e em espirais se relaciona. Não se cataloga. É. E Ser tem um preço, tal como a recusa de se Ser. Tudo tem um preço. Qual o preço que esta mulher escolhe quando escolhe e não escolhe? Qual o preço da não  possibilidade de escolha? Qual o preço de romper com essa não possibilidade? Esta mulher é um pintura em movimentos circulares. Só se assusta quem escolher assustar-se. Há sempre possibilidade de escolha mesmo na impossibilidade aparente.

a piu
Br, 23. Julho. 2013

Cântico negro

imagem: Amadeo de Sousa Cardoso

















"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio
, pseudônimo literário de José Maria dos Reis Pereira, nasceu em Vila do Conde em 1901. Licenciado em Letras em Coimbra, ensinou durante mais de 30 anos no Liceu de Portalegre. Foi um dos fundadores da revista "Presença", e o seu principal animador. Romancista, dramaturgo, ensaísta e crítico, foi, no entanto, como poeta. que primeiramente se impôs e a mais larga audiência depois atingiu. Com o livro de estréia — "Poemas de Deus e do Diabo" (1925) — apresentou quase todo o elenco dos temas que viria a desenvolver nas obras posteriores: os conflitos entre Deus e o Homem, o espírito e a carne, o indivíduo e a sociedade, a consciência da frustração de todo o amor humano, o orgulhoso recurso à solidão, a problemática da sinceridade e do logro perante os outros e perante a si mesmos.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

SÓSIO! OH SÓSIO! É SÓ UM SÓSIA

Eu cá desconfio que sou sósia de um monte de gente em muitas partes do mundo até. Há sempre alguém que comigo se cruza e me cumprimenta como se me conhecesse. Simpaticamente retribuo o gesto. O pior é quando me tratam pelo nome e com uma certa familiaridade conversa sobre episódios passados em comum. Oooooops a minha alguma distração por vezes não me relembra que me cruzo por centenas de pessoas em momentos de cumplicidade. Maaaan mas tou sem o figurino e estou de cara "limpa" sem nariz vermelho!... Bom, adiante!... Temos sósias e alguns de nós não retemos todas as caras e rostos, mais os respectivos nomes e episódios!...

Na padaria os donos, onde tem um belo e estaladiço pão, são donde? São donde? Ahhhhh acabou de ganhar uma torradeira elétrica multi funções! Portugueses, claro, mas com sotaque brasileiro!

O Rio de Janeiro prepara-se para receber o papa. O português da padaria comenta num sorriso maroto:"Ah quem vai é um sósia! Vai de carro aberto para mostrar ao mundo que não tem violência no Brasil! E se for morto ainda é santificado!"
Num repente viajo décadas, viajo até à época que o príncipe Carlos casou com a princesa Diana e no ano seguinte o papa João Paulo II sofreu um atentado no paízinho de brandos costumes. Em chegando a Portugal e foi direto onde? Foi direto a onde? Aaaah acabou de ganhar um espremedor de laranjas, semelhante à instrumento de tortura que a Santa Inquisição usava para espremer cabeças de hereges.

E a conversa com o português da padaria continua. Vai daí que falo:" Mas se a memória não me falha foi um padre italiano que atentou sobre o padre que por milagre de Fátima não sucumbiu!" Ainda bem que a Santinha apareceu aos pastorzinhos quando o demônio vermelho e russo de foice e martelo já galgava. Muito cuidado! O czar tinha caído lá para aquelas bandas e agora caiam os reis na santa terrinha! Vá de retrô satanás que esses republicanos não são de fiar, muito menos os anarco sindicalistas!

Logo logo o português da padaria falou que não que não tinha sido um padre italiano e sim um muçulmano vestido com uma batina católica!! BINGOOOOO! A culpa é do mouro! Do sarraceno! Aliás, a mim me encanta deveras aqueles regionalismo portugueses onde o pessoal do norte chama ao pessoal do sul de mouros com alguma entoação pejorativa. Da minha parte estejam à vontade! Podem-me chamar moura! Se a minha casa em Lisboa situa-se na Mouraria, por outro gostaria de conhecer melhor a passagem dos mouros pelo território luso, coisa que a História oficial não conta. Não interessa. Como também não interessa remexer muito nas atrocidades da Igreja desde a Santa Inquisição até às atrocidades cometidas atualmente. Pedofilia, negligência espiritual quanto ao uso do preservativo nas Áfricas, Europas, Américas, Ásias e Oceanias são obra do diabo.
Na internet confirmo que o sujeito que atentou sobre o papa em 1982 em Portugal era um papa integralista.

Na tv a globo o repórter fala dos manifestantes no Rio como :" Os vândalos" Outra vez BINGOOOOOO.

Só me resta perguntar quem vandaliza quem. Mas ATENÇÃO! Esta imagem é photo shop! E o rapaz, este tal de Bento que teve ligações com o nazismo já passou a bola ao argentino que teve semelhantes ligações com a ditadura militar argentina. Mas não vos deixeis cair em imitações!!! Porque a culpa é sempre do outro, daquele que eventualmente é igualmente fundamentalista.  O narcisismos das pequenas diferenças. Mas bora lá dar as mãos e chorar que alguém nos virá salvar! E tudo o Bento levará! Por supuesto!

A MEN


EGON

Sou um cara de cara retorcida e enxovalhada.
Amo e desenho a minha namorada

Olho de frente e de revés.
Meto as mãos onde deveriam estar os pés.

 Sou um cara intimidatório
 porque, descarado, assalto o dormitório.

Figuro e transfiguro
o que para muitos não é puro

Enfio as mãos na moral
Tudo rodopia num vendaval!

Sou o que sou
Com amor, com dor, com sabor, com horror


Sou intimidatório
porque com o meu pincel assalto o dormitório

Um vendaval
fenomenal
na moral
fatal


A piU
Br, 18. Julho de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

MARX E TROTSKI MORRERAM, CRISTO TAMBÉM. AGORA SEREI FIDEL A QUEM?

Coitado do Trotsky que morreu como uma árvore amazônica. Uma ferida enorme na cabeça e nem a Frida o pôde abraçar no aconchego do seu corpo vulnerável e resistente. Coitado do  Trotsky que foi morto por um capanga do camarada Staline. Coitado do Trotsky que é citado como se este tivesse escrito a "Alice no País das Maravilhas". Coitados dos trotskistas atuais que numa viagem sem retorno falam de proletariado e burgueses como se fosse um filme de western de bons e maus. Só me questiono de que lado eles se colocam... Ahhh, não! Claro! Pergunta absurda! Eles são da ala dos burgueses engajados com as questões do proletariado. Só me pergunto, então, em que século e milénio vivem. Ahhhh não! Eu não estudei Trotsky a fundo nem vou aos plenários da bolha, do nicho politizado de panfletos e pouco mais. Ahhh não! Porque a vida de todos os dias não interessa para nada mesmo. O que interessa é o pessoal da bolha conjecturar sobre o proletariado das fábricas dos ténis nike que o pessoal calça. Ai que bota difícil de descalçar esta a da incongruência.

Ai o Marx! Ai o Marx! Ai se o rapaz fosse vivo será que ele iria curtir os marxistas? Por vezes parece que há uma imensa necessidade de se ser carneirinho e transformar qualquer teoria em dogmas absolutos. Enfim, uma missa cantada. Depois quando a missa, por algum motivo, falha. Aiii deus meu! Está tudo perdido!! E agora em quem acreditar? Deus?!... Falei Deus! Ai a terrível incongruência! Mas o Jesus Cristo era um rapaz que ao que parece fixe bacana. Ai as instituições e as suas bíblias e corões que deturpados alimentam o galifões.

Ai vou ali mas é fumar um cigarrinho... Ai um Lucky Strike! Ai que azar! Um cigarro "amaricano" e agora a minha congruência?!... Aiiiiii Marx e Trotsky morreram, Cristo também. Agora serei Fidel a quem?! Sinto-me tão castrada na minha fidelidade... Aiiiiii! Quem me salvará?! Aiiiii!

A piU
Br, 17 de Julho de 2013



terça-feira, 16 de julho de 2013

O SOM DO SILÊNCIO

Harmonias, dissonâncias, notas curtas, prolongadas. Notas promissoras de sonhos, notas reveladoras de dores. Notas e notas se conjugando. Notas cansadas. Suspensão. Pausa. Suspensão na inspiração. Na expiração uma pausa. Silêncio. O som do silêncio numa travessia ao mais recôndito de nós. Cansaço. Descanso. Reconfiguração das notas por terra. Folha por escrever. O som do silêncio no vazio da folha. Folhas retumbantes. Um enorme eco do silêncio no vazio da folha por reescrever. Pontas do dedos segurando com leveza os dias escamoteados, segredando às longas horas vividas que nada é em vão, que leveza não é o mesmo que leviandade.
Vazio preenchendo o espaço. Silêncio musical como bálsamo, como inspiração para a expiração. Música do silêncio. Ação no vazio do mais recôndito de nós.

a piu
                                                                    Br, 16. Julho de 2013

ESPERA



Esperou aquele momento. Anos e anos esperando aquele momento. Cada contorno, cada detalhe. Um traço, um calor, uma respiração, um brilho, um riso de entusiasmo. Como seria? O seu cheiro, a sua textura. Como seria? Esperou sonhando. Vivia sonhando e esperando. Imaginando, expectando. Já não sentia ansiedade ao esperar. A cada sinal rejubilava. A cada sinal o calor do seu estômogo cócegava o ânimo. Como seria aquele instante? Quanto tempo duraria esse instante? Um instante evaporável ou instante perpetuado pelo querer, pelo esperar ser e ser? O instante veio. O instante foi. Os contornos desenharam as lembranças dos pequenos detalhes. Do encontro restou o instante da espera prolongada. Um doce amargo adocicado pelo tempo perpetuou-se no momento embalsamado por pequenas gotas lacrimais.
 
a piu
br. 16.07.2013

VEIO DE MANSINHO



Veio de mansinho, franzino, de olhos rasgados. Silêncioso de olhar tranquilo veio. Foi-se instalando no peito de quem o recebia. Veio se propondo. Veio de passo leve e de coração sarado pelas dores de horrores. Sem falar, sem comentar veio preenchendo o vazio pleno de ruido com vazio pleno de respirar. Veio num veio de rio e riu tranquilamente. Veio de leve, leve pousou, leve sobrevoou e foi ficando, rasgando o espaço e os silêncios, preenchendo silêncios com outros silêncios deixando que o deixassem ficar.
 
a piu
br, 16. Julho.2013

segunda-feira, 15 de julho de 2013

A ERUDIÇÃO

Dentro do padrão da erudição não há lugar para a humanização.
Terá então a humanização um padrão ou irá sempre na contramão?
Se a erudição debate a contramão e até mesmo a humanização, onde fica guardada toda essa discussão? Sai do galpão? Liberta-se por entre as frestas do alçapão ou apenas fica retida numa ou outra mão?

A piU
Br, 15 de Julho de 2013

INSULIDARIEDADES

Vieira da Silva

Prefiro deixar desmoronar, a me entregar,
Prefiro não ter, do que permitir-me ser.
Prefiro deixar morrer, do que me comprometer.
Prefiro não preferir e aos poucos sucumbir.

a piu
Br, 15 de Julho de 2013

CONFUZESES

Pablo Picasso
Um dia confundi-me.
De  mim própria fiquei tão confusa que de mim me tornei musa.

Outra vez me encontrei, mas logo me perdi.
Perdida ando por me achar.

Agora ando cansada.
Preciso de dar uma parada.
Retomar energia e de novo sentir alegria.

a piu
Br, 15 de Julho de 2013


ATÉ QUANDO

Egon Schiele
És capaz de esperar?
Sou capaz de esperar.
Até quando esperarás?
Até quando esperarei... Até quando não perder as forças, os laços, os abraços.
Esperas o quê?
Espero-nos.

a piu
Br, 15 de Julho de 2013

FOLHA BRANCA

Pronta para ser inscrita amassada foi, amarrotada ficou
Folha branca com um pequeno traço logo embolada ficou.
Ao vento vai. Ao vento voa. Novas formas, novos arquejares virão até os vincos se amaciarem.

a piu
15 de Julho de 2013

sexta-feira, 12 de julho de 2013

PÉ NA TZÉ TZÉ

As pálpebras insistiam em fechar. Uma sacudidela de queixo e as sobrancelhas abanavam. O queixo baixava e um fio de baba vinha cair no joelho. As articulações moles, dormentes, adormecidas tinham um pequenos esticões durante esse sono que se instalava. De pálpebras semi cerradas a cabeça desenhava círculos e linhas retas. O corpo rendido caiu no chão e no chão ficou. Um ronco ecoou. O mosquedo assutou-se. Aniel aqui, Aniel ali. Mais as Glossinas. Todas juntas picando o pessoal! Uma pouca vergonha!
Picada daqui, picado dacolá veio um pé e espantalhou a mosca tsé tsé. Outro ronco ressonado fez-se ouvir nas redondezas e logo uma vozinha catita grita"Não hesita! Não hesita! Fora com a parasita! Já me tou a passar da marmita com toda esta gente que dormita! Chita daqui pra fora ó parasita! Que esta gente é mais, mas muito mais bonita! Ouvistes" ó parasita!?""

A piU
Br, 12 Julho de 2013

quarta-feira, 10 de julho de 2013

LIBERDADE LIBERDADE


AS LENTAS DA JOPLIN

Que óculos usaria hoje a Joplin? Como seria ela? Malucaça ou uma avózinha simpática de cabelo pintado de roxo ou de ruivo como a Rita Lee? Envelheceria como o Mick Jager, o David Bowie, a Rita Lee, sem esquecer o Iggy Pop? Um passar de anos com ginga. Como olharia o mundo? Com as mesmas lentas do Peace and Love ou seria uma devota de Deus e Jesus como a Nina Hagen, que neta de judeus mortos em campo de concentração e filha de ateus se converteu sem perder a sua excentricidade?  Como Joplin enxergaria o mundo com um dos seus olhos estrábicos como a Elis? Que lentes colocaria? Olharia o mundo como o olhava há 45 anos atrás ou andaria de Mercedes Benz? Mover-se-ia de principios alternativos ou seria uma relaxadona que não esconderia de ninguém o que seria ou deixava de ser? Seria fiel aos seus principios? E o que é ser fiel a principios?
Um vez fui numa praia, perto de Salvador da Bahia, que dizem que Joplin passou por lá. Praia de Arambepe.Não a encontrei por lá... Paciência... Mas gostava de saber o que ela hoje pensaria de tudo isto. Ela e outros da sua turma.

a piu
Br, 10 de Julho de 2013

sexta-feira, 5 de julho de 2013

ERA DO NÉON

Passamos o tempo em fantástica tagarelice. Tagarelamos que tagarelamos. Tagarelamos embutindo o espaço, o vazio de ruído que consideramos pensamentos, informações importantissimas ao bom andamento do viver. Falamos do que comemos ontem, do que não vamos comer hoje, do que vamos comer amanhã. Falamos da vizinha que não é igual a nós, falamos que tudo vai mal, falamos de tudo e de nada. Paroles, paroles. Entontecidos andamos de tantas imagens, de tantas ideias loucas e ocas. Medrosos de escutar o silêncio dizemos banalidades, somos vulgares uns com os outros achando que nessa vulgaridade somos frontais. Esquecemos-nos de nos escutar, de nos tocar. E corremos atrás de uma felicidade, fugindo nós. Não nos permitimos encontrar. Temos medo de nos perder. Não nos permitermos ser, nem estar. Enchemo nos de ruído sonoro, visual para não nos sentirmos sós porque a solidão nos assusta.. Assusta tanto que receamos ir ao encontro do outro, porque prefirimos não desiludir, preferimos não mostrar as nossas faltas de cabimento, preferimos não decepcionar para que as expectativas não se desvaneçam. Com medo da solidão, vivemos sós, cheios de gente, coisas e mais coisa à nossa volta. Daí vai que fala, que diz que conta que... que... que... qu... q..
Inês d'Éspiney
nos cansamos de nós mesmo, mas há que manter a onda. Vivemos na era do neon, do bom e do mau tom e de muito som que umas vezes é bom, outras ruído. Um dia descobrimos que não sabemos respirar. Das duas uma: ou paramos e nos redescobrimos ou continuamos ofegantes e tagarelantes, um tanto impectantes. E?... E então?