sexta-feira, 24 de novembro de 2017

CARTA ABERTA AO JOÃO RICARDO

Querido João Ricardo, as redes sociais são do camandrio. Em abrindo a janela o mundo já está aí com novidades mais e/ou menos agradáveis. Bem sei que muitos acham uma parvoíce completa escrever a quem bateu às botas. Pronto... Eu assumo a minha parvoíce. Tenho me dedicado na arte da parvoíce e já está. Tu também. Sei que és um grande parvalhão. Bom ator, bom palhaço, bom bufão, bom diretor. Então os parvos vão-se inspirando. Sabias que aqui há uns dias eu também Ia batendo a bota botilde? Ah pois! No caso perdi a sandaloca enquanto era levada rua abaixo com o temporal, tal qual parque aquático. Tipo Splash and Water. Uma granda lócura! No momento nem tive a dimensão do perigo que corria. Isto para dizer que a qualquer momento podemos ir desta para melhor. Por isso que descanses em paz e  que a única certeza é que um dia todos vamos; quer queiramos quer não.

Então, deste jeito maneira a mim enfastia-me um pouco o culto da tristeza exacerbada. Aqui para nós, pois sei que se ouvisses esta irias achar graça. Não sei se outros acham, essa também é outra: ainda ando a entender quais as nuances do humor local e universal. Mas escuta esta: a carpidice e a tristeza exacerbada perante a morte é uma masturbação emocional. Não achas? Eu acho! Ufa. Prefiro aquelas culturas que ficam dias a fio em festa a comer, beber, cantar e dançar.

Sabes qual é a diferença entre tragédia grega e tragédia humana? É que a tragédia grega é feita por deuses, logo imortais. Já na tragédia humana, a morte é a apoteose da mesma quando esta é inesperada com contornos menos positivos. O que é fatal é sempre, de algum modo, trágico. Mas se dançarmos para que o céu não nos caia em cima podemos nos tornar espirito esvoaçante do céu, como a Nina Hagen canta. Isto com ismos fanáticos à parte. Que esses... é para quem não esvoaça livremente. Que o teu espirito esvoaçe livremente pelo espaço sideral e atravesse os tempos deixando memórias coloridas.

Ah outra! Para te rires: sabias que outro dia apresentei um pequeno número da minha palhaça diante Gardi Hutter e da Nola Rae. Borrei-me toda, no sentido metafórico da questão. Claro! :/ :D Imaginas a cena mais flop do mundo, mas sem gracinha nenhuma por falta de ritmo e prazer? Só queria fugir. Ahahahaha. Assim vai a vida de nós, os parvos e as parvas.

Até mais João Ricardo ( 27 de Maio de 1964// 23 de Novembro de 2017)

A Piu
Brasil, 24/11/2017



ilustração: Paula Rego

REESCREVENDO A HISTÓRIA

Eis-me aqui na cidade de Campinas, no estado de São Paulo. O último reduto da escravatura. O último lugar da América a abolir a escravatura. Não significa, porém, que o racismo tenha acabado e que as relações de vassalagem se tenham erradicado por completo.
Nascida em Lisboa no ano da graça do senhor de 1973, faço parte da primeira geração de crianças do pós colonialismo português. Provavelmente fosse um escândalo na época da minha mãe uma branquela da metrópole unir-se e ter filhos com um negro com uma visão emancipatoria, pelo menos da parte da mulher. Não podemos, igualmente, fechar os olhos ao facto do machismo ser transversal às etnias, grupos culturais e sociais.
Como mulher, cidadã do mundo, nascida e criada no continente europeu não posso negar as minhas origens e o significado ancestral do que é ser português ou portuguesa no Brasil ou nos países africanos que viram a sua independência em 1975. Sinto muito do fundo do coração toda essa boçalidade que foi e é o projeto imperialista e colonialista. Não se justifica em nenhuma das vertentes. Nada justifica o saque, o desrespeito e a destruição de identidades e povos.
Eu entendo que no Brasil haja essa necessidade tão forte de afirmação da negritude que muitas vezes nem querem ver os branco por perto. Pois até hoje ser negro é ter voz muito abafada e uma desconsideração latente. Assim como as mulheres aos poucos vão ganhado o seu espaço. Mas quando se atentam a colocar em causa a lógica patriarcal são tidas como loucas e até mesmo rechaçadas.
Por exemplo, se pesquisarem no you tube sobre a obra da pintora portuguesa Paula Rego vão-se deparar com uns comentários duma homenzarrada que é de bradar aos céus.
Na verdade, muito honestamente, não posso nem quero ser porta voz do povo português neste dia tão significativo no Brasil. Isto porque sinceramente a maioria de "nós", não todos claro, é arrogante e racista em maior ou menor dosagem. Isso é constrangedor. Mas ainda há tempo de tod@s nós fazermos um trabalho de limpeza interior e expandir a consciência.
Para finalizar, gostaria de homenagear o povo ameríndio, nativo primeiro deste território, e publicamente afirmar o quanto me sinto honrada pela oportunidade de toda amorosidade espiritual que tenho recebido nas figuras de pajés; tanto homens como mulheres.
Que nos possamos rir dos senhores em todos os anos da graça do senhor e que a vida seja pautada por gentileza, amorosidade, respeito, empatia, riso de criança livre e alegria de honrar a vida.
A Piu
Brasil, 20/11/2017
dedicado ás minhas filhas

Foto de Ana Piu.
Foto de Ana Piu.

" UM BURACO NO CÉU" TEATRO BALBINAS BEDUINAS COM ANA PIU - published slideshow details

PhotoSnack | " UM BURACO NO CÉU" TEATRO BALBINAS BEDUINAS COM ANA PIU - published slideshow details

quarta-feira, 1 de novembro de 2017

PALHAÇAS SORORIADAS SÃO MAIS FIRMADAS! PALHAÇAS COOPERANTES E NÃO COMPETITIVAS ESTÃO MUITO MAIS UNIDAS!

Foto de III Encontro Internacional de Mulheres Palhaças em São Paulo.

III Encontro Internacional de Mulheres Palhaças em São Paulo 

15h – Palco de RUA (Direção: Cida Almeida) - Largo do Paissandu (centro de SP)
Classificação etária: livre
Duração: 60 minutos
Sinopse: O Palco de RUA é uma atividade nova no Encontro Internacional de Mulheres Palhaças –SP, esta programação artística vem contemplar as mulheres palhaças que desenvolvem seus trabalhos na Rua como espaço cênico. Neste palco/picadeiro reuniremos palhaças de diversos estados do Brasil, com: