terça-feira, 30 de setembro de 2014

SOU O QUÊÊÊÊIIIIII?

Pessoal! Isto é assim, pá! Tenho vindo a pensar, pá, nestas questões, pá, das redes sociais, pá.
O blog vai que não vai. Ah pois! Eu sou uma mulher moderna, pró ativa, engajada na contemporaneidade. Sou blogueira! Talvez não tenha tanto impacto visual e não tenha de promover a página, como a malta do face book quer para ganhar uns trocos, mas curto escrever no blog. E o que publico no blog publico no face. Ora no face é sempre aquela coisa dúbia que parece que é uma indireta, um recado para alguém. Enfim, o face dá azo a isso. Fazer o quê? Encolher os ombros e dizer numa melodia The Clash: Should I Stay should I go que agora que tenho quarenta e UM anos e sou maior e vacinada que escrevo o que acho por bem escrever e já tá. Ah sim! Que eu sou do bem! Nunca esquecer disso!

Escrever é como estar em cima do palco, logo tentamos fazer da nossa vida uma obra de arte se não for pedir muito.

Certa vez, há uns vinte anos atrás sem tirar nem  pôr, tentei viver num Berlim onde ainda se sentia a divisão do muro. Estava eu muito bem na  parte da ex RDA, entre Okupas e não Okupas, num barzinho revestido a saudosismo do antigo regime e alguém me perguntou se eu era red skin. Dei um salto para trás, paralisei e depois abri os olhos curiosos e perguntei o que era. Nessa época ainda não havia internetes como agora. E como sou do século passado do milénio que passou e ando a estudar para velha gaiteira aqui deixo mais uma citação do bem, duma punk do bem. Aliás! Uma natureba  punk. Aliás!! Aliás! Uma punk natureba do bem! Que dá saltos como o Conan, o rapaz do futuro.

"Fique longe da meditação, ela poderá revelar a sua insegurança básica de não se sentir amado, ou ainda lhe mostrar que sua sexualidade nunca foi uma comunhão amorosa e sim uma masturbação a dois, cada parte isolada da outra e de si mesmo. Talvez descubra que seu gozo não é um gozo, mas sim, um escapismo para afogar a angústia de levar uma vida sem sentido e sem afeto. Talvez lhe fique claro que é o seu desejo mais profundo e, caso lhe tenham incutido a ideia de que ele é pecado. você terá de escolher entre vivê-lo ou mantê-lo de castigo no quartinho das frustrações. A meditação mostrará que a vida lhe cobrará os dons que foram semeados entre espinhos e pedregulhos. (...) Se não quiser trabalhar na construção de um mundo mais justo e pacífico, então fique longe da meditação, mas também saiba que estará longe de si mesmo." (Diógenes Mira)

Ana Piu
Br, 30.09.2014

Redskin no contexto da subcultura skinhead, é um skinhead esquerdista comunista ou socialista. Este movimento surgiu em oposição ao movimento bonehead que estava se desenvolvendo no mesmo período.
O termo é uma combinação da palavra red (uma gíria usada para socialista ou comunista) com a da palavra skin que é um termo curto usado para skinhead. Os redskins tomam uma posição anti-fascista e militante (por vezes revolucionários) da classe pró-trabalhadorada. A mais bem conhecida organização associada aos redskins é a Red and Anarchist Skinheads (R.A.S.H.). Outros grupos que tem membros redskins incluem a Anti-Fascist Action (AFA), Red Action e a Skinheads Against Racial Prejudice (S.H.A.R.P.)(embora não tenham uma ideologia oficial de esquerda). Bandas redskins associadas incluem: The RedskinsAngelic Upstarts, Blaggers I.T.A., Skin Deep, Kortatu, Skalariak, Banda Bassotti, The Burial, Negu Gorriak, Núcleo Terco, Brigada Flores Magon, Inadaptats, Opció K-95, Los Fastidios e The Press. Uma gravadora associada com a subcultura é a Insurgence Records. (wikipédia 30.09.2014)

VERDADES PLANETÁRIAS

O que é a verdade e mentira sempre soa aquela coisa do bem e do mal. Uma espécie de maniqueísmo do género tipo assim: Gostas mais do pai ou da mãe?  Ou até mesmo: És de esquerda esquerda, esquerda centro, esquerda centro a dar para a direita ou esquerda direita e troca o passo? És dos meus ou és ateu? És assim ou és assado? Vives com os olhos postos no passado e pensas no futuro?

E o presente que o presente nos dá?

Mas afinal o que é isso da verdade? Aliás, Verdade com V grande! Abro aquele livrinho de meditação que convida à prática da simplicidade, à escuta da batida cardíaca sem que venha algum barbudo ou até mesmo imberbe dizer:" Venham! Venham! Este é o caminho da luz!"

Somos feitos de luz e sombras. Isso é maniqueísta? Hmmmm Uma pintura ou uma foto é feita de luz e sombras com nuances, tonalidades, intensidades mais suaves ou mais densas. A lua é sempre a mesma, mas ora cresce ora míngua. Ora eclipsa ora ilumina. Assim como o sol, dependendo de como se posiciona.

Muitas vezes caminhamos sombriamente em dias de esplendoroso sol, brilhamos também quando parece que nada se vislumbra. Somos o modo como nos iluminamos por dentro e esse trabalho é só nosso, interno, solitário para que com paciência rumemos à nossa Verdade. A verdade do aqui e aqui. do aqui e agora, despojados de sentimentos negativos que nos aprisionam. No positivo somos música por dentro.

Uma coisa sei bem que é verdade os Pink Floyd são muita booons. É UMA VERDADE PLANETÁRIA! Eh eh eh Escuta-los é incansável desde as voltinhas de carro pelos "caminhos de Portugal onde eu vi tanta coisa linda vi um mundo sem igual" na pré adolescência com as tais cassetes, assim como o ritual de limpar e virar o LP no velho gira discos,  até às horas de trabalho em frente ao computer com o you tube à mão de semear.

Volto a abrir o livro de meditation: "Fique longe da meditação caso você tenha maior apreço pela escuridão do que pela luz, se a venda que encobre seus olhos, impedindo sua visão clara e ampla, lhe é confortável ou até mesmo natural; se a cegueira interna é tomada por visão, porque a meditação colocará fim na argumentação, mesmo que ela soe lógica e razoável. Não é possível mentir para o próprio coração, e meditar é acima de tudo, sentir." (Diógenes Mira)

Ana Piu
Br, 30.09.2014



segunda-feira, 29 de setembro de 2014

VIAJANTE E A SOLIDÃO

passou por uma estrada

por um caminho

por um ermo

pela avenida grande

viu muita gente

não viu ninguém

na noite escura escutou a batida do seu coração

as estrelas cadentes deixaram rastro de memórias do que nunca chegou a acontecer

passou por um muro onde estava inscrito: "Abrace a solidão. Lá, você é você."

levou tempo a entender com o coração o que há muito já entendera com a cabeça

continuou a caminhar

um tucano atravessou-se na sua frente logo de manhã bem cedo

ficou feliz

o cão antes de comer pediu carinho

comoveu-se

os gatos são esquivos mas também pedem carinho

voltou a comover-se

abraçou a solidão que não era nem um bicho de sete cabeças nem o fim do mundo

era sim o principio do inicio do sentido que faz o encontro com outras solidões

o vento quente bate nos calcanhares

a chuva quase refresca

a solidão, pensou enquanto viajava, é o reencontro de algo mais profundo que o fazer de conta que não estamos sós

dançou com os pés descalços sobre a quentura da chuva

"estar só é escutar a batida do coração e tentar agarrar estrelas cadentes quando acabamos por nos abraçar  a nós mesmos.

não está mal",

pensou num pulsar de coração.

Ana Piu
Brasil, 29.09.2014


'O Viajante' (The Traveler), placa ceramica 14x14 | Paula Rego

DESTROÇOS ENCONTRADOS NO QUINTAL DE UM DESENHO DE UMA NINA, DEGUSTADO PELO FIEL CACHORRINHO QUE TANTO APRECIA OBRAS DE ARTE



Mandei-lhe uma carta
em papel perfumado
e com letra bonita
dizia ela tinha
um sorriso luminoso
tão triste e gaiato
como o sol de Novembro
brincando de artista
nas acácias floridas
na fímbria do mar

Sua pele macia
era suma-uma
sua pele macias
cheirando a rosas
seus seios laranja
laranja do Loge
eu mandei-lhe essa carta
e ela disse que não

Mandei-lhe um cartão
que o amigo maninho tipografou
'por ti sofre o meu coração'
num canto 'sim'
noutro canto 'não'
e ela o canto do 'não'
dobrou

Mandei-lhe um recado
pela Zefa do sete
pedindo e rogando
de joelhos no chão
pela Sra do Cabo,
pela Sta Efigénia
me desse a ventura
do seu namoro
e ela disse que não

Mandei à Vó Xica,
quimbanda de fama
a areia da marca
que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço
bem forte e seguro
e dele nascesse
um amor como o meu
e o feitiço falhou

Andei barbado,
sujo e descalço
como um monangamba
procuraram por mim
não viu ai não viu ai
não viu Benjamim
e perdido me deram
no morro da Samba

Para me distrair
levaram-me ao baile
do Sr. Januário,
mas ela lá estava
num canto a rir,
contando o meu caso
às moças mais lindas
do bairro operário

Tocaram a rumba
e dancei com ela
e num passo maluco
voamos na sala
qual uma estrela
riscando o céu
e a malta gritou
'Aí Benjamim'

Olhei-a nos olhos
sorriu para mim
pedi-lhe um beijo
lá lá lá lá lá
lá lá lá lá lá
E ela disse que sim

Namoro

Música: Fausto
Letra: Viriato Cruz
Intérprete: Sérgio Godinho

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

CARTA ABERTA PARA A BERTA

Querida Berta,

há muito percebi que para sobreviver neste mundo temos de ter a mente esperta.
Quem diz a mente diz o corpo.
Olhar de frente o que parece torto.
Se hoje escolhi estar longe foi para que de alguma forma me distanciá-se. Como um monge.

Sabes que gosto de falar em rima.
Dá mais feeling. Um estilo mais para cima.

Cá no meu entender o humor é o que salva.
Uma espécie de estrela d'alva.

Cada um escolhe os seus caminhos quereres
e eu cá não curto muito aquele, o dos sofreres.
Agora não me calo
vou falar até que a voz crie esse calo
se emigro
é uma coisa cá comigo
se quiser ficar fico. aqui a menina fica
mas Portugalito há muito que não dá pica
pouco estimulo, pouca entrega
dou por mim e tenho a vida cega
Portugal não precisa de mim, pá
ahhh não estou a ser má
desejo tudo de bom
até à próxima visita
que seja novamente um encontro catita

sou da geração rasca
ah pois sou
o que era para ser antes de o se dar evaporou
habituados a ter tudo e não ter nada
dorme o desempregado na bonita almofada
ele é o shopping, ele é a prestação carro, mais da casa
dá para pegar parcelado uma só asa?
já é qualquer coisa uma asa só
"agora vocês tem tudo!" já dizia a minha avó


este mundo neo liberal
é muita legal
adormece o pessoal
em toscos e rascas travesseiros
que se não abrimos a pestana acabamos nos bueiros

agora estou no Brasil
não é tudo maravilhas mil
pelo muda-se de ares
o que refresca os pensares

está mais justo que há uns anos atrás
isso posso garantir. já falei. zás!
quem não concorda e faz cara enjoada
é porque não quer dividir a feijoada

agora vou ali já volto
sonhar ao ar livre dá um ar mais solto

emigro se me apetecer
fico se me aprouver


Ana Piu
Brasil, 24.09.2014





CARTA AO CARLOS MARQUES

Querido Carlos,

por aqui as coisas vão indo. Umas vezes melhor outras por melhorar. Sempre digo por brincadeira: Marx morreu, Cristo também e eu faço por me sentir bem.

Sim, tu já morreste. Uma página ou várias páginas da história devem ser viradas. Mas penso que todos, de uma maneira ou outra, deveríamos ler realmente o que falas-te, Por ironia ou não escreveste num dos berços do capitalismo, quando este estava em expansão numa revolução industrial que trouxe alguns benefícios. Porém o resultado está à vista. Muitos citam-te entre um cálice de uma beberage sentados no chão, o que é próprio de um momento da vida, ou mais tarde num sofá de cabedal no seu escritório forrado a livros.
Não sei sinceramente se alguma vez alguém te entendeu realmente. Talvez sim, mas posto em prática sabes como é... Os egos e os interesses muitas vezes gritam mais alto. E depois ainda tem uma outra coisa. Citar-te e fazer do teu pensamento uma bandeira panfletária sem adequar aos nossos tempos é no minímo revelador de que não se sai o suficiente à rua e que não se escuta as  necessidades, pensamentos e outras inquietações daqueles que trabalham, que não vivem de rendimentos. Não, não é justo matarem-te desta maneira, mas também não é justo que te descredibilizem pelos motivos acima expostos. E ainda tem uma outra pequena questão, meu querido Carlos Marques, o pessoal anda mais preocupado em criticar os politicos, que reflectir e propor novas formas para que a habitação, a educação, a saúde, o emprego seja algo digno para todos. Conheces Amartya Sen? É um rapaz bem intencionado como tu. Isto para te dizer que praticamente tudo já foi pensado, dito, reflectido. Até mesmo antes de ti. Não concordas? E agora colocar em prática? Talvez a nível local, nas relações mais próximas. Essa coisa de "trabalhadores do mundo inteiro uni-vos" não te parece um pouco ingénuo nos dias que correm e que escorrem num neo liberalismo galopante?

um abraço cordial, sabendo que tens humor suficiente para nos rirmos juntos de nós mesmos e das nossas imperfeições e incoerências



terça-feira, 23 de setembro de 2014

PÉS PARA QUE TE QUERO

e os olhos miraram os pés
era uma vez um par de pés que insistia em se colocar em tal par de chinelos
ora havia um que era de pedra, mais pesado que um templo romano
ora outro havia que era de barro
resultado: quando chovia ou as lágrimas da impotência de avançar desabavam sobre os pobre chinelo
pela terra desabava
depois lá vinha o tijoleiro para repôr o formatado chinelo
e os pés não haviam maneira de sair do mesmo lugar
um esforço
uma coisa maluca
ai que eu quero ir ali ter com o meu amor e não consigo!
ui que quero abraçar a vida e não saio do mesmo lugar!
ei alguém me ajuda?! vai lá ver se a vida ainda me espera. ai certifica-te se o amor ainda lá anda!
os olhos que miravam os pés olharam a boca
a boca disse:
talvez tenhas de mudar alguma coisinha. não achas? olha para os teus pés. eles já nasceram com esses blocos enfiados? nãoooo, pois não? desbloqueia a mente, pá. abre o peito dos pés e segue o caminho que sentes que deves seguir, pá. já chega de repetir sempre os mesmos gestos. para a frente é que é caminho. deixa-te de coisinhas. ninguém pode fazer nada por ti. desenchinela-te, pá!

era uma vez uns pés que sabiam que no fundo no fundo só a eles mesmo competia serem eles mesmos

Ana Piu
Brasil, 23.09.2014


AI RICA, NÓS OS RICOS SOMOS ASSIM. GENTE FINA É OUTRA COISA! SOMOS DIFERENCIADOS

"Boa parte da classe média alta, altamente conectada, tem prazer em compartilhar posts e tweets contra a Bolsa Família, contra a diversidade cultural e sexual, contra o imposto progressivo, contra o ensino gratuito nas universidades federais, contra a política de contas, contra o programa Mais Médicos, contra tudo o que permite reduzir a concentração de renda promovida pelo capital. Incentivadas por facções conservadoras articuladas pelos interesses. de grandes corporações transnacionais, essas camadas médias produziram um perfil de ação em rede  baseado no ódio, no preconceito e na disseminação de inverdades notórias."

por Sergio Amadeu da Silveira " Entre trolls, robôs e ativadores: as  eleições na internet Le Monde Diplomatique Brasil Setembro 2014



O MUNDO DIPLOMÁTICO

Há 15 anos, enquanto viaja de mochila às costas pelas profundezas do Brasil, sempre parava numa banca para levar uma revista Caros Amigos ou uma National Geographic Brasil.  Estava na terra dos Sem Terra e conheci o seu movimento através da Caros Amigos, assim como a existência do Lula. O Sebastião Salgado também contribuiu para tal. Deixei de ler a Nathional Geographic no dia em que publicaram uma matéria sobre uma tribo recém descoberta na floresta amazónica. A matéria era tão fora da realidade que perdi o entusiasmo de continuar a lê-la. Para isso leio um romance do Sepúlveda ou do  Garcia Marquez. Agora vender algo como factual sendo uma construção para os citadinos se deleitarem entre um uisqui a imagem do bom selvagem...

Quando o Lula ganhou as eleições eu já estava em Portugal. Pensei: "My dog! E agora! Como vai ser?! As expectativas são muitas, mas nem tudo está nas suas mãos e as pessoas sonham paizinhos deuses que resolvam todos os seus problemas. Mas o sistema é muito mais complexo!"

Quando aqui cheguei há dois anos e meio atrás procurei pela Caros Amigos. A capa anunciava uma matéria sobre as manifestações em Portugal, muito antes do Wall Street. Enfim, até na mudança de paradigma os "amaricanos" querem ser os primeiros como se o mundo não existisse antes deles. Não nos esqueçamos que eles são os filhos adolescentes do mundo ocidental. Enfim.

Abandonei a leitura da Caros Amigos a partir do momento que esta alegava que as assembleias populares e acampadas no centro de Lisboa , mesmo ao lado da minha casa, assim como em Coimbra e no Porto eram promovidas pelo Partido Comunista Português. Grande piada de mau gosto e muita desinformação. Essas assembleias durante várias semanas foram constituídas por gente POLITIZADA PORÉM APARTIDÁRIA. ESTAMOS CANSADOS DOS VOSSOS DOGMAS E SEDE DE PODER. Nessa época, em 2010 achei que poderia haver uma saída. Tive a oportunidade de ouvir ao vivo e a cores o sociólogo Boaventura Sousa Santos. Talvez haja uma saída, mas ainda não foi desta. Desta feita escrevo do outro lado do mundo partilhando um trecho da minha revista informativa atual:


"Parece que a questão da desigualdade passa obrigatoriamente pela não aceitação do tipo  de divisão  de riqueza que possuímos. E essa não aceitação passa pelo oferecimento de inserção nas escolas, não tipo de escola que perpetue o status quo, mas que quebre de vez com ele, mostrando aos alunos do povo como funciona a sociedade e como acontecem a produção e a distribuição da riqueza. A entrada de milhões de brasileiros do povo em escolas e universidades com a ascensão de um governo  mais à esquerda de 2002 para cá significou muito, e é preciso continuar, mas infelizmente responde ao formato mais agudo e imprescindível que precisamos implantar. Esse modelo passa por um profundamento da participação mais consciente de trabalhadores no processo de escolha e de decisão política e administrativa do Brasil. AFINAL SOMOS A MINORIA; AS ELITES, O PRÓPRIO NOME DIZ, SÃO A MINORIA. Esse modelo de desenvolvimento que vem desde a REVOLUÇÃO FRANCESA  (1789)  NÃO FUNCIONOU PARA AS MAIORIAS, AO CONTRÁRIO, VEM PRODUZINDO MILHÕES DE MISERÁVEIS E EXCLUÍDOS. As riquezas estão sendo exploradas a cada dia mais para enriquecer os já ricos. Enquanto isso, forma-se uma classe de consumidores que vive como gado; consome, mas não sabe quem produziu e como produziu, e muitos não sabem nem por que comprou/ consumiu. Somos bois e vacas atrás de uma ilusão... não sei nem qual a ilusão, me digam." (in Le Monde Diplomatique Brasil, canal direto: THOMAS PIKETTY EM UM CAPITALISMO HUMANIZADO, Setembro 2014)

Ana Piu
Brasil, 23.09.2014

obs: Esta imagem não corresponde à revista deste mês.









segunda-feira, 22 de setembro de 2014

verbus

eu ad'oro
tu... ai doras!
ele, ela demora
nós douramos
vós a dor ais!
eles, elas adornam

LIVROS LIVRES

eu livro-me
tu livras-te
ele livra-se
nós livres
vós livros
eles livrão


sexta-feira, 19 de setembro de 2014

ESTE CUBO É MEU!



Foi há precisamente 14 anos atrás lá nos cafundós do Brasil pela mão do Amauri Tangará e da Tati Mendes. Matogrosso on the road. Na foto com a menina Nina na barriga.

Tangará traz teatro português a Cuiabá

MÍRIAM BOTELHO
Da Reportagem (Diário de Cuiabá 15.11.2000)

O intercâmbio cultural Mato Grosso e Portugal promovido pelo produtor cultural Amauri Tangará apresenta, nesta quinta (16), às 21h, no Teatro da TV Centro América, mais um bom produto desta parceria: El Cubo, da Companhia Bip Bip Teatro, que já percorreu boa parte da Europa. O espetáculo é gratuito e traz à Cuiabá os artistas portugueses Ana Piu e Leno Macedo.

O Bip Bip Teatro tem uma linha de espetáculo resultante de uma linguagem própria, criada coletivamente. Segundo Tangará, acredita-se que os fazedores de teatro não são nem executantes nem ilustradores, mas, sim, criadores por sua conta e risco. E é este espírito poético, feito de um percurso de saltimbancos, que faz com que o grupo Bip Bip, se apresente entre Portugal, Espanha e Brasil.

El Cubo foi inspirado livremente nos poemas de Almada Negreiros (“As quatro manhãs” ) e de Sérgio Godinho (“Etelvina”). O projeto é como uma viagem pela vida de duas criaturas que se encontram em meio dos seus caminhos. E vai abordar a vida de um saltimbanco, daquele que é de todo o lado e de lado nenhum. Além de tocar o conceito de propriedade e o uso ou a perda desta, tocando assim na temática dos sem abrigo.

Este evento está sendo bancado pela lei Hermes de Abreu, explica Tangará, que graças ao patrocínio conseguiu mostrar a sua produção na Europa e que agora retorna, rebocando o teatro português.

SERVIÇO

O QUE: El Cubo

ONDE: Teatro da TV Centro América

QUANDO: Quinta, às 21h

QUANTO: Gratuito



SÁBIO TEMPO

 E um dos  médico sem fronteiras fala para o fotógrafo antes deste decidir partir, de volta a França, caminhando vários dias a pé até ao Paquistão:
- A gente te achava um cara meio cheio de si, mas agora deu uma esvaziada.
- Eu estava tão inchado assim?


Numas páginas anteriores o mesmo médico fala que aquela missão fez-lhe bem. Aprendeu a ser menos bobo.

Pois, de facto perante situações limite e de vulnerabilidade aprendemos a ser menos bobos. E o que é ser bobo? Teremos sempre a consciência ou a inconsciência suficiente de estarmo demasiado cheios de nós mesmos?

Lá fora os muros estão pintados de novo. Rosa e amarelo. Há quem não goste. Considera inadequado para o lugar. A mim lembra-me as casas de pescadores junto à praia. "Pois, mas você é da alegria, por isso gosta." "Alegria nem sei se é bem o termo para o caso. Ironia. Sim, realmente pintado assim parece uma creche. Dessa ironia gosto. Adoroooooo!"

Encaro o computador. Volto-me a lembrar dos 9 anos que visitei semanalmente os hospitais como dótora palhaça (não me chamem palhaçinha por favor! Que me chega a mostarda ao nariz! ;) ) e que ao fim de um tempo entendi o quanto somos bobos em perder tempo na vida, não a vivendo. Não a aproveitando com alma. Caindo em rotinas de nós próprios onde as relações de poder além de desnecessárias revelam as inseguranças de cada um.

Estou diante do computador e é disso que quero falar. É sobre isso que quero escrever. Talvez seja boba, mas duma coisa tenho a certeza: um dia morrerei, como todos nós, até lá não quero surtar só porque sim. Gosto de me mover por motivações.

Daqui a uma semana é o meu aniversário. Gosto da idade que tenho. Também gosto de pensar que viverei mais 40 ou 50 anos. Gosto também de acreditar que podemos evitar a guerra dentro de nós e entre nós. Grande e belo desafio.

Hoje pintei as unhas de mostarda atômica. Gostei do nome e da cor. Então pintei. Gosto dessas pequenas bobalhices que brotam de mim. Gosto de fazer sorrir. Gosto de sorrir. Rir também. Adoro ironia assim como adoro intuir que o tempo é sábio.


Ana Piu
Br 19.09.2014



O QUE NÃO APARECE NO NOTICIÁRIO E O OCIDENTE DESCONHECE OU FINGE DESCONHECER III PARTE



Tenho algum tempo. Os pasteis de beringela já estão quase prontos. São os que mais fazem sucesso. Os de espinafres as pessoas também gostam. Aproveito para escrever, mas muito pouco. São nestas duas páginas que paro e vou muito ao fundo de mim. "O que te faz voltar?", "As pessoas" Palavras para quê?.... Leio em silêncio...

"À tarde, ficamos sabendo que havia um mês ninguém mais comia pão. As famílias davam tudo o que tinham pra que Sylvie e eu continuássemos comendo pão."

Qualquer palavra depois é uma redundância. Aqui fica a partilha.

Ana Piu
Br, 18.09.2014

"O fotógrafo, uma história do Afeganistão". / Guibert, Lefévre, Lemercier; (trad. Dorothé de Bruchard) São Paulo: Conrad, editora Brasil, 2008





quinta-feira, 18 de setembro de 2014

O QUE NÃO APARECE NO NOTICIÁRIO E O OCIDENTE DESCONHECE OU FINGE DESCONHECER

Nos idos anos 80, a guerra lá longe entrava nas casas de família e outras casas  em doses consideráveis pelo noticiário, antes da telenovela das oito. Ele era a guerra o Irão/ Iraque, ele era a guerra no Afeganistão. As paisagens eram sempre inóspitas com corpos estropiados feridos ou mortos aos magotes. Transmitiam-se  o anonimato das vitimas dessas guerras,  banalizando o sofrimento. Enquanto criança, eu desconhecia o porquê. "Aquela malta está sempre em guerra. Há anos que se matam uns aos outros." Eram as palavras que na minha mioleira ficava dita por terceiros. Escrevo assim com alguma leveza, pois o assunto em si já é suficientemente pesado. Mas como todos, ou quase todos, nós sabemos leveza não significa leviandade.

Há uns anos atrás uma amiga iraniana artista plástica, residente na época em Lisboa, apresentou-me os livros da Marjane Satrapi. Li o" Persópolis" em inglês num fôlego só. Desmistificou algumas eventuais ideias pré concebidas acerca do povo iraniano. Sim, porque dizer que não tenho ideias pré concebidas seria desde já uma ideia pré concebida de mim própria.

Há uns dias atrás, na caixa do supermercado, avisto três volumes de banda desenhada na revistaria em frente. Por aqui bd se denomina de gibi. Aproximo-me. " O fotógrafo, uma história no Afeganistão".  Na contracapa a apresentação é a seguinte: "Em julho de 1986, o Afeganistão sofria com a invasão soviética. Em meio ao caos, à pobreza da guerra, o fotógrafo francês Didier Lefévre acompanhou uma expedição da Médicos Sem Fronteiras ao país. A experiência foi marcante que ele decidiu mostrá-la ao mundo. (...)"

Li os três volumes de um só fôlego. Antes do jantar, aquele hora que muita gente assiste ao noticiário, abri o segundo volume na sacada da minha casa. Na página 64 sorri. Na 65 também. Sorri de alívio por saber que a minha intuição não engana a maioria das vezes. Na página 66 e 67 parei. Chorei de comoção. Sim, chorar não significa forçosamente que estamos tristes. Quando me comovo choro. Choro por saber que somos todos de carne e osso, que todos temos alma e que em toda a parte do mundo existem seres huamnos generosos. Desta feita vou partilhando as quatro páginas acima referidas.

Temo que as letras sejam pequenas para se ler com fluidez. Destaco então estas falas:" Seja franco, você viu muitas burcas desde que chegou? (...) A burca pra começar é um fenômeno urbano. Numa aldeia pequena, todo o mundo pertence à mesma família. Não há necessidade de véu. E uma burca custa cari.  (...) Além disso a burca é uma coisa bastante recente. Tem um século. Antes disso, muitas mulheres das cidades passavam a vida inteira sem pôr o nariz pra fora de casa.  Claro que é verdade. Numa cidade grande, uma mulher é obrigada a conviver com desconhecidos. A invenção da burca foi um ganho na autonomia e liberdade. Elas puderam sair de casa, afinal. De qualquer modo, fazem da burca um símbolo exagerado e idiota. As verdadeiras prioridades das mulheres são o acesso aos cuidados médicos, à educação, ao trabalho e à justiça. Não a roupas."


Enfim. O texto já vai longo, mas não saia do seu lugar. ;)





Ana Piu

Br, 18.09.2014


livro: Guibert, Emmanuel "O fotógrafo, uma história do Afeganistão"/ Guibert, Lefévre, Lemercier; (trad. Dorothé de Bruchard) São Paulo: Conrad, editora Brasil, 2008

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

QUESTÕES E CONSIDERAÇÃO DA MENINA FLÔ

Existem mais focas ou elefantes no mundo? (...) Existem mais elefantes, porque a Antártida é poluída com gasolina e álcool. Uma pecinha de lego, que é feita de plástico, pode matar umas 8 focas de uma só vez. E isto está provado por psicólogos. Ai por cientistas! O que fazem mesmo os psicólogos? (...) Tentam entender a mente das pessoas? Então deviam se chamar mentulogistas.
(Flô 9 anos)

Moral da história cá da minha mente: Já devem existir elefantes de lego como forma de ginasticar um mente construtivista e até mesmo ecológica de uma Flor urbanó rural.


Ana Piu
Br, 17.09. 2014






terça-feira, 16 de setembro de 2014

ESTOU AQUI



A sua cabeça estava deitada sobre o ventre da velha mais velha que todas as velhas que já eram muito velhas, mas que também não eram. Podia escutar o respirar profundo dela, enquanto os intestinos trabalhavam com a assiduidade devida de quem se alimenta.

A velha disse. A velha falou com as sílabas posadas na brisa morna de quem fala a meio da tarde:
" Vês esta vela? Encontra motivo e modo de acende-la. Não temas os caminhos que encontrarás pela frente, mas não te desvies do teu. Acende-a e leva a chama com cuidado para que não se apague nem incendei. Outras velas encontrarás no caminho. Não as compares com a tua. Escuta-te e acompanha quem no caminho encontras que para ti faz sentido. Não compitas. Trata sim de ser competente sem nunca perder o respeito por ti e pelos outros. Não aceites só por aceitar, reflete com os teus passos que não são mais nem menos que aqueles que encontrarás pelo caminho. Não temas a solidão. É uma ótima companheira para saberes quem és e como te relacionar. Não te esqueças de te relacionar. Isso faz-te crescer. Move-te por um sentimento maior. O amor."

 "E o que é o amor?", interrompeu aquela criatura cuja cabeça estava deitada sobre o ventre da velha mais velha que todas as velhas que já eram muito velhas, mas que também não eram.

"O amor é estarmos em contacto com o mais profundo de nós e ao mesmo tempo sabermos sair de nós mesmos. Sabermos-nos colocar em outros lugares, no lugar do outro, principalmente. O amor é levar a vida na ponta dos dedos. Pega esta vela. Leva-a na ponta dos dedos. Não lhe coloques demasiados significados que aprisionados na cabeça acabam por nada significar. Leva esta vela com simplicidade. Quando chegares a um lugar que te sintas bem, faz uma fogueira. Poderei pressentir que não sentes frio e que contemplas o fogo. Confia na tua intuição. Controla o teu instinto como controla esse fogo de que te falo para fazeres. Agora vai para o mundo. Estou aqui."


Ana Piu
Br, 16.09.2014

ANITA PISCA O OLHO NO SEU PRIMEIRO INVERNO


Anita no colo da Rosarinha, cuja dentição é original (quantas sulipampas Anita teve ao encarar uma dentura dentro de um copo!) pisca o olho tal como uma cebolinha empacotada entre agasalhos e agasalhos. A fraldinha ainda é de pano e o pó talco ainda é um produto presente de qualquer cestinho de alfinetes de ama. É Novembro. Anita tem dois meses. Como fundo temos uma Abóboda em vias de desenvolvimento urbanístico descaracterizado. Em suma, urbanização à maluca como não poderia deixar de ser!  (lá tás tu Anita!!!!)

Nessa época, até aos seus 9, 10 anos, as ovelhas passavam na frente de seu lar construído em 1968 (não liguem à data em termos históricos internacionais, pois podia ser 1968 como 1932! Lá tás tu Anita!). Mais tarde, lá por meados dos anos 80 a passagem que se vislumbrava da marquise do lar de Anita é apagado por outras casas. Adeus Serra de Sintra com o palácio da Pena como uma cereja em cima do bolo! No imaginário de Anita dava para rebolar do cimo da serra até cá abaixo. Esta foto é a preto e branco porque sim, embora já desse para tirar umas Kodakes a cores para mais tarde recordar. Em Novembro de 1973 muita coisa estava para acontecer para mais tarde recordar e guardar nos "pêtos', como se diz na terra da 'nha avó que aqui se vê no retrato.

'Bêjo" do fundo dos "pêtos' p'á Rosarinha em especial, onde estiver que esteja em paz

pipiripipiu
Brasiu, 21.08.2014

Foto: ANITA PISCA O OLHO NO SEU PRIMEIRO INVERNO

Anita no colo da Rosarinha, cuja dentição é original (quantas sulipampas Anita teve ao encarar uma dentura dentro de um copo!) pisca  o olho tal como uma cebolinha empacotada entre agasalhos e agasalhos. A fraldinha ainda é de pano e o pó talco ainda é um produto presente de qualquer cestinho de alfinetes de ama. É Novembro. Anita tem dois meses. Como fundo temos uma Abóboda em vias de desenvolvimento urbanístico descaracterizado. Em suma, urbanização à maluca como não poderia deixar de ser! :D  (lá tás tu Anita!!!!)

Nessa época, até aos seus 9, 10 anos, as ovelhas passavam na frente de seu lar construído em 1968 (não liguem à data em termos históricos internacionais, pois podia ser 1968 como 1932! Lá tás tu Anita!). Mais tarde, lá por meados dos anos 80 a passagem que se vislumbrava da marquise do lar de Anita é apagado por outras casas. Adeus Serra de Sintra com o palácio da Pena como uma cereja em cima do bolo! No imaginário de Anita dava para rebolar do cimo da serra até cá abaixo. Esta foto é a preto e branco porque sim, embora já desse para tirar umas Kodakes a cores para mais tarde recordar. Em Novembro de 1973 muita coisa estava para acontecer para mais tarde recordar e guardar nos "pêtos', como se diz na terra da 'nha avó que aqui se vê no retrato.  

'Bêjo" do fundo dos "pêtos' p'á Rosarinha em especial, onde estiver que esteja em paz

pipiripipiu
Brasiu, 21.08.2014

POIS É!



Pois é! Fui baptizada. Sim! Baptizada com "p", não havia cá essas modernices confusas onde o pessoal ainda anda a apanhar bonés e a escrever aspeto em Portugal quando o "c" se soletra do outro lado do mundo.
Voltando! Pois é fui baptizada aos 8 meses de idade, significa que seria quase impossivel soletrar um "sim" ou um "não" em relação ao sucedido. Porém, comi uma vez uma hóstia, quando já era menina e moça, por engano visto não frequentar tais ambientes e ter ido na churrada de crianças que ali estavam todos os domingos. Não vou dizer que nunca assisti a uma missa. Assisti, sim senhora. Em silêncio e sempre a falar baixinho, foi assim ca nha mãezinha me ensinou. E muito bem que ensinou, pois o respeito e o silêncio como introspecção são de ouro! Mas a minha ética não permite assinar por baixo de uma instituição que tem cometido mil e uma atrocidades ao longo dos séculos até ao momento. Vai pelo cano, oh vaticano!

A nha mãezinha também me ensinou a não pisar as tumbas dos mortos que se encontravam no interior da igreja. Respeito sincero sempre aos mortos (impressionam-me sempre aqueles que mesmo fazendo da sua espiritualidade um porta estandarte acha que há uns que merecem viver mais que outros).

Aqui temos a imagem de minha pequenita mão tentando segurar a vela que a senhora menina Bia minha mãe traz na sua mão. Teria eu instintos de incendiária?!! Hmmmmmmm Não me parece. Depende dos pontos de vista! Talvez já fosse alguém que desejava segurar a chama da vida com a delicadeza e o respeito de que um dia esta se derreterá na temporalidade física. Como tal, uma vela acende a outra, assim como uma mãe segura uma filha.

Ana Piu
Br, 22.08.2014

Foto: POIS É!

Pois é! Fui baptizada. Sim! Baptizada com "p", não havia cá essas modernices confusas onde o pessoal ainda anda a apanhar bonés e a escrever aspeto em Portugal quando o "c" se soletra do outro lado do mundo. 
Voltando! Pois é fui baptizada aos 8 meses de idade, significa que seria quase impossivel soletrar um "sim" ou um "não" em relação ao sucedido. Porém, comi uma vez uma hóstia, quando já era menina e moça, por engano visto não frequentar tais ambientes e ter ido na churrada de crianças que ali estavam todos os domingos. Não vou dizer que nunca assisti a uma missa. Assisti, sim senhora. Em silêncio e sempre a falar baixinho, foi assim ca nha mãezinha me ensinou. E muito bem que ensinou, pois o respeito e o silêncio como introspecção são de ouro! Mas a minha ética não permite assinar por baixo de uma instituição que tem cometido mil e uma atrocidades ao longo dos séculos até ao momento. Vai pelo cano, oh vaticano! 

A nha mãezinha também me ensinou a não pisar as tumbas dos mortos que se encontravam no interior da igreja. Respeito sincero sempre aos mortos (impressionam-me sempre aqueles que mesmo fazendo da sua espiritualidade um porta estandarte acha que há uns que merecem viver mais que outros).

Aqui temos a imagem de minha pequenita mão tentando segurar a vela que a senhora menina Bia minha mãe traz na sua mão. Teria eu instintos de incendiária?!! Hmmmmmmm Não me parece. Depende dos pontos de vista! Talvez já fosse alguém que desejava segurar a chama da vida com a delicadeza e o respeito de que um dia esta se derreterá na temporalidade física. Como tal, uma vela acende a outra, assim como uma mãe segura uma filha.

Ana Piu
Br, 22.08.2014

BABALU

- Lou! Lou!
-Oui! C'est moi!

ou

- Babalu! Babalu!
- Za falar comigo? Sou eu pois. Ora pois, pois!


Foto: Pra começar bem a terça: arrisque-se!

Livro: Doidas e Santas, da Martha Medeiros :)

GOLAS DE AVIADORA



Asmática até aos seus 8, 9 anos. De perna grada desde a mais tenra idade usou talas, palmilhas, botas ortopédicas desde os dias cinzentos de Inverno até aos solarentos dias de Verão. Desfez-se de tais empecilhos lá pelos 6 anos. Depois dos dentitos de leite que se vê no retrato usou aparelho movível que longe dos olhares do agregado familiar era projetado para o pequenito 'taparuere" e colocado dentro da mala de cabedal da escola. Quem é torto tarde ou nunca se endireita.

Na escola a sua corrida lenta deixava-a com dor de burro, aquela que se dá perto do estômago para os lados do ventre. Até aos 10 anos dava erros ortográficos de uma manada de bisontes fugir sem noticias do seu regresso. Era distraída e ficar sentada muito tempo talvez não fizesse nada bem à sua escoliose. Fez balé e natação e no judo levou um pisão de uma amiga que deixou um dos dedos do pé feito uma batata durante meses. Sempre teve fama na escola de se rir muito.

Usou óculos aos 18 anos, cujos mesmos foram tal e qual mente atropelados por um carro, na saída de sua casa partilhada com seus colegas de escola numa descoberta de autonomia onde muitas sopas escureceram na panela antes mesmo da sua degustação, assim como fungos de louça por lavar foram objeto de estudo por cientistas conceituados do bairro.

Basicamente o cabelo nunca foi usado com grande longuítude, pois tal qual camisolões de gola alta que picavam o seu pequenito pescoço que no retrato se pode observar, a melena é algo que pesa nos movimentos rápidos e lentos deste pequeno ser que aqui se vê como umas golas de aviador com o último botão dentro da casa! Raridade! Pois os últimos botões apertados não é uma prática constante, visto este pequeno ser, desde a mais tenra idade, apreciar janelas e portas abertas para o ar e a luz circularem tal qual seres vivos. Sejam eles bípedes ou quadrupedes. Esta criatura, na atualidade, sofre de sulipampas vivenciais cujo o rir não se esquece de si mesma. É menina para ter quatro décadas. Consta, mas parece que nasceu antes ontem de noite ao inicio da manhã.

a piu
Br, 29.08.2014

Foto: GOLAS DE AVIADORA

Asmática até aos seus 8, 9 anos.  De perna grada desde a  mais tenra idade usou talas, palmilhas, botas ortopédicas desde os dias cinzentos de Inverno até aos solarentos dias de Verão. Desfez-se de tais empecilhos lá pelos 6 anos. Depois dos dentitos de leite que se vê no retrato usou aparelho movível que longe dos olhares do agregado familiar era projetado para o pequenito 'taparuere" e colocado dentro da mala de cabedal da escola. Quem é torto tarde ou nunca se endireita. 

Na escola a sua corrida lenta deixava-a com dor de burro, aquela que se dá perto do estômago para os lados do ventre. Até aos 10 anos dava erros ortográficos de uma manada de bisontes fugir sem noticias do seu regresso. Era distraída e ficar sentada muito tempo talvez não fizesse nada bem à sua escoliose. Fez balé e natação e no judo levou um pisão de uma amiga que deixou um dos dedos do pé feito uma batata durante meses. Sempre teve fama na escola de se rir muito. 

Usou óculos aos 18 anos, cujos mesmos foram tal e qual mente atropelados por um carro, na saída de sua casa partilhada com seus colegas de escola numa descoberta de autonomia onde muitas sopas escureceram na panela antes mesmo da sua degustação, assim como fungos de louça por lavar foram objeto de estudo por cientistas conceituados do bairro. 

Basicamente o cabelo nunca foi usado com grande longuítude, pois tal qual camisolões de gola alta que picavam o seu pequenito pescoço que no retrato se pode observar, a melena é algo que pesa nos movimentos rápidos e lentos deste pequeno ser que aqui se vê como umas golas de aviador com o último botão dentro da casa! Raridade! Pois os últimos botões apertados não é uma prática constante, visto este pequeno ser, desde a mais tenra idade, apreciar janelas e portas abertas para o ar e a luz circularem tal qual seres vivos. Sejam eles bípedes ou quadrupedes. Esta criatura, na atualidade, sofre de sulipampas vivenciais cujo o rir não se esquece de si mesma. É menina para ter quatro décadas. Consta, mas parece que nasceu antes ontem de noite ao inicio da manhã. 

a piu
Br, 29.08.2014

O HOMEM QUE GRITOU PARA OS PÉS DE CHUMBO



E o homem gritou mesmo à beirinha do riacho: INDEPÊNDENCIA OU MORTE! Mais tarde Freud haveria de explicar todas essas zangas entre pais e filhos e Pedro não era diferente dos seus antepassados. Já o tetra tetra tetra avô Afonso Henriques gritara com a mãe para se autonomizar no seu condado portucalense. Nessa altura um jogral compusera a seguinte modinha: " Daqui não saio, daqui ninguém me tira."

De origens lusas, Pedro nunca renegou a dupla nacionalidade. Espertalhão! Já adivinhava ele o quanto um passaporte vermelho lhe iria dar uma jeitaça século e meio mais tarde! E como a justiça, a independência, a autonomia, a liberdade vai do lugar de onde se fala e vive, para todos os efeitos quem se lixa é sempre ou quase sempre o mexilhão. A arraia miúda que sustenta os marmanjões que um dia se tornam independentes de uns para se tornarem ou se manterem independentes de outros. Hoje, somos de um modo geral dependentes de que potências? Ahhhhhhh pois! A mosca quase quase muda mas a "caquinha" (hoje é domingo, dia de descanso, e também não gosto de estar sempre a falar impropérios) é a mesma. VIVA A INDEPENDÊNCIA DE TODO E QUALQUER UM DE TODOS E QUALQUER UNS, SEM EXCEPÇÕES!

Ana Piu
Brasil, dia comemorativo da Independência do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, 07.09.2014

Foto: O HOMEM QUE GRITOU PARA OS PÉS DE CHUMBO

E o homem gritou mesmo à beirinha do riacho: INDEPÊNDENCIA OU MORTE! Mais tarde Freud haveria de explicar todas essas zangas entre pais e filhos e Pedro não era diferente dos seus antepassados. Já o tetra tetra tetra avô Afonso Henriques gritara com a mãe para se autonomizar no seu condado portucalense. Nessa altura um jogral compusera a seguinte modinha: " Daqui não saio, daqui ninguém me tira." 

De origens lusas, Pedro nunca renegou a dupla nacionalidade. Espertalhão! Já adivinhava ele o quanto um passaporte vermelho lhe iria dar uma jeitaça século e meio mais tarde! E como a justiça, a independência, a autonomia, a liberdade vai do lugar de onde se fala e vive, para todos os efeitos quem se lixa é sempre ou quase sempre o mexilhão. A arraia miúda que sustenta os marmanjões que um dia se tornam independentes de uns para se tornarem ou se manterem independentes de outros. Hoje, somos de um modo geral dependentes de que potências? Ahhhhhhh pois! A mosca quase quase muda mas a "caquinha" (hoje é domingo, dia de descanso, e também não gosto de estar sempre a falar impropérios) é a mesma. VIVA A INDEPENDÊNCIA DE TODO E QUALQUER UM DE TODOS E QUALQUER UNS, SEM EXCEPÇÕES!

Ana Piu 
Brasil, dia comemorativo da Independência do Brasil do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, 07.09.2014

O ELEFANTE SUSPENSO


O elefante sonhava voar. Um dia voou. Mesmo que um ou outro balão se esvaziasse ele já estava no ar. Quando descesse as nuvens amorteceriam a sua chegada a terra.

A piu
Br, 07.09.2014
© R O B E R T • J A H N S - N O I S 7

Foto: © R O B E R T • J A H N S - N O I S 7

FESTA É FESTA!



Não fui por razões óbvias de distância física. Há um bom par de anos que não vou pelas mesmas razões. A primeira que fui (tinha 11 anos) ainda era no Alto da Ajuda. À festa devo gratidão profunda pelo teatro (Avanteatro), pela Bienal de Artes Plásticas, pela música de qualidade em várias vertentes e estilos (desde o rock ao jazz, passando pela música popular portuguesa, brasileira e outros destinos) , pela bela livraria (onde conheci o humor do Quino e escritores latino americanos de realismo fantástico) , pelo sentido de festa, pelo sentido de liberdade e solidariedade.

É uma festa do partido comunista? É sim senhora. E organizam-na muito bem desde há décadas. Confesso que nunca parei para escutar o carismático Álvaro Cunhal, que merece todo o respeito mesmo que eventualmente não concordemos com tudo. E digo já. Não concordo com autoritarismo e massificação do pensamento e das ações quotidianas. Pois é, na próxima escrevo sobre a lavagem cerebral contra os comunistas assentes em fascismos e outros imperialismos. Podemos encontrar criticas uns nos outros, mas desde que a base contenha informação. Isto é, estarmos informados reflexivamente, e não ideias pre concebidas empacotadas.

Para já, VIVA A FESTA PARA QUE NOS ABRA A TESTA PORQUE SEM ESTA TAMBÉM SERIA UMA ETERNA SESTA. E já é tempo de acordarmos para outros paradigmas que não sejam nem da competição, muito menos do preconceito. Diria, o paradigma da cooperação e da valorização mesmo que não estejamos sempre de acordo uns com os outros. Isso faz parte e mostra que afinal não somos soldadinhos de chumbo. Ufff ainda bem! Ser soldadinho de chumbo deve fazer mal aos ossos, além de fazer bastante calor e frio andar a toque de caixa.


Ana Piu
Br, 08.09.2014

Foto: Avante sempre!!!

DOLLY, ESSA MAGANA



E pelos pastos afora a pequerrucha cantarola"Ovelha Dolly tem um problema. Ovelha Dolly está num dilema. Não sabe se ela é mesmo ela própria ou apenas fotocópia. Méééé"

Porém, a pequerrucha Dolly tem uma única certeza! Apesar de fazer parte do rebanho não admite confusões. Por exemplo!... Encontrões. Empurrões. A sua melena é uma almofada para toda e qualquer cotovelada. Com o seu amigo Farrusco Fadista Benfica Boaventura, um cão amigo do fundo do coração, aprendeu a arreganhar o dente quando algo de menos bom pressente. Mas não é menina para morder. Curte muito viver e deixar viver. Mééééé


Ana Piu
Br, 09.09.2014


Foto

DICAS PARA A TEORIA DA PRÁTICA



chacoalhe o pensamento

procure um ponto fixo para que outro ponto fixo móvel seja suporte do seu corpo

encontre uma posição para que o pensamento flua dos pés à cabeça e vice versa (um
pensamento de pernas para o ar num fluxo continuo tem a hipótese de sobreviver às intempéries)

mantenha-se numa posição relaxada onde o conforto e desconforto sejam dialécticos

numa inspiração e expiração profunda tome consciência da coluna, vértebra por vértebra

não se esqueça da cabeça e dos membros

escute o coração

está apto a viver e a realizar que tal é possível

agora, pode verbalizar com palavras, gestos e ações o seu viver

conclusão: a coerência é uma construção social que cada um constrói como melhor for para a sua vida, já agora, se não for pedir muito, feliz


a piu
10 set.2014


Photo by Karin Székessy

Foto: Photo by Karin Székessy

A FUGA DOS PONTEIROS



E o dos minutos falou para o das horas: " Ainda estamos a tempo. O dos segundos por ser mais rápido já foi há muito tempo. Saiu de mansinho a meio da noite. Num segundo estava cá fora sem que ninguém desse por nada. Mas nós teremos de partir o vidro e partir. O mundo está lá fora à nossa espera. A vida é aqui agora", disse o ponteiro dos segundos ao das horas fitando no fundo dos olhos, sabendo que estava a dizer um profundo cliché que posto em prática deixava de o ser. "Já perdemos muito tempo e nós não somos escravos desse caprichoso tempo! Desse eternamente efémero. Bora!"

O grande deu a mão ao pequeno. O tamanho não era uma questão de estatuto ou importância. De mãos dadas perceberam que estavam juntos nessa corrida contra o tempo. Já longe do relógio, respiraram de alívio. Agora teriam todo o tempo do mundo para não mais fugirem de si mesmos. "Estamos juntos.", falaram um para o outro em silêncio, saboreando cada momento.

Ana Piu
Br, 14.09.2014

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DESERMÉTICAMENTE FALANDO



O Hermeto Pascoal existe! É de carne e osso! Eu vi! Eu estava lá naquele fim de tarde calorento ( se o inferno existe é preciso ir de camisolão de pura lã virgem!) Como paisagem de fundo a lagoa do Taquaral, cujas cores parecem que foram pintadas a pastel ou lápis de cera. Na plateia algumas muitas consideráveis aves raras. Viajo no tempo. Aos 11, 13 anos quando assisti pela primeira vez a concertos de jazz e outras experimentações. Nessa época pensei:" Deve ser divertido ser ave rara. Umas vezes voam solitárias outras em bando. Vou-me chegar mais perto. Ahhh E escutam a música abanando a cabeça e o tronco. Alguns estão de olhos fechados e a maioria sentados com pernas à chinês. Nem sempre a música é para dançar. Para apreciar numa viajem com retorno."

Ontem vi o Hermeto Pascoal. Quando amadurecer quero ter o espirito dele. "Dedico esta à minha companheira de 41/43 anos (sou péssima em números). Achei que nunca envelhecemos e vamos, mas vamos. Ela já foi. Mas o que conta é alma." Ganhei o domingo só que essas palavras que aqui parafraseio.
"Afinal o pai natal existe!", faço a piadinha assim que o Hermeto entra. Minutos mais tarde ele apresenta-se como papai noel. Um papai noel legalize ao que consta. "Sou da opinião que se deveria legalizar as coisas." Vai-se lá saber que coisas!.... ihihih O que é facto é que o show foi gratuito e isso é legal! Nem sempre precisamos de comprar cultura. Enfim, um presente oferecido em mão pelo papai noel Pascoal.

Ana Piu
Br, 15.09.2014

Foto: DESERMÉTICAMENTE FALANDO

O Hermeto Pascoal existe! É de carne e osso! Eu vi! Eu estava lá naquele fim de tarde calorento ( se o inferno existe é preciso ir de camisolão de pura lã virgem!) Como paisagem de fundo a lagoa do Taquaral, cujas cores parecem que foram pintadas a pastel ou lápis de cera. Na plateia algumas muitas consideráveis aves raras. Viajo no tempo. Aos 11, 13 anos quando assisti pela primeira vez a concertos de jazz e outras experimentações. Nessa época pensei:" Deve ser divertido ser ave rara. Umas vezes voam solitárias outras em bando. Vou-me chegar mais perto. Ahhh  E escutam a música abanando a cabeça e o tronco. Alguns estão de olhos fechados e a maioria sentados com pernas à chinês. Nem sempre a música é para dançar. Para apreciar numa viajem com retorno."

Ontem vi o Hermeto Pascoal. Quando amadurecer quero ter o espirito dele. "Dedico esta à minha companheira de 41/43 anos (sou péssima em números). Achei que nunca envelhecemos e vamos, mas vamos. Ela já foi. Mas o que conta é alma." Ganhei o domingo só que essas palavras que aqui parafraseio. 
"Afinal o pai natal existe!", faço a piadinha assim que o Hermeto entra. Minutos mais tarde ele apresenta-se como papai noel. Um papai noel legalize ao que consta. "Sou da opinião que se deveria legalizar as coisas." Vai-se lá saber que coisas!.... ihihih O que é facto é que o show foi gratuito e isso é legal! Nem sempre precisamos de comprar cultura. Enfim, um presente oferecido em mão pelo papai noel Pascoal.

Ana Piu
Br, 15.09.2014

ALGUMAS REFLEXÕES DA DÓTORA LORENA DE EXPRESSÃO SERENA, MAS SEMPRE (?) MICANDO A CENA



De pequenino se torce o pepino. Ah pois é! A sô professora Maria assim bem a sabe-la. E como professora que foi também deve saber que muitas vezes é próprio sistema de ensino, que para criar seres que reproduzem a cartilha e não criam, não imaginam, não subjetivam, tornam os seus pupilos inseguros. Enfim, uma questão de obediências e outras subserviências. Sim, porque segundo os detentores do saber, o conhecimento é algo muito difíciiiiiiil e só para alguns! Ah pois! Tudo uma questão de capital cultural, como todo e qualquer capital que pressupõe apego e que se assusta com o desassossego, aliás com a diferença. Ai a diferença, essa indecência. Enfim, talvez o paradigma esteja prestes a mudar e que em vez de bajular se possa realmente realizar com a prática o que na teoria já praticamente todos nós entendemos. Educação é libertação. É num éi?

DÓTORA LORENA, uma dótora do povo cidadão que de vez em quando precisa de saber o que é a contramão


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