quarta-feira, 29 de setembro de 2021

CHORORIDADE

 Sororidade vem do latim sóror que significa irmã,  hermana, mana, sister, sister. Praticar a sororidade é praticar o ato da escuta sem juízos de valor das reinvindicações duma mana e estar sempre ciente que não vivemos a vida da outra pessoas, não estamos nem dentro do seu coração, tampouco pensamento. Sororidade é antes de tudo não fazer ilações precipitadas sobre o lugar em que a mana se encontra, se acima ou abaixo de nós ou até mesmo em pé de igualdade. Sororidade é também não opinar por opinar, dar conselhos sem que estes lhes sejam solicitados. Sororidade é ter abertura para a empatia, saber colocar-se no lugar da outra pessoa sem partir de pressupostos. Faeternidade não será o masculinho de sororidade? 

Para sermos sororas, sorores fatermos precisamos de estar informados ou apenas observar. Por exemplos, uma mãe trabalhadora, estudante com filhos independentemente da cor eda aparente classe social.

Este texto vem no seguimento do " Pernas para que te quero" que veio na sequência dum episódio nas redes sociais com uma mana brasileira artista, trabalhadora, mãe que foi agora para Portugal. Antes de tudo torço imensamente por ela. Que seja bem recebida e tenha sucesso, mas nos entretantos houve uma conversa de mal entendidos à qual agradeço imensamente, pois respondeu à grande interrogação que trazia dentro de mim há uns anos a esta parte. " Como sou vista  nos meios onde circulo? Sejam estes profissionais ou privados?". Como sou vista num local em especifico que transito que são as emidiações duma universidade situada no interior de São Paulo que foi último reduto da abolição da escravatura. Sim, esse lugar é uma bolha ora elitista, ora alternativa, ora alternativa elitizada. Só posso dizer que aqui já me senti muitas vezes perdida sem saber com quem me enturmar.

Essa moça, como muitas brasileiras e brasileiras que continuam a ir nesta leva pós crise financeira e de desemprego em Portugal que nos entretantos virou uma moda gourmetizada, está fascinada com a sua chegada ao país luso.Normal. Espero que ela seja tratada com respeito e também ajudad quando precisar. Mas o que é facto é que eu levei muito tempo a entender porque em muitas situações, aqui nesta bolha, eu fui invisibilizada no meu trabalho, escarnecida até e vista muitas vezes como uma iniciante louca que teve o descaramento de querer viver no Brasil. Do que ela se queixava? Porque estava aqui já que o sonho de muitos é morar na Europa? 

Aos poucos a louca aqui foi entendendo que as noticias que chegam de Portugal são muito razas e não informam sobre os trabalhadores e sim se a economia está por cima ou por baixo, se é ou não favorável o brasleiro ir ou ficar. Não me efiro a esta jovem mulher artista, mas ao ler comentários deslumbrados com Portugal e suas instituições académicas de outras mulheres que em muitas situações me desprezaram eu pergunto onde estava a solidariedade e a sororidade para com os portugues nos momentos de crise.  Fui mal interpe=retada nas minhas palavras e fui chamada de branca elitista invejosa do sucesso da mocinha. Ora, ter inveja de alguém que vai para o meu país natal que eu conheço como a palma da minha mão é porque não meconhece pessoalmente. É o caso. Eu medesculpei se fui rude, mas o que trago no coração é desde então um alivio, depois destes dois dias ter chorado um pouco com um vazio no peito ao confirmar que muita vezes não foram solidárias comigo porque não me enxergaram a mim e às minhas filhas assim como ao facto de eu ser trabalhadora. 

Porém, venho aqui dar a noticia: nada acontece por acaso e este aprendizado/ aprendizagem que já leva 10 anos no Brasil não tem sido por acaso. Conincidiu com a "crise" dos 40. Tudo bem. Coincidiu com todas as crises, nomeadamente a pandemia. O que não mata fortalece esó posso agradecer a todas as mulheres e homens  e outres géneros deste imenso território de múltiplas diversidades a infinitas oportunidades de crescer, de confiar mais em quem eu sou e realizo.

Agora, antes de concluir e o confinamento acabar de vez,  faço aqui uma breve triangulação - olhar para alguém da plateia, no caso um  jovem rapaz: Se as pessoas falam sempre da mesma coisa não quer dizer que falem frases feitas e sim porque são afetadas com isso em menor ou maior escala.  Bem sei que não tem filhos para se responsabilizar e que vive perto da sua familia, no seu país de origem. Mas para uma mulher, principalmente estrangeira, os desafios são outros. Ciume não é amor. E cíume que se responde em provocar cíumes leva a um beco.Um beco sem saida é redundância. Já ente



nder o emaranhado que o teu mano criou e desenmaranhar-se disso é um grande passo. Caso contrário este sempre o boicotará. Este já o mostrou vparias vezes. Em suma: os homens também são vitimas do machismo. Livre-se disso e a vida sorri e abre-se para infinitas possibilidades.

A Piu

Campinas SP 29/09/2021

terça-feira, 28 de setembro de 2021

PERNAS PARA QUE TE QUERO

 Há mais que uns belos, mas belos mais que belos pares de anos que a ficha vem a modos que caindo. " A modos que" é uma expressão que significa " de certa maneira', vá. 

Quando eu era criança, muito, mas muito criança, mais criança que sou hoje - porque nunca podemos deixar ir embora a criança que nos habita ( agora emocionei-me com esta! Espero que não vire cliché!... Oppps já virou!) - eu pensava que idade eu teria no ano de 2000. O ano de 2000 foi chegando, pé ante pé, e lá estava eu com os meus 26 prontinhos para os 27! Nesse meio tempo zás! Nasceu a minha filha Nina. Catrapum pum pu buá buá buá. Vai daí, depois desse choro lá no Hospital universitário de Cuiabá, que era o hospital publico da cidade, pois nmos para o nosso lar doce lar na Chapada dos Guimarães. Mais um buá buá aqui e ali,coisa normal duma criatura que nasce e comunica-se assim para mamar, dormir, limparem-lhe a fraldoni. Coisas de rotina. A única coisa que eu não estava habituada a viver na minha rotina é que  seu progenitor, o pai, além  de me tratar de qualquer jeito mesmo antes da criatura cegar à luz do mundo a coisa foi-se tornando crónica, crônica. A tónica, tônica era o fulano considerar que as mulheres, mães dos seus flhos, são para oprimir, enfiar o dedo na cara, ameaçar com o argumento que ou nós somos duma determinada cor, ou duma determinada classe social que não vive do seu trabalho explora tudo e todos comos, lá está, uma determinada fatia do meu povo portguês numa determinada época histórica.

Só que não podemos adormecer na fila, pronto a cabeçear como se tivessemos a dar gol de cabeça mas ao lado. Esse perfil de machismo e ao limite de misoginia é realizado com todas as mulheres que lhe passam pelos beiços, como se diz na terra duma das minhas avós.

Em criança eu ouvia a minha mãe de brincadeira tratar a minha tia de Madame Croquete, sendo que elas são filhas de pessoas muito humildes que aqui se denominam de retirantes. Era uma piada interna, seguida por vezes de: Tens a mania que és fina. Já a minha perna grada, grossa, tipica de portuguesa herdo da minha avó paterna que ontem faria 95 anos,mais coisa menos coisa. A minha avó era analfabeta, nunca pintou as unhas como a minha mãe e só pintei quando comecei a morar aqui no Brasil porque sempre estou em casas térreas com terra. Só paradar aquela camuflada que me cuido como uma procesinha bixa grilona e confundir algumas mentes tropicais que não vislumbram que eu, como os meus semelhantes não somos nem filhos de fazendeiros, coroneis e sim netos de camponeses do latifundio e filhos de pequeno burgueses assalariados.

Há uns 20 anos ainda a entender o que aconteceu comigo, naquela relação abusiva ede vez em quando alguns cidadãos e cidadãs brasileiras, para tristeza minha confirmam o preconceito, manifestado em desprezo e desconsideração. Enfiam o dedo na cara por ser portuguesa ebranca, e algumas passam a perna. Mas agora já estou avisada. Assim que percebo faço uma vénia,vênia e pernas para que te quero. Na caminhada  encontrarei com toda a certeza seres viventes que se disponham a conhecer paralá da História Oficial, nomeadamente a História Anti fascista Portuguesa entre outras Histórias, como a da Guerra Civil Espanhola e outras resistências que podemos etar a favor ou não dos modos de resistência, mas são o oiutro lado da moeda dos carrascos que um dia invadoram outros continentes. Não quero nem serconfundida com carrascos e algozes, tampouco passar novamente pelo abuso de alguém de quem um dia amei, acreitei e confiei.

Resumindo: Mais vale só e incompreendida do que cair anos e anos na mesma esparrela. E escrever é muito liberta dor. Como rir. Rir da dor não é rir da dor alheia e sim da nossa, logo sinto muito pela dor desse e outros sujeites quesão vitimas duma sociedade classista, racista e segregatória. Mas eu, como nenhuma mulher, crinaça ou homem merece ser mal tarade com preconceito e agressividade.

Namachá shangrilá

A Piu 

Campinas SP 28/09/2021






INSTANTES POÉTICOS SINTÉTICOS - comemorções dos 32 anos de teatro lambe lambe


Recebi este presente de aniversário duns queridos amigos, Uma bonequinha miniatura dentro duma caixa feita à mão em que no meio tem uma pequena abertura entre as dobras, tanto na tampa como no fundo da caixa. Comecei logo a imaginar colocar esta criatura em cena, dar-lhe vida com uma ou mais histórias dentro duma caixa umas duas ou três vezes maior. Já com esta caixa também imaginei um micro espetáculo onde o espectador espreita por um dos orificios. Estão a ver a viagem que é adentrar pelas infinitas possibilidades do teatro lambe lambe? Se a pessoa não toma cuidado só vê mini espectáculos atrás de milhares e milhares de coisas, coisinhas, materiais e materialidades o dia inteiro.
Sim, histórias e teatros contadoss dentro de caixas já existiam antes de 1989. Por exemplo, o Kamishibai no Japão. Mas a grande sacada de criar um espectáculo em torno de 3 minutos dentro duma caixa onde o espectador olha para dentro e coloca os fones de ouvido é de duas mulheres nordestinas arte educadoras. Posso de denomina-las de Freirianas ( que seguem a pedagogia do Paulo Freire)? Homenagea-las sem esquecer de referenciar o seu nome é mais que tudo um ato politico, não no sentido partidário, porque além dessa sacada ter servido de estimulo que se propagou pela América do Sul até à Central, já atrarvessou o Oceano a mesma oferece autonomia ao artista.
É uma linguagem e um formato que pode viajar para qualquer espaço, seja este mais formal ou informal. Uma linguagem que abre asas à imaginação e que pode ser acessivel a quem o cria e apresenta como a quem o assiste. Uma linguagem olho no olho que pode proporcionar autonomia financeira ao artista. Sim, os artistas podem e devem viver da sua arte, seja com contribuição espontanea e consciente do valor do seu trabalho, seja com cachê e/ou editais. Valorizar a arte e o artista é de extrema importância.
Nós amamos a nossa arte, por isso a estudamos e nos dedicamos a ela. É uma profissão como outra qualquer com o convite ao sonho, à reflexão através da poesia e uma forma de ir na contra corrente do descartável, do imediato, das super produções de entretenimento. Uma linguagem que nos lembra que somos seres criativos, sonhadores, sonháveis e transformadores de realidades.
Grata Denise de Santos e Ismine Lima.
A Piu
Campinas SP 28/09/2021

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

DE REPENTE FEZ-SE LUZ- comemorções dos 32 anos de teatro lambe lambe


 No inicio era a escuridão, o caos. Depois surgiu a luz. A luz materializou-se para que a vida acontecesse numa terceira dimensão. Somos energia materializada. Os nossos corpos emanam frequências vibratórias. Sim, somo eletricidade com sentimentos. Esqueçamos as explicações demasiados transcendentais. Somos vibração. Umas vezes vibramos num frequência mais alta, na alegria, no amor e na corgem e em outras nas mais baixas das mais baixas das frequencias: vergonha, culpa... Um segredo que muitos sabem, mas que outros tantos já esqueceram: nós atraimos o que vibramos. MAS ATENÇÃO PARA NÃO CAIR EM DISCURSOS MERITOCRATAS!! Tipo: a pessoa vibra positivo e vive uma vida incrivel e bem sucedida, plena de reconhecimento e que as nossas almas escolhem os lugares em que vivemos. Sim, até um certo.Mas fala isso para um ser humano que nasceu e cresceu num ambiente socio económico desfavorecido ou num ambiente de guerra! Enfim. A paz, o pão, educação, saúde, e auto conhecimento e auto realização deveriam estar ao alcance de todes.

Este é defintivamente o meu primeiro circuito elétrico para uma caixa de teatro lambe lambe, durante a frequencia da diplomatura de teatro lambe lambe promovido por La Mascara na Argentina coordenado pela Gabriela Cespedes. Já tinha tentado fazer esse mesmo circuito com a Gabi na oficina do Varanda Teatro mas ficou inacabado. Não desistir é a chave do caminho da luz. Ihihih Um caminho de tentativas e erros, de projeções e experimentações e principalmente vislumbrar uma linguagem artistica que ocupe as praças, a via pública com acesso mais que democrático a todes os que se prestarem a suspender uns minutinhos da sua vida para olhar para dentro duma caixa lambe lambe e assistir a um espetáculo segredo.

Só posso agradecer e homenagear as criadoras desta linguagem: Ismine Lima e Denise Santos.

Estarmos mais perto uns dos outros através da arte para todes é mais do que um gesto poético, é um gesto de utopia para desfazermos ideias pre concebidas acerca uns dos outros e nos unirmos pelo olhar que espreita o detalhe de outro olhar.

A Piu

Campinas SP 27/09/2021

sábado, 25 de setembro de 2021

TENHO 48 ANOS!!! VIVA!!!

 E você que vai na Academia, que é super correte com as suas causas e considera-se a pessoo mais aberta, jovem.jovial do mundo - segundo, lá está,o que é ser tudo isso. SIM! EU SOU POLITICAMENTE INCORRETA NAS COISAS QUE INGIRO E SINTO TAMBRÉM SINTO RAIVA, MUITA RAIVA DE QUEM NÃO SENTE EMPATIA, já dos perversos eu observo para entender se é uma patologia crónica ou se é "simplesmente" uum deboche vindo de alguém acomodado ou conformado à sua condição. Eu não me considero marxista, mas nossa força de trabalho é extremamente importante.


De quando uem ando ez, umas mensagens dum' Flecha Certeira". Por respeito à sua pessoa transtornada por achar que a filosofia cartesiana o vai trazer muitos e muitos mériritos e enganar meninas e mulheres desavsadas, assim como à sua familia que muito tem a trabalha- como eu- nos seus padrões de comporamentos. Aqui entre nós: a mim parece-me que nem o Nitcha ele comprrende. Normal dentro do meio acadêmico. Mas deixe-nos em paz amim e aos seus irmãos que eu defendem, sem sempre concordar.Assi acredito eu.


O machsmo é um temor milenar que vai durar muito tempo a ser retorado. Olhando para trás., solteira que sou e feliz por me trabalhar internamente para atrair situações e seres bem intencinados sem pre conceito nem ideiass pré concebidas que são um M...rda de armadilha NADA SENSUAL dou aquele toque playboyzinho suurbano que invade a privacidade das mulheres de forma sonsa pode desconhecer a maluquoce maior que a do seu ego. Baixar a bola e dar um hug, um abraço, no seu mano e pedir desculpa pela sua estupidez é bárbaro. Já o seu mano precisa de estar vigilante para se informar um ppuco, ainda mais para sair da manada e vibra, sim vibra mesmo para os mais céticos e escranecedores como o lecha certeira com o cu de fora. SIm,com o cu. Porque quem tem cu tem medo quem tem rabo pode abanar.Mas um babaca que até tira onda com os seus irmãos é para a muher falar: Olha! Além de ter 48 anos tenho 48 anos e não sou da tua estirpe conceptual anilitaica suburbana.

Falei agora com raiva? Não sei... Talvez.. Mas também com amor. Como suburbana na infância e adolescencia até dá gozo de pegar um suburbano pelos colarinhos no dia do meu aniversário e vocesses lerem.Porque mesmo assim desacredito nas intintuições académicas e judiciais que remetem um caso para um canto para dar ugar ao amor e riso. VITÓRIA AO AMOR E RISO sem bucetadas fáceis e valngloriáveis em redes sociais.

NAMAXÉHAUXHAX
A Piu Campinas de 25 para 26 de Setembro de

ADONDE ESTÁ O MÊ PENSAMENTO? - um breve tributo ao povo brasileiro


 Eu não disse? Eu não falei que a uma dada altura perguntavam de que tribo eu era? Se hippie ou vanguarda. Este look pixie, este visu penteado duente surgiu muito antes de eu descobrir o teatro e vive versa e troca o passo. Um penteado prático que uma mãe, duma menina nascida nos anos 70, de alguma forma implantou. A sua Anita aderiu até aos dias de hoje, com um gadelhum, uma juba aqui e ali que  picava no pescoço como as golas altas de lã e fecahava o rosto.

Aqui terei uns 18, 19 anos. Uma já estudante das tais artes cênicas que aos fins de  semana limpava o lugar onde habitava, já fora da casa da familia onde também a faxinava, ao som duma cassete dos Pixies. 

Para os mais desavisados, principalmente no Brasil que é dos países mais desiguais do mundo, olharão e já farão um cálculo da minha conta bancária lá em cima, que muitas vezes está pela hora do " ai jejum que lá vou eu!" Assim como deve logo de primeira tecerem ilações segundo as referências duma sociedade que ainda não se livrou da criadagem mal paga que outroroa era agrilhoada para trabalhar nas plantações de café, cana e outros. Sim, estou a beber um café. Se ler um pouco mais das " As Veias Abertas" do Galeano deixo de beber café, assim como consumir quase todos os produtos. Se conversar mais com os meu amigos mesmo mesmo hippies da velha guarda não me tinha ido vacinar ontem pela segunda vez. Eu entendo as relutâncias à vacinação, mas mesmo assim com todas as contra indicações eu só espero que a taxa de mortes baixe e que as pessoas possam se ir imunizando através do acesso democrático ao sistema de saúde pública.

Eu sempre tenho a tendência para falar de muitas coisas ao mesmo tempo ao ponto de me perguntarem qual o tema da minha fala... Eu não me importo. Começo por falar dos gatos que não tive por viver num apartamento pequenito num centro de Lisboa para depois falar sobre o apartamento e a especulação imobiliária e o direito à habitação. 

Começo por falar do meu penteado pixie duma foto dos tempos de estudante de teatro para me lembrar que a História do Teatro que aprendi inicialmente foi a do teatro no Ocidente, mais tarde na Antropologia Teatral umas pitadas de teatro Oriental e nunca aprendi sobre o teatro Negro nem Indígena. Como sou uma eterna estudante agora em terras brasileiras tenho a oportunidade de escutar essas vozes e assistir ao seu fazer. E cada vez mais o faço porque o protagonismo é delas e escutar a necessidade destas escreverem, trazerem para cena a sua ancestralidade, a sua identidade que tentaram apagar, honrar os seus avós e bisavós escravos, o racismo e a exploração que até hoje vivem.

Para mim a pessoa branca que fala que o Brasil já deu é porque realmente nunca o conheceu, muito menos agradeceu pelo facto de um dia este território ter acolhido os seus antepassados em fuga de fome, guerra, e desemprego. A pessoa pode ter o chamado de voltar ao lugar onde os seus antepassados um dia sairam. Pode ir para onde quiser seja porque motivo for: porque fechou o ciclo de estar num território, pelo glamour que é viver na Europa mesmo que sofra em maior ou menos escala de crises politicas e financeiras. Mas para mim também já deu escutar que o Brasil já deu. O Brasil não é do Coiso nem de quem ainda o defende e sim de quem resiste. Minha eterna reverêrncia aos povos originários desta imensa América e aos povos africanos trazidos à força para cá.


A Piu

Campinas SP 25/09/2021

terça-feira, 7 de setembro de 2021

PORQUE NÃO SER FILHINHA DO PAPAI?

 


Pensando bem e melhor bem, mais bem melhor que bem ser filhinha do papá, que eu vou a partir de adora usar o termo tropical:' papai 'para o caso do acento cair não fique 'papa'. Não sei se algum papa alguma vez teve algum filho, se o teve o Vaticano ou não soube ou omitiu o caso. Assim sendo, voltemos à importância de ser filha do papai que tanto constrangimento possa dar para as meninas, mulheres em vias de emancipação. Um papai que é papai deve ser papai. Fazer a sua parte. Dar assistência, não abandonar, colocar a sua filhinha nos ombros para que esta olhe para lá do horizonte e que possa vir contar, ao seu papai, o que enxerga, o que há para viver e aprender para lá do lá do lá. E um bom papai, como um bom mestre, é aquele que disponibiliza ferramentas para que a sua filhinha possa ser inter (in)dependente e também aprende muito com a sua filhinha. Principalmente a ser rever, porque ele também é filho do patriarcado como nós todes. Ninguém nasce ensinado mas pode aprender a aprender, a tomar consciência e fazer diferente. O meu papai tem sido assim. Passo a passo.
Se todas as filhinhas fossem do papai não haveriam mães e crianças em situação de vulnerabilidade pela negligência e abandono dos papais. Penso, neste caso, que ser filhinha do papai é diferente de meninas que foram educadas para somente enxergarem o seu umbigo, a sua bolha, o seu condominio de referências e ideias enaltecedoras acerca da sua ilumuninação interior, mas que desconsideram o trabalho de outras mulheres, as suas circunstâncias e as suas batalhas para se manterem dignas na forma que escolheram em viver. Uma iluminação interna que somente contempla o bem estar individual sem se preocupar com os demais talvez seja uma filhinha de outra coisa... Sei lá do quê... Filhinha da separatividade, do individualismo, da inconsciência de tal de classe.
Sim, ter consciência der classe é muito importante. Quais as oportunidades que temos ou não. Quando uma sociedade é bastante desigual uma oportunidade, seja de estudar, viajar, ter uma casa com saneamento básico e comida na mesa passa a ser um previlégio.
Esta é uma foto duma filhinha do papai, no caso eu, no tal de Verão quente de 1975 em Portugal. Já falei desse periodo histórico em textos anteriores e como hoje aqui no Brasil é feriado pelo dia da Independência, no caso da Coroa Portuguesa porque da boçalidade branca o Brasil não se viu livre, não sei se deva falar que esta foto foi tirada no Castelo dos Mouros em Sesimbra quando Portugal ainda se constituia e se debatia com a presença dos norte africanos mais a sua religião em terras posteriormente lusas. Eu sempre defendo que sabermos História é um ato politico.Porque assim sabemos minimamente o que nos pertence ou não e qual a nossa parte como sujeitos históricos. E de há 200 anos para cá o Brasil está como está por conta da elite branca brasileira e oligarquias internacionais. Esse pepino, esse abacaxi agora não pertence a Portugal. Embora, muita coisa pertença a Portugal nomeadamente ter uma reconciliação histórica com os países que colonizou até 1975. Como se faz? Pessoalmente não tenho a resposta para tudo, mas faço a minha parte. Uma delas é escrever, atuar, ir ao encontro das pessoas, escutá-las com o coração e dentro das minhas capacidades honrá-las. Mesmo os papais das minhas filhas que são desses países colonizados por Portugal ( no caso Brasil e Angola). embora não tenham sido muito papais das suas filhinhas eu olho para o macro e para o micro e o discernimento emerge.
Agora falei bonito: " o discernimento emerge". Até eu eu estou surpreendida com este falar bonito que só é belo quando posto em prática.
A Piu
Campinas SP 07/09/2021

domingo, 5 de setembro de 2021

QUE TITULO EU DOU A ISTO?


" Você é uma mulher politica", afirma a jovem mulher que terá a idade que eu tenho nesta foto. Uma mulher politica... O que é que isso significa? Eu sou mulher, cidadã, artista de profissão, trabalhadora, mãe solo, estudiosa de artes, ciências sociais e arteterapia e outros estudos realcionados com terapias alternativas. Sou politizada, mas apartidária. Nunca entrei no mundo da politica, nem pretendo. Além de não ter vida para isso há quem o faça melhor e torço que o faça bem por nós todes.
No texto passado não prometi, como os polticos, mas enunciei que iria falar sobre o acolhimento. O que é acoher para 'vocesses"? Para mim, antes de tudo, é escutar, observar sem julgamentos/ juizos de valor, ideias pré concebidas que viram num estalinho de dedos em preconceitos.
Como posso conhecer a outra pessoa se nem a mim me conheço? Tenho aqui uma história na manga, no caso, na cava da camisa porque estou sem magas devido ao calor sobre "o que ele pensa que eu penso que ele pensa". Mas já conto. Uhhhh Uma história de mistério e revelação do lado sombrio, do dark side of the moon, da Piu.
Desde já agradeço do fundo do coração todos os acolhimentos, apoios, inspirações que muitos seres humanos neste imenso território brasileiro e sul americano teem propocionado. Sim, foi com esse propósito que há quase 10 anos decidi vir de malas, bagagens e duas filhas pela mão para terras sul americanas. Por acaso coincidiu com a crise que assolou o meu país de origem, mas o sonho já vem de alguns anos atrás: viver no Brasil e mergulhar nos inúmeros saberes e práticas artisticas, culturais, de modos de vida alternativos. Com diálogo e troca, dispensando redondamente apropriações culturais.
Para mim a solidariedade é um ato politico. Vivemos tempos de solidariedade? Algumas vezes sim, outras não. Certa vez dei por mim a esbracejar com as minhas filhas uma vez mais: ' É O MEU TRABALHO! M....!'" Naquele exato momento eu realizei a pressão em que eu estava: ter de trabalhar, ser reconhecida e valorizada pelo meu trabalho, cuidar das minhas filhas e não esquecer quem eu sou. Muitas vezes olhei ao redor senti-me no meio do deserto do Sahara com sede, com fome de gente que respirasse humildade, informação sem ser fake e empatia - nesta época eu frequentava um lugar que os unicampeões frequentam e outros pulavam das árvores porque ser engraçado é uma profissão. Para mim essa profissão de ser engraçado só tem graça se ninguém largar a mão de ninguém ao invés de somente pensar na sua própria carreira e os outros que se virem por si. Nunca me enquadrei muito bem nas dinâmicas de cada um por si.
E você caro leitor, não tome isso como algo personalizado. Como uma indireta. Se não se reconhece assim não se ofenda se se reconhece é uma bela oportunidade para se repensar na ideia que tem de você mesmo acerca de ser acolhedor ou não. Enfim,se chegou até aqui é porque gosta de ler e acredito que ame refletir. Bora refletir junto com leveza e entendimento? BORA!
Qual era o episódio que ia contar? Ah! Certa vez, lá por 1998 numa grande exposição em Lisboa onde muitos de nós trabalhamos durante muitos meses, um colega que tinha acabado de me conhecer construiu na sua cabeça uma ideia acerca de mim e por ali foi. Ao inicio deve-me ter achado muita graça e a maneira de se meter comigo era dizer que eu era uma betinha/ patricinha/ menina da linha armada em anarquista. Ahahaha Menina da linha, são meninas de familas ricas que moram na linha do Estoril que é supostamente um lugar bambambam, tipo Leblon vá. Só que eu e a a minha familia somos dum lugarejo suburbano perto da linha do Estoril, um lugar suburbano atrasadote como a fala desse sujeito que me tentava infantilizar, porque ele era da Juventude Social Democrata. Tudo bem. Ele pode ser tudo o que ele quiser sem precisar de fantasiar e desconsiderar a pessoa que nem conhece. Talvez para ele, por eu ter olhos claros, cabelo claro e ser branca bronzeada por trabalhar muito ao ar livre eu era uma menininha do papá armada em descoladaça. Enfim, nessa época eu já tinha vivido temporrariamente na Alemanha de Leste, passado pela Holanda e França sempre com a minha autonomia por ser uma jovem solteira sem filharagem que dependesse de mim e vem um fulano escarnecer do que eu penso, do meu modo de estar na vida e ainda desconsiderar, por não me conhecer.
Eu que sou neta de pessoas humildes trabalhadoras que ofereceram a oportunidade dos seus filhos poderem estudar sem perder a consciência de classe. Resultado: para não lhe virar o prato de comida em cima da cabeça dele virei-o sobre a mesa na sua frente, num intervalo de almoço do nosso trabalho É chato? É. Mas a partir dali ele confirmou que sou anarco punk do bem já com os seus calos. Ao menos ele não aumentou o episódio. porque muitos testemunharam. Acabou-se ali a sua paquera do jovem de direita que enxerga tudo segundo as suas referências.
Pronto... Enxergarmos os outros para lá das nossas referências e ideias pré concebidas é acolhimento.Enxergar e valorizar o trabalho dos outros além de acolhimento é um ato politico.
Assim sendo, fica aqui resgistrado que o meu posicionamento é para honrar a minha pessoa, as minhas filhas e todas as mulheres que vieram antes de nós. O nosso trabalho tem valor, seja a vender selos dos correios, a limpar casas de patroas ou a subir em palcos, escrever, contar histórias e propor outras formas de nos relacionarmos com olhos de escutar e ouvidos de observar.
Ufa,,,, Já andava para escrever isto há muito tempo, só precisava de tempo para não cair em precipitações. E rir das nossas sombras é também uma forma de nos iluminarmos.
A Piu
Campinas SP 05/09/2021

sábado, 4 de setembro de 2021

O PRIMEIRO INVERNO DIGNO DE SOL DEPOIS DA LONGA NOITE FAXIXI


 Não sei se esta é uma polaroid, aquelas que se tiram na hora e o Andy Warhol até fez uma obra em torno das fotos  instântaneas com esquadria branca. Mas o formato é idêntico. Deve ser uma kodak para mais tarde recordar. E aqui estou eu para o fazer. Recordar. Nós, vá. Você que irá ler hoje dia 4 de Setembro de 2021 como em outra data qualquer, quiçá em Dezembro de 2074. 

Da esquerda para a direita está o meu primo, depois a minha tia com o meu primo bebé, o meu irmão, a 'nha mãe e eu cheia de estilo com o meu ponche. Estamos em Dezembro de 1974 num passei de fim de semana perto de casa, na Costa do Sol, que depois passaria a ser somente Costa do Estoril porque a vizinha Espanha já tem uma Costa Del Sol. E nessa batalha secular, entre os tugas e os 'espanhuelos', eles ganharam. Porque mesmo assim eles desenvolvem o turismo, escangalhando a paisagem ecológico, há muito mais tempo que os tugas. Além de que eles bebem cueca cuela mesmo antes do fascismo deles cair. Até Abril de 1974 era proibido beber em território tuga a água suja do imperialismo 'amaricano', como muitos chamavam ao limpador de moedas sujas e desentupidor de vasos sanitários. 

Passaram-se seis meses depois da revolução dos cravos. Aqui estamos em família. Saímos à rua para passear, enquanto em muitas ruas, fábricas, latifundios, cooperativas, sindicatos vive-se o PREC - processo revolucionário em curso- que duraria até Novembro de 1975. A esquerda esquerda  foi vencida. Depois veio a esquerda moderada, a esquerda que virando a esquina era direita, a direita que nestes tempos dizia que era esquerda inclusive maoista! Enfim, pré adolescencias de democracia . Digamos. A partir daí foi uma escalada até ao neo liberalismo em que o marco da entrada de Portugal na comunidade europeia em meados dos 80.

Caro ser tropical: comunismo há muito que acabou, pelo menos na Europa. Portugal foi o último reduto nos idos anos 70 sem estar incluido no Regime Totalitário da URSS que finalizou em 1989 com a queda do muro de Berlim e a Perestroika. Por gentileze! Não faça figuras tristes em afirmar que agora o governo português é comunista ( eu já ouvi isto há bem pouco tempo!), que o PT é comunista ( o PT democratizou o cartão de crédito. Isso é comunismo? Para a elite cafona é porque não suporta que o pobre deixe de ser pobre e muito menos se cruze no aeroporto quando vão para Orlando. Miami ou para Paris. O PT teve muitas falhas, mas promoveu a cultura por exemplo. ,Mas para a elite cafona só a ópera com cheiro a naftalina é que é sublime. Além de nada... Cultura e educação p'ra quê?).

Naquele artigo do Leo Aversa" Mickey, Donald e você - sonho de morar em Portugal ignora crise, desemprego e transforma o europeu no povo mais acolhedor do mundo" concerteza que está a ser irónico ao colocar a foto da juventude comunista como se fosse a juventude portuguesa. Muito bom! Pode ser que assuste os reacionários. Mas não será reacionário não conhecer a sua própria história, muito menos a de um país que um dia foi colonizador deste que acolheu os seus antepassados e muitos NUNCA VIRAM OU TIVERAM INTIMIDADE COM UM INDIGENA OU UM AFRO DESCENTE! Mas agora descobriram a pólvora, perceberam que podem ir lá atrás na porta de serviço e dizer bom dia a essas pessoas e irem para Portugal enfiar o dedo na cara de tudo e todos porque afinal de contas não são eles os colonizadores e ainda tiram uma foto para colocar nas redes sociais a beberem um vinho do Porto na frente dum qualquer monumento histórico, porque é chique, dá estilo e muito bonito. Depois falarei do acolhimento tropical numa outra oportunidade, onde existe realamente acolhimente umas vezes e outras nem tanto.

Honrar os nossos antepassados não é negar a história e colocar o c...zinho de fora. É olhar com dignidade para tudo o que aconteceu e aconteceu, tomar consciência e cada um fazer a sua parte a partir do coração e não de líderes fajutos, tampouco de noticias fake, muito menos de mentirinhas que escutamos vindas de alguém próximo, que nem por isso devemos deixar de amar mas colocar limites para não ser confundido nos hugs/ abraços mal intencionados. Por que a vitória será sempre de quem sente amor, mesmo que demos mancada aqui e ali até deixarmos de dar. Humildade é um caminho muito precisoso e acolhedor. 

Beijus e até ao próximo texto!

A Piu 

Campinas SP 04/09/2021

quinta-feira, 2 de setembro de 2021

E NÓS? COMO PODEMOS FAZER DIFERENTE?

 Castañeda complementou que, na incerteza de tudo, a grande liberação consiste em viver cada momento como se representasse a última batalha do guerreiro, que assume decisões sem lamentações e sem pendencias.

- Eu nasci na América Latina, onde os intelectuais estão constantemente falando de revoluções políticas e sociais e onde se atiram montões de bombas. Mas a revolução não mudou muito. No entanto, para deixar de fumar, deter a ansiedade ou o diálogo interno, cada um tem que fazer de novo. Aí começa a reforma real. Nossa preocupação principal deveria ser conosco mesmos. Só posso me preocupar com o próximo se estou no apogeu da minha força, sem depressão. Qualquer revolução deve começar aqui, neste corpo. Posso modificar coisas, mas só do interior de um corpo impecavelmente sintonizado com este mundo misterioso. Para mim, a verdadeira façanha está na arte de se transformar em guerreiro, pois este, como diz Dom Juan ( índigena yaqui nascido no território fronteiriço do México com os EUA - nota minha), é o único caminho para equilibrar o terror de ser um homem com a maravilha de ser um homem.

in: Roberto Crema e Kaká Werá " A águia e  o colibri, Carlos Castañeda e ancestralidade tupi -guarani: trilhas do coração"

Já eu nasci no sul da Europa, na Peninsula Ibérica, berço dos antepassados que invadiram este imenso continente da Patagónia até ao México denominando o mesmo de América Latina devido à Peninsula comunicar-se com linguas de raíz latina, fruto duma outra invasão imperialista -  a romana - muitos e muitos  séculos antes. Chegados ao denominado Novo Mundo, embora muito antigo logo com uma vasta sabedoria ancestral, a sua compreensão não alcançou essa riqueza. Aos olhos desses antepassados peninsulares cuja sua História era pautada por invasões, perseguições, dogmatismos, batalhas sanguinárias a riqueza estava no extrativismo e na exploração da força de trabalho forçado alheia, vulgus escravatura. A escravatura é milenar e tinfelizmente transversal à grande maiora das sociedades e civilizações. Não são só os peninsulares ibéricos, assim como os restantes europeus dos últimos 500 anos que são os maus da fita. Porém, o que tem acontecido nos últimos 500 anos ao nível global é de grande responsabilidade dessa Europa, tanto ocidental como do leste. Chegou o tempo de escutarem os povos invadidos, mesmo que estes também comentam as suas atrocidades nomedamente a mutilação genital e genocidios - no caso refiro-me aos territórios africanos- sem contra argumentarem

Recuemos até 1976 à ponta de Sagres, não do gargalo da cerveja Sagres e sim desse pontão no Algarve, sul de Portugal onde existiu a escola de navegação no tempo da chamada expansão marítima. Essa expansão, antes de tudo teve uma finalidade mercantil: descobrir o caminho maritimo para a India, o caminho das especiarias. Nos entretantos "descobriu-se" (?) ouro, diamantes, café, cana de açucar e outras riquezas materiais em outro continente até então desconhecido (?) , pelo menos na memória oral e escrita da época.

Nessas duas décadas, 70 e 80, que precederam o fim do Império portugês muitas eventos que de brandos não tinham nada, embora um certo ditador convencia o seu povo que este era de brandos costumes só para o manter quietinho sem pensar muito e de preferência sem  pensar nada. Relembrando que o analfabetismo em Portugal até 1974 rondava os 90%. 

Sim, também houve atentados bombistas em Portugal tanto da dita extrema esquerda como da extrema direita. Obviamente não subscrevo todo e qualquer atentado à integridade fisíca, moral e espiritual. Mas é sempre bom verbalizar e sublinhar com um obviamente para ficar inscrito no campo vibracional, vá.

Porém, o que é curioso é que os bombistas da extrema direita nunca foram julgados. Já os que defendiam a ditadura do proletariado foram todos dentro. Um deles morreu há umas semanas atrás, Otelo Saraiva de Carvalho. O cabeça da coisa, ao que consta embora o mesmo negasse. Não o conheci pessoalmente mas conheci uma pessoa, que também já faleceu há alguns anos, que foi dentro. Essa não era militar, mas abria a casa para reuniões, segundo ela. A mesma teve uma grande importância no panorama cultural, fazendo um ótimo trabalho. Acredito que as suas intenções fossem boas,mas desconfio que um certo equivoco no coração estivesse presente. Escutei- a algumas vezes, na época em que dei aulas de teatro num estabelicimento prisional onde a mesma tinha estado detida. Não tenho capacidade de entender, nem pretendo, todos esses mecanismos e manobras partidárias onde as verdades, as difamações e as calúnias misturam-se com crenças duma época, euforias, sedes de poder e também utopias. Sem nunca perder de vista que até 1989 existiu uma tal de guerra fria para depois chegar o império do mercado chinês e sua mão de obra barata.Enfim... Sei que a esquerda sempre teve dividida e está porque a revolução interior só a cada um compete.

Gostaria de propor um novo hino nacional, quicá internacional, onde o bélico dê lugar ao belo e ao encontro auspicioso com novos e ancestrais mundos internos e externos: 

Heróis e e heroinas do amar

Nobre povo, coração valente e imortal

Levantai hoje de novo a consciência global

Entre as brumas da História

Oh  Mátria! Oh Mãe Terra! Pachamama acolhe-nos a nós!

E perdoemos os nossos e os vossos avós!

A Mar-nos! A Mar-nos pela terra e pelo mar.

Amar-nos! Amar-nos sem precisar  de marchar, marchar

Amar-nos Amar-nos! Auto conhecermo-nos é o nosso caminhar!

AHO!


A Piu


Campinas SP 02/09/2021