sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

POLIAMOR? Ahhhhhhhh cof cof essa é muito é boa!!!

Bom, bom, bom e eu dizer de mim para mim que hoje não escreveria mais sobre assunto logo, mas logo mesmo numa friday night fever, mas como sou da contra mão dessas coisas e não tem a ver com a idade mas porque achando eu que haveriam coisas tão óbvias, a coisa não é assim tão óbvia.  Como podemos falar de libertação sexual se somos consumidos pelo ciume ao ponto de causarmos sofrimento a quem um achamos que amámos? Como podemos falar de liberdade e democracia quando nos movemos por causar dor, logo pela mentira e não pela verdade, por aquilo que faz sentido na essência? Como podemos apreciar uma música, uma obra de arte e até criarmos de o nosso instinto é destrutivo pela insegurança que trazemos dentro de nós? Como podemos falar que amamos alguém quando não o expressamos com clareza e queremos dar nas vistas com gestos e ações que machucam, magoam?

Bom, fica assim o texto porque o dia já vai longo e quem tiver na balada não vai ter disposição para ler a Ana chata que é como uma sopa na mosca.

A Piu
Br, 31/01/2020

SE ÉS UM HOMEM DO BEM E DE BEM - POESIAS PUERIS PARA ASSUNTOS SÉRIOS

se és um homem do bem
que seja claro ao que vens
se és um homem de bem
ciumes?
nem vem que não tem!

amor não rima com dor

se és um homem de bem
ser do bem já é muito sensual, sexy

ihihih
vamos rir com leveza
com certeza

dancemos, dancemos até ao sol raiar
se és um homem o bem
ama uma à vez
não queiras uma incompleta, mais duas e mais três
 e assim projetas a tua conduta
chamando a mina de puta

vá!...

se és um homem do bem
vem
se és um homem que ainda precisas de te conhecer
toma o teu tempo

se és do bem e queres ser de bem
então vem

A Piu



quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

VITÓRIA AO AMOR QUIU RESTO É MELECA NHANHOSA


Penso que educar uma criança, fruto ou não do nosso ventre, é não denegrir a imagem de outro adulto, principalmente quando é o progenitor. É mais sério do que podemos pensar educar uma criança nessa vibe. Além da sua auto estima, auto confiança e confiança nos adultos ficar comprometida isso também se vira, de alguma forma, contra nós. É a nossa visão e palavra contra a de alguém. Porém, é nosso dever proteger a(s) criança(s). Não aguentar maus tratos, desconsiderações só para manter as aparências ou por medo. Sim, quando alguém nos ameaça, seja física como psicologicamente temos que ganhar forças para pedir ajuda. Nem sempre é fácil. Porque pedir ajuda significa assumir que estamos a ser humilhadas e isso pode ser igualmente humilhante, assim como é humilhante aqueles a quem pedimos ajuda virarem o rosto, fingirem que não entendem ou colocarem-se do lado do algoz bonitinho, que até pode ter uma aparência de descolado a la Bob Marley.

Quando alguém nos ameaça de morte, caso façamos uma denúncia, isso assusta. Em muitos casos nós não queremos denunciar alguém que um dia tanto confiamos e até amamos ao ponto de conceber uma criança. Segundo, mesmo que essa ameaça seja da boca para fora nós não temos a certeza que seja só da boca para fora, assim como pelo facto de uma ameaça já ser uma violência. 

Olharmos umas para as outras como mulheres que talvez precisem de serem abraçadas em vez de julgadas é um grande passo. Isso serve também para os homens que se propõem igualmente a rever toda a sua conduta em relação às relações. Em relação a si mesmos, vá.

Um caso de feminicido é um caso entre muitos, mas uma vida é muito preciosa. Assim sendo este ato de repúdio ao assassinato da Maria simboliza todos os repúdios a todos os assassinatos de todas as Marias. 

Sinceramente ainda tenho bastante dificuldade em entender porque um homem é tão covarde ao ponto de matar a sua namorada, ex namorada, companheira, ex companheira muitas vezes mãe dos seus filhos. Por vezes até uma família inteirinha. A pessoa tem que estar muito desnorteada.  

Esta Maria era bailarina. No caso, para muito pessoal ser bailarina, atriz e ATÉ PALHAÇA é uma afronta!!!! Porque será? Porque trabalhamos com o nosso corpo e a nossa liberdade de expressão. Então caro leitor que repudia o  Coiso, você quer realmente ser transformadeiro? Declare o seu apreço pelas mulheres, acesse aos seus sentimentos e manifeste amor por quem realmente ama. Amar muitas mulheres ao mesmo tempo ao ponto de querer tragá-las isso é amor? Pergunto. Perguntar não ofende. Não nos questionarmos é que pode ser uma coisada nociva, não? E nós o que queremos? DAR PASSAGEM À VIDA COM AMOR, ONDE OS NOSSOS CORPOS E ALMAS SEJAM ADMIRADOS E RESPEITADOS.
VITÓRIA AO AMOR QUE O RESTO É MELECA! NHANHA!

obs: tem um adendo que gostaria de compartilhar: durante muitos anos eu não colocava nos meus textos o local onde me encontrava no exato momento. Porque será? Fica a reflexão principalmente para aqueles que achavam engraçado incomodarem-me virtualmente.

A Piu
Campinas SP 30/01/2020








Se não assume responsabilidade, pelo menos não atrapalha nem infernize. Foto da década passada.

https://www.brasildefato.com.br/2020/01/29/ato-de-repudio-ao-feminicidio-em-curitiba-mago-presente/

quarta-feira, 29 de janeiro de 2020

O PRAZER DE SER INTEIR@

" Todos nós temos dentro de nós o conhecimento de toda a geração de seres humanos que já viveram. Há uma massa de informações reunida nesse código ao longo da história. Às vezes as informações ficam latentes, outras querem vir à tona de novo. Vivemos em uma época em que o conhecimento da terra, da mulher, está voltando à consciência coletiva e, por intermédio de nosso sangue (menstrual), podemos obter esse s saberes. "

Owen, Lara " Seu sangue é ouro, despertando para a sabedoria da menstruação", Editora Lótus 22, Viamão- RS: 2019.

 Mesmo cultuando o machismo, em comparação com os demais países latino - americanos, o Brasil é também " um dos mais liberais para as mulheres". (...)

No entanto, diante dos esterótipos que produzem uma imagem distorcida da realidade, os orgãos governamentais têm multiplicado os esforços para evitar a divulgação do turismo sexual. Tentativas nesse sentido proibiram, por exemplo, a circulação de um guia turístico, outrora vendido pela internet, dirigido a estrangeiros interessados em visitar o país (...) as braileiras eram definidas  como máquinas de sexo (...) classificadas em quatro grupos:

- Britney Spears: seriam as " filhinhas de papai que se vestem como a cantora". São maravilhosas, mas não deixam ninguém cantá-las. Pode esquecê-las a menos que seja apresentado a uma".
- Popozuda: é definida como "máquina de sexo bunduda. Bom para você investir seu tempo porque o motel é sempre uma possibilidade com essas maravilhas".
- Hippie/ raver: são classificadas como " garotas divertidas, fáceis de se aproximar, fáceis de conversar, difíceis de beijar, fáceis de ir para a balada".
- Balzac: seria a mulher que "quer se divertir, dançar, beber e beijar".

Sérgio do Carmo, Paulo " Prazeres e Pecados do Sexo na história do Brasil". Edições Sesc São Paulo: 2019.

Para todas nós mulheres que nos propomos a resgatar o nosso sagrado feminino tem sido um imenso desafio, pois este tem sido minimizado, perseguido, pisoteado há milhares e de anos. Há milhares e milhares de anos que trazemos na nossa memória celular guerras, batalhas, invasões, conquistas promovidas por uma lógica patriarcal, onde muitas vezes não temos acesso a caminhos de conexão interior para que possamos trazer para a consciência e nos reprogramarmos, desligando o piloto automático. Piloto esse que nos faz mover de esterótipo em esterótipo sem realmente nos questionarmos a fundo.

O espetáculo de palhaçaria feminina " Ar Dulce Ar" sobre relações abusivas e violência contra a mulher foi criado em cima das nossas experiências pessoais como mulheres, companheiras dos pais das nossas filhas, mães ameaçadas algumas vezes de morte diante dos delírios dos sujeitos. Como fazer comicidade sobre algo que nos entristece porque nos amedronta? Desafio, não? Precisamos antes de tudo de ter coragem para nos curarmos desse fantasma e depois coloca-lo em cena.

O feminicido, a misoginia existe no mundo inteiro, mas infelizmente no Brasil o índice é dos mais altos ao nível planetário. Infelizmente, esses pais no qual nos inspiramos e já piramos muitas vezes são brasileiros. Infelizmente, como estrangeira mesmo falando a mesma língua, as poucas experiências menos agradáveis ou realmente trash que tive foi com sujeitos da dita nacionalidade, ao ponto de ficar bastante apreensiva quanto à conduta dos demais sujeitos da dita nacionalidade. Gato escaladado da água tem um certo medinho...Devo dizer que esta forma de alguns brasileiros e brasileiras de enxergar a vida, o prazer, a libido, o corpo da mulher vem lá do tempo das caravelas, dos meus, dos seus, dos nossos antepassados portugueses. Como portuguesa sinto que tenho o dever, a obrigação ética de afirmar publicamente inúmeras vezes: " SINTO MUITO! FAÇAMOS A DIFERENÇA NOS PEQUENOS DETALHES DO DIA A DIA!".

E você, cara e caro leitor, que está aí desse lado lendo pacientemente este texto, que hoje talvez não tenha uma tirada jocosa porque nem sempre é para ser jocosa diante dum assunto tão sério, bora fazer diferente? Bora permitirmos-nos emanciparmos e ajudar no que pudermos a outros se emancipar avisando-nos constantemente, auto vigiando os nossos pilotos automáticos que confundem desejo e prazer com "putaria". E "putaria" é enxergarmos as mulheres, os homens e os outros tantos sexos como máquinas de sexo, almofadas que amaciam o nosso ego e as nossas carências. E nós somos muito mais bonitos e sensuais que isso! A questão não é negar que somos machistas, seja qual for o gênero, e sim desprogramar esse piloto automático para que os encontros sejam mais plenos. Cada uma e cada um fará diferença ao sair desse jogo que leva mais de 500 anos, 5, 6, 7,8.9 mil anos de patriarcado onde a mulher é usada e abusada, tal como a terra e outros seres vivos. Que a terra seja regada com sangue menstrual para fortalecer a sabedoria e a intuição e não com sangue de ignorância e boçalidade. Ajudemos-nos mutuamente nesse regresso à nossa essência, à nossa criança interior que ri e brinca inocentemente. Que o nosso prazer tenha algo de poético, artístico, transcendente.

Homens queridos, existem muitas mulheres que vos amam mesmo de verdade e desejam do fundo do coração que caminhem ao lado delas nesse resgate do que há de mais sagrado que é a Vida, onde o encontro de almas e corpos é imensamente belo e brincalhão. Orgulhemos-nos sim da humildade em trilhar um novo caminho, porque o resto que já está aí faz parte dum projeto mercantil, capitalista, neo liberal que faz de nós seres vivos produtos descartáveis, logo desprezíveis num oba oba dissonante de alegria duvidosa.

Abraços emancipatórios e até ao próximo texto!

A Piu
Campinas SP 29/01/2020

Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/

Não a conheci, mas sei que foi uma incrível Bailarina!
Triste realidade para nós mulheres!
Até quando isso? Domingo foi uma Bailarina, segunda talvez foi uma bancária, na terça uma desempregada, hoje, amanhã, depois... não importa, só o fato de você ser mulher e se empoderar disso já é um motivo para nos estuprarem todos os dias, sejam com os olhos, com os gestos..
Infelizmente virou uma guerra de homens e mulheres. Pois infelizmente muitas famílias não educam seus filhos para serem homens e sim para serem MACHOS!
.
.

Não sou contra o homem, sou contra o macho blza?!

SOU FEMINISTA SIMMMMMMMMM
Mônica Alvarenga DT

Que o nosso prazer tenha algo de poético, artístico, transcendente.

terça-feira, 28 de janeiro de 2020

HAMAR U UMOR

" O fanático é um grande altruísta. Frequentemente o fanático está mais interessado em você do que nele mesmo. Ele quer salvar a sua alma, quer te redimir, quer te livrar do pecado, do erro, de fumar, de sua fé ou de sua falta de fé, quer melhorar os seus hábitos alimentares, ou te curar da bebida ou de sua preferência na hora de votar. O fanático se importa muito com você, ele está sempre pulando em com do seu pescoço porque te ama de verdade, ou então está em sua garganta caso demonstre ser irrecuperável (...) De um modo ou de outro, o fanático está mais interessado em você do que nele mesmo, pela muito simples razão de que o fanático tem muito pouco de " ele mesmo", ou nenhum " ele mesmo". (...) O senso de humor ´uma grande cura. Nunca vi em minha vida um fanático com senso de humor, nem nunca vi uma pessoa com senso de humor tornar-se um fanático, a menos que ele tenha perdido o senso de humor. Fanáticos são sarcásticos. Alguns deles têm senso de sarcasmo muito agudo, mas não de humor. O humor encerra em si a capacidade de rirmos de nós mesmos. Humor é relativismo, humor é a aptidão para ver a si mesmo como os outros o veem, humor é a capacidade de perceber que, não importa quão justo você é, e como as pessoas têm sido terrivelmente erradas em relação a você, há um certo aspecto da vida que é sempre um pouco engraçado. (...) enquanto tiver senso de humor você estará em parte imune ao fanatismo. "

OZ, AMÓS " Como curar um fanático", Companhia das Letras SP:2004.


O QUE TODOS NÓS PODEMOS FAZER?


" (...) Cedam ou peguem uma polegada aqui, outra lá, por acordo mútuo. E alguma fórmula flexível para os lugares sagrados em disputa, porque só um arranjo de flexibilidade pode funcionar. Nesse momento, quando os líderes de ambos os lados estiverem prontos para dizerem isso, eles vão ver que os dois povos estão tristemente prontos para isso. Estão preparados do modo mais duro, dispostos em meio a dor e sangue derramado, mas prontos.
Quero abordar uma última questão. O que vocês podem fazer? O que podem fazer os formadores de opinião? O que podem fazer os europeus? O resto do mundo o que pode fazer, além de sacudir a cabeça e dizer: " Que coisa terrível!"? Bem, há duas coisas, talvez três. Uma, os formadores de opinião por toda a Europa têm o hábito miserável de apontar o dedo, como uma antiquada diretora de escola vitoriana, para este ou aquele lado: " Vocês estão envergonhados consigo mesmos?". Com demasiada frequência eu leio nos jornais em vários países europeus ou coisas terríveis sobre Israel ou coisas terríveis sobre os árabes e o islã.
Coisas simplórias, tacanhas, hipócritas, farisaicas. Não sou mais europeu em qualquer sentido, exceto pelo sofrimento dos meus pais e de meus ancestrais, que deixaram para sempre em meus genes um sentimento de amor não correspondido pela Europa. Mas se eu fosse um europeu, teria o cuidado de não apontar o dedo para ninguém. Em vez de apontar, chamando os israelenses disso e os palestinos daquilo, eu faria tudo o que pudesse para ajudar ambos os lados, porque estão à beira de tomar de tomar a mais dolorosa decisão de suas histórias."
OZ, AMÓS " Como curar um fanático", Companhia das Letras SP:2004.
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Traduzido do inglês-Palestina é uma novela gráfica de não ficção escrita e desenhada por Joe Sacco sobre suas experiências na Cisjordânia e na Faixa de Gaza em dezembro de 1991 e janeiro de 1992. O retrato de Sacco da situação enfatiza a história e a situação difícil do povo palestino, como um grupo e como indivíduos.
A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e multidão
O campo de concentração de Auschwitz foi uma rede de campos de concentração localizados no sul da Polônia operados pelo Terceiro Reich e colaboracionistas nas áreas polonesas anexadas pela Alemanha Nazista, maior símbolo do Holocausto perpetrado pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial.
Mortos: c. 1.3 milhão
Localização: Oświęcim, Polônia
Designado como patrimônio mundial: 1979
Libertado por: União Soviética - 27 de janeiro de 1945

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

O RACISMO DEBAIXO DA CAMA - SÉRIE RENASCER

Para falarmos de nós, dos outros e novamente de nós como um todo precisamos de olhar para a História com honestidade. Essa honestidade passa também por reconhecer de onde viemos, qual o processo histórico dos nossos antepassados, em que lugares estes se colocaram e/ou foram colocados. Sabermos que privilégios nos foram ou não concedidos e até retirados. Por outro lado não sermos reducionistas em olhar a preto e branco para a complexidade da História e de todas as partes envolvidas. Até hoje falar de racismo, colonialismo, guerra colonial ( no ponto de vista de Portugal) e guerra pela independência ( do ponto de vista dos países africanos) é tabu.

É com muito orgulho que partilho este vídeo onde aparece o querido antropólogo Miguel Vale de Almeida, que tive o prazer de ser aluna na graduação em Antropologia Social no ISCTE - universidade de Lisboa. Porquê? Porque é um português, branco, académico que coloca os pontos no is, afirmando que a  sociedade portuguesa é esquizofrénica, colocando o racismo e a violência debaixo da cama. Adoro a expressão 'debaixo da cama"! Diferentemente de " debaixo do tapete" a pessoa quando se deita normalmente é na cama, salvo raras excepções em cima do tapete. Ao se deitar a pessoa aconchega a sua cabecinha, estica ou aninha o seu corpinho e faz óó. Vai daí que a pessoa traz dentro de si uma tal de uma consciência, que pode ou não estar aflorada. Ao fazer óó a pessoa acessa ao inconsciente e ao subconsciente. Tá. Daí aquilo que ela em coletivo e no individual colocou debaixo da cama emerge como um fantasma da ópera, uma realidade que foi e é um pesadelo enquanto não sair debaixo da cama por omissão e negligência. Vergonha? Não sei. Penso que uma grande parte da população portuguesa nunca se questionou sobre essa vergonha, pois se assim fosse não permitiria esse enaltecimento dos monumentos e dessa narrativa de " dar novos mundos ao mundo". Sim, sem dúvida a tecnologia avançou e muitos encontros auspiciosos aconteceram, ou começam a acontecer quando vamos ao encontro do outro não para subjugá-lo, explorá-lo, desrepeita-lo e até aniquilá-lo e sim para conhecê-lo, abraçá-lo, criar boas relações.


Logo de seguida temos a artista Grada Kilomba, afro descendente, que nasceu e viveu em Lisboa, que fala da resistência que o povo português tem em chegar ao presente e lidar com o presente, resistindo a incluir os afrodescendentes na sociedade portuguesa na sua totalidade. O mais chocante, e quem viveu em Portugal como eu por ser de lá, é lembrar aquela frase: " Oh preto! Volta para a tua terra!" Ou aquelas pixações: PRETOS FORA! Degradante num país como Portugal que só deixou de bater no peito faxixi " Angola é nossa!" e abriu mão de Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé quando ao fim de 12 anos percebeu que a guerra estava perdida e que muitos morreram e outros ficaram feridos e traumatizados de guerra. Isto na geração do meu pai, dos meus tios, dos pais dos meu amigos. E essas memórias de guerra ainda são muito doloridas para muita gente relembra-las. Normal. Compreensível. O que não é compreensível é Portugal ter-se tornado num país que quase só vive do turismo, em que um dos produtos vendáveis é essa narrativa caduca e nefasta. Por outro lado, é minha intenção mostrar não só aos angolanos, cabo verdianos, guineenses, moçambicanos, são tomesenses (? existe essa denominação?) mas como aos brasileiros que existem portugueses, brancos, estudiosos que não compactuam com essa narrativa, esse discurso que deveria ser convertido em pedido de desculpas e procura duma reconciliação daqui para a frente, acolhendo de facto as pessoas, valorizando-as, criando perspectivas destas progredirem. Sinceramente, Portugal até à data também não me oferece essa perspectivava de progressão seja pessoal, espiritual como profissional. Como a mim outras pessoas sentirão o mesmo. Por isso não voltam. Santos da casa não fazem milagres! :D

Porém, desejo do fundo do coração, muito sinceramente, que outras mentalidades se firmem num estar na vida de outra forma, sem ser fechado sobre o seu próprio umbigo, numa auto negação com os olhos estrábicos virados para o passado. Eu sei que tem muita gente em Portugal a pensar diferente e a olhar para os africanos, para os afro descentes e para os indígenas brasileiros com muito respeito e admiração. Mas ainda não é suficiente. Façamos de facto a diferença no nosso dia a dia uns com os outros. Valorizando-nos de facto, independentemente da cor e da origem. Prática que nem sempre acontece. Só às vezes, vá.

Abraço luso tropical desde o Brasil

A Piu

Campinas SP 24/01/2020


“Portugal meteu a escravatura, o colonialismo e o racismo debaixo da cama”

https://youtu.be/3jxGD2X2eYc


Reika Jamece - pintora angolana
" Renascer '





HEY BOB, BOB!

HEY BOB, BOB
" Eu pediria desculpas
Se eu achasse que isso faria você mudar de ideia
Mas eu sei que desta vez
Eu falei demais, fui indelicado demais
3 X
Eu tento rir disso tudo
Cobrindo com mentiras
Eu tento rir disso tudo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram
Garotos não choram
Eu diria a você que eu te amava
Se achasse que você ficaria
Mas eu sei que é inútil
E que você já foi embora
Julguei mal o seu limite
Fiz você ir longe demais
Não te dei valor o suficiente
Pensei que você precisasse mais de mim
Agora eu faria qualquer coisa
Para ter você de volta ao meu lado
Mas eu só fico rindo
Escondendo as lágrimas em meus olhos
Pois garotos não choram garotos
Garotos não choram
Garotos não choram "
Bem me lembro em adolescente tentarmos dançar estas e outras músicas que não chamávamos góticas e sim vanguarda no jeito do Robert Smith. A cabeça para baixo, enfiada nos ombros com os braços bamboleantes e as mangas a cair em cima das mãos, dando uma de displicente. Já as pernas tinham aqueles saltinhos descompassados como quem procura um alfinete na pista de dança duma discoteca semi escura.
Assistindo hoje à performence do Robert Smith e lendo à distância esta letra que foi escrita em 1979 e que atravessou os anos 80 inteirinhos como um hit, concluo que estou diante dum adolescente quase adulto ou dum adulto com o síndrome do Peter Pan que precisa de se encontrar consigo mesmo antes de se envolver com outro ser de luz. Ele também será um ser de luz, mas era moda, na época, ser dark, urbano depressivo e gritar NO FUTURE!!! Enfim, há distância de 40, 41 anos depois desta letra ter sido escrita, quando o Bob tinha os seus 19, 20 anos vamos torcer para que tenha amadurecido na sua forma de se relacionar. Não precisa nem sequer de abrir mão do seu visual de personagem do Tim Burton, mas só mergulhar para dentro para depois voar. Sendo que a sua postura física já era de introspecção e alguma tentativa de consciência, porém ainda no nível C+ numa escala de A ( como nota máxima) a E ( como nota de quem precisa de se focar muito mas muito mesmo)., porque passo a passo chega lá).
Ora vejamos a letra acima traduzida, dirigindo-me diretamente aos Bobes da vida. Vamos à primeira estrofe. Bobes da vida: nunca é tarde para pedir desculpas. Mas não se trata de pedir somente desculpas e sim de mudar de atitude diante do milagre da criação. Sim, porque acordar todos os dias é um milagre e com saúde física e psíquica é triplo milagre! Sim Bob, temos que saber os nossos limites de indelicadeza. E não podemos sempre esperar que os outros nos coloquem limites, embora muitas vezes seja necessário. E não tem essa de colocar condições para pedir ou não desculpas, pondo a hipótese que a outra pessoa mude ou não de ideias. O que está feito está feito, agora é fazer diferente. Isso é um gesto de coragem e dignidade para consigo mesmo.
Vamos partir do principio que o Bob não cometeu algo duma gravidade extrema que possa dar aquela çurubeba da pessoa ter que acenar com leis e outros mecanismos de autoridade que podem levar a uma punição de foro... judicial, vá. Sim, Bobes da vida muitas vezes a pessoa simplesmente quer que a deixem em paz. Simples assim. Só que há Bobes da vida que levam aquele teeeeempo para entender que não é legal importunar,invadir, ameaçar. Há pessoas de bem que tem a flexibilidade de entender o que está por detrás de toda essa maluqueira, mas não são pau para toda a obra. Aqui temos um exemplo: eu. Mas não pisem muitos os calos! Então estes textos servem também para fazer um outro tipo de justiça sem ter que recorrer a outras instâncias e também para que nós não nos sintamos sós e únicas nesses assédios e agressões sejam verbais e/ou físicas que possamos estar sujeitas.
Então, vamos todos ser mais madurinhxs na forma como nos relacionamos entre nós, pois a coisa já anda cá uma maluqueira de coisinhas, coisadas e coisos que precisamos de fazer diferente, não é mesmo?
Vamos à segunda estrofe que o Bob repete três vezes. Sim, Bob!... É um clássico. A pessoa mente porque não está em forma com ela mesma, não está inteira. Às vezes mente porque não sabe verbalizar o que sente, outras vezes mente porque quer abraçar com avidez tudo o que mexe. Fuuuuuu respiremos profundamente. Somos todx muito mais do que isso. A pessoa mente porque a auto estima, a auto confiança anda ali meio que manca, coxa. Resultado: quem não tem auto confiança não é confiável para si mesma. Então antes de mentir para outrxs, já está mentindo para si mesma. Eu sei, Bob, que isso é triste. Muito triste romper com a confiança. A mentira não se sustenta, por isso é mentira. Aí a pessoa ri ou tenta rir. Mas é um riso triste, umas vezes cínico, outras sádico e sempre masoquista. Se chorasses Bob talvez a alma se limpasse consideravelmente.
Vamos à terceira estrofe. Bob, Bob, Bob, Bob, MIL VEZES BOB! Precisas de aprender a amar, cara, man, pá, chavalo, manu. Aprender a amar é antes de tudo olhar para o espelho com frequência e falar : " Eu me amo!" Pode ser a sós! Melhor que seja a sós! Não te retira nenhuma masculinidade!!! PELO CONTRÁRIO!!!! FORTALECE A TUA ENERGIA VITAL!
Sim Bob, na estrofe seguinte já demonstras alguma consciência que assim não dá. Não dá para voltar atrás. Escuta bem, tem muitas minas, manas e manos que quando a coisa foi longe demais já não retornam. Isto não significa que não possa haver uma relação de respeito e aquela amizade com os devidos protocolos diplomáticos. Muita gente não requenta relações que já queimaram o fundo da panela. Compreensível, não? Assim como quando a coisa começa ou nem chega a começar e a mentira e manipulação já está na base!... Bob, Bob, Bob, Bob, Bob, TRÊS MIL VEZES BOB DO CORAÇÃO!!!! Tás vivo, não estás? Aproveita a oportunidade do milagre da vida para te curares de ti mesmo!!! Todxs nós precisamos de fazer isso! Isso é revolucionário! É um ato político! É ATIVISMO SERMOS MELHORES PESSOAS PARA NÓS MESMOS, PÁ, CARA, MAN, CHAVALO!
Chora!! Chora! Faz bem! Perdoa-te! Ninguém pode fazer por ti. Um@ amante, namorad@, espos@ o que quiseres chamar não é nem tua mãe, nem tua terapeuta, enfermeir@ para todo o serviço. Um@ namorad@, amante, espos@ antes de tudo é amig@ do peito. E qual a base da amizade? CONFIANÇA!!
Confia, que és capaz de sair dessa vibe urbano depressiva que já está um pouco fora de moda. Se ainda está na moda, temos que dar aí uma arejada nas cores da roupa, abrir as janelas da mente e do coração, esse canal que precisa urgentemente de estar obstruído.
Vá, Bobes da vida! Respirar fundo e mãos à obra! A VIDA É UMA GRANDE OBRA ARTÍSTICA SE ASSIM QUISERMOS! 
Ah outra coisa, Bob: ama-te. Tem muita gente torcendo por ti e isso é muito bonito. Ama essas pessoas que te amam e torce também por elas. Não lhes mintas! Isso é amor sem avidez sem ganhadores nem perdedores. O Amor não é nenhuma competição. Aliás, competição além de não ser amor não traz felicidade e sim aquele risinho mascarando um vazio tristonho. VIVA A VIDA!!!
e u amore
A Piu
Br, 24/01/2020
Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/



quarta-feira, 22 de janeiro de 2020

SIM, OS HOMENS TAMBÉM CHORAM

#eumeamo #eumecuido #eudecido

O que está por detrás da máscara? Uma máscara de masculinidade e/ou de feminilidade? O que está por detrás dum algoz? Fazer estas perguntas é muito mas muito muito importante para entendermos que no final acabamos por ser todxs vitimas de falta de amor e atenção e que isso pode ser curado

Assim sendo, este texto é dedicado a todos os homens que de alguma forma querem rever a forma como foram criados, ou descriados, educados. ou deseducados. O documentário " The mask you live in", que traduzo livremente para " A máscara que trazes em ti" contém depoimentos corajosos pela exposição da vulnerabilidade dos seus interlocutores. Alguém que é condenado a prisão perpétua nos EUA por ter morto outra pessoa com seis tiros chegar à conclusão que aquele ato lhe concedia um poder que lhe tinha sido retirado pelos maus tratas que sofrera na infância no seio familiar pode se chamar um saltinho quântico, pois há um entendimento que se sente raiva, tristeza, revolta pela ausência de cuidado, amor, carinho fruto dum ciclo vicioso que pode vir de muitas gerações anteriores. Romper com isso, quando nos são dadas ferramentas de entendimento, é liberta dor.

Este documentário chama a atenção para a forma como os meninos são educados desde muito cedo e que eles são as primeiras vitimas de violência, talvez mesmo antes das meninas. São educados para não chorarem, para não exprimirem sentimentos muito menos conversarem sobre os mesmos. Isso leva muitas vezes à depressão e até suicídio. E nós, mulheres, como irmãs, amigas, companheiras, namoradas, esposas, mães, termos esse entendimento é também romper com esse ciclo vicioso.

Este documentário, no meu ponto de vista, é um ato muito corajoso. Não só porque os envolvidos são homens repensando a sua masculinidade e virilidade e assumindo que foram crianças maltratadas numa sociedade como a dos EUA que promove a violência como produto vendável e lucrativo, assim como coloca em cima da mesa várias crenças e práticas dos homens, nomeadamente em meios universitários. Assim sendo, o abuso, a agressão é transversal às várias camadas sociais e aos contextos, sejam estes letrados ou não. No filme há uma informação estonteante, que acredito que não fuja mesmo nada à realidade brasileira, sendo esta em muitos casos idolatra a realidade dos States: 35% dos universitários pensam na possibilidade de estuprar se soubessem que não seriam pegos.  !!!!!!!!!!! COMO ASSIM?!?!?!? perguntamos-nos se tivermos um pingo de consciência. Um interlocutor chega à conclusão que muitos dos homens, nomeadamente ele, achava que as mulheres existem somente para fazerem sexo com eles, para os servirem. São caça para exibir antes, durante e depois.... Pois... Mas precisamos de ir mais fundo.  A maioria dos homens anda desesperado por provar a sua masculinidade e a sociedade mais a sua midia envia códigos confusos sobre o que é ser ser humano. E  como sair dessa matrix? De diferentes maneiras. Cada terá de fazer esse exercício de auto consciência a sós, ou pedindo ajuda. E nós mulheres precisamos de resgatar o que há de mais sagrado em nós: o respeito pelo nosso corpo, alma e sabermos lidar com a nossa libido saudavelmente porque apesar de tudo não somos carne para canhão. Ah! E algumas de nós abrir mão de competir com outras minas e manas. Lhaque! 'Caria! Não serve! Escutar mais os queridos homens para os entender e colocar limites com firmeza e amorosidade. É o que estão pedindo. Mesmo os aparentemente mais durões. Sim, os rapazes também choram e são muito bonitos quando o fazem.

A Piu
Campinas SP 22/01/2020







The mask you live in ( legendado em português e espanhol) 
https://youtu.be/I1OI9B0VSlA

Este documentário sobre a “crise dos meninos” nos EUA explica como criar uma geração de homens mais saudáveis e apresenta entrevistas com especialistas e acadêmicos.

Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/

A ARTE NU POP




" Qual a diferença entre botarmos para fora e nos expormos?". Aquela pergunta feita ao meu lado, onde o meu ouvido estava entupido há vários dias pela água do mar e da cachoeira o que dava um zumbido permanente, ecoou como um "Aha!"
Essa pergunta cada vez é mais pertinente, principalmente na Era da Tecnologia, das relações virtuais muitas vezes sem nenhum contato a não ser o virtual. A internet é a revolução das revoluções. Uma ferramenta que pode tanto ser benéfica como nociva, dependendo como esta é usada.
Para cultivarmos pacifismo precisamos de olhar de frente o que precisamos de reprogramar na nossa memória celular, o que nos fere, quem ferimos, porque isso acontece. Não nos silenciarmos é muito importante e cada vez observo mais que a opinião pública é importante para sabermos com quem contar, quem pode contar com a minha pessoa e aqueles que passam como voyeurs. Vivemos na Era da exacerbação do voyerismo. Uma espécie de meter o nariz na vida alheia e expor a nossa vida muitas vezes desnecessariamente. Ainda estamos a aprender a usar esta ferramenta poderosíssima que é a internet. Antes de tudo não julgarmos se está certo ou errado como as outras pessoas usam as redes sociais, aplicativos e afins duma forma distinta de nós. Essa é a primeira, pois cada uma e cada um de nós tem necessidades diferentes. Podemos sim refletir juntxs o que pode ou não fazer mais sentido.
Faz sentido criar o kit polémicas com os xingamentos em cima de noticias parciais, já nem digo fakes, acerca das nossas opiniões muitas vezes infundamentadas? Faz sentido expormos os detalhes da nossa vida privada para o mundo? Qual o objetivo? Qual o interesse de alguém saber que eu comi um prato y no lugar x com com a pessoa z? Qual é o interesse de mostrarmos ao mundo quem beijamos arrebatadamente? Ihihih Não sei, talvez seja interessante, excitante para terceiros aprovarem com um like que estamos bem, que superamos o nosso medo da solidão, que queríamos estar com a pessoa k, mas agora estamos com a pessoa w. Eu vejo muitas pessoas queridas e amigas fazendo isto e eu fico aí a pensar que é como tatuar o nome de alguém de que nos apaixonamos e até amamos, mas um dia a coisa já não é mais a mesma. Acabou por algum motivo sem a necessidade daqueles conflitos melodramáticos. Acabou. Ponto. E fica lá aquele nome no braço, de baixo da língua ( eu já vi Elsa tatuado debaixo da língua no tempo em que as tatuagens não eram moda e faziam-se em casa de qualquer maneira brrrrrr lhaca p'ra mim não!)
Daí eu penso muitas vezes o que quero contar ao mundo, o que quero partilhar. E na verdade quando partilhamos algo estamos nos a expor, talvez isso não agrade a toda gente. Paciência. Um ex amigo, vou considerar assim, várias vezes me expunha a outras pessoas, nomeadamente muito próximas e familaires que eu escrevia demais. Talvez isso o incomodasse. Incomodasse a ideia que faz acerca da sua masculinidade e da sua auto realização. Isso não é ser amigo. Um amigo compreende-nos, mesmo que não concorde e não zomba diante de terceiros acerca do que nos realiza e em que o propósito para nós de escrever, atuar, criar cada vez se torna mais claro.. Mas outros seres ficarão inspirados em compartilhar alives, audios, poemas, prosas, pinturas, esculturas, obras artísticas e cientificas, engenhocas, estilos de vida ecologicamente mais sustentáveis. Há gostos para tudo.
Mas onde é que eu queria chegar mesmo! Ah! Comecei por querer escrever para a página AR DULCE AR sobre "Os rapazes também choram" e acabou nisto!!! Agora que o ouvido está desentupido de água, água são sentimentos estagnados ou fluidos, escreverei sem parar ao som dos The Cure. Quem apreciar ler belezura, quem não pode passar pelas vidas dos you tuber que está tudo certo ou simplesmente contemplar o movimento duma árvore. Cada um com a sua vida, uns em prole dos Big Brother da vida outros em prole de outras coisas que superem isso.
A Piu
Br, 22/01/2020



terça-feira, 21 de janeiro de 2020

POP, MAS NÃO POPCORN


Sim, eu sou da geração pop, da geração X como designava o escritor Douglas Coupland. Sou a primeira geração que nasce num Portugal democratizado e sem colónias. Da geração em que as mulheres, pelo menos as dos centros urbanos, não tem como objetivo primeiro casarem-se e sim realizarem-se como seres humanos capazes de agir por conta e risco e de amar quem escolhem amar. Mas o caminho não é a direito. Lá isso não é.
Sou da geração que começa a ter acesso ao consumo e ao ensino superior democratizado, aliás mercantilizado onde o sonho de muitos pais que não tiveram acesso ao mesmo sonhavam em que os seus filhos virassem doutores. Enfim, uma geração de doutorxs s, arquitecxs, engenheirxs, advogadxs num número maior que a oferta de trabalho. Faz parte do deslumbramento das massas dum país recém democratizado e desruralizado que se transformou numa instância balnear e posteriormente num Portugal dos Pequenitos com pasteis de nata, fios de ovos, ginginha e vinho para degustação daqueles que no norte da Europa passam o dia a comer sandwiches. Um Portugal dos Pequenitos em ponto grande para se gastar em euros e realizar um sonho um pouco manco dos portugueses em acharem por momentos que fazem parte da Europa desenvolvida, gourmet e abundante.
Sou da geração em que os cinemas não eram em shoppings e sim em salas grandes, algumas com livrarias ao lado e onde levar comida e bebida para dentro da sala era impensável. Muito menos ruminar pipocas o filme inteiro deixando para trás uma instalação de descidadania porque alguém vai limpar.
Das coisas que me dá mais prazer numa grande cidade é entrar numa boa sala de cinema e assistir a filmes que não são yankis, com aquela fórmula de muita perseguição, truca truca e vingança. Chiça! Nossa senhora da Agrela, abre as portas que lá vai ela!!!
O grande barato ( tugalhada oh eu com expressões brazucas!!!! Converti-me de vez  ) de morar perto de São Paulo é não morar em São Paulo e poder voltar para o meio das árvores e poder deslocar-me de bike uma grande parte do tempo. O grande barato mesmo de São Paulo é por ser uma das cidades mais cosmopolitas que conheço, com os seus traços provincianos como toda e qualquer cidade. Como por exemplo: Paris. Paris é provinciana. Porquê? Porque ainda não conseguiu se desenvencilhar da sua arrogância de achar que é o centro do mundo, da cultura, o exemplo da democracia e da laicidade. Desrespeitando assim de forma camuflada ou escancarada pessoas oriundas de outras sociedades e culturas que a exemplar França um dia invadiu, anexou e subjugou. Obviamente a sociedade francesa tem coisas incríveis, é dos poucos países que ainda valoriza a cultura e a arte assim como os profissionais das mesmas. Porém esse apoio também faz perto do projeto de afirmação e dominação no mundo.
Neste final de semana assisti ao dois filmes passados em Paris sem pipocas na sala e com muita gente na plateia como nos velhos tempos!!! Filmes passsados em Paris só que sobre o lado que não é tanto cidade das luzes.. "Synonymes" de Nadav Lapid é uma co produção entre a França, Israel e Alemanha que fala de um israelita que chega a Paris para cortar com as suas origens hebraicas, por conta da situação que se vive até hoje na Israel. O filme retrata bem um Paris burguês, dum patriotismo caduco, e arrogante em relação aos emigrantes. Já " Os Miseráveis" de Ladj Ly é um retrato incrível do subúrbio parisiense que, de alguma forma, se assemelha ao brasileiro com a diferença que são bairros sociais e não favelas e mesmo assim o cidadão emigrante vai sabendo dos seus direitos e violações dos mesmos, podendo precariamente se defender. Em suma, uma desconstrução dum Paris glamouroso, duma Europa sem problemas e muita segura. Bom, tirando Paris - onde certa vez estudei teatro na conceituada escola do Jacques Lecoq com uma bolsa de estudo duma conceituada Fundação portuguesa, a Fundação Calouste Gulbenkian que apoia várias áreas disciplinares e artistas com trajectórias consideráveis, informação importante para aqueles que acham que ter bolsa é coisa de pobre, como já escutei nestas bandas tropicais - nunca senti que pudesse ir pelos ares num vagão de metrô em outra cidade do mundo.
Resumindo e concluindo, se no Brasil a questão do impacto colonial é importante, os estudos pós coloniais e as diversas afirmações por parte daqueles cujos antepassados sentiram na pele o que é ser subjugado e que hoje ainda precisam de se afirmar para serem incluídos numa teia social do qual já fazem parte, nos países da Europa esses mesmos que um dia foram invadidos tem que, de alguma forma, bater pala a uma postura eurocêntrica muitas vezes impositiva e não inclusiva.
Agora basta perguntar-nos de que lado queremos estar: do lado do glamour fajuto ou do lado daqueles que até hoje não são escutados e com eles construirmos o nosso dia a dia numa cultura de paz.
A Piu
Campinas SP 21/01/2020






quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

MULHERES COM U E HOMENS COM M


#euamo #eumecuido #eudecido






Através dela aprendemos que somos parte de uma grande família planetária e que todos os seres vivos são nossos irmãos e irmãs. Ela nos ensina que pelo aprendizado da Verdade contida em cada ser, podemos descobrir que mesmo uma pequena flor pode ser uma grande professora. Ela vê a beleza e honra o talento que cada ser tem. Ela vê a beleza e honra o talento que cada ser tem. Ela é guardiã do ritmo e nos ensina a encontrar nosso próprio ritmo assim como a respeitar o ritmo das coisas.
A QUE CONVERSA COM TODOS O SERES - Matriarca da Primeira Lunação. IN: Mandala Lunar
Há muito que desejo escrever sobre autonomia financeira para a mulher poder ser independente e assim se emancipar nos múltiplos aspectos que fazem parte do que é ser mulher, do que é se cuidar, de se amar. As mulheres das classes mais baixas nunca tiveram muita escolha em relação a não trabalhar fora de casa, embora ainda haja muitas relações por aí em que o parceiro, marido não permite que a mulher saia de casa, mesmo que as economias sejam escassas. Hoje escreverei nessa relação hetero, pois é a que conheço melhor e outras pessoas com certeza terão mais propriedade de falar sobre relações de casal com outras orientações sexuais. Escreverei também sobre uma relação de casal, pois até à data é também a que conheço melhor. Sinto muito se ainda estou cá atrás, mas seria desonesto falar em poliamor quando o amor a dois ainda não é pleno na maioria dos casos. Também não conheço nenhum exemplo de poliamor que não tenha acabado por se afunilar na relação de casal. Então, não falarei de algo que não tenho conhecimento suficiente. Considero que isso é no minimo honesto, pois são mais que os exemplos da pessoa que opina sem conhecimento aprofundado. As opiniões precisam de se sustentar em algo mais profundo, caso contrário é um capricho da preguiça em se aprofundar e orgulho na superficialidade, para dar uma de modern@ e ligad@.
Bem sabemos todos, se não sabemos deveríamos saber, que os salários das mulheres ainda não estão no mesmo patamar dos homens mesmo exercendo a mesma função, muitas vezes até com mais competência. Por outro lado quando o desemprego sobe em flecha, normalmente as mais prejudicadas são as mulheres e se estas tiverem filhos e se forem solteiras a coisa aperta bem apertadinha, se a família monoparental não tiver a quem recorrer. Além do Estado muitas vezes não estar presente ou dar umas migalhas que umas certas mentalidades egoístas acha que é um disparate. Como se uma mãe enriquecesse com uma bolsa família ou pudesse respirar de alivio. Acrescido ao facto desta ter muitas vezes que cuidar e educar os filhos, mesmo quando casada é nela que pesa na maioria das vezes o trabalho doméstico e maternal. Claro que a coisa está a mudar. Nos países do hemisfério sul com passinhos de pardalito.
Esta é a minha mãe nos idos anos 70. No meio estou eu e ao lado está o cabeludo do meu irmão. Quem tirou a fotografia foi o meu pai. Um casal empregado. Embora a minha mãe recebesse menos e as tais tarefas domésticas pesassem mais sobre os seus ombros e nessa época já houvessem mudanças no casal moderno. Porém as funções de homem e mulher estavam definidas como acima descrevi. Um casal como este que diz que tentou educar a menina e o menino da mesma forma eu acredito que sim mas até um certo ponto. A mudança pode até acontecer em casa, mas eu brincava com bonecas, panelinhas e eletrodomésticos de de miniatura o meu irmão brincava com carros, porta aviões, aviões e soldadinhos. Desde pequeninos a aprender, de alguma forma, o nosso lugar. Claro que eu dançava e cantava com a minha voz afinadíssima e harmoniosa no palco da sala diante da plateia invisível que era o sofá. Além de adorar andar de bicicleta e ler.
Por falar nisso! O texto já vai longo, vou mas é pegar a bike e dar umas belas pedaladas pois não temos que ser escravas do tempo, do trabalho e das múltiplas tarefas que são esperadas, principalmente quando se tem filhos e não se divide responsabilidades. Assim sendo, resgatar o nosso sagrado feminino para aprendermos a respeitar o nosso ritmo e não nos sentirmos culpadas porque não somos as super mulheres, as super mães, as super tudo e qualquer coisa. Quem nunca, não é mesmo?  Pois se não nos cuidamos, não nos amamos definhamos. E para amarmos os outros temos que primeiro amar-nos a nós mesmas. E isso eu, pelo menos, estou aprendendo agora. As gerações anteriores não passaram essa sabedoria de umas para as outras porque foi podada pelo patriarcado durante séculos. Na geração da minha mãe o divórcio aparece, mas ainda era um escândalo. O adultério sempre existiu fruto da infelicidade que gera umas manobras malaicas que da minha parte também não tenho propriedade para falar, porque nunca me casei nem nunca namorei com homens casados no papel ( acho!! ihihih ) e quando percebo que não dá mais para confiar por motivos vários, um deles negligência na paternidade, comodismo na divisão de responsabilidades várias e avidez de papa mulheres caio fora. Nem sempre é fácil porque quem é ávido por papar mulheres o seu orgulho ferido pode se tornar ameaçador e/ ou agressivo. Então, precisamos de estar cientes que o nosso corpo e alma são templos que entra quem convidamos a entrar e a sair quando a relação empaca. A isso podemos chamar de saber quem somos para não cair em ciladas à toa. Mas pode acontecer e não temos que nos sentir culpadas e sim só saber que ao termos os sentidos abertos o caminho se abre com mais luz de nascer do sol para que de noite possamos sonhar num sono tranquilo sem sobressaltos. Ah! E relacionarmos-nos tanto com homens como mulheres que admirem, respeitem e não boicotem o nosso trabalho, no caso artístico como intelectual, é muito mas muito importante!!!!!NÓS ESTAMOS A FAZER HISTÓRIA, A NOSSA HISTÓRIA, OH MACHINHOS ARMADOS EM BONS!!!
Um Homem companheiro admira mulheres com U, DE ÚTERO E UNIÃO, e assim é um homem com M de MUITO MAIS!
Beijos e até ao próximo texto
A Piu
Campinas SP 15/01/2020
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O DIREITO DE MIGRAR

Desde os tempos mais que mais remotos que somos seres nómadas por motivos vários. A sedentarização é algo na História da Humanidade bastante recente o que criou e cria uma série de questão que nem sempre favorecem a mesma como um todo: territorialismo, disputa muitas vezes se não sempre nefastas pela posse de terras e seus recursos, incompreensão de quem é ou possa ser o "outro" que no final das contas somos "nós" mas com formas de olhar e agir no mundo com algumas diferenças, umas vezes maiores e outras nem tanto.

Quando " brinco", "tiro sarro" - como se diz no Brasil, dessa leva que de brasileiros que está a ir agora para Portugal na realidade eu não tenho nada contra!!!! Quem sou eu para julgar as escolhas das pessoas? Quem somos nós? De facto, no meu ponto de vista, o mundo não deveria ter todas essas fronteiras burocráticas que muitas vezes separam famílias, distanciam laços afetivos criados ou por criar, e podem ser coniventes na perpetuação de violências e de vetação de sonhos e realizações que cada ser humano tem o direito de ter e querer atingir. Quanto aos brasileiros e portugueses nesse trânsito atlântico sempre existiu de há 500 anos para cá!!! Sabendo minimamente de História teremos de assumir que nem sempre auspiciosos esses encontros, porque muitas vezes foi numa batida de querer levar vantagem sobre algo ou alguém. Concordamos, não?

Da minha parte, desde criança que tenho uma imensa admiração por artistas brasileiros ( Gilberto Gil, Elis, Milton, Caetano, Bethãnia etc etc etc), assim como tive colequinhas de escolas com essa nacionalidade e era com eles que eu tinha mais cumplicidade. Mais tarde comecei também a admirar alguns pensadores brasileiros: Djamila Ribeiro, Maria Homem, Vivian Mosé, Leandro Karnal - esse pop star em voga ihihih- , Marcia Tiburi etc etc

Porém, como tudo na vida, temos as nossas decepções quando chegamos nas chegadas de malas nas mãos e duas filhas. Esse ponto é muito importante. Quando chegamos não sozinhas, mas mães solteiras sem aquela visão que no meu ponto de vista é conservadora que é querer casar ou ter alguém a qualquer custo para aquecer os pés e evitarmos de olhar para dentro para assim entendermos quais são as companhias às quais fazemos e nos fazem bem. Decepções essas que tem a ver com uma mentalidade individualista própria do sistema neo liberal em que vivemos. Aqui como em qualquer lugar. Vamos, talvez, encontrar mais solidariedade entre as camadas sociais mais carentes ou por quem já passou pela experiência de recomeçar do quase zero. E recomeçar do quase zero não significa não termos uma trajetória. Pelo contrário! Mas isso nem sempre é compreendido, porque para todos os efeitos não somos conhecidos logo reconhecidos imediatamente. Mas o imediatismo também algo superficial, mas poder-se-iam queimar etapas. Não?

Sempre quis morar no Brasil. Por isso aqui estou há oito anos, mesmo encarando uma sociedade que é impossível de descrever em poucas linhas, e eu ainda acredito que " os meus iguais" existem, como diz o inspirador Pepe Mujica, para caminharmos juntos nos nossos propósitos duma sociedade mais justa com base no afeto.  Até hoje eu tento entender certos e determinados códigos de conduta no Brasil, desde a abismal desigualdade social, como a méritocracia, o jeitinho brasileiro e a cultura da gostozice que normalmente é para servir mais os interesses e egos dos homens. Uma coisa desleal , diria. Porque ao mesmo tempo que desejam uma mulher fogosa querem-na submissa. E quando não entendem que muitas mulheres estão no caminho da autonomia, seja financeira seja de libido em que a relação de igual para igual é fundamental, e querem ser amadas e respeitadas por aquilo que elas são e não por uma fantasia onde a tal da " putaria" é um equivoco de emancipação, mas que a media também vende para o mundo inteiro. A brasileira gostosa, mamuda e bundona. Por isso chegam os outros e querem--nos belas, recatadas e do lar. Porém, acredito que muitos homens queiram  reprogramar essa mentalidade que está tão embutida em todos nós, quer queiramos ou não.

A mim, o que me entristece um pouco, é a solidariedade andar tão manca tanta e muitas vezes e assim reproduzirmos clichês de coisas que escutamos e  que acabamos por não aprofundar acerca de. Por exemplo, quando alguém vem falar porque eu não volto para a Europa ou que Portugal é bom demais, bate aquela coisa no peito. Primeiro essa visão eurocêntrica que só é bom na Europa ou lá na América de cima, segundo demonstra o desconhecimento de todas as questões atuais que se vivem na Europa, já nem falo do estates por nunca lá ter estado nem é algo que seja a minha prioridade, terceiro essa fala demonstra que ao invés da pessoa dizer: " Como podemos criar vínculos solidários entre nós?" a mesma continua na frequência vibratória: " Cada um por si! corre atrás e se vira que é assim que as coisas funcionam!"

Quanto aos brasileiros e brasileiras que estão fora do Brasil eu desejo sinceramente que levem o seu alto astral, quem o tiver, que mesmo com toda a loucura que muitas vezes se vive no Brasil aqui existe esse astral. Principalmente para Portugal, que tantas e muitas vezes é tão pesado. Para mim, claro! E isto não significa que eu não goste de Portugal, mas prefiro milhares e milhões de vezes o Brasil com os mesmos desafios que é viver da arte seja aqui ou em qualquer lugar. O maior desafio é estarmos de bem com a vida e aqui eu tenho aprendido a respirar e a jogar para a terra e para o universo o que me carrega para assim se transmutar em energia vital. Não foi à toa que Marina Begovic fez uma viagem espiritual pelo Brasil.

Ontem assisti na netflix a este filme e queria ter começado por ele, para todos os efeitos foi nele que me inspirei também. Aconselho a quem puder assistir.


" Uma mãe solteira e pobre islandesa. Uma emigrante fugindo da violência ( feminicido na Guiné Bissau). Na Islândia, elas criam laços que transcendem fronteiras. "


" Inspire,expire" argumento e realização de Ísold Uggadottir com  Babedita Sadjo ( emigrante da Guiné Bissau em trânsito para o Canadá e detida na Islândia com risco de deportação para a Guiné, tendo a filha e a irmã seguido viagem para o Canadá), Kristin Thora Harldsdóttir ( agente da policia de fronteiras e mãe) , Patrick Nokkvi Pétursson ( criança, filho da agente)


A Piu
Campinas SP 15/01/2019


sábado, 11 de janeiro de 2020

AMAR O HUMOR PELAS PORTAS DA FRENTE

Naquele dia que cheguei ao Lar de Idosos, que hoje se designa por Instituição de Longa Permanência, uma senhora idosa afro descendente ( este detalhe define no Brasil um recorte social e também cultural complexo) diz-me assim: " Você viu o que estão fazendo com Jesus? Se eu pudesse queimava todas as salas de cinema!". Ora, tendo eu um projeto de ciclo de cinema sobre identidade brasileira nesse mesmo lar, fiquei dupla ou triplamente espantada. Primeiro não sabia de que filme se tratava. Achei que fosse aquele filme que foi censurado pela Ancine " A vida Invisível" do diretor Karim Ainouz com a Montenegro indicado aos Oscares. A senhora estava bem informada. Eu desconhecia o conteúdo do filme. Segundo: fiquei surpreendida com o seu instinto incendiário. Terceiro: fiquei sem capacidade de lhe responder que não tem problema nenhum ser gay e se Jesus é Amor ele pode e deve amar como bem entender e nós o devemos Amar como ele é. Preferi escutar e reflectir.

Eu levo muitos filmes, alguns da Ancine, para pessoas que nunca foram ao cinema. Levo muita coisa de cinema brasileiro desde documentários sobre músicos, poetas, artistas, diásporas que vieram para o Brasil, negritude, indigenismo, cinema cômico, filmes baseados em romances de Jorge Amado ( um clássico, não? ). Ma há  um cuidado que eu tento sempre ter: tentar abrir os horizontes das pessoas sem as ofender nas suas crenças profundas.

Na minha visão de mundo e experiência pelo mesmo, o que está a acontecer com a situação do pessoal das Portas dos Fundos e as opiniões públicas nacionais e internacionais dá que pensar. Vou direta ao assunto: esse pessoal que agora está em pé de guerra com os ivan bélicos não passam duns meninos mimados armados em irreverentes que se a coisa aquecer pegam num avião e se exilam na Europa, porque para todos os efeitos nas notas de dollar vem : "God save you" e ainda viram, ou até já viraram, uns heróis da esquerda gourmet que fica no seu sofá a fazer a revolução atrás duma tela de computador ou de celular. Porque se fossem para a quebrada, para a perifa, trabalhar com pessoas cujas oportunidades de acesso à informação e de sair duma condição precária são escassas num país de nítida herança oligarca nova rica que quer manter a sua criadagem, mesmo a tal da elite intelectual e artistica, que acha normal ter uma diarista por tuta e meia e acha inevitável nem toda a gente ter saneamento básico e que para fazer a revolução é preciso ter algumas baixas. Isto é, alguém ser agredido e até morto pelo discurso de ódio que este filme de humor duvidoso ( eu até achei graça a algumas coisas, mas não era para estar na netflix e sim num circuito underground para quem não se vai ofender tampouco virar leão rosnento, porém adormeci a meio... coisa dos cosmos!.... :P O universo falando ihihih) pode proporcionar quando mostrado às massas.

Malta, pessoal, galerada a revolução não é de massas!!! A revolução primeiro que tudo começa dentro de nós em sermos gentis com honestidade, não aquela gentileza forçada enjoativa. A revolução, vou chamar mudança de paradigma, transformação, está em conhecermos o nosso povo, as camadas que nem acesso à netflix têm. Essas camadas que moram nas imensas extensões de favela e que são alvejadas diariamente pelas forças policiais muitas votaram no Coiso, muitas são homofóbicas, muitas mas muitas mesmo acreditam em Jesus como os ivan bélicos passaram os " seus ensinamentos". Porque a esquerda tão progressista e revolucionária não fez o trabalho nas favelas que os ivan bélicos fizeram? Talvez precisem de estudar um pouqinho mais de Paulo Freire e subir à quebrada e descer do seu AP e abrir a porta sozinhos do seu condomínio sem precisarem de porteiro nem motorista, tampouco manobrista.

Para mim este filme, principalmente em época de Natal, foi uma provocação barata e um oportunismo para ganharem mais visibilidade. E lucro, claro! Quem sai realmente prejudicado desta badernice toda? Trans, gays, praticantes de religiões de matriz africana, entre outros cuja voz não é escutada. Sempre os mesmos. Se são tão revolucionários dividam o lucro do seu humor com os artistas espalhados por esse imenso Brasil.

Ah! Ainda tem outra, os meus conterrâneos portugueses estão indignados com a virada do Brasil à extrema direita. Aguardemos então que os mesmos comemorem este ano os 45 anos de Independência de Angola, Moçambique, Guiné Bissau e Timor Leste do jugo do imperialismo português que cai na mesma época da queda do fascismo. Aguardemos, então, já que estão tão preocupados com o rumo do Brasil e que aqui entre nós, para vós outros é sempre um rejubilo provar que afinal de contas o Brasil continua a ser um país de terceiro mundo. Fala sério oh portuga de esquerda!

An Arca PiOm
Kampaines Braiziu 11/01/20

E como hoje faz quatro anos que o querido David Bowie partiu deixo aqui uma imagem dele como Cleopatra, essa maluca despota, sensual, carismática que enfrentou o patriarcado reproduzindo-o.

David Bowie, nome artístico de David Robert Jones, (Brixton, Londres, 8 de janeiro de 1947 — Manhattan, Nova Iorque, 10 de janeiro de 2016




sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

LUA CHEIA DE MÃE

#eumeamo #eumecuido #eudecido

Lua cheia- radiante, clara e intensa, assim está a Lua no céu, iluminando totalmente a nossa trilha.
Arquétipo da Lua Cheia - mãe que representa a mulher na sua plenitude, como fonte de amor por todos os seres e compaixão. É o útero que gera, a terra que alimenta, a fonte doadora do amor, da nutrição e cuidado. O amor da mãe nutre, hidrata, aquece e ampara a todos. Seu amor e colo cura todas aflições. A mãe é Maria, Gaia, Oxum, Iemanjá, Démeter, Pachamama, Lakshmi, Isis e todas as deusas mães (...)  A energia da mãe é solar, expansiva e se associa com a energia do Verão onde há abundância de Sol e alimento e, da Lua Cheia, onde há plenitude.

Mandala 2019

Como vimos no texto passado todxs viemos dum útero, penso que não fui a primeira pessoa a dizer isso e a escrever tal coisa. Mesmo que se nasce pela imaculada concepção laboratorial da tal da inseminação o ser até à data é carregado um ventre. Honrar a nossa mãe, agradecendo ao facto dela nos ter dado à luz, é o caminho de prosperidade. Sabiam disso? Eu não sabia disso até há bem pouco tempo!!!!!  Como tal é muito bom avisar-nos uns aos outros como caminhar por esta vida com mais fluidez e alegria no coração.

Naquela noite de 10 de Janeiro de 1985 eu despedi-me da minha mãe. Não fazia ideia que não voltaria vê-la. Optimista disse que a cirurgia iria correr bem e que logo logo estaria em casa. Não foi isso que aconteceu. Naquela idade de menina mocinha ela fez muita falta. Além da sua presença e do seu amor não havia mandalas lunares nem essa questão do despertar feminino, do sagrado feminino. Essas temáticas também vim conhecer no Brasil há meia dúzia de anos, o que tem sido muito bom não somente para o auto conhecimento como para atrair seres humanos que estão dispostos a se reverem nessa longa caminhada de auto conhecimento e que assim possamos vibrar uma frequência mais alta. Em suma viver com um astral maneiro. Isso é um ato politico! Comprometermos-nos com a vida e trabalharmos as nossas tristezas, raivinhas, vaidades, arrogâncias, preconceitos, suposições e pirraças transmutando-as em calma, alegria e riso provocador, mas que tenha consciência de que este tem na base o Amor e não ódio e/ou preconceito e intolerância.
Vivam as mães de todxs nós aqui e além plano corpóreo!
Por essas e por outras que urge erradicar a misoginia, assim como o feminicídio muitas vezes cometido pelos parceiros, pais de seus filhos. Além de bizarro... é bizarro. Urge curar esses seres que também saíram do ventre duma mãe, tenha sido elas radiantes ou não para as suas vidas. Agradecer a quem nos gerou é um passo de gigante.

Gratinados, gratiluz, gratilight mami de mi coração

A Piu
Br, 10/01/2020 - lua cheia

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Bia ( Colos do Alentejo 17/01/1947 - Lisboa 11/01/1985)






E ASSIM VAI A VIDA


Foi ali por volta de 3030, 4040. Mais coisa menos coisa. Sei que eles pegaram a estrada e foram por aí. Tinham um radiozinho de pilhas de 1983 onde escutavam umas noticias vintage e riam mas riam que riam. Riam tanto que até traziam uma garrafinha para cada para poderem vazar, caso não pudessem parar o carro. Certa vez foram de Paulinia até New York sempre a abrir. Vrrrrruuuuummmm Dá-lhe! Pé no acelerador! Chegando a NY, ali entre a quinta avenida e vigésima ficaram meio que perdidos. Perguntaram as horas e todos fizeram um ar de espanto. Já não se usavam horas desde o milénio passado. Bom, tentaram a vida como taxistas, mas como refazer a vida em qualquer lado não é simples logo os informaram: " Esse carro aí é muito novo. Só trabalhamos com material mais vintage."

Hoje transitam entre Paulinia e Campinas como barqueiros turísticos das águas límpidas e claras da região, que foi despoluída há coisa de 500 anos atrás, também fazem artesanato de fraldas em decomposição somente dos anos entre 1999 e 2038. Também se riem dos conflitos ideológicos dos anos entre 2012 e 2020. Coisa rápida pois tem mais que fazer para não ficarem meio que down town. Que com um carro destes que tem ali umas asas escondidas que abrem quando um deles pisca o olho para a Minnie da antena é sempre up up up. Quanto a esses seres... Não os vemos porque são seres de luz. A era da selfie acabou, mas eles continuam conectados com um terço japamala que trazem sempre na dianteira, como se pode ver. Assim vai vida destes seres de luz fundidos pela aventura do amor.

A Piu
Kampinas E se  Pê 39/278/7019