quinta-feira, 28 de novembro de 2019

A SENSUALIDADE DE SER UM HOMEM DE ALMA FEMININA E MASCULINA

" Eu sempre ouvindo as vozes femininas (...) eu sempre me apaixonei pela voz de mulher e não gostava muito de voz de homem. Porque para mim a mulher cantava com o coração. As mulheres. E os homens queriam demonstrar o poder da voz que eles tinham. Então, eu imitava todas."
Milton Nascimento ¹



Dando continuidade à celebração do dia consciência negra, no feriado nacional brasileiro 20 de novembro, uma consciência não vem só. Trazer para a consciência de que somos iguais com as suas diversidades e características abre-nos caminhos para que possamos repensar paradigmas, valores, coisinhas e coisadas, práticas que urgem diluírem-se. Como estamos aqui numa página sobre violência contra a mulher, relações abusivas e palhaçaria feminina talvez seja importante relembrar que o olhar, a narrativa é de amor. Porque discursos de ódio, raiva descontrolada, inimizades e desirmandades é o que mais rola por aí. Então é urgente irmos na contra mão dessas toxidades, por mais que as tentemos justificar.

Olhemos para esta foto do Milton e a fala dele retirada dum documentário. Primeiro que tudo ele lembra uma matriarca, uma mama África. Isso compromete a sua virilidade? E o que é uma virilidade comprometida, posta causa? Como canta o outro: " Ser um homem feminino não fere o meu lado masculino".  A sua fala, no meu ponto de vista claro, é uma sacada duma postura patriarcal muitas vezes também praticada por mulheres !!! Através de algo, duma expressão artística no caso, querer demonstrar poder ao invés de sentir com o coração, colocar sentimento e compartilhar para sermos seres mais leves, descartando o peso da competição tóxica. Quando se coloca sentimento a forma é secundária, assim como o virtuosismo. Hoje não falarei dos supostos intelectuais que se resumem à reprodução de  pensamento ou só dão valor à parte esquerda do cérebro, menosprezando a intuição e poder da criatividade. Zimbora, continuemos. Cantar com o coração, pensar com o coração, agir com o coração é estar em consonância com ambas as partes direita do cérebro. 


O Milton, com a sua arte de poeta, compositor e cantor, desconstrói uma lógica falocêntrica ( em outros textos esmiuçaremos o que é uma lógica falocêntrica, que essa sim compromete a masculinidade sã) , patriarcal que temos que ter poder sobre algo ou alguém, logo sermos proprietários. Ter propriedade sobre algo não é o mesmo que sermos proprietários. Termos propriedade é estarmos familiarizados, principalmente com nós mesmos. Ter (auto) conhecimento para caminhar no mundo. Já ser ou pretender ser proprietário é querer tudo controlar, mas no exterior, no plano das ideias e da subjugação destas sobre algo ou alguém.

Estamos numa fase de transição que já leva uns bons pares de décadas. Principalmente quando as mulheres começam a sair de casa, ali logo a seguir `Revolução Industrial no final do século XIX e às grandes guerras, para ocupar lugares antes somente ocupadas por homens.


Depois de toda esta loucura que foi o último século, pelos  conflitos nacionais e internacionais, avanços e retrocessos no que se trata de viver numa sociedade mais saudável não podemos descurar o papel do desejo e da sexualidade no meio de toda essa história toda. Nos últimos milênios o que nos chega é a história de batalhas, impérios, povos se aniquilando mutuamente, violência, matanças e  estupros. Sempre foi assim ou isso é parte duma Era onde a energia feminina na sua plenitude e o masculino não distorcido foram menosprezados?

As mulheres falarem que os homens são todos machistas é justo? Os não brancos dizerem que todos os brancos são racistas é justo? E por aí vai. Talvez já seja tempo de focar o nosso olhar para quem já está aí há um tempo rompendo com esses paradigmas do poder pelo poder, da subjugação dum ser pelo outro ser. 

No fundo, no fundo todos nós queremos ser aceites e acolhidos. Mesmos os mais arredios e que acham gracinha em serem mal intencionados e vingativos. Olhando com compassividade percebemos que são seres entristecidos, porém precisam de limites. É isso, temos que saber lidar com as frustrações, porque estas fazem parte da jornada. Saber lidar com a frustração e com a raiva. Porque vamos combinar: essa de sentir raiva é politicamente incorreto e até mesmo espiritualmente incorreto é uma balela, uma treta. Sim, como sentimos amor também sentimos raiva. Como sentimos esperança também sentimos frustração. A questão é como lidamos com isso sem jogar as nossas emoções tóxicas para cima dos outros e ao limite virarmos uns faxixi, uns Adolfitos e umas Adolfinhas. Naõ podemos definhar nas nossas obscuridades. Somos todos luz. As nossas mães deram-nos à luz. Num é memo? Referenciar a vida é reverenciar essa mãe que nos deu à luz. Então não cabe menosprezar, desprezar, perseguir, mal tratar as mulheres. é um desrespeito para com nós nós mesmos. Pois num é?

Assim sendo, deixo aqui uma outra passagem do livro do médico psiquiatra Flávio Gikovate para dar aquela degustação para o próximo texto aqui publicado:

"  Surgem, com a vaidade adulta e o desejo visual, as mostras mais claras de humilhação: aquele que deseja, tenta se aproximar do objeto do desejo e se percebe rejeitado e experimenta uma sensação terrível, inversa à que corresponde ao prazer erótico da vaidade. Trata-se duma dor muito forte, que complica o psiquismo de inúmeros rapazes ao longo dos primeiros anos de vida adulta. Há mais de 30 anos venho correlacionando essa frustração masculina própria do início da adolescência com as manifestações típicas do machismo, entre elas o enorme empenho de tantos homens - inclusive alguns autores ilustres do passado - de rebaixar as mulheres e tentar provar, na medida do possível, sua inferioridade. " ²

 A Piu
Brasil, 28/11/2019



¹ in: Documentário "Sobre Amigos e Canções"

Direção e Roteiro: Bel Mercês e Leticia Gimenez Edição: Thais Cortez Apoio: TV PUC / TV Cultura

² Gikovate, Flavio " Sexualidade sem fronteiras". Mg EditorasSP: 2013

Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/











terça-feira, 26 de novembro de 2019

AINDA ASSIM EU ME LEVANTO




em homenagem à memória de Daniela Carrasco la Mimo ( Chile), Marielle Franco ( Brasil) , Maria da Penha ( Brasil), Maria Auxiliadora ( Brasil), Malala Yousafzai ( Paquistão) , Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa ( Portugal) e tantas outras conhecidas, famosas e anónimas no mundo inteiro que afirmaram a sua condição de mulher e cidadã com um olhar numa emancipação para tod@s, pagando um preço por isso mas sem nunca desistir.
" Você pode me inscrever na história
Com as mentiras amargas que contar
Você pode me arrastar no pó,
Ainda assim, como pó, vou me levantar
Minha elegância o perturba?
Porque você afunda no pesar?
Porque eu caminho como se eu tivesse
Petróleo jorrando na sala de estar
Assim como a lua ou o sol
Com certeza das ondas no mar
Como se ergue a esperança
Ainda assim, vou me levantar
Você querias me ver abatida?
Cabeça baixa, olhar caído,
Ombros curvados como lágrimas,
Com a alma a gritar enfraquecida?
Minha altivez o ofende?
Não leve isso tão a mal
Só porque eu rio como se tivesse minas de ouro no quintal
Você pode me fuzilar com palavras
E me retalhar com o seu olhar
Pode me matar com o seu ódio
Ainda assim, como ar, vou me levantar
Minha sensualidade o agita
E você, surpreso, se admira
Ao me ver dançar como se tivesse
Diamantes na virilha?
Das choças dessa história escandalosa
Eu me levanto
De um passado que se ancora doloroso
Eu me levanto
Sou um oceano negro, vasto e irrequieto
Indo e vindo contra as marés eu me elevo
Esquecendo noites de terror e medo
Eu me levanto
Trazendo os dons dos meus antepassados
Eu sou o sonho e a esperança dos escravos
Eu me levanto
Eu me levanto
Eu me levanto "
Ainda Assim eu me levanto - Still I Rise
Mary Angelou, tradução de Francesca Angiolillo
Daniela Carrasco la Mimo ( Chile) - Detida em 23 de outubro de 2019 por agentes do Estado, a chilena Daniela Carrasco, (36), artista de rua conhecida como ‘La Mimo’, foi assassinada por enforcamento e teve seu corpo pendurado nas grades de um parque em Santiago para intimidar moradores de La Victoria, da Comuna Pedro Aguirre Cerda. O laudo acusa estupro e tortura até a morte. in: https://www.xapuri.info/…/la-mimo-daniela-carrasco-assassi…/
Marielle Franco ( Brasil) - Marielle Francisco da Silva (1979-2018), conhecida publicamente como Marielle Franco, foi uma política brasileira.
Formada em Sociologia (pela PUC-Rio) e com Mestrado em Administração Pública (pela UFF), Marielle foi eleita Vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) no ano de 2016.
Negra, mulher, feminista, pobre, criada na favela e lésbica, Marielle representou uma série de minorias ao longo da sua vida política. A socióloga presidiu a Comissão da Mulher da Câmara, foi defensora dos direitos humanos e das causas LGBT. No dia 14 de março de 2018, uma quarta-feira, o carro onde estava Marielle foi atingido por 13 tiros que tiraram a vida dela e do motorista Anderson Pedro Gomes. Na ocasião Marielle tinha 38 anos e o motorista 39 anos.
O crime aconteceu durante à noite, por volta das 21h30, na Rua Joaquim Palhares, no Estácio, região central do Rio de Janeiro. https://www.ebiografia.com/marielle_franco/
Maria da Penha ( Brasil) -
DescriçãoMaria da Penha Maia Fernandes é uma farmacêutica brasileira que lutou para que seu agressor viesse a ser condenado. Maria da Penha tem três filhas e hoje é líder de movimentos de defesa dos direitos das mulheres, vítima emblemática da violência doméstica. http://www.institutomariadapenha.org.br/
Maria Auxiliadora da Silva (Campo Belo, 24 de maio de 1935 – São Paulo, 20 de agosto de 1974) foi uma pintora brasileira. Autodidata, Maria Auxiliadora conquistou reconhecimento nacional e internacional com suas obras que retratam cenas da vida doméstica e rural, religiões afrobrasileiras, danças, festas, carnaval e demais temáticas populares brasileiras. Realizou ainda auto-retratos, principalmente perante a proximidade da morte por câncer em 1974, retratando sua batalha com a doença. https://pt.wikipedia.org/wiki/Maria_Auxiliadora
Malala Yousafzai ( Paquistão) - Malala ficou conhecida mundialmente após ser baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola em outubro de 2012, quando tinha 15 anos. Seu crime foi se manifestar contra a proibição dos estudos para as mulheres em seu país.
Maria Isabel Barreno, Maria Teresa Horta e Maria Velho da Costa (Portugal) escritoras de - Novas Cartas Portuguesas (1971/72) tinha imbuída já na sua proposta de génese uma proposta de desafio aos ditames do Estado Novo. Censurada três dias após a sua publicação, a obra, para além de denunciar e combater um sistema social que se baseava em formas sociais de patriarcado, fazia referências críticas a temas que eram tabus, como a guerra colonial. Devido à rápida acção da censura, o livro acabou por ter uma repercussão limitada antes da queda da ditadura. https://www.esquerda.net/…/tres-marias-censura-de-nov…/64514
foto: Maria Auxiliadora cresceu numa família de militantes negros (Foto: Divulgação Masp)
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quarta-feira, 20 de novembro de 2019

AS VANTAGENS DO OLHAR FORASTEIRO COM PROXIMIDADE E DISTANCIAMENTO

" Nunca esqueça de quem você é e de onde você vem." - conselho do pai na partida de Marjane Strapi do Teerão, Irão para Viena de Áustria

" Escute. Eu não gosto de dar lição de moral, mas vou te dar um conselho que te servirá para sempre. Na vida você encontrará muitos imbecis. Se eles te machucarem diga para você mesma  que é besteira que os empurra de fazer mal. Isso evitará que responda à maldade deles. Pois nada há pior no mundo que o rancor e a vingança. Seja sempre digna e integra com você mesma. - conselho da avó na partida de Marjane Strapi do Teerão, Irão para Viena de Áustria ( versão filme)

in: Satrapi, Marjane "Persépolis"
Título: Persépolis
Autora: Marjane Satrapi
Ilustradora: Marjani Satrapi
Editora: Companhia das Letras
Ano: 2007 (Edição Completa)
Páginas: 352







Hoje no Brasil comemora-se o dia da consciência negra. Se todos nós tivessemos acesso a fazer constelações familiares provavelmente encontraríamos avós, bisavós, trisavós de outros continentes e pigmentações. Desde os primórdios somos seres tanto nómadas como sedentários com necessidade de pertença.
O Brasil, por exemplo, é um caldeirão de origens do mundo inteirinho e arredores. Humanos que já aqui vivem há milhares de anos e que há também quem diga que vieram da Ásia através dum estreito. Humanos que vieram em navios negreiros, outros em navios de todas as partes do mundo em busca da promessa do Novo Mundo. Refugiados, exilados, emigrantes, degredados, deportados, conquistadores e conquistados. Esse lugar de trânsito, em circunstâncias muitas vezes se não sempre de vulnerabilidade e alguma precariedade, possibilita separar o trigo do joio, quando estamos dispost@s a aprender, mesmo que possamos bater com a cara e o corpo todo no chão porque desavisados de alguns códigos de conduta e umas tantas imbecilidades daqueles que se consideram donos do bairro, movidos por preconceitos, fobias e um auto desconhecimento considerável que levam a disputas desleais. Alguém que compete com um estrangeiro, forasteiro um espaço que já conhece ao invés de acolher está tendo um comportamento imbecil. Um estrangeiro que também chega chegando sem respeito também precisa de se rever. Não significa que a pessoa seja sempre imbecil, mas não se dá conta por vezes que está sendo imbecil. Embora haja quem se orgulhe da sua imbecilidade, argumentando, justificando que exerce uma relação abusiva sobre outra pessoa, porque esta por algum motivo não é confiável. Por vezes pelo simples facto desta ser forasteira, estrangeira, diferente ou aparentemente diferente. Os narcisismos das pequenas diferenças e o medo do desconhecido leva a imbecilidades. Então pode ocorrer à calúnia e difamação. Se num primeiro momento pode dar vontade de saltar para o colarinho da pessoa, aliás do pescoço mesmo e abanar, dizendo: Se liga, meu ou minha! Aqui é papo reto sem frufru! Você acha que estou aqui para enganar os outros ou ser enganada?!?! Você acha que andei isto tudo para explorar ou ser explorada? Para zombar ou ser zombada? Para oprimir ou ser oprimida com aquele sorrizão oba oba? Estou aqui para T-R-A-B-A-L-H-A-R E M-E T-R-A-B-A-L-H-A-R . Ai a minha vida! Terei que explicar com laranjas? Se liga!!! Estou aqui por motivos maiores que a mesquinhez da competição e da solidariedade manca!"

A raiva existe, o sofrimento que vem antes também, mas sabermos as suas causas para superá-las com inteireza e dignidade já é muito revolucionário.  Transformar a rancor em ações benéficas onde a vingança não cabe. Transformar a raiva nociva em raiva construtiva. Não deixarmos desermos nós sem perder a ternura e a firmeza dum basta ou de um "estou aqui para compartilhar com quem valoriza". Assim como não reproduzirmos micro e macro violências quando ocupamos alguns lugares em que naquele momento temos poder. O poder da palavra, por exemplo, que também pode ser bastante construtiva como destrutiva. O poder da ação que pode ser inclusiva ou excludente. Por exemplo, um professor de artes, ou outro professor, é uma responsabilidade potente para estimular ou desestimular e até deprimir alguém que queira seguir determinado caminho. Quem nunca teve um professor, por exemplo de artes, que nos falou que nunca seriamos nada e que era melhor desistir? Isso é uma violência. Fica a reflexão para tod@s nós que tanto somos alunos, estudantes, pesquisadores como professores e diretores em diversas situações. Responsabilidade ética é o que a avó e o pai da Marjane Satrapi chamam a atenção. 

2019, um ano excelente para repensarmos as nossas condutas e as aberrações que os governantes representam ou não do mais intimo do nosso ser bem lá no fundinho longe das luzes da ribalta e do glamour.

Beijos e abraços sinceros neste feriado da Consciência Negra que é a consciência que somos todos de carne, osso, alma, espírito com as nossas semelhanças e diversidades. 


A Piu
Brasil, 20/11/2019






terça-feira, 19 de novembro de 2019

QUANDO OS HOMENS UTÓPICOS PARTEM AS SUAS UTOPIAS SEMPRE DEIXAM RASTRO

QUANDO OS HOMENS UTÓPICOS PARTEM AS SUAS UTOPIAS SEMPRE DEIXAM RASTRO
" Eu vim de longe, de muito longe. O que eu andei para aqui chegar. Eu vou para longe para muito longe onde nos vamos encontrar com o que temos para nos dar."
José Mário Branco
" Ai Ana!!! Está ali o Zé Mário Branco! Ai! Está a olhar para nós! Que vergonha! Ele é borracho! Ai que vergonha!" Ele há tias para tudo. A minha é assim e eu acho piada. Um borracho. Uma gíria da época para dizer que alguém é bonitão com estilo. Ora isto foi no Coliseu de Lisboa naquele concerto solidário: " Abraço a Moçambique" com vários artistas portugueses. Ora isto em 1985. Xina pá!!! Já fez esse tempo todo! Eu era uma menininha que nesse mesmo ano comecei a ir à Festa do Avante e a ler a Mafalda do Quino! Mas desde que me sei gente vasculhando os vinis lá de casa aparece um do Zé Mário Branco: " Margem de certa maneira" com uma dedicatória do tio Benjamim ao meu pai pelo seu aniversário, alegando que o disco acabara de ser censurado quando já o tinha em mãos. Vivia-se o ano da graça do senhor de 1972. Eu ainda não era nascida então esse é só registro material duma pequena irreverência familiar já no finzinho da Dita Dura Fazxixi na cueca velha e gasta.
Para mim o José Mário Branco foi e é uma lição, porque exemplo nas suas letras e composições, de anti colonialismo, anti imperialismo e dum homem feminista, se é que assim se pode chamar, preocupado com a condição da mulher enquanto mulher e trabalhadora.
Hoje, logo pela manhã recebi a noticia da sua partida através do meu pai. Assustei-me porque achei que fosse um familiar próximo. Josés há muitos, num é mesmo? Ele não era um familiar próximo mas fez parte da minha consciência de cidadã portuguesa no mundo. Isto sem nacionalismo, claro! Mas como português que se exilou em França durante a guerra com os países africanos que lutavam pela sua independência face a Portugal, este senhor merece ser respeitado, mesmo que muitos não concordem com as suas escolhas partidárias. Deve ser respeitado e conhecido. Principalmente no Brasil em que muitos desconhecem cidadãos portugueses deste calibre atribuem muitas vezes as suas maleitas atuais à Coroa Portuguesa. Vixi Mária Zeus nos acude! Conhecer e lembrar este senhor como o seu grande e querido amigo José Afonso, poeta, compositor, cantor, músico e tudo, são o exemplo de Homens inspiradores que nunca baixaram os braços no que toca a ser solidário. Sonharam um país mais justo, mais igualitário. Algumas vezes o gosto amargo da frustração sente-se nas suas letras. Principalmente nas do Zé Mário Branco. Então, gostaria de segredar ao seu ouvido dos seus 77 anos: mudar o mundo e mudar os outros como gostaríamos talvez seja um desafio hercúleo e um tanto ingrato. Manter a nossa paz de espirito e nos apaziguarmos com o que a realidade nos oferece sem nunca perder o trago doce de viver e inspirar uns tantos, por vezes não muitos ou muitos mas só na teoria já é um grande feito. ATÉ SEMPRE ZÉ MÁRIO BRANCO! MANDA CUMPRIMENTOS AO ZECA SE O ENCONTRARES NESSE OUTO PLANO? Para quem acreditar em outros planos, num é mesmo kamarada Zé Mário?  
A Piu
Br, 19/11/2019
foto
esquerda: José Mário Branco, direita: Zeca Afonso
" Abraço a Moçambique" - Tema destinado a promover a recolha de fundos para ajudar as populações mais carentes em Moçambique - 1985
O cantautor nasceu no Porto há 77 anos. O álbum mais emblemático de José Mário Branco foi "Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades". José Mário Branco é autor de uma obra singular no panorama musical português, passando por géneros como a música de intervenção e o fado, entre outros.
Considerado um dos maiores nomes da música portuguesa, José Mário Branco morreu esta terça-feira.
https://www.rtp.pt/noticias/cultura/morreu-jose-mario-branco-aos-77-anos_n1186681
esquerda: José Mário Branco, direita: Zeca Afonso

DANCA , DANCA, DE OUTRO MODO ESTAMOS PERDIDOS

Uma relacao respeitosa ê sem violëncia :

1. Estás a gosto, porque ambos se tratam com respeito.
2. Partilham   coisas com outras pessoas, ambps tëm amigos e amigas.
3. Sentes-te livre de fazer e dizer o que queres.
4. Divertem-se juntos.
5. Tens confianca para falar de qualquer tema.
6. Escuta-te e escutas.
7. Partilham problemas e respeitam as decisoes de cada um toma.
8. Tratam-se bem com ternura e falam-secom respeito.
9. Teem confianca mûtua e nao estao (com)provando se tudo o que dizes ê verdade.
10. Ê partilhar  experiëncias e momentos juntos, sem deixar de difrutar de tempo e de espaco para ti mesmo com os teus amigos, famîlia e ealizar o teu hobby preferido.
11. Ê reconhecer quando nos equivocamos.
12. Ê apoiar-se e ajudar-se mutuamente em planos e projetos mesmo quando nem sempre sejam coincidentes.

- Texto afixado num posto de saûde da cidade de San Gil, Santander na Colömbia.  - 

Quando idealizamos este projeto " Ar Dulce Ar - espetáculo de comicidade feminina sobre relacoes abusivas" uma das finalidades foi fazer um trabalho de consciencializacao e prevencao junto de adolescentes, embora se adeque profundamente a qualquer idade, pois  algumas vezes esquecemos quem somos, quem sao os outros e como gostamos que nos tratem. Logo, nao esquecer nunca de tratar os outros como gostamos que nos tratem. Por vezes a auto estima ê tao baixa que se aceita o inaceitavel. Numa relacao a dois que comeca ou se anuncia abusiva muitas vezes as outras pessoas que estao ao redor tambêm sao afetadas: familiares, amigos, conhecidos, colegas de trabalho.

As pessoas que estao perto duma relacao abusiva tambem sao agredidas, direta ou indiretamente, porque quem ê agressivo muitas vezes nao tem nada a perder e leva tudo a eito. Outras vezes quem ao redor estâ recusa-se a acreditar e a posicionar-se efetivamente para que os abusos cessem. Quem nao se posiciona a a partir da escuta e observacao de todos os lados e versoes ê conivente com uma injustica. Algumas vezes as relacoes abusivas sao bastante complexas, pois os abusos acontecem de parte a parte. O que fazer? Por vezes nao hâ nada a fazer dentro desse ciclo vicioso em que ambas as partes etao enfermas, mas pelo menos tentar manter a mente clara.

Existem vârios tipos deabusos e agresssividades. Hoje vou falar de algo bizzarro que tem acontecido comigo desde hâ uns anos para câ, unicamente com a intencao de nao nos silenciarmos diante de mentiras e abusos e parar com essa brincadeira de mau gosto e quica fazer as pazes com o individuo, ou individuos envolvidos. Nao nos podemos calar. Silenciar sim a mente e trazer as nossas palavras, sentimentos, emocoes para um coracao tranquilo e apaziguado consigo mesmo. Assim tambêm ê importante que todos nôs mulheres, homens e outros generos assumidos tenhamos consciëncia  que ê urgente parar com a bocalidade, fruto de mentes confusas que por consequëncia confundem os outros e assim perpetua-se um mal estar que ê "somente" um reflexo dos governantes que temos e temos tido.

Ora de há uns anos para câ um fulano de identidade mascarada ( achando que toda a minha gente {e bobinha e nao saca a sua identidade... Ihihih  Enfim ) brinca de ser hacker das minhas contas de whats , instagram e facebroncas.  Entra  nas ditas, apaga contatos e fotos do celulu, faz-se passar por mim no instagram , e manda mensagens idiotas, entre a admiracao aparente e a malicia mal intencionada, por e mail e  messager. Isto há anos. Ai minha    vida! Educar os filhos dos  outros, ainda por cima adultos, nao ê a minha especialidade e nem me compete.  Enfim, talvez o seu sonho seja fazer parte  da CIA, Clube dos Idiotas Aprimorados. O sujeito deve curtir para xuxu fazer-se passar por Drâcula das cuecas sujas -porque sô um cagado para nao se assumir na sua identidade e ser abusivo. Tambêm dever ser muito divertido ser um urubu das emocoes e  sentimentos alheios. Assim que encontra uma brecha lâ esvoaca para uma carcaca que ele mesmo criou na sua cabecorra. Isso afeta quem estâ ao seu lado e que por momentos at{e acredita que ele nao ê capaz de tudo isso. Mas o ser humano   ê muito imaginativo para o que ê criativo, desconstrutivo como       (auto) destrutivo. Nao ama e nao deixa amar? Serâ isso? Se for isso ê uma lâstima pois no fundo no fundo ê uma pessoa que grita por atencao e amor duma forma distorcida. No fundo ê isso que todos nôs queremos: amar e sermos amados. Mas para isso precisamos de nos auto conhecer e isso nao se aprende nas universidades nem se passam certificados e diplomas de Ser Vivente que ama pelo simples facto de se amar e deixar que os demais se amem sem interferir de uma forma negativa. Que bom seria passarem diplomas: Doutor(a) em  Auto Estima, Leveza e ( Auto) Respeito. Mas isso ê um aprendizado duma vida inteirinha onde nao ha canudos para a auto consciëncia de procurar felicidade a partir do coracao tranquilo e leve, celebrando as conquistas, realizacoes e felicidades suas e alheias. Ser intelectual sem pensar a  partir do coracao        ê colapsante. Ncheca! Nunca esquecermos quem somos naessëncia, antes das vaidades, orgulhos, narcisismos e jâ agora machismos e outras fobias.... Somos muitomais queisso. Todos e todas e sem execepcao.

VITÔRIA  Â TRANSPARËNCIA, LEVEZA E AMOR!!!

Beijos e abracos desde a Colömbia num teclado sem cedilhas nem tiles.
Atê ä vista!!!

A  Piu
5 de Novembro de 2019   

segunda-feira, 18 de novembro de 2019

BERLIM DE NÓS

Hoje, ao me sentar para trabalhar numa cadeira que não é de trabalho e sim de respaldo tropical como aquela que a Elis Regina se senta na capa dum disco, cadeira essa  que para trabalhar não é a mais indicada para quem sofre de escoliose desde os 7 anos, cheirou-me a m...... fedia a algo estranho. Bom, vou acender um pau de incenso. Eh pá! Mas isto não é um cheiro de ocasião! Isto veio para ficar! O que se passa? Quase quase a acender o dito incenso. PAU!!! Descobri uma diarreiola duma sujeita canina bebé que chegou ainda agora aqui a casa!!! Conclusão: se não limpas, o pau de incenso não resolve. Podes acender mil! Olha para a m... e limpa sem abafar odores!

Faz 11 dias sobre o dia 9 de Novembro que marcou a data da queda do muro de Berlim em 1989. Nesse ano também se criava o teatro lambe lambe em Salvador da Bahia pela Denise e Ismine eu, adolescente, começava a fazer teatro amador na kapital: Lisboa. A minha primeira personagem foi a alemã Lili Marlene, baseado num texto do Brecht.

Ontem assisti ao filme " O meu querido Muro de Berlim".  É uma ficção baseada num quotidiano duma Alemanha do Bloco de Leste. Só me vem à cabeça: coitados dos alemães!... O que eles precisam de rever intimamente para não sofrer tanto despotismo? O que nós precisamos de rever na nossa conduta para não cair num descalabro moral e ético?

Tenho uma atração por Berlim. Por duas vezes tentei viver nessa cidade. Uma em 1994, outra em 2011. Uma cidade que me atrai e que me afasta. Não tenho ainda peito para enfrentar o Inverno interminável. As circunstâncias também encaminham em outra direção. Quando estou em Berlim, por vezes, sinto saudades de casa. Onde fica a minha casa? No Brasil sinto-me em casa. No meu país de origem, Portugal, sinto saudades do Brasil com todas os seus contornos luminosos e obscuros e lugares para abraçar.

Berlim... Meu amor. Tão charmosa, tão alternativa, sofrida, vendida e irreverente sinto muito por tanto sofrimento fruto do despotismo, do ego confuso, da megalomania e complexo de superioridade( logo de inferioridade)  da sede de poder, da incompreensão de alguns diante da beleza da simplicidade que é viver. Amo-te muito Berlim, sinto-me em casa e forasteira. Até um dia quando se sararem e cicatizarem  as fobias! Não consigo imaginar o que é viver com tanta espionagem e repressão, que se viveram nas últimas décadas e até séculos nesse lugar. Doentio. Algo que me intimida por ser tão surpreendentemente raso. Somos tod@s muito mais que isso. Urge curar esse padrão. VIVA A LEBERDADE DE SIMPLESMENTE SER ERRADIANDO LUZ INTERIOR!

Um abraço tropical a la Bert Hellinger
APiu
Br, 18/11/2019

Resultado de imagem para queda muro de berlim




domingo, 17 de novembro de 2019

É NÓS OUTROS MESMO!

É NÓS OUTROS MESMO!
" OS PUNKS NÃO MORRERAM!!!" - gritei para acabar com aquela festa de aniversário, que virou uma celebração do qual eu não queria fazer parte. Está claro que a adolescente rebelde que trago em mim saiu do armário com esta idade!!!!  Consegui escangalhar uma festa, o que a minha consciência pediu para pedir desculpas no dia seguinte à aniversariante. Está claro que a frase virou piada interna ( private joke) entre um casal amigo querido, também das artes, e mim por estarmos juntos naquele dia em que eu estreava um trabalho de palhaçaria e fomos parar " por acaso" numa festa de artistas circenses coxinhas que celebravam o golpe temeroso (!?) Naquele domingo de 2016 ali estavam uns tantos entre um grelhado e uma bebida perguntando como estava Portugal. E como eu ainda não me tinha sanado do neo liberalismo desmoralizante adotado e perpetuado pelos governos do meu país o colapso começou aí. Só para desarrumar ideias engessadas sobre a Europa, sua estabilidade e ética vigente que assegura um bem estar social para todos. Eu nunca conheci essa Europa no meu país de origem, porém gostaria de escutar os coxinhas ou os petistas com possibilidade de emigrar que agora moram em Portugal. Só para saber qual a sua visão sobre a conjetura socio politica. Por favor, peço só duas condições: não falar que Portugal é mais seguro que o Brasil, pois a insegurança e criminalidade são fruto dessa mesma mentalidade com base na desigualdade social e descriminação étnica que os mesmos reproduzem. A segunda condição é não sinalizarem que o consumo é muito mais acessível. Eh pá! Já é tempo de entendermos que este consumo desenfreado com base na mão de obra barata e escrava não é sustentável. Além de produzir lixo não reciclável.
A lógica do capital do consumo obrigatório, com ou sem qualidade, acrescido à lavagem cerebral dum jornalismo duvidoso singra entre o mais comum mortal. E como comuns mortais que somos, em que alguns escolhem que pensem por eles por isso existem ditadores e déspotas, criamos ideias feitas acerca de nós e dos outros com base na economia (inter)nacional especulativa.
Bem me lembro, em 2012, quando cheguei ao Brasil toda a minha gente estava num entusiasmo consumista de uso de cartão de crédito. Qual era o governo? PT. Komuna? Como assim?! Quem democratiza o crédito é komuna?!?! Desconhecia essa. Porém para alguns, os "diferenciados" de educação e consumo "diferenciado", os que estão supostamente abaixo não podem consumir coisas diferenciadas (...), muito menos importadas (...), tampouco viajar, falar outra língua e ter acesso à educação e profissões ditas qualificadas.
Hoje os venezuelanos são igualmente alvo de preconceito, no Brasil por exemplo, por conta da situação politica do seu país. Eu como portuguesa também tive a minha dose de preconceito por ter essa nacionalidade, ser mulher e artista "pretendendo" fazer a pós graduação em Antropologia Social. Na universidade tive a oportunidade de lidar com académicos coxinhas com tendências fascizoides, embora dando uma de "open mind".
O que mais gosto da postura daqueles venezuelanos que conheci foi a capacidade de se rirem de eles mesmos com dignidade. No meu caso conheci artistas circenses buenissimos, com escola e estrada, que buscam a vida com dignidade com consciência do momento que estão vivendo. Mas tudo passa, companheiros! A especulação e politicagem não se sustentam. Façamos diferente nas micro relações.
Resumindo e concluindo: É NÓS OUTROS! OS PUNKS NÃO MORRERAM!
A Piu
Brasil, 17/11/2019

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" Persépolis" - Marjane Satrapi


sexta-feira, 15 de novembro de 2019

CRÓNICAS DE VIAGEM - a prosperidade dos bons vínculos

A luta mais antiga da Humanidade é a luta de classes? - perguntou-me.
Não!- respondi. A primeira luta mais antiga é da sobrevivência fase à fome, sede, frio, calor e outros seres vivos que não humanos. A segunda luta mais antiga de toda a Humanidade é a luta de egos, em que o poder, o prestigio, o controle sobre os outros e os territórios são manifestações desses egos que algumas vezes não enxergam que somos UM cada um no seu lugar, com a sua função e o seu propósito em consonância com a Natureza. 

No Museu do Ouro, em Bogotá, estão expostas algumas esculturas de um homem sentado onde se pode ler mais ou menos isto: os homens sentam-se para meditar sabiamente ou para se sentar em cima dos outros. Ora, no meu ponto de vista, um homem que se senta para meditar logo silenciar a mente e conectar-se com a sua batida do coração e respiração celebra a simplicidade profunda que é o sopro da vida, dando-lhe valor e compreendendo o que é equanimidade. Mas isso tem a ver com o propósito pelo qual se senta. Dar uma explicação homogénia à história da Humanidade é redutor, porque esta é complexa nas suas diferentes eras com inúmeras sociedades e culturas.

A luta de classes, como enxergamos nos nossos dias, tem a ver com o capitalismo, ao limite com o  neo liberalismo e socieadade de consumo desenfreado. Numa primeira fase mercantilista e numa fase seguinte com a revolução industrial. Anteriormente a isso, e também em simultâneo, tem a ver com o feudalismo. Com a posse de terras duma, coroa, duma instituição religiosa, dum latifundiário que emprega ou escraviza a população, o povo.

Desconheço territórios e/ou países onde não existam classes sociais. Porém existem lugares onde a renda é mais distribuída que em outros onde o valor do trabalho de terceiros é desconsiderado por quem detêm o poder ou imagina que o detém


É " compreensível " que países como os da América Latina, por terem uma história de colonizados tanto pelos europeus como seus descendentes que hoje habitam a América mais a norte a narrativa do perigo komuna ainda seja um fantasma para muitos coronéis e outras patentes. 

O que está nas nossas mãos fazer? Primeiro que tudo fazer diferente. Valorizar o trabalho de todos com respeito, mesmo que não o apreciemos por algum motivo. Se em algum momento assumimos a chefia de algo ou até mesmo somos patrões do nosso empreendimento sermos honestos, justos e transparentes para com quem trabalha connosco, para nós ou para um projeto nosso. Assumir que somos falíveis e escutar os pontos onde temos de melhorar para mantermos vínculos de trabalho saudáveis. Prosperidade é criar bons vínculos com uma equipe e não só explorar para vantagem própria. No segundo caso a vida está aí para chacoalhar quem acredita que assim é.

Abaixo podemos apreciar dois desenhos feitos na prisão durante o regime fascista português que durou entre 1932- 1974 por Álvaro Cunhal, um líder carismático português do PCP. Podemos estar ou não de acordo com as suas ideias, e seus apoios a regimes como o da ex URSS. Quem conhece minimamente o que se passou nesse bloco durante a guerra fria, através de relatos de nativos, relatos literários, artísticos, etc saberá com certeza que foi um regime tão nefasto ou pior que o regime alemão do século passado. Regimes autoritários, totalitários independentemente dos dogmas seguidos são opressivos, logo não servem para celebrar o simples facto de estarmos vivos. Porém, acredito que muitos como Álvaro Cunhal tivessem boas intenções, nem que fosse num primeiro momento: justiça, igualdade, a terra é de quem trabalha, dignidade e direitos para quem trabalha. Mas o ego com a sua avidez de poder é lixado! Assim como os seguidistas que ao invés de exercitarem o questionamento preferem ídolos. Porém os regimes autoritários e/ou totalitários não permitem isso. Uma armadilha das boas causas que carecem de sentar e meditar sem nos sentarmos em cima dos outros. E isso vale para tudo! Principalmente para as micro relações que é que está mais ao nosso alcance de fazermos diferente. 

Façamos assim silêncio pela vítimas das boas causas autoritárias. Façamos silêncio pelas vezes que somos autoritários e opressivos. Pretendendo sermos os vencedores ao invés de vitoriosos no entendimento que só podemos evoluir pelo Amor.

A Piu
Br, 15/11/2019




Álvaro Cunhal - desenhos de prisão 
Resultado de imagem para desenhos de Alvaro Cunhal"
Álvaro Cunhal

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

HASTA LA VITÓRIA DO CAMINHO DO CORAÇÃO





" no voy a pedir permiso para ser libre
no estamos de paso
no somos fracaso
Comenzar es dificil
pero vamos dando los pasos
por un futuro
que los hijos puedan celebrar
somos el viento
que baila y que canta
si estamos juntos somos huracan
no estamos de paso
no somos fracaso "
Compositores: Jairo Zavala Ruiz / Amparo Mercedes Sanchez Perez / Eldys Isak Vega Hernandez / Jose Alberto Varona Saavedra / Vesselin Valentinov Kountchev / Heredio Jesus Padilla Valdes / Carmen Nino Collado
Mas afinal o que é a Nova Era? No meu entender sem mais delongas é mudança de paradigma. No passado domingo tive a incrível surpresa de fazer parte duma plateia num teatro em pleno centro histórico de Bogotá, Candelária, onde estava Pablo Catatumbo#. Depois dum espetáculo " Antigonas tribunal de mulheres" realizado por sobreviventes da oposição aos paramilitares colombianos interpretado pelas próprias, seguido duma performace de duas "jovens estudantes" de artes cênicas de 26 anos com um excelente trabalho de atrizes dançarinas que aos 19 anos começaram a ser guerilheiras na selva colombiana e hoje escolheram a dramaturgia teatral como forma de luta pelos direitos humanos.Continuando a luta, mas hoje fazendo da arte a sua arma pacifista. EXCELENTE E EMOCIONANTE. Tanto ou mais emocionante foi escutar um homem como Pablo Catatumbo declarar na conversa pós apresentação que tinha se emocionado e chorado, apesar dum homem guerrilheiro não ser permitido chorar. E hoje, em Novembro de 2019, acredita que a luta deve ser pelo pacifismo e não pelo ódio. Eu também chorei durante a performance, não sei se no mesmo momento, mas no momento da sua fala fiquei igualmente tocada e lembrei-me do mister Brown, pai da minha segunda filha, que combateu na guerra civil do seu país, afirmando que em Angola há mais armas que brinquedos.
A guerra, o ódio já não se sustentam mais. Na realidade nunca se sustentaram por isso chegamos aqui. Também não se sustenta mais o entretenimento sem profundidade. Não precisa de ser panfletário. Convém até que nem seja. Mas criarmos com alma a partir duma manifestação artística é um ato politico para um despertar de consciência coletiva , onde a exploração, a desigualdade, o aparato e as aparências à custa da mão de obra escrava, barata são obsoletos. É urgente avisar as novas gerações que subjugar e vencer à custa de terceiros não é saudável. Quem quiser escutar escuta quem não quiser escutar e manter-se num orgulho vão siga. A vida está aí para nos ensinar que cada um de nós somos um corpo e uma alma politica pelo simples facto de sermos genuinamente sem máscaras nem competitividade e sim com competência. sem necessidade de bater pala a status, prestigio e lamber botas a posições hierárquicas pela mesquinhez da conveniência individualista. Aproveitando a deixa, os académicos com a dita instituição também precisam de rever uma série de práticas e teorias que fedem a mofo.
HASTA LA VITÓRIA DA CONSCIÊNCIA COLETIVA EXPANDIDA SEM MASSIFICAÇÕES!! VIVA O CAMINHO DO CORAÇÃO! DA ESCUTA DA BATIDA DO CORAÇÃO E DA RESPIRAÇÃO SEM INTELECTUALISMOS PARASITÁRIOS!

Também há espaço para os entretaineres de festinhas e festejos de ocasião, mas não meçam forças com os demais.Menos, menos. Mais humildade e a vida sorri. Quanto aos dogmáticos... Talvez precisem de viajar mais e conversar com os locais, os nativos. E os que não concordam com o que penso e escrevo também há espaço desde que mantenham uma postura democrática, ética de bem dialogar onde a escuta e o respeito por visões diferentes são fundamentais. Sem invasões, perseguições mesquinhas. Todos e todas somos muito mais e maiores que a nossa própria pequenez que algumas vezes escolhemos trilhar.
Não estamos de passo, não somos fracasso.
# Comandante Pablo Catatumbo, integrante do Secretariado Nacional da FARC-EP, atualmente faz parte da Delegação de Paz das FARC-EP que está en Diálogos de Paz com o Governo da Colômbia em Havan, Cuba.
A Piu
Br, 13/11/2019