quarta-feira, 30 de abril de 2014

DO CIMO DA MONTANHA


- Vês! Ali ao fundo, mesmo na linha do horizonte, passa o rio Nilo, Do outro lado está o rio Amazonas. Atrás de ti está a Patagónia. Daqui dá para ver tudo ou quase tudo, mas para melhor entender teremos de nos aproximar e longos dias teremos de atravessar horas para que sintamos a sede de quem lá vive.

- Não! Não quero passar sede. Prefiro olhar daqui e entender o que lá em baixo se passa.

- Por vezes é necessário passar sede para entender seja o que for. Oooops! O que se passou?

- Escorreguei! Dá-me uma mão!

- Espera um pouco!

(...)

- Há horas que espero!

- Ainda pronuncias todas as letras. Tens sede?

- Um pouco.

- Então,espera mais um pouco.

(...)

- Tens sede? Tás cansado?

- ......................

- Aqui tens a minha mão! Toma água, mas devagar. Vem! Estou aqui!


Ana Piu
Brasil, 30.4.2014



COM TANTA MODERNIÇE QUALQUER DIA JÁ FUMAS!

ilustração: Moustafa Soydan

Falar do dia e dos dias dos trabalhadores é uma aventurosa epopeia. Um desafio épico. Manter o equilíbrio para que gregos e troianos encontrem pontos em comum é uma tarefa um tanto árdua, porém apelemos ao bom senso. Quiçá o bom senso não seja nem universal, nem consensual, mas sermos explorados sem escrúpulos não é nada sensual.

Poderão, eventualmente, existir mil e uma justificações para que horas extra ordinárias não sejam pagas e que passe a estar na ordem dia fazermos horas extra ordinárias sem que uma recompensa extra se vislumbre.  Não valorizar o trabalho alheio e o nosso é de bom senso? Talvez seja de bom tom, para que não nos denominem nem de conflituosos, muito menos de subversivos e mal agradecidos, pois tem muitos a quererem ocupar o nosso lugar. Então, mesmo que entre um café e um cigarro resmunguemos na hora de nos juntarmos e reivindicar nossos direitos, sem esquecer o dever de sermos bons profissionais e assíduos, nos dispersemos pois 'não estamos habituados" a nos organizar e à minima argumentação da entidade empregadora aceitamos, porque é assim.

Enfim, vou voltar ao trabalho. Depois voltarei para reflectir um pouco sobre a importância de estarmos juntos, sem panfletarismo. Quem sabe um outro se aproxime.


terça-feira, 29 de abril de 2014

ACORDA ACORDO. DE ACORDO? (série Diplomacias)


Estarmos sempre de acordo algo de errado se passa
Nunca estarmos de acordo algo de muito, mas muito errado se passa
E se tentarmos chegar a um acordo? Certo?

Ana Piu
Brasil, 29.4.2014

crayon alive José Laiño

O PODER DA ESCOLHA DE CONTINUAR (raps para dias viviveis)


Já vi que não ouvi.
Ouvi dizer que não vi.
Mas não comi.
Incomestivel.(3 tempos em silêncio=
Incomestivel. (3 tempos em silêncio)
Nem tudo o que brilha é ouro
e eu tenho um olho meio zarolho
mas encontro o detalhe onde está tudo ao molho
mas nem sempre vejo o que ouço ( 2 tempos em silêncio)
duro osso
o de roer
quando te querem convencer
que a vida é somente para vencer
mas o que eu sei, bem sei
é que a sabedoria está no saber perder
para depois reaver
o que ficou
porque o que ficou
é o que durou
o que sempre lá esteve
nos dias mais longos
e também nos dias mais leves
yôôôô

OS FILHOS DA MADRUGADA


O pessoal, que nasceu em Portugal entre o final dos anos 60 até ao final do século passado do milénio passado, já nasceu num sistema de consumo e num formato quase preparado para o servir, com excepção do trabalho precário a que esteve na sujeito aqui e ali ou até mesmo numa constante até aos dias de hoje.Enfim, somos os filhos da madrugada da revolução e também "somos os filhos da mãe drogada", viciada no consumo e no conformismo dea aceitarmos condições de trabalho precárias, onde o contrato de trabalho não existe, muito menos qualquer direito laboral em caso de gravidez, doença e invalidez. Somos os filhos do recibo verde (por aqui nota fiscal). Somos obrigados a pagar impostos altissimos que não reverberam nas obras públicas como deveriam reverberarar, nomeadamente na qualidade de ensino e na resposta do sistema de saúde pública face à necessidade da população.Como trabalhadores precários, o despedimento nem se chega a efectivar, para descarga de consciência do patrão. Basta dizer que não precisa mais dos serviços prestados pelo colaborador. Há trabalhadores, nomeadamente professores entre outras profissões mais e menos qualificadas, que trabalham durante anos para o Estado nestas condições.
Devo sublinhar que o pessoal que nasceu entre o final dos anos 60 até ao final do século passado do milénio passado, na sua maioria, teve acesso ao ensino superior e a viajar, contrariamente a muitos pais e avós desse pessoal.
Porém, muitos, durante os seus verdes anos, diziam à boca cheia:"EU NÃO GOSTO DE POLITICA, NÃO ME INTERESSO POR POLITICA. SÃO TODOS UNS LADRÕES!" Pois...
Relato ainda um breve episódio que me fez, não recuar, e sim parar e pensar. Aos 15 anos, estava eu no 8ºano, houve uma manifestação contra a Prova Geral de Acesso (PGA) que consistia numa prova de cultura geral em sistema americano (cruzinhas, esperas o quê?).  Foi a primeira vez que saí à rua. Lá fomos nós para o centro de Lisboa. Enfim, eu já estava habituada a ser a ave rara do pedaço numa escola onde as pessoas na sua maioria ostentavam roupas de marca e vinham pedir o meu capacete da moto para mostrar que elas tinham moto. Adiante, assim que chegámos dei por mim num parque temático do Woodstock. Logo pensei:"Eh pá! Viemos saltar o Carnaval a fingir que somos todos hippies? E o propósito que aqui nos trouxe? Bom! Assim sendo! Vou dar uma voltinha e já volto!"
Hoje, mais que nunca, está à vista o quanto necessário é estarmos politizados, mesmo que apartidários. Os movimentos sociais tem igualmente força e o modo como interagimos uns com os outros no nosso dia a dia é bastante revolucionário. Sei lá, só para dar uma dica ou duas, até: sabermo-nos escutar realmente e respeitar o outro mesmo quando não estamos de acordo e não optamos pelo mesmo e muitas vezes não optarmos pela mesma forma de falar e escrever. Não somos robôs. Ou somos? Bom, e não vou daqui sem esta! Não nos esquecermos de sermos solidários. Colocarmo-nos no lugar do outro. Esse é o grande passo da Humanidade. A essência do Conhecimento, diria.
Ana Piu
Brasil, 29.4.2014

segunda-feira, 28 de abril de 2014

A OVELHA SONHADORA

A ovelha sonhadora que se a sua companheira de rebanho corre e o fio rebenta, a ovelha sai por aí e já ninguém a segura! 

Ana Piu
Brasil, 28.4.2014


Please help ...
© C A R A S • L O N U T

PENSAMENTOS INTUITIVOS COM A RACIONALIDADE DEVIDA PARA ENCARAR A VIDA

"Que mundo é este?", pensa o bebé. "Será que vou aprender a estar à hora certa no lugar quase errado, na hora quase quase errada no lugar certo? Oxalá! Oxalá!"

Ana Piu
Brasil, 28.4.2014


Deep Thought
© S T E V E • T H O M A S


STUPID PIGS ou FLY! FLY! AND DON'T CRY, BABY (SÉRIE NOVAS FORMAS DE COLONIALISMO E IMPERIALISMO)



Não sou economista. Tampouco estudo para tal. Sou uma cidadã comum, que nascida a 1973 viveu durante 38 anos da sua existência em território europeu. Uma cidadã que lê com alguma frequência o "Le Monde Diplomatique' e quando possível o "Courrier Internacional'.  Uma cidadã que conhece com alguma familiaridade os habitantes que habitam especificamente em território português.  Em 1986 foi um ano muito esperado por alguns e por outros foi o principio do fim. Desde sempre a palavra "crise" fazia parte do noticiário nacional.  Porém, esta cidadã que hoje vos escreve nunca assistira a uma crise tão acentuada como a atual. Em 1998 foi o ano das vacas gordas. A apoteose da injeção de dinheiro da comunidade europeia no formato de uma grande exposição internacional. A Expo 98. Conhecendo o seu país de origem como conhece escusado será dizer que muitos meteram ao bolso em beneficio próprio. A Comunidade Europeia pagou ainda para que a produção agrícola em Portugal parasse. Muitas indústrias fecharam, nomeadamente a textil por incapacidade de fazer frente ao mercado chinês. Em 2001 a entrada do euro, como moeda única, aumentou os bens de consumo para o dobro. Os salários não acompanharam e em muitos casos baixaram. Escusado será dizer que os bancos incentivaram o crédito e o endividamento foi troca, tendo como brinde a corda para o bom cidadão se enforcar com as suas próprias mãos. A quem coube gerir dinheiros públicos, em muitos casos, além da incompetência inerente o oportunismo do proveito próprio foi gritante. Grandes carros, enormes casas, viagens e almoços e jantares com o bom e do melhor. Sempre regados com bom vinho. Claro! Hoje a percentagem de desemprego é altíssima. Pessoas qualificadas em universidades públicas e particulares que aderiram à massificação do ensino numa lógica de lucro e num decréscimo na qualidade de ensino são mão de obra barata nos países da Europa do Norte, quando conseguem trabalho. Quanto a puderem emigrar para outros continente, sdó com carta de chamada, contrato de trabalho e respectivo visto antes saírem das suas casas natais.

Enfim, talvez fosse esse o requisito para fazer parte da comunidade europeia: desonestidade. Goethe, o escritor alemão retrata bem em "Fausto" o pacto com o diabo.

Agora vejamos, aqui não se trata de encontrar vitimas e culpados e sim de refletir responsabilidades de ambas as partes. Sim, talvez tenhamos sido uns "stupid pigs" ou talvez não tívessemos outra saída. Mas!!... Pergunto: este consumo exacerbado de hipermercado, shoppings, stands de automóveis e afins não está nas nossas mãos evitar?

Hoje. do outro lado do oceano assisto a um fenômeno quase idêntico, obviamente com outros contornos dado o contexto socio politico e cultural. O uso indiscriminado do cartão de crédito até para pagar a conta da padaria chega a ser assustadoramente anedótico.

Agora, para finalizar de uma forma um tanto ou quanto de forma leve: Se os educados ingleses nos chamam 'stupid pigs" eu respondo como se tivesse seis anos e tivesse a aprender as primeiras letras:"Olha quem diz é quem é! Lava a cara com cholé! E vosso desemprego desde sempre? Julgam que eu não li i diário intimo de Adrian Mole aos 13 anos e meio de idade?"

Ana Piu
Brasil, 28.4.2014




"PIGS é um acrónimo pejorativo originalmente usado na imprensa de língua inglesa, sobretudo britânica, para designar o conjunto das economias de Portugal,ItáliaIrlandaGrécia e Espanha (Spain em inglês). Em inglês o acrónimo significa "porcos", animais por vezes usado em caricaturas para ilustrar a má performance económica dos 4 países. A expressão "economias porcinas" é também usada (...) Como a lista de economias com problemas não parou de crescer, um novo acrônimo foi cunhado pela imprensa anglo-saxônica - STUPIDs - de modo a incluir Espanha, Turquia, Grã-Bretanha, Portugal, Irlanda e Dubai."  (wikipédia 28.04.2014)




É O ESPIRITUAL QUE MOVE O CORPO



Meu querido diário hoje escutei isto, entre muitas outras coisas, do cacique kariri xocó: "Se não tivessemos esse território sagrado e secreto não eramos mais indios. O espiritual é o que move o corpo." Esta é marcante, pois há uns tempos um pensamento assaltou-me de rompante como um relâmpago! "Será que a Europa está como está porque carece de espiritualidade? Tudo indica...".
Hoje ao escutar este cacique que "nos" veio visitar sorri por dentro pela ironia do destino. Há uns séculos atrás os jesuitas diziam que os indios não tinham alma. Está à vista quem não tem alma. "O espiritual é o que move o corpo", continuou. "Os funcionários da FUNAI vão lá para nos querer ajudar, ganham um monte de dinheiro e não fazem nada. Quem não se move por amor, por amor por aquilo que faz, perde o sentido. Nós, na nossa tribo, sabemos cuidar de nós."

Hoje, meu querido diário, confirmei o sentido de estar nesta terra e território sem folcolorismo. Gente que dança com a planta dos pés tocando o chão e que se enraizam como as luxuriantes árvores tropicais para atingirem o cosmos. Aceito, acolho humildemente essa energia para mim. Que com todas as dificuldades continuam juntos, em comunidade aceitando a troca de saberes.

Meu querido diário, hoje foi um domingo ancestral. Sem folcolorismo, muito menos paternalismo. É importante saber e lembrar que temos de criar os nossos territórios sagrados e secretos para sermos seres inteiros de corpo e alma, enraizados na terra em direção ao cosmos.

Ana Piu
Brasil, 27.4.2014

E DEPOIS DO ADEUS (?)



O povo está com o MFA, o MFA está com o povo. O povo juntou-se ao movimento das forças armadas para pôr fim a uma ditadura fascista de 48 anos. Quem desencadeiou esse golpe foram os miltares para pôr fim igualmente a uma guerra colonial de causa perdida, que já durava há 12 anos. Exilados politicos em França, na Bélgica e outros países também se movimentaram, assim como a resistência que vivia na clandestinade no país, mas foi o movimento das forças armadas que deu inicio ao golpe militar.

Volvidos 40 anos não contemplar os capitães de Abril nesse marco histórico de extrema importância é revelador do momento em que nos encontramos. Se por um lado a comunidade Europeia está a virar à extrema direita, por outro o que dá para adivinhar é um temor que as Forças Armadas voltem a movimentar-se para acabar com este capiatilismo selvagem, que se denomina de neo liberalismo, que está a empurrar a população para o fosso. Enfim, uma espécie de Holocausto com contornos ainda mais sofisticados, pois as pessoas vão morrendo aos poucos por dentro ou dão termo às suas vidas pelas suas próprias mãos.

É importante lembrar que o MFA em 1974 agiu pacificamente. Deve ter havido um dois mortos em situação pontual. É importante lembrar ainda que 25 de Novembro de 1975 foi um golpe da direita para pôr fim à revolução em curso (PREC). É importante lembrar ainda, apesar de muitos desconhecerem, que no final dos anos 70 e durante a década de 80 muitas pessoas foram presas em plena democracia por fazerem parte da oposição à entrada de Portugal na comunidade Europeia. Foram presas por se alegar que eram terroristas de extrema equerda. Muitas dessas pessoas nunca vieram a praça pública relatar a sua versão. Algumas delas já faleceram. Outras ainda estão vivas e provavelmente poderão temer abertura de processo. Não sei. Mas sei que urge estarmos atentos.

Ana Piu
Brasil, 27.4.2014
Foto de Ana Piu.

CONDIÇÕES HUMANAS E OUTRAS CONTRADIÇÕES



Etaaaaa! O dia 25 de Abril por aqui foi cheio de acontecimentos de dia útil, pois por cá não é feriado. Mas agora, mesmo agora percebi a contradição de feriado e dia útil. Há feriados que eu nem sei porque o são. Olha! São úteis para sair da rotina! Mas de facto há feriados que são por um santo aqui e ali e aí eu penso:"Caramba! Como os santos feriados nos lembram que existem santos. Será que os santos padeciam de contradições humanas?"

Mas dia 25 de Abril foi feriado, não aqui mas lá no Portugal contemporâneo e sempre nostálgico. Foi feriado em Portugal para comemorar o fim do fascismo, da guerra colonial e do colonialismo.
Nesse dia fui exercer um exercícicio que considero cívico. Fui fazer um boletim de ocorrência por atropelamento de uma menor, ao qual foi não prestado socorro pelo atropelador. Os acidentes acontecem, mas cair fora? Cai tudo por terra!

Na repartição onde os ferimentos leves foram registrados dei de caras, na sala de espera, com um rosto de uma mulher de tez morena. Olhou-me. Olhei-a. Olhamo-nos nos olhos. Olhamo-nos. Os nossos olhares apoiaram-se um no outro sem julgamentos, sem histórias mentais. Só depois vi, um bom tempo mais tarde que ela estava algemada. Olhei para os pés dela e estava descalça. Falava tranquilamente para os policiais que tinha perdido os chinelos que alguém lhe dera. Entramos para a sala. Passamos por um monte de mulheres sentadas. Um policial mostrava, do seu i phone, a foto do filho às mulheres. "Criança bonita!", falava uma. Na saída a Nina exclamou:"Tantas mulheres algemadas! Mulheres assassinas!?!" Respondi que nem tinha reparado que elas estavam algemadas e que para ali estarem daquele jeito é porque não tinham cometido esse crime hediondo. Curiosamente reparei na interação entre pessoas, uma interação aparentemente tranquila e humanizada. Pensei:"Porque é que só pobre é colocado neste lugar humilhante que acaba por naturalizar por ser tão recorrente?"

Depois passamos pela biblioteca e eu peguei alguns livros para as meninas. Tinha uma série de livros infantis de autores portugueses contemporâneos. Trouxe este. Gosto muito. É sarcástico e lúdico. Aqui vos deixo um trecho:

"Deve olhar-se sempre para os lados antes de atravessar a rua. É o que eu faço cada vez que quero chegar AO OUTRO LADO DA ESTRADA. É UM MÉTODO QUE RESULTA MUITO BEM.
Mas não deixo de reparar nas outras pessoas. Algumas são distraídas (como a minha tia que gosta e pássaros) enquanto outras não, como, por exemplo, o Sr. Oliveira (que é o administrador do prédio). ELE OLHA SEMPRE PARA OS LADOS QUANDO ATRAVESSA A RUA. MAS NÃO OLHA PARA O LADO QUANDO APARECE UM POBRE. Provavelmente nunca tem trocos."

Ana Piu
Brasil, 27.4.2104

CAPITÃES DE ABRIL E OUTRAS QUESTÕES



Quando não faz sentido obedecer, há que desobedecer. Um bom líder não será aquele que dirige para o bem comum e escuta vários lados e olha em vários ângulos? Uma coisa é a autoridade do líder outra é autoritarismo. Um líder não é um maestro de orquestra?

nota: Salgueiro Maia, capitão de Abril. Líder do Movimento das Forças Armadas que pôs fim oa colonialismo e à guerra colonial entre Portugal e a África colonizad pelo Estado português (Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Principe e Cabo Verde). Salgueiro Maia entrou em Lisboa com outros militares do MFA na madrugada de 25 de Abril de 1974 com tanques de guerra/ chaimites com vista a derrubar o governo. Em Março desse ano houvera uma tentativa de golpe de Estado que não foi bem sucedida. O fascismo em Portugal durou entre 1932 a 1974. A guerra colonial durou de 1962 a 1974. Desconheço números de mortos e torturados pela PIDE (policia do regime), assim como estrupiados de guerra e mortos. Mas foram muitos. Hoje, para vários, ainda é "tabu", uma dor recordar esse momento histórico. Porém, não podemos esquecê-lo, para que não se repita. Outro dado importante é que a maioria da população era anafalbeta e que fluxo migratório foi acentuado, principalmente entre os anos 30 e 60 para França, Suiça, Alemanha, Venezuela, Brasil, Austrália, etc.

Outro dado importante é que mesmo algumas pessoas que emigraram tenham uma visão do mundo de vencer a qualquer custo e que resumidamente são conservadoras e muitas delas nem assinar o seu nome sabem, merecem respeito. E se há mulheres portuguesas com bigode vamos pensar o porquê. Porque viviam uma vida rural rude com muita pobreza e fome. Muitas comiam batatas e pão e pouco mais. E se alguns portugueses são lerdos será pelos mesmos motivos acima referidos e quem os denomina assim é porque também é. Enfim, narcismos das pequenas diferenças.

Ana Piu
Brasil, 26.4.2014



AS FORÇAS DO BEM CONTRA ATACAM ou SOBE SOBE BALÃO SOBE



Veio-me agora à memória uma lembrança de infância que me apetece partilhar. Não sei se define na totalidade a minha personalidade, visto que as redes sociais promovem esse culto da personalidade. Na verdade não é intuito definir a minha personalidade em praça pública, porém se esta se definir em consonância com as forças do bem, tudo bem! Mesmo que de vez em quando a inconveniência possa parecer que destoa dos intuitos da força do bem. Adiante e menos parlapiê!

Lembro-me que todos os anos, para aí até aos 12, 13 anos ía a umas festas de Natal de empresa. Não que trabalhasse lá, porque no final do milénio passado o trabalho infantil já não era permitido, mesmo que de vez em quando se escutassem umas noticias aqui e ali de crianças encontradas em fábricas no interior do Tugalito. Mas vamos ao que me propus!

Lembro que no final da festa havia distribuição de presentes e respectivos balões (por aqui bexigas). Adquirir um balão era um salve-se quem puder. O bom senso de entregar um balão com o respectivo presente era coisa que não ocorria. E falo de uma festa arrojada, altamente organizada (por aqui fala-se festa chic). Resultado, havia uns quantos que açambarcavam um montão de balões que presos uns aos outros subiam até ao tecto e os lerdos ( como eu)) ficavam a ver navios,porque não tinham perfil para acotevelar. Enfim, não sei se diz tudo desta questão da distribuição e do excedente daqueles que além de ter o seu tem o dos outros de uma forma, diria, alarve. O que por vezes desejava é que aquela alarvice arrebentasse toda assim que o balão tocasse no candeeiro do tecto. Isto sempre do lado das forças do bem. Claro!

pipiripiu
Br, 25.4.2014

OFERTA DE EMPREGO- URGENTE


Se és jovem e tens 52 anos e três meses e quatro dias feitos até dia 14 de Janeiro de 2011 e vives na casa dos teus pais e tens um diploma que não serve absolutamente para nada a não ser para decorar a garagem, onde ainda guardas com carinho os teus kalkitos, vem! Esperamos por ti no nosso call center para receber as sugestões indicações (reclamações não) dos nossos produtos de telecomunicação e tv cabo.

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Não hesites! Vem daí!

A piU
Br, 25.4.201

EI! EI! QUE É DO REI? O REI FOI-SE! O REI VAI NU!EI! EI! VIVA EU! VIVA TU!



Ontem, dia 25 de Abril, numa repartição pública o funcionário simpaticamente exclamou:"Ahhh você é portuguesa com certeza!" depois continuou:"Eu gostava de ir a Portugal, mas dizem que em Lisboa as pessoas são de nariz empinado. O melhor é ir para Trás os Montes." Sorri e respondi, depois de achar que ele ia dizer que o melhor seria ir para o Alentejo (porque não? mas a verdade é que quem mais emigrou para o Brasil foram transmontanos e minhotos. Os Alentejanos ficaram-se pela grande Lisboa): Por acaso sou de Lisboa. Mas acho que deve ter razão. Os lisboetas são de nariz empinado de uma maneira geral (são mal dispostos. mal educados MAS NÃO SÃO TODOS! E em maneira geral não tratam muito bem os brasileiros. MAS NÃO SÃO TODOS!)

Depois o senhor falou que quem tinha vindo nas caravelas eram maioria degredados e patifes. Pode ser, respondi. Mas nos navios e aviões também veio gente trabalhadora e honesta. Depois com um sorriso cumplice e brilho no olhar cheguei mais perto do senhor dos seus 60 anos e falei:"Hoje é feriado na minha terra. Comemora-se o final do fascismo e colonialismo. Muitos, que estavam contra, fugiram para cá. Os empresários corruptos ainda fogem para cá. Aí dou-lhe razão."
Logo percebi que ele não estava totalmente de acordo comigo e replicou:"Eu sou a favor da monarquia. Se é para sustentar alguém que sustente os reis. Você soube que a familia real inglesa gastou mais do que devia e teve de prestar contas? Aqui é uma pouca vegonha de corrupção!"

Dei-lhe alguma razão, mas perguntei e pergunto:"Mas nós temos que sustentar alguém? Temos que sustentar alguém que vive do nosso trabalho? Sejam reis, sejam corruptos? Porque carga de água?"

DOG SHAVE THE QUEEN!!

Titulo do texto: frase tirada de uma música de o Sérgio Godinho

Ana Piu
Brasil, 26 de Abril de 2014

SOU O PIRATA DA PERNA DE PAU. UM OLHO DE VIDRO E CARA DE MAU! É PÁ! ESPERA AÍ! SOU UMA PIRATA QUE DIGO OLÁ! ABRO OS DOIS OLHINHOS E FICO COM CARA DE MÁ!



Numa comezaina com um casal amigo ri-me muito desta saída do meu amigo mineiro que é casado com uma alemã de Quindliburg! (um povoado pequeno na Alemanha Leste que quase ninguém conheçe mas eu já lá estive porque um grande amigo era de lá. Fica relativamente perto de Berlim)

Ri-me, porque faz bem rir e esta é muito boa! Conversavamos sobre o desinteresse alemão pela gastronomia e seus paladares. Contei que uma vez convidaram-me para um jantar tipico alemão. Resultado, comi batatas cozidas com manteiga. Depois a justificação tinha que ver com as guerras mundiais. E o amigo mineiro:"Aaaahhh sempre a mesma desculpa! Encontram-se para comer batatas com yogurte, que eu já vi, com a desculpa da guerra. É o mesmo que eu me encontrar com os meus amigos para comer danoninhos por conta da História do Brasil!" Aaaahhhh ADOREI!

Mas pensando melhor, não me importava de me juntar com os meus amigos portugueses e comer uns pernas de pau e uns epás, que eu tanto adorava na minha infância. Talvez mudassemos o rumo da História!

a Ana Piu
Brasil, 26.4.2014

VOU-ME JÁ EMBORA, MAS PERGUNTO



A minha vida não é isto, mas também é. As redes sociais são fixes bacanas porque possibilitam o exercício da escrita e da leitura e já agora da reflexão. Vou-me já embora para reflectir, meditar, esvaziar e encher de vital energia nas caminhadas por entre árvores, pasto, cavalos e vacas.

Mas ando aqui a pensar com a minha pensadura: estar sempre para baixo, estar triste, ser fatalista e derrotista e sofrer de uma timidez que bloqueia a expressão e manifestação do nosso mais profundo sentir, não demonstra uma certa dose de egocentrismo e já agora comodismo? 

Ana Piu
Brasil, 26.4.2014

UMA PEDAGOGIA COM UMA CERTA FILOSOFIA



- Vai tomar banho, por favor.
- Agora posso ir que os meus alunos estão no recreio. A regra que eu lhes dei é que não há regra. Vê a minha roupa. Eu sou uma professora muito fashion.

moral da história: os libertários também tomam banho e podem ser fashions.

Ana Piu

O ARTISTA CRIADOR PENSADOR ÀS VOLTAS COM O SEU EXISTENCIALISMO QUOTIDIANO NUM QUESTIONÁRIO SOBRE A QUESTÃO DO QUE LIBERTA E DO QUE APERTA



Será que as palavras que eu emito, que conjugadas resultam frases e que estas juntas formam um discurso, são demasiado inconvenientes, pois tudo o que penso e sinto eu falo? Poderão as pessoas que me lêem sentirem-se tão profundamente atingidas que num rasgo de umbigo acharão que se trata de uma ofensa pessoal? Muitos saberão que as minhas ideias mutantes são provocações flexiveis que se imprimem na fluidez do tempo e do espaço e que quem pessoalmente sentir-se atingido não poderá perder a oportunidade de se questionar num processamento dialético triangular entre o eu, o outro e o meio ambiente que juntos representam o nós nesse fluxo existencial de um viver constante numa aprendizagem rectificante.

pipiripipiu
Brasil, 26.4.2014

sexta-feira, 25 de abril de 2014

YEAH! (PÉROLAS DAS TRADUÇÕES INTERPRETATIVAS)


 But I'm glad we talked// mas eu estou entusiasmada de pode falar, de poder expressar que sinto
Oh I, oh, I'm still alive// oh, eu, oh, ainda estou viva
Hey, I, I, oh, I'm still alive//oh, eu, oh, ainda estou viva
Hey I, oh, I'm still alive// repito outra vez oh, eu, oh, ainda estou viva
Hey... Oh...
Oh, she walks slowly, across a young man's room// oh ela caminhou até ao quarto do jovem homem, do novo mundo
She said "I'm ready for you"// ela disse questionando-se 'estou pronta para ti"
I can't remember anything to this very day// não me posso esquecer de nenhum detalhe
'Cept the look, the look...// vê, observa, antes de agir
Oh, you know where, now I can't see, I just stare...// eu sei onde estou, acho que sei, mas agora não vejo razão ´para não me situar
I, I'm still alive
Hey I, but, I'm still aliveoh, eu, oh, ainda estou viva
Hey I, boy, I'm still alive// oh, eu, moço, oh, ainda estou viva
Hey I, I, I, I'm still alive, yeah//
Ooh, yeah, yeah, yeah, yeah... Oh... Oh...
"Is something wrong?, she said// alguma errada? estou descompassada? ainda não me encaixei?
Well, of course, there is// claro! faz parte da vida
"You're still alive", she said,// mas ainda estou viva
Oh, and do I deserve to be?// e tu? o que é feito de ti?
Is that the question?// qual é a dúvida?
And if so... If so... Who answers? Who answers?// tantas perguntas ufffffff quem as pergunta? quem as responde?

Oh I, oh, I'm still alive// oh, eu, oh, ainda estou viva
Hey, I, I, oh, I'm still alive//oh, eu, oh, ainda estou viva
Hey I, oh, I'm still alive// repito outra vez oh, eu, oh, ainda estou viva



Yeah, yeah, yeah, yeah, yeah, yeah

Ana PiU
Brasil, 25.4.2014
Just A Kiss 2
© M A R I A • F R O D

LETRA ORIGINAL: Pearl Jam "Alive"

TRADUÇÃO ABSOLUTAMENTE LIVRE E DELIBERADA DE MONEY


Esta vai dedicada a um maluco beleza de 11 anos que trouxe ontem da escola. Esse moço rapaz pertencente à geração indigo falou uma história da cabeça que eu curti: havia uma bunda que cagava dinheiro na boca dos outros e as pessoas morriam. Depois ainda contou a história de uma bunda de ouro celestial dos deuses que onde tocava tudo virava ouro. eu Falei que essa bunda devia ser a bunda do rei Mirdas.
Em suma, curi esta geração que está aí. Não a infantilizemos. Importante esse fator!

Money
(Waters, Pink Floyd// versão Piu)

Money, get away// dinheiro, carcanhol, grana, pilim baza daqui!
Get a good job with good pay and you're okay.// precisamos de trabalhar e sermos remunerados mas tu sufocas. ok?
Money, it's a gas.// dinheiro é um peido
Grab that cash with both hands and make a stash.// são sempre os mesmos a controla-te, viajas em mãos sujas para dar brilho aos tachos
New car, caviar, four star daydream,// carro novo, caviar, é o sonho de qualquer pop star
Think I'll buy me a football team.// a copa está aí para encher os bolsos dos mesmos

Money, get back.// dinheiro, carcanhol, grana, pilim vai-te ... der
I'm all right Jack keep your hands off of my stack.// eu estou bem! eu estou bem! mas daqui a pouco viro a Jack estripadora e aperto-te os colarinhos
Money, it's a hit.// dinheiro, carcanhol, grana, pilim  deves pensar que és tudo!
Don't give me that do goody good bullshit.// não te armes em bonzinho! és uma bufinha que deixa mancha na cuequinha
I'm in the high-fidelity first class traveling set// os teus cartões de crédito fazem acredita que podemos viajar em primeira classe
And I think I need a Lear jet.// acho que preciso de andar um pouco de carrinho de rolamentos rua abaixo

Money, it's a crime.// dinheiro, és criminoso
Share it fairly but don't take a slice of my pie.// ou te distribuies por todos ou atiro-te pela pia
Money, so they say// caracanhol, vou-te contar
Is the root of all evil today.// é hoje que me meto à estrada
But if you ask for a raise it's no surprise that they're
giving none away.// mas se perguntares por mim não te surpreendas, já fui.

"HuHuh! I was in the right!"// uhhhhhhhh eu estava no meu direito
"Yes, absolutely in the right!"// sim, completamente no meu direito
"I certainly was in the right!"// certamaente no meu direito
"You was definitely in the right. That geezer was cruising for a
bruising!"// definitivamente no meu direito. põe-te manso ou levas uma cabeçada à Cais Sodré!
"Yeah!"// iééééé
"Why does anyone do anything?"// porque quase ninguém faz nada?
"I don't know, I was really drunk at the time!"// não sei! talvez ande um pouco embriagada com as minhas ideias
"I was just telling him, he couldn't get into number 2. // eu só disse que ele podia ser o número 2. querer ser sempre o número um.  não é sustentável
He was asking// e ele perguntou ingenuamente
why he wasn't coming up on freely, after I was yelling and
screaming and telling him why he wasn't coming up on freely.// porque não podemos ser livres do dinheiro. uma economia alternativa de banco do tempo? seriamos mais livres se não consumíssemos o que nos dão para consumir. sermos auto gestores da nossa produção
It came as a heavy blow, but we sorted the matter out"// penso que agora fui longe demais. para alguns é pesado sair de um sistema ao qual nos habituamos

A piU
Br, 25.4.2014

quinta-feira, 24 de abril de 2014

TRADUÇÃO AO MEU GOSTO (CÂNTICO TERNO PARA QUE O VALOR DA LIBERDADE VOLTE A ATINGIR O NIRVANA E QUE OS CRAVOS NÃO SE SUICIDEM, PORQUE UM CRAVO VERMELHO É SEMPRE UM CRAVO VERMELHO)

Where Did You Sleep Last Night/// Onde vais estiveste na madrugada passada?

My girl, my girl, don't lie to me// minha revolução, minha querida revolução, quem mentiu para mim?
Tell me where did you sleep last night// que é feito das tuas madrugadas de esperança?

In the pines, in the pines// está tudo de pernas para o ar, de ponta a cabeça. um pino!
Where the sun don't ever shine.// desjo que o sol volte a brilhar
I would shiver the whole night through// acreditas em shiva? talvez tyenha  de te voltar para Oriente. Porque não? esquece a rota das especiarias. Segue a rota da tua espiritualidade sem dogmas

My girl, my girl,where will you go/// minha revolução, minha querida revolução, onde vais tu?
I'm going where the cold wind blows/// tens frio. sinto que tens frio por não vislumbrares ventos de mudança
In the pines in the pines/// está tudo de pernas para o ar, de ponta a cabeça. um pino!
where the sun don't ever shine/// olha para o sol. ele continua lá com brilho
I would shiver the whole night through/// brilha mesmo de noite, quando está do outro lado do mundo

Her husband, was a hard working man/// tás viúva, minha revolução. os teus capitães já foram
Just about a mile from here// parece que já foi há muito tempo atrás. no milénio passado.
His head was found in a driving wheel/// a nossa cabeça encontra-se do outro lado de nós. uma questão de nos dirigirmos para lá.
But his body never was found// precisamos de nos reencontrar no nosso corpo

My girl, my girl, don't lie to me/// minha revolução, minha querida revolução, não me mintas. deita-de ao meu lado. aconchega-te

Tell me where did you sleep last night/// vamos ficar lado a lado até depois da madrugada

Ana Piu
Brasil, 24.4.2014




TRADUÇÃO AO MEU GOSTO (NÃO ESPERO NADA DOS PEARL JAM, ELES JÁ DEVEM TER LETRISTA À ALTURA. SÓ ESPERO QUE NÃO SE CHATEIAM COM A MINHA PÉROLA DE TRADUÇÃO)



Don't be shy just let your feelings roll on by/// Não digas ai! deixa a coisa rolar! não precisas de dizer bye! bye!

Don't wear fear or nobody will know you're there// não te vista de medo que assim não consegues atravessar o rochedo
Just lift your head, and let your feelings out instead// não penses só com a cabeça que ela é pouca para o corpo e a alma. livra-te dela num instante!
And don't be shy, just let your feelings roll on by// não digas ai! só deixar fluir como uma pedra que não magoa.
On by, on by, on by, on by, on by, on by/// agora não é bye! bye! é ou vai ou racha!

You know love is better than a song/// sabes que amori é uma besta bestiali. uma cantilena
Love is where all of us belong/// solta a melena qui o amori é longo
So don't be shy just let your feelings roll on by/// não digas ai! mas que vergonha! vou comer uma pamonha! e deixar ca coisa role!
And don't wear fear or nobody will know you're there/// não te vistas de medo. ninguém está a ver!
You're there, you're there, you're there, you're there// tás zaí? tás zaí? tás zaí? tás zaí?
You're there, you're there, you're there, you're there/// tás zaí? tás zaí? tás zaí? tás zaí?

So don't be shy just let your feelings roll on by/// granda vergonha não deixar os sentimentos rolarem!
And don't wear fear or no one will know you're there/// ai qui o medo é um camisolão grosso díficil de despir
You know love is better than a song// somos umas bestas com o amori
Love is where all of us belong// onde há amori a vida fica mais longa
Belong, long, long, belong, belong, belong// é mais longa, longa, longa, está longa, é longa, está longa


ana Piu
Brasil, 24.4.2014

On The Edge Leszek Lujnowski.jpg

PORQUE É QUE HÁ ANITAS QUE NÃO SÃO ANITAS?

Meu querido diário,

há uns dois dias atrás li um livro para a menina Flor. Um livro da minha infância. Veio numa daquelas visitas que o senhor meu pai fez à menina sua filha e às meninas suas netas. Com tanto livro cinco estrelas nas estantes tinha que vir a Anita obediente, sem conflitos internos nem externos, muito menos eternos onde a história corre sempre bem do principio ao fim. Enfim, só me pergunto porque é que existem Anitas que nunca aprenderam as lições da Anita, mesmo com uma montanha de livros da mesma? Desde Anita no circo, passando pela Anita no supermercado até à Anita de barco à vela...
 Deixo aqui um lindo trecho que ilustra as lindas e fofinhas histórias da Anita que é uma boa e ajuizada menina e enquadrada naquilo que deve ser.


"Decididamente, Anita e a mãe pensaram em tudo para que a recepção fosse um êxito (...)
-Agora vamos ouvir música. Oh, que lindo gira-discos! Foi o pai da Anita que lhe ofereceu.
- O que havemos de tocar?
- Uma marcha militar- diz o João.
- Não- replica Anita-, isso não é música de meninas.
- Vamos antes tocar um vira. Acho que é melhor.
(...)
E assim termina uma festa que deixará belas recordações.
São horas de voltar para casa.
Toca a andar, senão para a outra vez os amiguinhos da Anita não poderão vir festejar o seu aniversário"

"Anita e a festa de anos'


CRAVOS DESENCRAVADOS (série: viva a liberdade de sermos quem somos)


Cravos murchos, não muito obrigada. Aqui vai uma boa energiaaaaaaa para aqueles que precisam de arrebitar e continuar caminho. fzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz Onde os pontapés são recorrentes não te vitimizes , nem te detenhas. Sigaaaaaa que sorrisos e risos de alegria sincera sempre hão- de rolar por aí.
a na piu
Br, 24.4.2014


TER ESPERANÇA MOVE (série: comemoração do fim do fascismo)

Tantas coisas para escrever. Tantas coisas para repensar, rever, reatar, ressuscitar. A escrita é motivação. Só a motivação faz-nos avançar? Posso escrever sobre o boletim de ocorrência do  atropelamento onde o atropelador fugiu. Posso falar do escrivão da policia civil e de me rir por ele, ao telefone, falar que o Brasil é o país dos feriados. Mas como ganha uma merda não se sente tão extorquido. Será que ele é considerado subversivo por pensar assim? Quem diz subversivo, diz comunista. Gostei dele. Gostei do seu profissionalismo e do seu despojamento. Vi uma pessoa com um coração e um cérebro. Não era um policial com colete anti balas, mas também vi uma pessoa no policial com o dito colete. Vi uma pessoa, ao me deter nos seus olhos e no modo de falar. Por detrás das nossas vestimentas estão pessoas, umas mais humanizadas outras esquecidas de exercer esse humanismo.

Podemos até dar uma de alternativos, de revolucionários de trazer por casa que a horas certas saímos à rua para reivindicar o que no dia a dia não exercemos realmente. Hoje, espero que haja festa no meu país. Que os 40 anos do fim do fascismo motive uma vez mais para sairmos à rua e nos juntarmos. De sonharmos, agindo juntos. Não numa de sucedâneo de revolução. Cansa brincarmos às revoluções, cansa de acharmos que somos muito libertários mas que no fundo não sabemos cuidar da nossa liberdade. Cansa atropelarmos-nos uns aos outros e ir embora. Cansa tratarmos-nos ao pontapé e com desdém. NINGUÉM É DESPREZÍVEL.

Gostaria que a nossa revolução fosse realmente interior, que a paz não fosse um caminho. Sermos generosos uns com os outros e não nos negligenciarmos com disputas de egos, com palavras e teorias do que idealmente gostaríamos de ser mas não temos a coragem de assumir. A resposta não está nos partidos. Não a encontro. A resposta está em nós, em sabermos que somos seres incompletos e nos completamos quando juntos realmente estamos. Quando somos solidários. Quando nos colocamos no lugar do outro. Quando não recusamos um abraço. E que na troca não seja um pontapé e sim também outro abraço. Quando criamos bem estar uns para os outros. Isso é transformador. O resto são sombras de transformação, revoluções de estante de supermercado na banca rota. Tenho esperança, porque a esperança é a última a morrer.

aNA pIU
BR, 24.4.2014
foto: Piuzinha à porta da fábrica, 1977




quarta-feira, 23 de abril de 2014

SUA!.... SUA!.... AI SUA!....

Meu querido diário,

hoje foi para uma aula sobre texto livre numa escola que segue uma pedagogia libertária. Enfim uma pedagogia para o exercicio da cidadania. Um dos exercícios que a diretora e pedagoga dessa escola deu foi um de escrita automática. Exercicio onde se escreve o que vem à cabeça sem censura  e vai-se passando a folha. O tema era: xingamento (desaforo/ ofensa). O que nos rimos, pelo menos eu e ela e uma outra pessoa quando, quando  alguém escreve como xingação: COMUNISTA.
Genial! Ótimo!Excelente! Alguém se sentir ofendido com tal palavrão é bom demais. Alguém tomar isso como uma ofensa é o supra sumo. Carimbar a pessoa de comunista, tatuá-la com tal designação! Se me chamassem isso eu retificaria! "Por favor me chame de porca fascista imperialista! Mesmo assim vou-me rir porque não me revejo em tal ofensa. Porém fico triste por me ver assim. Mas comunista... nem sei o que pensar!" Enfim teceria uma dissertação sobre tal "injúria" que é para levar com leveza e ludicidade.

Depois veio a proposta de escrevermos um elogio. Logo peguei na deixa e escrevi numa das folhas: "Você é um comunista, porque divide as flores que a sua namorada te ofereceu." Acho que é um elogio, saber dividir. Esse é o principio do comunismo mesmo que tenha sido adulterado pelo imperialismo e cegueira de poder, de revirar os olhos e a mente.

Posto isto, talvez um dia faça uma tattoo de uma matrioska. Eu curto matrioskas. São várias numa só, até chegar à mais pequenina que pode simbolizar a nossa essência. Ter tatuada uma matrioska, além de serem coloridas e bonitas possibilitam desfazer possíveis preconceitos e refutar os mesmos. Agora sonho sair à rua e alguém me dizer:'Sua Matrioska!" Vou tomar como um elogio. Elas são lindas  e trazem dentro de si muitos alter egos surpresas surpreendentes, nunca antes desvendadas. Gosto.

ana Piu
Br, 23.4.3014