sábado, 31 de dezembro de 2016

EU AMO AS MULHERES, MAS NÃO AS ADMIRO Charlie Chaplin

Admiro muito o Pablo Picasso. Admiro muito mesmo Charlie Chaplin. Ambos são uma fonte de inspiração a cada trabalho que realizo. Poesia, coragem, sensibilidade e reflexão. Ao apreciar as suas obras pergunto: “Que homens são esses?”, ""Que homem desapegado, inocente amoroso é o Chaplin?" Ao conhecer as suas biografias, principalmente as suas relações “amorosas” suspiro: “Ufa… Mil vezes ufa…” O Picasso tem de fazer terapia em várias encarnações. O Chaplin, também, ao que tudo indica. Ambos, considerados génios, colecionam mulheres bonitas mas a maioria jovenzinhas e “indefesas” que os mesmos não admiram realmente. Isso é amor? Isso é genialidade? Quantas de nós conhecemos homens e mulheres assim, que preferem estarem com alguém “abaixo” para que a sua “genialidade” não seja dialogante? E nós mesm@s com quantas pessoas já nos relacionamos admirando parcialmente? EU JÁ! Honestamente assumo publicamente, sem me considerar genial. Essas escolhas mancas tem que ver com a auto estima igualmente manca, Ah! E isso seria o fim da picada, eu auto rotular-me de genial e irresistível. Ahahahah.
Eu gostaria de me enamorar por alguém que é admiravelmente enamorante e que me admira. Caso contrário é entediante e prevísivel. É tipo:” Eu sou o melhor da minha rua!... E todos me aplaudem” Nheca… Bora ser mais uns para os outr@s em 2017? Bora lá? O machismo já cheira a alho, principalmente por aqui… Nos trópicos, que é honestamente escancarado.Assim como o falso feminismo, que diaboliza os homens para confundir as intenções. Somos mais. Muito mais. Eu e tu somos nós sem aquele faz de conta que só leva a um beco. BORA SER, então, sem aplausos de circunstância.
Beijuuuuuuuus a nós todos que para estarmos juntos há que fazer sentido para os nossos corações
A Piu
Brasil. 1.01.2017
foto:
Mildred_Harris (primeira esposa de Chaplin)

quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

SKA QUE NEVASSE FAZIA-SE CÁ SKY- Série: LIBERDADE SEMPRE! ( carta aberta para Luaty Beirão e Bruno, o Penumbra)



Nas redes sociais, uns colocam fotos na praia, outros à volta da lareira. Talvez haja, entre os meus amigos, os que colocam fotos na neve. Não sei. Não é importante. Debaixo das árvores, para me cobrir do calor, escrevo com a promessa duns dias na praia. Aceitei o convite! Iuuuuu. Para escrever não precisamos mais do papel das árvores, mas da tecnologia. Viva a tecnologia, então!
Para muitos não é hora de perguntar por fulano X, beltrano Y, sicrano Z. Ou então responde-se: “ Está lá… Na mesma…” E assim vamos levando a vida entre a felicidade, a aparência de felicidade e aquela dor latente. Para uns submissão, para outros revolta, para ainda outros ainda uma revolta neurótica que não sai do lugar, do seu umbigo.
Este ano morreu David Bowie e Umberto Eco. Morreram outros mais, mas estes foram quem mais me marcaram. O Fidel de Castro é outro texto e o George Michael é uma curiosidade, com todo o respeito pela sua ida.E o Luaty Beirão ainda está vivo? O Luaty, o luso angolano que fez greve de fome em Angola durante meses para que o seu país se democratizasse após mais de quatro décadas de ditadura de “esquerda” ( agradeço que o pessoal eventualmente fascista não coloque likes, curtidas, gostos nesta minha publicação. Gratidão. Uma questão de ética e honra da parte que me toca. Gratidão sincera, mas à distância). E do Bruno, o meu ex companheiro e pai da minha filha, alguém sabe? Independentemente das maluqueiras, ele é mais uma vítima da guerra de Angola e do racismo em Portugal. Nunca ninguém cuidou dos traumatizados de guerra, independentemente se lutaram pela libertação do povo (?!). Nunca esquecer isso. UM ABRAÇO PARA ÁFRICA! VIVA O ANTI IMPERIALISMO! VIVA O ANTI COLONIALISMO! Seja da direita, da esquerda, manco, vesgo, choné quéquéréquéqué.
Enfim, 2017 aproxima-se e gostaria de deixar aqui um desejo de muita paz no coração, repleta de respiração para nós TODOS DO MUNDO INTEIRO! ALL OVER THE WORLD E ARREDORES!
A Piu
Brasil, 29.12.2016


quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

GOSTAS MAIS DO PAI OU DA MÃE? - Série: LIBERDADE SEMPRE!

“(…) As pessoas costumavam dizer: “Gottfried não é um comunista, ele é um ser humano de verdade, ele é amável, bom generoso com quem está em apuros. (…)
O partido para ele, assim como para certo tipo de pessoas, uma espécie e absoluto, um Deus. (…) Mas espere… um homem que acredita que o Partido está sempre certo ( mesmo quando não está- um mero lapso temporário), um homem que obedece ao Partido como se fosse a própriaconsciência (…) De que modo existe uma possibilidade verdadeiramente terrível: suponhamos que Gottfried não fosse mais cem por cento comunista (…) suponhamos que estivesse numa posição onde era obrigado a executar ordens que odiava? Não é exatamente incomum no mundo comunista.
Gottfried foi assassinado em 1979. (…) Eu olhava para a frente, sem voltar a cabeça, nem de relance, para trás. Estava esperando meu futuro, minha vida real começar. Atrás de mim uma porta se fechara.”
LESSING, Doris “Debaixo da minha pele” , Prêmio Nobel- Companhia da Letras, Brasil 2007.
Volvidos 70 anos depois da II Grande Guerra, mais 17 sobre a queda do muro de Berlim e da respectiva Perestroika e fim da Guerra Fria, mais democratização aqui e ali já poderíamos ter passado a outro nível. As coisas não são dicotómicas. Se és anti capitalista és comunista. Se és comunista não bebes vinho francês e comes orelhinhas de criança logo pela manhã. Se amas o Amor universal viras-te as para Alá ou acreditas no cabeluda primeiro hippie comunista que é o Jesus, embora para muitos é um grande careta como convém para melhor se controlar os demais, fazendo uso e abuso da sua palavra como se tratasse duma pop star. Diante de tanta crendice, seja ideológica, religiosa e/ou partidária, lá vamos nós justificando as nossas misérias humanas e trocando solidariedade por caridade e de alguma forma compactuando com mentirinha aqui, mentirinha lá. Muitas vezes, ao não nos posicionarmos diante duma mentira, porque achamos que o Amor é universal ou que quem ergue a nossa causa é nosso irmão/ camarada/ companheiro sublinhamos e reproduzimos os velhos padrões. E que padrões são esses? Relações de poder com visão imperialista. Quantos acham que a sua verdade espiritual, ideológica deve imperar o mundo? Ufa … Ainda não conheci nenhuma instituição que não tentasse fazer lavagem cerebral e ao limite não olha a meios para atingir os fins, esquecendo dos laços afetivos e empáticos.
Assim sendo, desejo para nós todos neste ano de 2017 autonomia no pensamento e no agir, pois temos de travar o retrocesso obscurantista. A Europa está com uma curva acentuada à direita, tal qual há 70 anos atrás; as Américas voltam a mostrar o seu puritanismo e moralismo por conveniência. É tempo de nos voltarmos para nós mesmos. A maior revolução é a meditação. Tão silenciosa e íntima e eficaz. Deixemos-nos de ismos que nos separam e nos fazem compactuar com mentirinhas ou mentironas.
Abraços no coração a todos nós
A Piu
Br, 28.12.2016

Quebrando barreiras entre nós e desfazendo nós.
queda do muro de Berlim em 1989
Vitória para nós todos!
queda do muro de Berlim 1989

link interessante: http://revistacult.uol.com.br/home/2016/12/de-novo-o-fascismo-um-ano-apos-como-conversar-com-um-fascista/

terça-feira, 27 de dezembro de 2016

MULHERES COM U

Mergulhada no primeiro volume de “ O Segundo Sexo” da Beauvoir uma série de luzes se acendem relativamente à questão de como nos enxergamos nós mulheres, enquanto mulheres, e como nos enxergam ao longo da História da Humanidade. Sim, até aos dias de hoje considero-me e assumo-me como mUlher.  Talvez não seja a mulher dócil, delicada e prestativa que muitos e muitas esperam. Mas sou mulher com U grande. U de Urro, de Útero, de União. Viro a mesa quando considero que o que não é justo tenta imperar. E também sou doce, delicada e prestativa quando o sentido se vislumbra. Estou a aprender a ser mais meditativa, mas isso não significa submissão ao autoritarismo. Autoritarismo é boçal. Virar a mesa é saudável, desde que construtivo. Algo que me tem impressionado verdadeiramente é o machismo reproduzido pelas próprias mulheres. Por exemplo: compararem-se umas com as outras e boicotarem a “amiga” e/ou companheira quando esta está feliz ou é bem sucedida ou tem algo dentro de si que brilha, independentemente das vicissitudes da vida. Isso dá que pensar. Como dá que pensar se aqueles vereadores de Campinas, Estado de São Paulo, que repudiaram Beauvoir deram-se ao trabalho, ao menos, de ler a sua obra. Hmmmmm depois de conhecer feministas com pensamento elitista ( que desvalorizam o valor do trabalho) , logo patriarcais, já tudo é possível independentemente das leituras, reflexões e práticas.

A Piu

Br. 27.12.2016


O VALOR DA VIDA



Tem a morte morrida, a morte matada e a morte ressuscitada. Quantas vezes nós ressuscitamos ao longo da vida, por que sobrevivemos a várias mortes? Mortes de entes queridos e morte de nós mesmos? Quantas vezes nós matamos e morremos quando vivenciamos desconsideração? Da minha parte há sempre um pedacinho de mim que morre quando o empenho, a força de trabalho não é valorizado. Não só a nível financeiro, como a nível da sua importância e o respeito que se deve nutrir pelo mesmo. Mas estamos aí para renascer! O catador de lixo, por exemplo, é dos sujeitos que mais deveria ser respeitado, pois é ele que dá um rumo ao nosso lixo diário. Mas, na maior parte dos casos, é alguém invisível e desqualificado.
Ontem ouvi algo que considero aterrador: “bandido bom é bandido morto. No Brasil deveria haver pena de morte.” Quem emitiu este pensamento medieval tinha uma tesoura na mão. Não falei nada. Olhei pelo espelho em atitude de escuta e com alguma preguiça em entrar no diálogo enquanto o mesmo cortava o meu cabelo. Esse tipo de debate prefiro faze-lo com pessoas que sei à partida que vamos nos escutar mutuamente e que o nível de conversação não corre o perigo de baixar. Em suma, converso sobre isso com os meus amigos. Mas não deixo de escrever aqui publicamente o que acho em relação a isso. A pena de morte é medieval.

Há uns dias atrás fui a uma taverna medieval ouvir uns amigos tocar música celta e Bob Dylan, entre outros. Na entrada tinha uma guilhotina, tal qual parque temático, onde as pessoas divertidamente colocavam a cabeça para a foto. Pessoal!.... Eu acho de mau gosto banalizar a violência. Ainda bem que o meu foco estava na música dos meus amigos e que a melodia do Bob Dylan está aí para nos fazer ainda acreditar na Humanidade, se é que esta tem saída. Bom, cada um de nós te de fazer de catador de lixo emocional de si mesmo. Caso contrário… o valor da vida é uma mera falácia.
 

A Piu
Br, 27.12.2016


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A VIDA A CADA DIA QUE PASSA



Ao fim de quase cinco anos, o natal tropical ainda é estranho. Como as coisas andam no mundo ocidental parece tudo muito estranho. Uma estranheza de algo que já achavamos (?!) que não voltaria a acontecer. Golpes, fascismos, atentados... Berlim acabou de ser alvo dum atentado. Egoisticamente logo pensei: " ainda bem que estamos aqui e não fomos viver para lá, como tinha pensado e organizado. " Fatalidades acontecem em qualquet lugar. O Brasil é eximio na banalização da violência. Seja ela fisica como psicológica. Muitas vezes duma forma "cordial"... A velha Europa ocidental é como o Eugénio Barba define: "um hotel de luxo medíocre" só preocupado com o seu umbigo. Acha que os seus atos não têm consequências, nomeadamente na contribuição do flagelo na Síria. Enfim..
. Nós, cidadãos comuns estamos aí como sempre tivemos... parece, embora nem sempre seja evidente, que já temos informação suficiente para não sermos medíocres uns com os outros. Valorizarmos a vida e uns aos outros. E não diabolizar! O que fizeram com os judeus estão a fazer com os muçulmanos. Poderia agora contar a história dum pseudo libertário que justificou o seu machismo com o facto da sua ex namorada ser descendente de muçulmanos. Ela é que estava lá atrás! Enfim... Não te deixes cair em imitações. Aqui entre nós : maluqueira por maluqueira gosto muito do Brasil e de aqui viver. :) <3
A Piu
Br 19.12.2016



Foto de Photographize Magazine.

SE EU QUISER USAR TURBANTE USO; SE EU NÃO QUISER NÃO USO. O BIGODE MEU!



(...) a ingenuidade masculina é desconcertante. Há muitas maneiras subtis mediante as quais os homens tiram proveito da alteridade da mulher. Para todos os que sofrem de complexo de inferioridade, há nisso remédio milagroso: ninguém é mais arrogante em relação às mulheres, mais agressivo ou desdenhoso, do que o homem que duvida da sua virilidade. Os que não se intimidam com os seus semelhantes mostram-se também muito mais dispostos a reconhecer na mulher um semelhante. (...) É preciso ter muita abnegação para recusar a apresentar-se como o sujeito único e absoluto.
BEAUVOIR, Simone "O segundo sexo", Bertrand editora, Lisbo (1970, 1975, 1987)
Este livro foi escrito em 1949, depois vieram os beatniks, os hippies, a contra cultural, os punks e outros que por convicção ou modismo abraçaram a causa de se livrarem de velhos padrões. Dos ditos karmas. Mas... passinho daqui, passinho dali os medinhos, as inseguranças aliadas a arrogâncias emergem. Isso não acontecem só com os homens, as mulheres que seguem uma lógica patriarcal de competição são a mesmice coisa. Depois há os de cabelo curto ou comprido, que acham que são super emancipados, mas viram a cara para o lado e colocam os óculos escuros quando um(a) semelhante brilha e toma a vida nas suas mãos. Ainda com a capacidade de sinalizar machismo nesses mesmos sujeitos , sem se darem conta que isso que sinalizam está realmente dentro de si. Pois é o padrão que reconhecem. A isso chama-se pseudo libertação. Já é tempo de estarmos atentos a isso dentro de nós, ao invés de estar constantemente em posição acusatória. E nós? Qual é a parte que nos diz respeito para fazer a diferença?
A Piu
Br, 2012.2016

Foto de Ana Piu.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

OFICINA DE PALHAÇARIA- O CORPO E O JOGO CÔMICO

Quer começar 2017 em beleza? Pergunte pela portuguesa e venha desarrumar a sua mesa! Essa mesmo, a que emana do mais profundo do seu ser!


quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

CARTA ABERTA AO CHICO

Chico,

estive a pensar sobre a sua opinião acerca do trabalho do músico Criolo em que diz que " este suposto artista foi fabricado pelos meio de comunicação do universo fonográfico brasileiro. Criolo virou apenas uma marca, por sinal de péssima qualidade, para iludir os consumidores apressados e desmerecendo a história e a luta dos verdadeiros e heroicos crioulos em nosso Brasilzinho racista. Temos de ficar cada vez mais atentos para não sermos enganados por esta indústria impiedosa que a tantos tem feito mal."

Entendo e concordo plenamente que "andamos todos" muito iludidos e apressados nesta roda neo liberal. O que causa fragmentação entre as pessoas. Eu vejo notoriamente com a minha arte, que é a da palhaçaria e do teatro, essa arte tão efêmera e aparentemente fácil.  Para ter uma ideia de como dou comigo a pensar o que perguntar às pessoas que veem ter comigo e que querem ser palhaços e subir ao palco dum dia para o outro: "Você o que faz? Ao que se dedica?" ; daí a pessoa responde, por exemplo: " Sou jornalista. ou: "Sou músico?" ou: "Sou pedreiro.". Ué! Mas você precisou de se dedicar a esse oficio para o fazer bem, não? O mesmo se aplica a ser artista. O que me faz mais confusão é um músico, por exemplo, achar que faz dois dias de aula de palhaçaria e já é palhaço! Não estou a inventar. Já vivenciei isso!... Publicamente escrevo aqui que considero isso uma desconsideração pelo trabalho dos colegas, dos profissionais que se dedicam e tentam viver disso. E essa consideração pela arte, pelos artistas sejam estes populares, eruditos, mestiços,começa em casa e na escola.

Por outro lado, a esta altura do campeonato quase a entrar para 2017 tenho algumas dúvidassobre os heróis que defenderam a História. Tenho essas dúvidas, pois onde há muito ego e sede de poder o heroísmo é opaco. Cada vez considero mais que o nosso heroísmo está nos pequenos gestos de amizade e alteridade no dia a a dia. Pessoalmente eu não levanto nenhuma bandeira por algum busto. Penso que o grande paradigma do século XXI está em aceitarmos as nossas incoerências sem nos sentirmos hipócritas ou cobrar isso aos outros. Cada um tem a  sua consciência e cada um tem o dever e o direito de cuidar da sua. O Criolo, como nós todos, tem a sua. Mas que ele, quer gostamos quer não, traz poesia do jeito dele para as pessoas traz.

abraço com muita amizade
Ana

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

PINGA AMOROSICE AOS OLHOS DA NEUROCIÊNCIA NA REFLEXÃO TEÓRICO PRÁTICA DA DÓTORA LORENA

Segundo os especialistas, os estudos da neurociência superam a psicanálise, pois esta última funciona como um mero exercício estético face à neurociência que se dedica a aprofundar o conhecimento sobre o sistema nervoso na sua mais ampla atividade.
Hoje a Dótora Lorena vai com brevidade dissertar um pouco sobre a neurociência comportamental e cognitiva. O seu foco incide sobre o fenómeno do sujeito que assume o papel de 'pinga amor'. Ora, em poucas palavras, um 'pinga amor' é alguém que numa ansiedade de se sentir acompanhado e desejado saltita de caso em caso, sem nunca aprofundar realmente nada. Um 'pinga amor' traz dentro de si uma grande insatisfação, pois nunca sente realmente amor mesmo quando se tenta convencer de tal. Tem dificuldade em se entregar e nesse movimento que transita entre o comportamental e o cognitivo, muitas memórias traumáticas são abafadas logo curadas. O 'pinga amor', por carência de amor próprio, dificilmente lida bem com a solitude, pois confunde com solidão. Mesmo quando acompanhado sente solidão, exatamente por falta de amor próprio. Em alguns casos pode agir com superficialidade, em outros age com má fé quando se sente impotente diante de algum ser desejado. Essa má fé, se é que se pode chamar assim, é fruto da insegurança e imaturidade emocional. O 'pinga amor' sente-se um pouco maios seguro quando ninguém o questiona e olha com algum desdém, mesmo que muitas vezes não assumido, quem lhe quer bem.
Existe cura para isso? A Dótora Lorena garante que existe cura para tudo, desde que haja vontade de fazer uma espécie de Lava Jato ao coração e à consciência. Em termos psico motores, esse movimento é como o de levantar voo. A pessoa inspira e expira com profundidade e consciência do fluxo do ar; baixa a cabeça (vulgus baixa a bola) e olha para os dedos dos pés que empurram o chão. Pode também fechar os olhos para silenciar o ruido mental. Abre os braços compassadamente. O instinto e a intuição não falham. Quando menos esperar: já está a voar livre e leve das suas prisões internas!

A Piu
Br, 14.12.2016

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

CANTIGAS DE AMOR A BEM DIZER

tum tum tum tum
pulsa o coração
um e um é um
pois pois
não há metades
eu e tu
somos dois
atchim atchim
faz o nariz
quando aceitamos tudo só porque sim
putchi putchi mimimimi
é esperar que sejamos princezinhas e principes mimimimimi
zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz
quem é pop star não precisa de se vangloriar
quem o faz tem a cabeça cheia de ar
se o ar não circula...
a vida estrangula
tum tum tum tum
pulsa o coração
com a sua musical pulsação
não precisamos de tutores
esses são pinga amores
se não, querem na mesma serem senhores
mafu mafu
zarpum
somos só mais uma particulazinha no universo
e somos ao mesmo tempo o universo inteiro
quando voamos maneiro
tum tum tum tum
eu e tu somos um
pois pois pois pois
eu e tu somos dois
Piu
Br, 13.12.2016
palhaça Bell Trana D'Tall (Ana Piu)
crédito: Marina Mayumi



segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

UMA JANELA PARA O LARGO poesia a la minute


Créditos: Marina Mayumi.

Créditos: Marina Mayumi.
















Roteiro e manipulação: Ana Piu
Construção de elementos cênicos: Ana Piu, Christian Mathias e Denise Valarini 
Teatro Balbinas Beduínas

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

PENSAMENTO DO DIA


Se renegamos o que não entendemos, fazemos cara feia ao que no fundo admiramos verdadeiramente, como assumir a nossa própria natureza?
A Piu
Br. 7.12.2016

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

JUNT@S SOMOS TUDO, SOMOS O TODO

"As pessoas estão a procura de algo autêntico, genuíno, verdadeira, sincero, essas são as qualidades que faltam nessa velha história."

 Satish Kumar e o novo mundo.

Conectarmo-nos com a natureza e com o Amor, no seu mais amplo sentido da palavra e do sentimento. Esse é o paradigma . Conectarmo-nos com nós mesm@s é Amar. E isso é um paradigma que transcende religiões e partidos. Já é tempo de sermos gente de verdade, conectados, sem hierarquias. Sejam estas de que teor for. Ninguém é mais que ninguém. Uma floresta, um rio, um mar são importantes para todos nós, seres viventes. Bípedes, quadrupedes, com asas, guelras e tudo o mais. Dancemos e cantemos então, para suspender o céu.
A Piu

REBANHOS DE CONSCIÊNCIA EXPANDIDA

Hoje um rebanho de aproximadamente 20147 ovelhas saíram à rua, fazendo-se acompanhar de alguma cachorrada solidária à causa. Desde há um tempo a esta parte, elas têm vindo a reivindicar libertação dos pastores que as fazem acordar bem cedinho a troco de quase nada, estando na eminência de serem tosquiadas e a sua lã ser enviada para parte incerta sem estas encontrarem lucro e mais valia para as suas vidas. Além de passarem frio.
Juntas decidiram dar um basta a serem um rebanho alienado.
A Piu

RIMAS QUASE DADAISTAS EM JEITO DE CURIOSIDADES FACEBOOKIANISTAS




Neste final de semana e de ano. Ai mano!
Com tanta formatura da filharada, até me sinto um pouco desformatada.
Desconstrutivista, quem sabe, eu sou. Parece até que não, mas sei para onde eu vou.
Já dizia o meu avô:
" Se não fosses uma menina, serias o neto que iria para a marinha,
mas sabes muito bem preparar a mesa!"
Olha! Não me chamara eu Ana Teresa!
Desconstrução sobre a mesa, com certeza!
E vira que vira e volta a virar
as voltas do vira vão dar que falar!
A Piu
Br, 5.12.2016

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

NO DIA EM QUE O HOMEM DESCOBRIU QUE NÃO ERA MAIS INVISÍVEL A SI MESMO E NUM PASSO DE MÁGICA DESCOBRIU O QUE É AMAR

o homem deu um passo
sentiu-se seguro
deu mais um passo
e outro
sem pensar muito nisso
alguém sorriu
ficou aparentemente tranquilo
sentiu-se apaixonado
deu dois passos
cansou-se
olhou para a sua sombra
assustou-se
tentou sorrir
tentou assegurar que estava seguro
mas o chão dançava debaixo dos seus pés
tentou pisar o chão para que este parasse
não entendeu logo de primeira que era ele que tinha de parar e escutar aquela música
a música que vinha de dentro,que se escondia por medo de dançar livremente
o homem deu um passo e meio e sentou-se cansado
depois, como num sopro, num suspiro percebeu que tudo é muito mais leve, mais transparente
desescondeu-se, desarmou-se, sorriu com doçura
caiu no chão como uma manga madura
para crescer é preciso amadurecer
para amadurecer é preciso cair
quem amadurece torna-se mais leve para se levantar
o homem quando descobriu isso já não tinha mais medo de si mesmo e riu-se como uma criança inocente de todas as máscaras e artifícios que tinha usado até então,descalçou os sapatos que apertavam o caminhar
perdoou-se a si mesmo por essa sua falta de atenção
agora estava pronto para amar (-se) - pensou com o sentimento e emoção

A Piu
Br, 2.12.2016



AULA ABERTA DE PALHAÇARIA

IMPERDÍVEL! IMENSURÁVEL! FABULÁSTICO! FENOMENAL! PARANORMAL! TRIDIMENSIONAL! IMPRESSIONÁVEL! IMPRESSIONANTE! CONTAGIANTE!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

FALANDO COM OS BOTANITOS

C'est la 'bie'! La vida como ela se apresenta. Fazer o quê? Respirar fundo, dar uma cócegada por dentro e continuar vivendo, sem nunca esquecer de sorrir para as horas dos segundos dos dias que formam os anos.
A Piu
BR. Nov.2016

foto de II Encontro Internacional de Mulheres Palhaças em São Paulo.

TEATRO BALBINAS BEDUÍNAS APRESENTOU NO Lar Dos Velhinhos II : " Um Buraco no Céu"- Campinas Novembro de 2016 textos, direção e interpretação: Ana Piu bonecos, máscaras e figurinos: Denise Valarini

As velhas mais velhas mas não tão velhas como outra velha que é mais velha que todas elas.
A velha mais velha que todas as velhas. Uma velha sem principio, meio, nem fim.
Mas que céu é esse que desde os tempos mais remotos as pessoas o olham e o contemplam?

Havia um segredo tão simples e profundo que todos ou quase todos já tinham esquecido.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

ESSA É GRANDE PEGADA!

Como portuguesa, considero que não deixa de ser uma grande redundância apresentar-me como federada no MMPP ( Movimento das Mulheres Portuguesas Palhaças). Aliás, fui eu que fundei esse movimento. Como 'boa portuguesa' tem sempre estilo dizermos que somos pioneiros duma coisa qualquer. :P :D Ora pois, pois então! Não fora um ato de coragem libertária rirmos de nós mesmas! Já que rir do 'outro' para nos valorizarmos, como se fossemos superiores, além de ser ultrapassado é boçal. E... atchim! Atchim! A primeira coisa a colonizar ou tentar colonizar é o nosso corpo atchim, a nossa alma e o nosso espírito e eu digo ATCHIM para nós também. Mais vale rir juntos do que não. Ora essa é a questão. ATCHIM ATCHIM!
Ana Piu
Brasil, 22.11.21016

Existe uma diferença substancial entre ser troca tintas e manhoz@. Troca tintas é aquele ou aquela que se compromete e depois se descompromete. Faz-nos sentir descartaveis e substituíveis. Chato. Todo nós somos assim, em menor ou maior escala. Por vezes é muito chato mesmo, pois mexe diretamnte com o nosso trabalho. Essa prática que dignifica-nos.
Já @ manhoz@ não olha a meios para atingir os fins. Pode ter o poder da oratória, seduz e é incapaz de pedir perdão. Quando o faz é por conveniência.
No primeiro caso a relação pode ter continuidade, porque mesmo assim há escuta;já no segundo caso algo de podre tem no reino da Dinamarca. Isto é, nem tudo o que reluz é ouro e genuino, brilhando por si só.
Vivam @s trocas tintas que estão sempre pront@s para se reinventarem!
Ana Piu
Braziule nov.2016



Bom... está na moda propagandearmos a nossa imagem. Os ditos selfies. As redes sociais são exímias em potencializar o nosso lado esquizoide. Ou somos os maiores, felizes para cara... caramba; ou somos uns coitadinhos que ninguém nos quer e tudo nos corre mal... mas o que enjoa mesmo é o culto da imagem vazia de conteúdo, de nada para dizer de coração, de nada para acrescentar intelectualmente falando , num prisma da inteligência emocional. E se somos assim é porque talvez só vejamos tv mais aqueles clips em que toda a minha gente quer ser rica, linda, gostosa, próspera, divertida e feliz. Mas já agora pergunto:se preguntarmos para o tinder o que significa felicidade, ele saberá responder a essa pergunta tão filosófica?
Ana Piu
Br nov.2016

HASTA SIEMPRE (?!?!?)

O primeiro e até agora único roteiro para cinema que escrevi conta a história, que eu ouvi de alguém como sendo verídica, de um sujeito que se coloca na fila daqueles que se vão despedir uma ultima vez do Pinochet. Quando chega a sua vez ele puxa uma daquelas vinda não dos pulmões e sim do estômago, das vísceras. Agora pergunto: haverá algum infidel com vontade de fazer o mesmo no dia de hoje ao Castro? Ditadura é ditadura! Não tem jeito não. E a do Castro não erradicou a pobreza e quem lá vive conhece o peso da repressão. Vamos nos deixar de tretas. A sede d poder é o que lixa isto tudo, tanto a nível macro como micro. E como em São Paulo também pode ter amor, deixo um pequeno trecho dum jornal libertário o que adquiri na feira anarca: "Em tempos de eleições convém lembrar mais uma vez dos perigos da esquerda que se institucionaliza e de oprimida se torna opressora. " Por Ativismo ABC, boletim informativo Ação Coletiva n 2 set.2016
Considerando que o meu ideal é libertário, defendo ainda que o paradigma está na resistência pacifista, no consumo sustentável e na ecologia das emoções .
MAIS AMOR SEM FAVOR!

A Piu
Brasil, 27 de Novembro de 2016

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

A ALQUIMIA DE TRANSFORMAR AS TREVAS EM VIDA (série: amores incondicionais)


Mesmo quando
tudo parece escurecer à volta
a chave é relaxar
não panicar
escutar os batimentos cardíacos
visualizar colorido
dissipar a mentira num movimento que se ergue até ao interruptor
no escuro
em passos suaves e firmes intuir onde se localiza aquele vitorioso "click!", aquela porta entreaberta que num movimento de coragem e esperança escancara-se clarificando o caminho, deixando aquele até então quarto escuro sem mistério, sem intriga, sem a ilusão de sentimentos e ressentimentos que não passam de obstáculos
tudo é vida, mesmo quando esta se encolhe num recanto sombreado
tudo é amor incondicional, quando a ignorância, a alma doente se diluiem na consagração da honra e alegria de estarmos vivos com vulnerabilidade, leveza e transparência
saídas existem sempre
uma questão de escolha e decisão

olhar por dentro e por fora
olhar de perto e à distância
saber quando dizer "sim" e quando dizer "não"

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

APESAR DE TUDO

apesar de tudo amo a vida
mesmo quando a História dá voltas, revoltas e reviravoltas
apesar de tudo
tudo é muito mais que a boçalidade daqueles que almejam poder
apesar de tudo
tudo é muito mais leve
muito maior que as mesquinhezes pessoais, eleitorais, conceptuais cheias de ais
apesar de tudo só sairemos da penumbra quando o coração sair da sua própria gaiola
antes duma nação
existe o coração
antes duma imperial potência
existe a decência do dia a dia
 se eles andam aí
a gente já sabe
e o nosso amor onde cabe?

Ana Piu
Br, 09.11.2016

mais vale um urso amigo
que um humano perigo


voar é a nossa missão
com os pés empurrar o chão
e não temer voar na contramão

OH DOG! OH MY DOG! CAN YOU GIVE ME A BIO LIGHT CIGARRETE? ( tradução livre: Oh cachorro divino! Oh meu cachorro endeusado! Passas um cigarro bio light aromático medicinal?)

" Não é um sinal de boa saúde mental estar bem adaptado a uma sociedade adoentada." Jiddu Krishnamurti
HÁ MUITO TEMPO...
.
Quando eu era rapaz
(digamos, há cinquenta anos)
havia gente grande e ingénua
que se assustava com uma zaragata de rua
ou com uma bravata de bêbados
num bar. E diziam:
«Deus meu, que dirão os americanos!»
Para alguns,
ser ianqui, naquela época,
era como ser quase sagrado:
a Emenda Platt, a intervenção
armada, os couraçados.
Então não se podia imaginar
o que hoje é o pão quotidiano:
o rapto de um coronel
gringo ao jeito venezuelano,
ou de quatro agentes provocadores,
como na Bolívia fizeram os nossos irmãos;
nem os definitivos barbudos da Serra, claro.
Há cinquenta anos
na primeira página dos jornais, nada menos,
vinham as últimas notícias do beisebol
vindas de Nova Iorque.
Caramba! O Cincinnati ganhou ao Pittsburg,
e o St. Louis ao Detroit!
(Compre a bola marca ‘Reich’, que é a melhor).
John, o boxeur,
era o nosso modelo de campeão.
Para as crianças, o óleo de Castor Fletcher
era o remédio indicado
em casos (rebeldes)
de enterite ou indigestão.
Um jornal
muito moderno tinha
uma página diária, em inglês, para os ianquis:
«Jornal cubo-americano
com as notícias do mundo».
.
Não havia como sapatos Walk-Over
e pastilhas do Dr. Ross.
O sumo de ananás
deixou de sê-lo:
a Fruit Juice Company
chamou-se ‘Huelsencamp’.
.
Viajávamos para Munson Line até Mobila,
para Southern Pacific até Nova Orleães,
pela Ward Line até Nova Iorque.
.
Havia Nick Carter e Buffalo Bill.
Havia a lembrança imediata gordurenta esférica de Magoon,
gangster oleoso e governador,
entre ladrões e ladrões, Ladrão.
Havia o American Club.
Havia o composto vegetal de Lidia E. Pinkam.
Havia o Miramar Garden
(tão fácil que é dizer jardim em espanhol).
Havia a Cuban Company para viajar de combóio.
Havia a Cuban Telephone.
Havia um tremendo embaixador.
E acima de tudo, cuidado,
os Americanos vêm aí!
(Outras pessoas que não eram tão ingénuas
costumavam dizer:
O quê? Vêm aí?
Mas não estão cá já?)
.
De todas as maneiras,
elas sim eram grandes,
fortes,
honestos até mais não poder.
A nata e a flor.
Eram o nosso espelho
para que as eleições fossem rápidas e sem discussão;
para que as casas tivessem sempre muitos andares;
para que os presidentes cumprissem com a sua obrigação;
para que fumássemos cigarros de tabaco virgínia;
para que mascássemos chewing gum;
para que os brancos não se misturassem com os pretos; .
para que usássemos cachimbos em forma de ponto de interrogação;
para que os funcionários fossem enérgicos e infalíveis;
para que não rebentasse a revolução;
para que pudéssemos puxar a corrente do autoclismo
com um puxão enérgico.
.
Mas aconteceu
que um dia vimo-nos como as crianças que se tornam homens
e descobrem que aquele tio venerávelque as sentava ao colo
esteve preso por falsificador.
Um dia soubemos
o pior.
.
Como e porquê
mataram Lincoln no seu camarote mortuário.
Como e porquê
os bandidos lá são depois senadores.
Como e porquê
há muitos polícias que não estão na prisão.
Como e porquê
há sempre lágrimas na pedra dos arranha-céus.
Como e porquê
Texas foi separado e levado de um só golpe.
Como e porquê
já não são mexicanos o pomar e a vinha da Califórnia.
Como e porquê
os fuzileiros navais mataram a infantaria de Vera Cruz.
Como e porquê
Dessalines viu arreada a sua bandeira em todos os mastros de Haiti.
Como e porquê
o nosso grande general Sandino foi traído e assassinado. .
Como e porquê
nos encheram o açúcar de esterco.
Como e porquê
cegaram o seu próprio povo e lhe arrancaram a língua.
Como e porquê
não é fácil que este nos veja e divulgue a nossa simples verdade.
Como e porquê
.
Vimos de muito atrás, muito atrás.
Um dia soubemos tudo isto.
A nossa memória guarda as suas lembranças.
Crescemos, simplesmente.
Crescemos, mas não esquecemos.
.
Nicolás Guillén

ETERNIDADES

Eu amo-te
Como sempre te amei
O amor não se prende
Mas aprende-se
Eu amo-te
Como muitas vezes não te amei
Diante da aceitação e da rejeição
Optei por te amar
Como sempre te amei
Tirando as vezes que não te amei
Ana Piu
Br, .11.2016

PENSAMENTOS DIALOGANTES

- Você é da Europa.
 - Sou.
- De onde?
- D'Abóboda.
- .......... Não conheço.
- Fica a duas horas e meia de avião para Paris, só que é preciso ir de "cameneta", quem diz "cameneta" diz "carrêra", até à Pontinha depois aí pode ir de metro. Tem é que andar um bocado. Coisa pouca.
- Ah! Que chique!
- É chique! Um chiqueral! Já não falando que pertinho do aeroporto fica a Porcalhota, que agora chama-se Amadora.
- Porcalhota?
- Não conhece? Não conhece a feijoada à Porcalhota? Na festa do Avante era cá um petisco!
- Festa do quê?
- Uma festa mais ou menos como outra qualquer mas um pouco diferente.
- Quer explicar?
- Opa! Espera aí! Agora não vai dar! A "cameneta" tá a chegar e depois só daqui a meia hora. E agora que o café do Jaquim já nem existe para beber uma gasosa. Agora é um banco. Utla! Não precisa de dizer "qu'i chiqui!" Chauuuuu

Ana Piu
Br, 08.11.2016

A CRISE DOS 40 DAQUELA QUE NASCEU NOS 70'S OU A CRISE DA ADOLESCÊNCIA? ISTO É QUE VAI UMA CRISE! ( SÉRIE: poesias prosaicas)

Não demonstro o meu amor com um beijo, demonstro bailando.
Fred Astaire
Quantos beijos vale uma dança? Quantas danças vale um beijo?
Agora sei que ser fã do Justin Bieber e vê-lo ao vivo e a cores custa o olhos da cara. A cena melodramática depois de um "Não vai dar." já aconteceu. Depois dessa grande tragédia pedagógica ó didática que é lidar com a frustração de não ter tudo num estalinho de mãos, perguntei: " Ouve lá! Tu já imaginas-te o monte de patricinhas aos guinchos histéricos que terias de enfrentar? Além de ser um grande isco para arrastões e outras coisas que tais!"; "Ah mais vai estar um monte de seguranças!...", "Ãããããã que estimulante a pessoa pagar um bilhete, dos mais baratos, que custa o salário de muita gente e ainda ter de enfrentar patricinhas, mauricinhos, betalhada copo de leite com amiguinhos armados. Dasseeeeeeeee. Escolhe lá outro amor! 'Ca dança por estas bandas é outra!"
Ana Piu
Br, 07.11.2016

GRATIDÃO BRASIL E A TODOS AQUELES QUE CAMINHAM JUNTOS PARA EXPANDIR A CONSCIÊNCIA! acerca da matéria sobre "E o palhaço o que é?", vivência orientada por Ana Piu antes dum ritual de ayahuasca.

Nós acreditamos no que faz sentido para nós. Mesmo que não acreditemos em algo, quem acredita merece esse respeito. Eu acredito na medicina das plantas da floresta. Eu acredito na sabedoria indÍgena. Eu acredito no que é ancestral. Que viemos do fundo dos tempos e somos energia volátil que atravessa o cosmos sem principio nem fim. Acredito na força da natureza e que esta nos expande a consciência. Que nos ensina a amar. A pedir perdão e a perdoar.
Estou muito grata a todas as oportunidades que tenho tido em mergulhar dentro de mim para que a consciência expanda e me torne melhor ser vivente. Eterno desafio. Empreitada sem fim.
Gratidão a Mohini Taila a Ananda Joy por me terem iniciado nessa longa viagem sem regresso. Voltar às raízes, à essência com a oportunidade de olhar a sombra de frente para que a luz surja por detrás da imensa montanha. Grata por não imporem dogmas.
Por estas e por outras, sinto-me imensamente grata e feliz de estar em terras brasileiras, mesmo quando o caminho não linear e todo florido como nos filmes de Walt Disney. Mas também quem disse que a vida é um roteiro do Walt Disney?
Gratidão a Raphael Concli por esta matéria escrita sobre uma vivência sobre palhaço orientada aqui por mim, antes dum ritual de ayahuasca. Viva a medicina da floresta nesta Era de Aquário, em que a espiritualidade é mais importante que o lucro, o status, o ego. E todas essas ilusões sociais.
Gratidão sincera do fundo do coração
Ana Piu
bRASIL, 06.11.2016

http://jpress.jornalismojunior.com.br/2016/10/cha-palhacos/
Como vocês vieram à América?
Ringo- Fomos até à Gronelândia e aí viramos à esquerda.
Ringo- Amo Beethoven... especialmente os seus poemas.
Os que vocês fazem no quarto do hotel?
George- Patinação artística.
Vocês têm alguma mensagem para os americanos?
Paul- Sim, temos. Nossa mensagem é... comprem mais discos dos Beatles.
in: The Beatles, texto: Geofrey Stokes/ planejamento visual: Bea Feitler

O NEO COLONIALISMO NO BRASIL

Para muito e para tantos conhecer uma mulher portuguesa a viver no Brasil há quase 5 anos, tendo conhecido e viajado desde há 20 anos a esta parte o Brasil de ponta ponta via térrea e fluvial e com uma filha de sangue indígena pode até achar meio... exótico? inédito? estranho? a mesma ser anti imperialista e anti colonialista. Já que esta "estrangeira", cuja a vida seria muito mais facilitada em terras brasileiras se a mesma se apresentasse como francesa, e não podendo votar, pelo menos deve-lhe ser concedido o direito de liberdade de expressão. SIM! É contra a exploração, aos resquícios de escravatura e à corrupção. Assim como ao machismo tão gritante nesta terra, vindo tanto de homens como de mulheres. Quem achar que isso é falar mal do Brasil. Oh meu amigo! Qualquer coisa de equivocado paira no ar. E uma visão nacionalista é muita.... fascista? Pelo menos parece. Tipo: " Vem p'ra aqui p'ra nossa terra falar mal do Brasil." ANTES DE TUDO O BRASIL É DOS INDÍGENAS,PÁ! E o mundo é nosso, sem fronteiras quando com a consciência expandida, páááá´.
Ana Piu
Brasil, 30.10.2016

https://youtu.be/ECYyn3O1gUM

terça-feira, 25 de outubro de 2016

A QUASE VERDADEIRA HISTÓRIA DE LILITE ( série: Tantra vida para viver)

Estátua babilônica em terracota atribuída a Lilite de 1.500-2000a.C

Dizem as más línguas que Lilite chegava para chatear. Aliás, antes de chegar já partira há muito. Dissera um tchauzinho para o Adão. Foi logo avisando de antemão: "Oh meu amigo! Isto não é assim como tu pensas! Somos feitos do mesmo pó e tu pensas que és mais que eu! Olha-me este! Se tu tens asas eu também tenho. E se me as tentas cortar eu bato asas e vou. Não preciso de viver debaixo das tuas! Fala lá com o teu pai e com a tua mãe para te oferecerem um espelho agora pelo Natal para te enxergares. Ou pensas que só por me elogiares aqui e ali e te esqueceres da minha existência está tudo certo? Nããã! As coisas não funcionam assim. Ou é de igual para igual ou então Hello goodbye pim pam pum!"

Vai daí o Adão recebeu no sapatinho da chaminé um espelho, mas ao invés de expandir a consciência passou a ser ainda mais narcísico. Só se via a ele mesmo e cada vez admirava-se mais por isso. No outro sapatinho, que seus pais reservaram para ele, estava também uma boneca criada à sua imagem e semelhança, não tinha era barba nem os genitais eram iguais. Mas eram igualzinhos um ao outro que até pareciam irmãos. O seu nome era Treva

Entretanto, lá andava Lilite nas suas andanças, rasgando os céus, sentindo o vento bater nas faces rosadas. O olhar era brilhante de felicidade. Treva sentiu inveja e começou a espalhar que Lilite vinhas das trevas e que cobria com as suas asas a luz do sol da sua felicidade. Lilite ficou tão estonteada com tal injustiça que cantou do cimo duma árvore:

"Se vens da costela de Adão 
não tem problema, não
não invejes o meu voar
que voar é amar

tu também és capaz
não precisas dum rapaz
para te autorizar
o que podes fazer só ou em par

para voares com o teu rapaz
que seja igualitário e em paz

a difamação não leva a lugar nenhum, não
escuta bem o teu coração
e voa, voa, voa
sempre na boa"

Quem quiser acreditar nesta quase verdadeira história que acredite. Quem acredita na Lilite dificilmente sofre de meningite.

Ana Piu
Brasil, 25.10.2016