segunda-feira, 14 de outubro de 2013

OS MENINOS DE PERNAS GRANDES

Em bandos isolados meninos de pernas grandes correm atrás da sombra de si.
Sem sombra de dúvida, os meninos das pernas grandes já não são meninos, mas são.
Meninos das pernas grandes e dedos compridos dão passos indefenidos focando-se no desfoco de si.
De pernas grandes não querem crescer.
O que será do olhar quando envelhecer?

Meninos das pernas grandes não deixarão outros meninos no seu lugar,
pois tê-los é um pesar.
Corta a liberdade, essa efemera preciosidade.
Cai um escarro se para se ter um filho não posso ter carro!
Abraço-me à marmota se para  ter filho não posso viajar de mota!

Defendo os animais e outros principios transcendentais.
Com ressaca bebo soda e ducho-me com sais minerais
Sou jovem! Posso escolher beijar uma mulher ou um homem!
Sou leve e segura! Não sei se o amor dura!

De pele branquinha, sou novinha.
Aliso a minha carapinha.
Saío por aí controlando o que não é para controlar.
Riu-me depressa para não me rir devagar.

Marco território com a minha presença
Fujo de mim, camuflo ausência
De pernas grandes vou
Lembrando que não serei avô
Voltarei ao pó sem ter prazer de ser avó

As crianças assustam-me,
Porque esqueci-me de mim.
Digo não quando quero dizer sim.
Um digo agarro a minha sombra,
E mergulharei ao meu interior tim tim por tim tim!

Esperas por mim?
Não demoro!
No olho coloco soro!
Soro fisiológico!
Para não esquecer que sou racional, passional e lógico!

Pelo meu diagnóstico
Sou agnóstico
Anarco católico não praticante
Dá-me aquele ar distante
e comprometido
com o que é mais ou menos sentido.

Esperas por mim?
Diz que sim! Diz que sim!
ESPERAS?!
AGUENTAS?
OBRIGADA VIDA POR EXISTIRES!

pipiripipiu
Br, 14.10.2013






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