quinta-feira, 31 de outubro de 2013

O AMOR QUE HÁ EM MIM


Este texto pode ser encenado ou recitado em teatro radiofónico.
Se encenado, a atriz deve seguir as didascálias/ indicações.

A atriz dirige-se à boca de cena e olha em volta, de queixo erguido. Dá dois passos para a direita alta e projetando a voz em surdina fala:

- Dizes que me amas
 mas não vejo nada
 saio pela rua
 toda agoniada

O corpo da atriz cai um pouco para a frente elevando o peito e o queixo de quando em vez com um olhar perdido:

- Onde andas tu, meu querido amado?
Não sei se hei-de pensar se és ou não um safado!

O corpo balança em espasmos com gestos redondos e cadenciados no pulso direito. Olha para o fundo da sala, para o horizonte:

- Quero-te ver ao longe
Quero-te ver ao perto!
Já não sei o que está errado e o que está certo!

Fixando o olhar num espectador da primeira fila fala docemente:

- Todo este semblante assaz neutral
guarda no meu ser um sentimento fenomenal

De rompante atriz desce o palco ajoelhando-se aos pés do espectador. Pousa a cabeça no seu colo e atira-se para os braços dele. O espectador tem um esticão tremendo na coluna que fica paralisado emitindo um pequeno "Ai!". Atriz levanta-se, falando lá para o fundo para o técnico de luz e som:"LUZ! APAGUEM A LUZ!'
A luz apaga-se. Silêncio. O técnico rompe esse mesmo silêncio com forte aplauso e um estrondoso "BRAVOOOOO", contagiando o público nessa ovação! As luzes acendem-se, a atriz ajeita o cabelo, subindo ao palco para os agradecimentos, olhando o espectador com cumplicidade.

pipiripipiu
Br, 31.10.2013


Sarah Bernardt



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