sexta-feira, 31 de julho de 2020

HABANA AS IDEIAS

Eu tenho muitas impressões sobre o sistema de Cuba (...) O que eu posso dizer é que vi um país pacífico, onde não existe violência. Vi bastante gente feliz com a condição, mas também ouvi reclamações de pessoas que almejam liberdade. Então, como tudo na vida, existem os prós e os contras.
(...) Tudo estava em silêncio, um silêncio absoluto se fez. Agradeci imensamente por todas as pessoas e todos os corações que estavam presentes ali dentro. (...) Vi ali a pureza do olhar de todas as crianças que fotografei. Crianças que pararam de brincar na beira da estrada para me ver passar. (...) Vi ali os animais, as florestas, os desertos, os oceanos, as ilhas, as imponentes montanhas. Vi as danças, as fantasias, os carnavais. Senti naquele pote de ouro a dor, a luta e a força do povo latino-americano. Vi as mãos calejadas, os rostos rachados, os olhares sofridos e agradecidos da nossa gente. Ali naquele pote estava presente tudo o que há de mais maravilhoso nesse mundo.
(...) Uma mensagem simples, que diz que não existem barreiras para o amor e que todos nós podemos encontrá-lo. Basta fechar os olhos, respirar e olhar para dentro de nós mesmos.

 Ambrósio, Beto" Fé Latina" Uma volta de bicicleta pela América Latina

Pessoalmente não tenho nenhuma ideia fechada sobre Cuba e como se lá vive. Nunca estive lá e apenas conversei umas breves horas com um a estudante universitária cubana numa visita casual à minha casa aqui no Brasiu tropicau. Fiquei super feliz com essa visita, pois queria conhecer alguém que nasceu e cresceu em Cuba. Sim, o Beto Ambrósio tem razão. Ele tem apenas impressões de um ciclista que passou uns dias em Cuba e é estrangeiro. O que as pessoas querem ou podem, lhes é permitido, mostrar numa breve passagem de alguém é muito distinto de quem lá vive. Ah! Um casal amigo da Argentina, que conheci em Lisboa, também viveu em Cuba durante um tempo quando eu também vim para o Brasil. Perdemos contato, pois a internet em Cuba pelo menos até há bem pouco tempo o acesso era restringido. Mas com essa amiga dum amigo eu tive a oportunidade de escutar o que ela tinha para dizer. Que o avô teve um problema de saúde e que precisava duma dieta especial e que não foi fácil conseguir essa dieta pois era cara. Que o sistema de saúde já foi eficaz, agora tornou-se um mito. E que ela mesmo acreditando nos princípios de direitos dos trabalhadores ela prefere a liberdade dum sistema capitalista, pois sempre pode de alguma forma ser alternativa acesse sistema. Falou que certa vez ao conversar com um norte americano de esquerda este a desmentia para não desfazer o seu ideal sobre Cuba. Ah! Também assisti lá nos anos 90 aquele filme " Fresa e chocolate" que trata dum casal homossexual que tem as suas dificuldades em viver naquele regime. Também já ouvi dizer que muitos norte americanos vão fazer tratamentos e cirurgias em Cuba, pois a medicina está mais bem desenvolvida e e é mais em conta que nos States.


Se por um lado existe um embargo a Cuba há 58 anos por parte dos vizinhos yankis ( deve ser osso duro de roer ser vizinho dos yankis...), por outro, um regime que restringe a liberdade para se salvaguardar dá que pensar. Só ver para crer, mas ver com olhos de enxergar e para enxergar é necessário conviver por um longo tempo.

Por isso, este assunto como todos os outros o "achismo" não entra. Aqui no Brasil 'a frase' reacionária é: " Não está bem, vá para Cuba! Comunista" Nossa, vixe Mária!!! Comunista.... Essa é outra... Em pleno século XXI (21) quando alguém não é conservador, refletindo ou não, é comunista!!!!!... Ou seja, para alguns ser comunista é como carregar uma chaga ou uma doença contagiosa....Se fosse nos anos 30 ou 40 do século passado do milénio anterior  ainda dava para entender. Mas a esta altura do campeonato?.... Já alguns simpatizantes, pelo menos dos princípios o que não significa que o pratiquem no seu dia a dia quando estão num lugar de poder, acham que por exemplo o PT é comunista... O PT pensa mais no povo,  mas não é santinho nenhum e precisa de se rever, e democratizou o cartão de crédito. Mais capitalista que isto? Eheh Porém  a elite ou aqueles que acham que são da elite ou almejam sentem nojo dos pobres, os pobres precisam de se manterem pobres para os servir. Mas aí, já não é preconceito com os (novos) ricos e sim conceito: a desigualdade, a exploração e usufruto da mesma é um discurso e postura de desamor. E como o autor lá em cima escreve: SÓ O AMOR CURA!!!! E para isso é necessário nos auto observarmos. Querer o bem aos outros, mesmos aos desamorosos, é O DESAFIO. Desejar o melhor para os outros é desejar o melhor para nós porque afinal de contas somos uma grande teia cósmica.


A Piu
Campinas SP 31/07/2020


quinta-feira, 30 de julho de 2020

FILH@S DA TERRA E DAS ESTRELAS

Em cima está a Bete, Elisabete, em baixo a Cláudia. Penso, se a memória não me falha nesta cabeçorra que é péssima para guardar nomes que até me envergonho comigo mesma. Mas os nomes da minha infância guardo incrivelmente na memória assim como episódios. No meio estou eu, que na época era chamada de Teresa, devido ao forte fluxo de Anas fruto da originalidade das nossas mães e pais em colocarem nomes. Teresa é bonito, assim como Ana Teresa, que dá aquele trocadilho com A Natureza. Mas não sou eu. Eu sou a Ana e Piu desde os 16 anos, nome colocado por amigos por ter este narigão com os olhitos de Piu Piu. Enfim. Temos os nomes de nascença e de existência e convivência.
A minha convivência desde a mais tenra e idade tem sido com pessoas com várias tonalidades de melanina, assim como de origens, países e línguas distintas da minha. Normal....( O que é o normal ? É o que está na norma? Norma do quê e de quem?)
Estas três meninas estão a sair duma apresentação de ballet, balé, numa festa de escola. O sonho de ser bailarina clássica atravessou muitas de nós, mesmo as mais matrafonas como eu. Dias a fio na sala de estar a dançar em frente ao sofá, como se fosse uma grande plateia, ao som do entusiasmo de Strauss e Mozart e até do fatal Bethoven e Ravel. Por isso, muitas de nós mulheres palhaças sempre em algum momento montamos uma ceninha ou espetáculo sobre esse grande sonho de donzela delicada que em algum momento chafurda no lago dos cisnes ou quase se afoga, mas sempre se salva pelo Humor Divino! Esse efeito teatral deus ex machina com o selo clownesco.
Ter uma colega de escola ou amiga negra sempre fez parte a minha realidade num Portugal acabado de sair dum fascismo de 48 anos e dum império de 500. Um país que até hoje, volvidos 46 anos, está a aprender o que é democracia. Como será de imaginar, embora o que é óbvio para uns não é para outros mesmo quando se acham esclarecidos, um país que vive uma ditadura seja esta ou não fascista tem um povo subjugado muitas vezes no limiar da miséria com um grande índice de analfabetismo fruto do despotismo e desigualdade. Por isso eu sempre fico com aquela interrogação quando alguém no Brasil afirma que o ensino público na época da ditadura era melhor.... Era melhor para quem? Qual era a pedagogia? E que Portugal vive até hoje do que roubou do Brasil, vejam só!, e de África.. O que oligarquia provinciana portuguesa  fez ao longo de séculos foi esbanjar, ostentar e se endividar.E o povo? Que se lixe! Como sempre ou quase sempre. Então, muito respeito por aqueles e aquelas que lutaram e lutam pela justiça e igualdade dos trabalhadores. Seja estes portugueses, norte americanos, alemães ou japoneses e etc e tal.
Esta foto foi tirada em 1982. Democracia em Portugal e reta final da ditadura no Brasil. Porém, nesta escola que eu frequentei entre os 7 e 11 anos havia um funcionário, que provavelmente já morreu devido à sua idade, que nos contava as suas aventuras e desventuras na guerra em África ( guerra entre 1962/ 1974 entre Portugal e as ex colónias). Contava as suas emboscadas no meio do mato e dos "pretos" , passo a expressão, que matava. Na minha inocência de criança eu perguntava para os meus botões porque ele nos contava tudo aquilo, a nós crianças. Não entendia se para ele era bom ou ruim matar, fossem "pretos" ou outros... Hoje, à distância, sei que ele é ou era um traumatizado de guerra e que não tinha perfil pedagógico para estar diante de crianças. Mas na mesma agradeço a oportunidade, pois testemunhei uma dor, um rancor de mau perdedor e até um ódio de muitos ex combatentes que foram convencidos que os "outros" são como bixos que "nos" devem servir e que a terra deles é "nossa" e que quando estes estão na "nossa terra" devem voltar para a "terra deles". Enfim, o racismo é estrutural mesmo quando alguns acham que não são racistas ou xenófobos. Acredito que o mais honesto é admitirmos que de vez em quando escorregamos no lago dos cisnes mas que conviver com patos, peixes, pinguins e outros seres por longo tempo sem distinção de origem ensina-nos a nadar melhor sem a necessidade do virtuosismo do balé. Talvez uns belos batuques afro lembram-nos da batida do coração e que somos todos filhos da terra e das estrelas.
A Piu
Campinas SP 30/ 07/2020



terça-feira, 28 de julho de 2020

CONFINAMENTO COM REFINAMENTO. BUERA LÁ! PREPARAD@?

Vou já escrever logo aqui antes que você queride leitore já passe para outra coisa neste imenso universo de informação virtual: NÃO VIRAR AS COSTAS A NINGUÉM É O LEMA!!!
Com isto não incentivo ninguém,  mas ninguém mesmo ninguém a sair à rua com bandeiras em passeatas a esta altura do campeonato. FIQUE EM CASA POR AMOR DAS DEUSAS DOS DEUSES E DOS COMUNS MORTAIS!!!

Ficar em casa é um ato politico, porém não é ideológico!!! Não tem a ver com direita, esquerda, ao centro, assim assim e manca. TEM A VER COM RESPEITO PELA VIDA. PELA NOSSA E PELA DOS DEMAIS!!!

Adiante... Avante! Bem sei, bem sabemos que este momento de confinamento é aquela mão invisível do planeta, do cosmos, que uns  chamam Deus, outros Grande espírito, outros divino, outros ainda energia ou ordem cósmica a dizer: PAROU! ALTO E PÁRA O BAILE! RESPIRA E SILÊNCIO!Fzzzzz. Respira. Enfrenta o lugar onde vives e quem te rodeia. Enfrenta se tens muito ou pouco espaço físico para te movimentar. Muito, pouco ou quase nada para comeres. Se as contas estão em dia, se podes ajudar ou pedir ajuda alguém. Confia na HUMANIDADE. É o momento!!! Pelo menos em alguns da Humanidade. Duas voltinhas no pescoço para o lado direito, três para o esquerdo e roda sem contagem. Relaxa os ombros. Duas a três expirações profundas e solta, solta, solta. Sacode o corpo todo!!! Sacode, sacode, sacode, sacode. Desapega, limpa os pensamentos, relaxa o coração com várias respirações profundas ao dia. É fácil? Dá trabalho. Comprometa-se consigo mesmo e vamos em frente. Agradeça, agradeça e agradeça e agradeça todas as oportunidades mesmos as mais decepcionantes. Aqueles e aquelas que lhe viraram as costas e tantas outras pessoas que apoiaram sem te conhecer direito, de lugar nenhum, não esperando nada em troca. Agradeça aos desentendimentos e mal entendidos, e às irmãs e aos irmãos feridos ( sejam de sangue ou não sem necessidade de irmandade religiosa, cada um é livre de acreditar e reverenciar o que quiser)  que nos levaram até um lugar recôndito e até ziguezagueante e te mostraram algo ou alguém muito belo porque inspirador. Não vire as costas a esse irmão ferido e sim agradeça e ajude-o  no que for preciso. Não o julgue, nem se intimide. Não desista dele nem de você mesmo e do que sente e acredita.Não se intimide com a vida, porque esta é muito bela mesmos com as suas feiuras.  Ah e sabia que quem canta os seus males espanta, quem escreve derrete a neve, quem atua põe a sua alma nua, quem dança reduz a pança e por aí vai? Fique em casa e se conheça! Como podemos conhecer os outros se não nos conhecermos? Desfrute de si. Aproveite para sonhar e criar.

Um beijo e abraço de mim para si ou para ti!
Gracias a la vida que me há dado tanto!

A Piu
Bolhão Geral Zen Kampines SP 28/07/2020


A montanha estava diante de mim, eu não teria outra opção senão encará-la.(...) Eu poderia escolher sofrer ou não. (...)
O que desejo a todos nós é que sermos mais gratos a tudo, até aos problemas, pois, sem eles, não sairíamos do lugar. Graças a eles, temos as condições para sermos melhores seres humanos. Eles nos ensinam o caminho da paz,. Essa paz não diz respeito a uma vida onde tudo é perfeito e não existem obstáculos. Isso não existe nesse planeta. Refiro-me a uma "paz" de estado de espírito, de silêncio interno e tranquilidade do SER, mesmo em meio a tanto barulho, tantos problemas, tantas dores. Portanto a minha dica é: não acredite no que dizem os seus pensamentos, eles mentem. Eles sempre querem o nosso sofrimento, não é mesmo? É impressionante. Eles são apenas pensamentos, nada mais. Trata-se duma ilusão. (...) Mas a partir do momento em que paramos simplesmente de dar atenção ao que ele diz, deixando-o falar sozinho, ele perde suas forças e não volta mais. Dessa forma, os nossos pensamentos passam a surgir de maneira mais leve, amorosa, mais amiga, e então encontramos a nossa paz, dia após dia.

Ambrósio, Beto "Fé Latina uma volta de bicicleta pela América Latina"

beto_ambrosio_maravilhosas_paisagens_norte_do_Chile

segunda-feira, 27 de julho de 2020

O QUE O TURISMO HISTÓRICO NÃO CONTA


Esta sou eu com quatro anos, quase cinco. Do meu lado esquerdo está o meu irmão com  sete anos, quase oito. Aqui estamos nós, como muitos e tantos da nossa geração que foi a primeira  crescer sem colónias do dito cujo império português, a visitar o tal do Portugal dos Pequenitos criado em 1940, inicio da segunda grande guerra pelo Tonecas Sal Azar faxixi que "orgulhosamente só" não participou dessa guerralhada mundial, mas defendeu com unhas e dentes até ao fim os seus lucrativos quintais africanos que de beneficio só uns poucos tiravam - assim sendo fica o recado para os equivocados que acham que o povo português se beneficiou com essa MER....da...mercadoria humana e de recursos naturais. Chuac chuac! SÓ O AMOR O CURA E AUTO CONHECIMENTO E A INFORMAÇÃO É UM ATO POLITICO, PORÉM NÃO  NECESSARIAMENTE PARTIDÁRIO.

Esta sou eu em criança, e a minha profissão há décadas, não só como atriz mas como palhaça é de resgatar a minha criança interior dispensando infantilizações e levar essa arte ao máximo de seres humanos possíveis e sacar à distância vaidades e disputas que subscrevem a lógica patriarcal da competição, da comparação e do desmerecimento da nossa força de trabalho, conhecimento e sabedoria.

Esta sou eu com o meu irmão que tem uma vida muito diferente da minha, logo um modo de pensar e agir diferente, porém não deixa de ser O MEU IRMÃO. Eu acredito que as nossas origens remotas, a nossa ancestralidade vem dos bárbaros ( visigodos, vikings), dos celtas, dos mouros, dos romanos, dos judeus, dos francius napoleónicos e de todas essas mesclas de povos e gentes que atravessaram, disputaram e se estabeleceram nesse enclave inter continental peninsular. Eu nasci e cresci numa Península. A Península Ibérica, um tanto ou quanto de costas virada para a Europa, com vista para o mar olhando para lá do lá, onde se desenha na linha do horizonte África e o continente Americano.

Mesmo uma criança é maior que o Portugal dos Pequenitos, criado em plena ditadura fascista quando os meus avós estavam prestes a se casarem. NÓS SOMOS MAIORES QUE ESSA MENTALIDADE MESQUINHA, IMPERIALISTA PROVINCIANA E EUROCÊNTRICA! Eu falo por mim, claro. E nunca enxerguei a localidade onde cresci como sendo o selo Europeu, tipo: " Pessoal, gente, estou aqui na Abóboda, na Europa para o mundo!" Ahahhahah Vou se sincera: É muito piroso, cafona porque um deslumbramento  eurcentrico. E ninguém ou quase ninguém que é português se sente parte  da Europa civilizada. Ahhahah esse é outro texto para elucidar alguns equívocos. Ihihih

Moral da história: SOMOS MAIORES QUE A HISTÓRIA OFICIAL E TODOS ESSAS MANIAS DO EGO!!!


Beijussssss

A Narca, a coroa portuguesa de costuras do lado de fora
Bolhão Geral Zen Kampinas SP 27/07/2020

domingo, 26 de julho de 2020

DAR NOVOS ABRAÇOS AO MUNDO

De França, o ativista e jornalista senegalês Karfa Sira Diallo lembra o “assassinato” de um jovem cidadão português, pai de três filhos, “num país pioneiro do tráfico e da escravidão dos negros, mas cujo estado está ausente no dever de memória e transmissão dos ensinamentos de uma história colonial ainda não assumida”. (MM)
in: https://jornaleagora.pt/morte-de-ator-negro-reacende-debate-sobre-racismo-em-portugal/


Vinte e cinco de Julho é dia nacional da Tereza de Benguela,  líder quilombola que viveu no século XVIII (18), e da mulher negra no Brasil desde 2014. Não se sabe ao certo se Tereza de Benguela nasceu no Brasil ou em que parte da imensa África. Perseguir, retirar a identidade, omitir as origens fez parte desse projeto colonial iniciado pelo meu país de origem Portugal e perpetuado até à atualidade no Brasil por algumas frentes ultra conservadoras ou não, porque o racismo, o classismo está enraizado nesta sociedade em que a primeira violência é a desigualdade social que naturalmente despoleta outras violências.Então quando alguém que se sente inseguro o tempo todo neste imenso Brasil achando que na Europa é que é seguro, por exemplo, talvez esse mesmo alguém acende o pavio secular por crimanalizar com facilidade outro alguém que é aparentemente diferente e escumbalha com o decoro burguês. Não será urgente auto observarmos-nos para ir desconstruindo a ideia que temos acerca de nós e dos "outros" que também somos nós?


Vinte e cinco de Julho de 2020, quatro meses antes das comemorações da Independência dos países africanos que estiveram sobre o jugo de Portugal durante 500 anos mais coisa menos coisa!!!! Cinco séculos é muita coisa!!!! Não é muito na História da Humanidade, mas o suficiente para deixar marcas profundas no mundo. Sim, no mundo já que as caravelas deram novos mundos ao mundo  também aniquilaram e aniquilam até hoje. A que preço se dá novos mundos ao mundo? A escravatura, o genocídio, o desmatamento, a industrialização insana, o capitalismo nas suas múltiplas versões, sejam estas privatizado ou de Estado,  é o preço? Se é, então deixa quieto! Não, obrigadinha.

Vinte de Julho de 2020, depois de apresentar virtualmente num festival de teatro lambe lambe organizado lá em Salvador da Bahia ( das primeiras cidades a chegarm galeras de escravos durante o colonialismo português) , chega a noticia do outro lado do mar. O ator guineense negro Bruno Candé é baleado com quatro tiros na grande Lisboa por sujeito dos seus 80 anos. A idade deste sujeito é um indicador muito importante. Já lá vamos!

Obviamente que um assassinato naquele "meu" pequenito país é noticia nacional e também internacional, pelo menos na Europa. No Brasil esse tipo de crime é o pão nosso de cada dia. Se por um lado dá aquele "alento" as pessoas se indignarem  e questionarem a continuidade do racismo em Portugal, por outro é assombrante que um homem de 80 anos tenha uma arma em casa e persiga um "desconhecido" durante três dias e atire à queima roupa. Vamos então ao facto desse sujeito de 80 anos. Esse sujeito provavelmente combateu na guerra em África e matou muitos pretos, passo a expressão. Senão combateu a sua vontade de matar pretos era e é muita e metê-los todos para correr de Portugal com o clássico: " PRETOS FORA! VOLTA PARA A TUA TERRA!". Vai daí mata um cidadão negro de 40 anos, pai de três filhos, ator de profissão.

Mas sabem o que mais me impressiona? É existirem pessoas mais "jovens", da minha idade ihihih ( rir um pouco para dar aquela relaxada) que ainda são racistas e xenófobas. Deixo aqui esta pergunta e me voy: Como os brasileiros brancos que estão em Portugal vêm tudo isto? São bem recebidos? Acolhidos? Têm preconceito com todos os tugas e acham-nos todos burros mas votam naquele Coiso que coisa mais desintelingente não há? E aqueles que escutam Milton Nascimento, Elza Soares mas sentem-se inseguros por dá cá aquela palha e não enxergam, por exemplo,  mulheres trabalhadoras, mães de filhos , tenham estas a cor que tiverem? Pergunto. Perguntar não ofende. Espero!!!


Enfim, o que desejo memo memo memo memo é sermos mais gente de verdade com verdade e não de mentirinha que consciente ou inconscientemente estamos constantemente a esquecer de nos deixarmos contagiar pelos mundos dos outros ao invés de contaminar com as nossas visões estreitas impregnadas de medo e carentes de amor. VIVA O ENTENDIMENTO E O AMOR VINDO DO NÚCLEO CENTRAL DESTE INCRÍVEL PLANETA TERRA!!!

A Narca, uma coroa portuguesa com as costuras do lado de fora
Bolhão Geral Zen Campinas ( o último reduto a abolir a escravatura) SP 26/07/2020







sexta-feira, 24 de julho de 2020

E UM ( AUTO) ABRAÇO É REDONDO OU É PLANO? HMMM? HMMMM?

" Espelho meu, existem outros seres além de eu?" Não, esperem! Rima, faz sentido, mas 'tá com uma gramática estranha.... " Espelho estás a fim de me mostrar o que não se vê para mim?" Agora vai, agora é! Bora lá!
No texto passado falamos sobre sombras e luzes e iluminações sombreadas e a importância de não virarmos as costas para xs outrxs, tampouco julgar quem está ao nosso redor e até abrirmos mão de uma auto imagem lindíssima de boazinha e bonzinho, justa e harmoniosa. Cada ser aqui neste planeta terra, que alguns lembram-se de relembrar que é plano pois talvez tenham esquecido de colocar aqueles óculos 3D quando vêm imagens via satélite deste nosso querido e amado planeta, está num momento diferente de entendimento, de consciência. Por vezes até entendemos racionalmente, mas como a nossa intuição e a nossa energia criativa e de criação que celebra a vida nas suas múltiplas cores e sobras têm sido abafadas, reprimidas, ridicularizadas de forma pejorativa, nós ficamos aquém, prisioneirxs das nossas crenças limitantes e dessas nossas sombras marafadas. E que sombras são essas que ninguém se escapa, porém o grande desafio é termos consciência das ditas cujas para estas não tomarem conta de nós? Necessidade de controlar, como uma mãe ou até um pai super protetor, tudo e todos e não abrir espaço suficiente para os demais. 
Agora vamos aquela sombra que daria e dá vários textos, reflexões e rodas de conversa: VI-TI-MIS-MO. O que é vitimismo? É colocarmos-nos no lugar de cotadinhe? Sim, podemos ser vitimas duma catástrofe, dum sistema politico e econômico e social que só visa o lucro de alguns e nos descarta como trabalhadoras e trabalhadores com uma facilidade como quem sacode a chuva do casaco. Podemos ser vitimas de relações abusivas, sermos vitimas de preconceito pelo simples facto da nossa cor, do nosso gênero, da nossa classe social, das nossas escolhas não ser bem vista por uma visão hegemônica do que é ser perfeite e bem sucedide. Vitimas duma lógica meritocrata que só vale quem vence na vida numa perspectiva capitalista, logo individualista e hierárquica, onde as parcerias se dão pela vantagem que trazem para o nosso ego. Então, sair do lugar da coitada, coitado e coitade é ganhar protagonismo diante de todas essas lógicas fazendo diferente, mesmo que o caminho não seja a direito e que algumas vezes precisemos de caminhar, escalar montanhas, atravessar desertos solitariamente. Pois com certeza sairemos com mais firmeza e encontraremos outros seres que buscam igualmente fazer diferente. Somos seres únicos e ao mesmo tempo interdependentes. Dormirmos de conchinha com nós mesmes é muito importante. Se formos boa companhia para nós mesmes e trabalharmos isso com compromisso, seremos boas companhias para os demais, pelo menos para aqueles e aquelas que se propõem a escutar, abrindo mão dos tais achismos. Um achismo é um preconceito camuflado de opinião que projeta no outro uma ignorância nossa.
Culpa. Essa sombra marafada que carregamos há milhares de anos e que foi impressa num livro que tornou a mulher submissa, bela, recatada e do lar retirando-lhe a sua potência, o seu sagrado, o seu poder de se colocar no mundo como protagonista. E as que se colocaram e se colocam sempre correm o risco de serem perseguidas, difamadas, mal tratadas e por aí vai. Culpa de não darmos conta de tudo como a super heroína mulher maravilha. Bom, mas esse assunto da mulher, mãe, companheira, amante e amada, assim como trabalhadora e outras funções fica para o próximo texto. Não saia do seu lugar.
Vamos à sombra INVEJA. Uuhhhhhhhhh. Quem não a sente?!?! Como a querida Júlia Ortega ala nos seus conteúdos no you tube sobre sagrado feminino. Não existe inveja branca. Ahaahaha. Inveja branca é aquela inveja que camuflamos com a nossa auto imagem de oura. Ihihih Inveja é inveja e todxs nós sentimos! A questão é ter honestidade de olhar para esse sentimento e perguntar onde precisamos de trabalhar a nossa auto confiança para nos realizarmos sem olhar de cara feia para as conquistas e felicidades alheias e até celebrar as mesmas! Ciumes também dá outro ou vários textos e rodas de conversa. Mas já adianto: " Não faças aos outros o que não gostas que façam a ti" Mas esse tema também fica para a próxima. Não sai do seu lugar! Sentemos-nos então com as nossas sombralhadas e penteemos-lhes o cabelinho e limpemos-lhes as remelas para conseguir olhar para o espelho e perceber o que nos pertence e o que não nos pertence sempre nos fazendo acompanhar da Sô Dona Honestidade!
Beijinhos e abraços virtuais e até ao próximo texto!
Ah e a revolução é pela espiritualidade, pela conexão com o nosso espírito, e não pela politicagem como dizia a avó da Júlia Ortega, ex comunista. Há que escutar as avós que são nossas heroínas, tenham sido elas ativistas ou não mesmo as submissas. As últimas ainda precisam de ser mais olhadas e lembradas para as honrarmos. VITÓRIA AO AUTO CONHECIMENTO!!!!
A Piu
Bolhão Geral Zen Kampines Sp 24/ 07/2020
Ilustração: Hauke Vagt
Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/

quarta-feira, 22 de julho de 2020

O QUE É SER ESPECIAL? HMMM? HMMMM?

#eumeamo #eumecuido #eudecido

Este confinamento para muitas de nós tem sido aquela grande oportunidade de limpar aquela caixa de gordura que normalmente está nas traseiras da casa, para quem não vive em apartamento, e que por não ter ninguém que faça por nós temos que meter a mão na massa. Ou melhor, naquela gordura fedorenta acumulada. No caso, refiro-me desta vez à caixa de gordurama que trazemos cá dentro, no mais intimo do nosso ser. E como é no mais intimo do nosso ser só a nós nos compete. Embora, rodas de mulheres, rituais, meditações, benções de útero, terapias e terapeutas possam ajudar a acelerar o processo por oferecer ferramentas que nos fazem voltar a casa, a nós mesmas, a nos conectarmos. ´Tá! Até aí tudo bem na terra das fadas, das bruxas do bem, das manas guerreias, das minas e tudo e tal.

A grande sacada, o grande AHA, é quando percebemos que ao encarar de frente a nossa caixa de gordura interna, que já transborda, percebemos que não somos aquela mulher menina, moça incrivelmente boazinha, harmoniosa, justa e compreensiva. Não, não somos. Essa é a má e a boa noticia. Má, porque de alguma forma nos decepcionamos com nós mesmas, porque até então ou nos achávamos as incrivelmente corretas, sacralizadas pelos nossos rituais que visam o bem estar individual desconsiderando eventualmente aquela mana que pede ajuda ou simplesmente escuta, ou porque nos achávamos nada ou quase nada e percebemos que começando a nos auto cuidarmos, a sermos mais gentis com nós mesmas, mesmo quando surtamos por motivos vários e muitos até plausíveis - olha a palavra cara, mas é aquela que surge!- , deixamos de julgar as nossas manas que surtam ou que tomam atitudes das quais não concordamos. Empatia é um combo de não julgamento com paciência, capacidade de enxergar para lá do visível, superficial e nos colocarmos no lugar da outra e até do outro. E até refletir o que levou aquela mana a surtar de forma tão inesperada.

Mas falemos agora sobre a condição feminina, independentemente dos seus recortes sociais e culturais,mas nunca esquecendo que estamos a falar dum lugar. A ordem patriarcal como a conhecemos tem "apenas" cinco mil anos. Olhem o que nós carregamos há milhares de gerações!!! Mulheres subjugadas, escravizadas, violentadas, desconsideradas, omitidas, resignadas, escorraçadas ATÉ POR OUTRAS MULHERES.

Como tal, quando uma mana surta e dá um berro ou várias, mesmo que não entendamos ou
 entendamos e não concordemos, fazer juízos de valor e virar as costas é perpetuar essa violência mesmo que não seja a nossa intenção.  Já que existem muitos homens que nos objetificam e não nos enxergam  como mulheres trabalhadoras ou não, mas que muitas escolhem se realizarem e muitas outras não têm o poder de escolha e muitas ainda não se permitem e se realizar, escutarmos-nos mais sem opinar e dar conselhos quando não nos é pedido, pois cada uma tem uma realidade e trajetória e achar que estamos todas no mesmo pé de igualdade é um achismo que detona a empatia.

Empatia. Essa grande palavra que se não é posta em prática é um chavão como aquela: "É só amor!"
Amor é abrir espaço no nosso coração para acolher o que nos agrada e desagrada sem enfiar o dedo no rosto da pessoa,rotulá-la  ou desprezá-la.

Assim sendo: MUITO AMOR PARA NÓS TODAS, TODOS E TODES.

Ser especial para alguém não será sermos primeiro especiais para nós mesmxs, acolher com gentileza que fazemos suposições de tudo e de todos, aflorando a tristeza, o ciúme, a raiva. a avareza, a incompreensão.. Quando não compreendemos o melhor é silenciarmos-nos, escutar e observar. Quando compreendemos podemos respirar até de alívio, porque se compreendemos já sabemos como lidar. Abrir espaço para nós e para os outrxs é revolucionário.  E gentileza gera gentileza. Quando não gera... Acolhemos, podemos até recuar e focar na nossa caixa de gordura interna, para a manter limpinha e impecável na medida do possível. VITÓRIA AO AUTO CONHECIMENTO, na certeza que não somos @s cert@s ou @s errad@S e sim que somos trabalhad@s da sabedoria. E isso é muito sensual!  Se para muit@s  a objetificação de si mesmx e da outra pessoa é sensual.... Cada ser sabe de si, não coloque é todos os outros no mesmo saco da mediocridade. Oooops agora fui que fiz um juízo de valor!.... Ninguém é perfeite e isso incrivelmente perfeite!!!!


A Piu
Bolhão Geral Zen Kampines Sp 22/ 07/2020
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quinta-feira, 9 de julho de 2020

SE O AMOR CURA, A ARTE SALVA

Em tempos pandémicos, em meio ao caos, é de utilidade pública alimentarmos-nos de esperança. Pelo menos de algo que nos faça sonhar e confirmar que os discursos oficiais, as narrativas institucionalizadas não são a verdade absoluta.
Se o amor cura, a arte salva. Não fui eu que inventei esta frase. É assim tão importante inventarmos algo completamente novo ou lembrarmos quem nós somos e resgatar a nossa espontaneidade? Também não fui eu que inventei este pensamento.
A expressão artística com as suas múltiplas manifestações é a confirmação que existem outras saídas,onde é dada importância à intuição e ao inconsciente individual e coletivo. Grande Nise da Silveira!
Aqui apresento este filme que está disponível no you tube. Assim como uma palestra sobre o trabalho do artista Jean Dubuffet, artista visual da arte bruta, onde se disserta sobre a legitimidade dessa arte auto didata, criada muitas vezes por pessoas "fora da caixinha",com quadros clínicos acentuados.
Pessoalmente considero de pouco interesse se o meio académico e o mercado de arte legitima ou não se algo é um produto ou obra de arte. Veja-se o Vicente lá da Holanda. O Van Groghe...  O desenho duma criança pode ser e é arte. Ou não?
A Piu
B'Olhão Geral Zen 09/07/2020
" Moacir, pintor que vive num recanto isolado do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Humilde, com problemas de audição, fala e formação óssea. Um Outsider Art, como Jean Dubuffet classificou todo artista que se manifesta refletindo o seu universo interior, chamando a isso de Art Brut.
Ausente do mundo exterior, desenha e pinta com lápis de cêra o que vem de sua imaginação intrigante, são gestos do inconsciente. São visões com referências anatômicas desconhecidas, carregadas de sensualidade e erotismo."


sexta-feira, 3 de julho de 2020

CARTA ABERTA À MACCU E ÀS MULHERES LIVRES / CARTA ABIERTA A MACCU Y MUJERES LIBRES

Querida Maccu,

conhecemos-nos em San Gil no ano passado num festival de teatro. Foi a única vez que estive na Colômbia e não consigo traduzir por palavras a emoção de conhecer mulheres de fibra como tu, com uma belíssima voz, e outras cantoras e atrizes. Fiquei muito emocionada de conhecer vagamente o país onde nasceu Gabriel Garcia Marquez, esse grande escritor de espirito diplomático, desejoso dum país como a Colômbia, mais justo e humanista. Além dele já conhecia o pintor e escultor Botero. Dois homens colombianos pop star internacionais. E as mulheres colombianas? Não sou boa de nomes, mas sei relatar experiências. Tu e outras mulheres cantando, tocando e dançando nas noites do festival lembrando as raízes afro e indígenas, uma atriz indígena com o seu solo sobre o seu povo e a relação com a água, e já em Bogotá assisti a dois espetáculos com duas jovens atrizes ex guerrilheiras e outro com várias mulheres, algumas não atrizes, sobreviventes e mães de jovens desaparecidos pelas mãos dos militares. Foi muito forte assistir aquelas mulheres em cena, relatando as suas experiências ora de forma crua ora de forma mais poética e esperançosa. E como cereja em cima do bolo, depois daquela lagriminha teimosa no rosto, o Pablo Catatumbo, ex guerrilheiro e diplomata, estar na plateia e emocionado parabenizar essas mulheres e a sua coragem, assim como partilhar que não tem mais o porquê da guerrilha. A revolução faz;se pelo diálogo e afeto. Pela paz. Foi um grande presente colombiano que recebo de coração aberto e levo para a vida.

Ontem, fui notificada por ti sobre os abusos que as guerrilheiras sofrem. Senti-me profundamente triste, por tudo o que essas mulheres e também homens passam. Triste e impotente. Depois percebi que o "simples" facto de ler, escutar e que  vocês tem para dizer é também um gesto de solidariedade.  Ontem também, alguém dizia, no conforto do seu lar com comida, água e electricidade, que a revolução se dá pegando numa arma. Tenho decidido  que há determinadas conversas, porque retóricas e nítidas de quem não sofreu na pele os dissabores duma guerra, que eu não dou  continuidade ao diálogo. Ando-me a poupar daquelas conversas de sofá na frente do computador num despique de quem tem mais razão. Poderia até dizer que a geração do meu pai combateu durante doze anos em África para Portugal não perder as colônias... E além das perder, para vitória de quem acredita na independência e no anti imperialismo, como eu, perdeu várias vidas de homens, muitos tão jovens que nem tempo de sonhar  escolher desertar tiveram. Também poderia dizer que tive um companheiro africano  que combateu numa guerra civil nessa mesma Angola, depois do meu povo português se retirar. Dizer-lhe que viver em situação de guerra cria marcas, traumas, muito profundas nas pessoas para a vida inteira e a História mostra que não é esse o caminho da transformação. Qual é não sei. Prefiro humildemente escutar vocês, artistas, ativistas,ex guerrilheiros sobreviventes e que defendem o caminho da paz e da reverência à vida e sua dignidade.

Um grande abraço desde o Brasil
Ana Piu
03/07/2020

Querido Maccu,

Nos conocimos en San Gil el año pasado en un festival de teatro. Fue la única vez que estuve en Colombia y no puedo traducir en palabras la emoción de conocer mujeres de fibra como tú, con una voz hermosa y otros cantantes y actrices. Me conmovió conocer vagamente el país donde nació Gabriel García Márquez, ese gran escritor de espíritu diplomático, deseoso de un país como Colombia, más justo y humanista. Además de él, ya conocía al pintor y escultor Botero. Dos hombres internacionales colombianos de la estrella del pop. ¿Qué pasa con las mujeres colombianas? No soy bueno con los nombres, pero sé cómo informar experiencias. Tú y otras mujeres cantando, tocando y bailando en las noches del festival recordando las raíces afro e indígenas, una actriz indígena con su solo sobre su gente y su relación con el agua, y ya en Bogotá vi dos espectáculos con dos jóvenes actrices. ex guerrilleros y otro con varias mujeres, algunas no actrices, sobrevivientes y madres de jóvenes desaparecidos a manos de los militares. Fue muy fuerte ver a esas mujeres en la escena, relatando sus experiencias, a veces crudamente, a veces de forma más poética y esperanzada. Y como la guinda del pastel, después de esa obstinada lágrima en su rostro, Pablo Catatumbo, un ex guerrillero y diplomata, estaba en la audiencia y emocionado de felicitar a estas mujeres y su coraje, así como de compartir que ya no tiene la razón de la guerrilla. La revolución se hace a través del diálogo y el afecto. Por la paz. Fue un gran regalo colombiano que recibí con un corazón abierto y me llevo a la vida.



Ayer, fui notificado por usted de los abusos que sufren las guerrillas. Me sentí profundamente entristecido por todo lo que pasan estas mujeres y hombres. Triste e indefenso. Entonces me di cuenta de que el hecho "simple" de leer, escuchar y lo que tienes que decir es también un gesto de solidaridad. Ayer también, alguien dijo, en la comodidad de su hogar con comida, agua y electricidad, que la revolución se lleva a cabo tomando un arma. He decidido que hay ciertas conversaciones, porque retórica y clara de aquellos que no han sufrido la incomodidad de una guerra, que no continúo el diálogo. Me estoy salvando de esas conversaciones en el sofá frente a la computadora como una excusa para aquellos que tienen más razón. Incluso podría decir que la generación de mi padre luchó durante doce años en África para que Portugal no perdiera las colonias ... Y además de perderlas, por la victoria de quienes creen en la independencia y el antiimperialismo, como yo, perdieron varias vidas de hombres, muchos tan jóvenes que no tuvieron tiempo de soñar con optar por desertar. También podría decir que tuve un compañero africano que luchó en una guerra civil en esa misma Angola, después de que mi pueblo portugués se retiró. Decirle que vivir en una situación de guerra crea marcas, traumas, muy profundos en la gente durante toda la vida y la historia muestra que este no es el camino de la transformación. ¿Qué es lo que no sé? Humildemente prefiero escucharlos, artistas, activistas, ex guerrilleros sobrevivientes que defienden el camino de la paz y la reverencia por la vida y su dignidad.



Un fuerte abrazo desde Brasil

Ana Piu

07/03/2020





quarta-feira, 1 de julho de 2020

série: ALGUÉM VIU A SORORIDADE PASSAR POR AQUI E FICAR?

Hoje vamos falar de sororidade, assunto tão caro de termo tão relativamente recente. Para mim é. Para voceses, não? Estou aqui aberta como uma ostra para aprender! Aquelas ostras que quando um grãos de areia e outras inconveniências parasitárias entram dentro da conchinha cria-se uma pérola, transformando dor em amor. Pronto, podem levar o roteiro e fazer cada uma e cada um à sua maneira!Aha isso é sororidade, é termos uma ideia e partilharmos com a galerada sem medo que nos roubem as ideias, porque quando há criatividade cada ser contará a sua história, com a sua visceralidade e verdade a partir dum tema comum que nos é caro, que é sermos compreendidas. Olhem, só para avisar antes de tudo e do mais multipliquem aí três vezes da idade da adolescência e o resultado sairá a minha idade. Eu imagino, que há uns anos atrás eu poderia ser eventualmente irritante para as mais velhas, por as tirar do lugar de conforto, mas hoje também poderei ser irritante e desconcertante para as mais novas que acreditam que o mundo está nas suas mãos entre uma bundchinha, um certificado com um titulo  ( em determinados recortes sócio económicos, claro) e uma imensa carência de ser reconhecida e amada mesmo que por um macho alpha que coloca eventualmente as mulheres umas contra as outras, numa ciumeira que só visto. Contado ninguém acredita. Umas puxam o cabelo, outras jogam um seio de silicone na testa da outra, outras ainda inventam casos e fofocage só para ferrar. Ihih Um pandemónio

Sim,muitas mulheres são competitivas, fofoqueiras, mesquinhas, invejosas e competitivas. E isso é o calcanhar de Aquiles que os machõszinhos se aproveitam. Pois se sabendo intimidados com a potencialidade do feminino curado tremem como varas verdes e ainda difamam que as mulheres que abrem peito são mal comidas e arruaçeiras. E existem mulheres, que na sua carência vão atrás destas balelas. Já outras  se achando tão sagradas e conectadas, mas que ao primeiro uivo duma mulher viram as costas porque consideram tal despudor ( burguesote e\ou submisso) nada iluminado e uma afronta, lá no intimo, com os homens e as regras de convivência. Outras sentem um terrível medo de uivar, nem um movimento para não contrariar muito menos irritar o algoz. Uma questão de sobrevivência....

Há que prestar atenção com quem podemos contar e quem pode contar connosco.  As acomodadas à sua iluminação transcendental de um olhar para dentro sem contemplar um olhar para fora, para as manas, assim como as que encontram mais vantagem num projeto de sucesso individual com parcerias individualistas, ou que a sua sobrevivência é mais importante que unir forças, é um campo de observação para que possamos atuar com consciência de classe, étnica e outros recortes que se insiste fazer nesta sociedade que precisa urgentemente  de ser curada. Primeiro pela reflexão, depois pelo riso que vem daí. O riso que subscreve a boçalidade, a ignorância, a indiferença, a vaidade, as ideias feitas acerca de tudo e de tod@s dá vontade de rir ou de.... O que tem a dizer sobre o assunto? Não precisa de dizer nada, mas podemos pensar juntes e fazer diferente. Num é mesmo?

BOA QUARENTENA DE RESILIÊNCIAS  MIL! Até a próximo texto!

A Piu
Campinas SP 01/07/20202

Curta a página " AR DULCE AR" e se puder, quiser, se se tocar apoie este projeto de palhaçaria feminina sobre relações abusivas. https://www.facebook.com/AR-DULCE-AR-162965127817209/




MAS QUE CÉU É ESSE QUE HÁ MILHARES DE ANOS AS PESSOAS CONTEMPLAM?


No ano de 2013 o espetáculo de formas animadas ‘ Um Buraco no Céu’ é criado e estreado num Festival de Títeres em San Nicolas na Argentina. Criado por mim, Ana Piu, uma artista cênica e por Denise Valarini, uma artista visual. Quem trouxe a ideia do buraco no céu que estava se abrindo sobre um povoado e seria urgente costurá-lo foi essa artista visual.

‘ O Buraco no Céu’ foi escrito  a duas mãos e montado antes de eu conhecer o manuscrito  ' A queda do céu: palavras de um Xamã yanomami’ do David Kopenawa e do Bruce Albert. Porém essas coincidências de montar um trabalho autoral cuja protagonista é uma anciã e as outras personagens ativas são mulheres que representam a idade maior, a ancestralidade, tenha esta ou não sabedoria, e que aborda a questão ambiental e posteriormente a ecologia das emoções com o reconhecimento das preocupações dum povo antigo da floresta foi ‘Aha!’, um entendimento trazido para a consciência. A Senhora do Silêncio é uma boneca de manipulação direta que protagoniza toda a trama, guardando um segredo que todos já sabem mas muitos esqueceram, ou lembraram-se e esquecer ou esqueceram de se lembrar e por isso por ora desconhecem. Ao inicio contemplam esse buraco deslumbrados, mas depois assombrados sem saber como resolver e entrando num estado de aflição tentando encontrar culpados e sem conseguirem chegar a conclusão nenhuma, pois a escuta é algo que não está afinado como exercício de cidadania. Com o desenrolar da trama a Senhora do Silêncio, que sempre esteve lá é relembrada e finalmente olhada com atenção e o exemplo de olhar o céu enraizada na terra em silêncio abre espaço para que tudo volte a ser um todo, sem rupturas que gerem o perigo do céu nos cair na cabeça e ser o dilúvio total onde não há escapatória nem mesmo numa lata de conserva.

A Piu 
01'07'2020

crédito: Italo Medina