quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Passaporte de coelho

A minha amiga Catarina, que antes de deputada é atriz/fazedora de teatro, dá, uma pequena ideia do panorama atual do estado do Estado onde a arte e a cultura não puxa carroça. Tudo isto é fado! Então, dassseee para o fado! Ou cultura é futebol e marchas populares? hhmm, olha a outra senhora a voltar da tumba!! A dita, a dura... de roer. Já teve tempo de tricotar umas pantufinhas de lã, o raça da outra senhora. Ta ca pariu! Vou arranjar um passaporte de coelho e pôr me a salto!

Para quem não sabe passaporte de coelho era uma expressão utilizada nos anos 60, durante a ditadura de Salazar. As pessoas, principalmente os homens, fugiam a salto, íam clandestinamente de Portugal para França, Bélgica e outro destinos, em condições de risco de vida. A maioria para fugir à pobreza, à guerra e à ditadura. Muitos ficaram pelo caminho, apanhados pela guarda cívil, traídos por quem os "ajudava" a passar, mortos de cansaço e fome. Que a memória da nossa História nunca se apague. Uma História recente, ainda para mais. Que afectou os nossos avós e os nossos a pais. E a nós! Mas parece que já sublimamos...

Ai o amore!

Na parede da casa de banho do botequim (antigo bar da falecida poetiza portuguesa Natália Correia) está hoje escrito a giz: "Amor triste e (e)terno/ amor triste não existe... amor triste... triste amor." AMOR TRISTE.... hmmm. Amor triste existe, mas o amor é para se viver, para se desfrutar. Eu gosto mesmo é do amor e da paixão do Vinicius: "Ser alegre é melhor que ser triste! É a melhor coisa que existe(...) Porque a vida, minha gente, é para quem se dá!" Amor triste?... Não, obrigadinho. Nein danka. Non, merci thank you. Eterno e terno não precisa de embrulhar! É para jazz! amor triste...tzzzz aque faduchuuuu

Agá dos Ós


Eu cá vivo na aldeia da roupa branca perto do pátio das cantigas. Já vivi na Costa do Castelo, mas agora vivo aqui. Tenho vista para um jardinzinho de onde posso ver o céu. Mas da minha janela! Vivo num sítio com sol, daí os óculos, mas nem sempre transparente, por isso sou um garrafão de H2O. Estou vazio, porque a minha dona (dona...) trabalha o vazio numa coisa que se chama a arte do palhaço... Ele há coisas!... é a vida! Vai-se andando como se pode

domingo, 27 de novembro de 2011

Impulses!


Ontem (24 de Novembro) deu-me na veneta e subi a Avenida da Liberdade. Logo de manhãzinha um sol de Inverno resplandescente que até fazia calor. A sorte foi levar na bolsa um bloco de recibos verdes para me refrescar! Dá sempre aquele estilo vintage. Caminhei e caminhei e lá cheguei à Praça de Espanha, mas conclui que Espanha também anda muita engripada. Deve ser deste tempo! Ora chove, ora faz sol. Chegando ao de...stino um jovem rapaz comentou que o trânsito estava encravado. Bonita imagem, pensei. E perguntei-lhe: "E os cravos tão frescos ou já murcharam?" Como resposta recebi um sorriso. Bom, tá bem. Vou acreditar que no nosso jardinzinho à beira mar plantado ainda possam florescer cravos, rosas, violetas e afins. Porque se algum dia já não der para oferecer flores isso será Expulse! Desci Avenida abaixo e depois outras ruelas subi. Muito bem acompanhada e protegida. Uns senhores muito aprumadinhos todos vestidinhos de azul guardavam a rua. Só não entendi quando do alto duma escadaria eles em coro desceram e as pessoas começaram a correr. Mas o namoro lá continuou. Bom, espero que se algum dia alguém me oferecer flores isso seja Impulse. E se eu oferecer flores, isso seja Impulse outra vez. Um gag de Impulses!

pensamentos pensados

O que eu gosto mesmo é de fazer as coisas em cima do joelho, colado a cuspo ao som dum sonzito! faz-me sentir integrada no Portugal dos Pequenitos! e também não chateia muito quem manda.
 
Acho que sofro do síndroma do Peter Pan! vou me dedicar ao sumol ananás e à batata frita pála pála e ver os episódios do "Verão Azul". Até jazz!

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Crescer dá trabalho. É preciso sonho realizável

Ao sol alentejano, amazónico, siciliano, marroquino, espanhol, holandês, germânico,escandinávo amadureço ideias, quereres, fazeres. Debaixo do céu azul, cinzento, chuvoso, luminoso com ventania levo, de vez em quando, com uns baldes de água fria e amadureço seres, quereres, fazeres. Quantos sois se seguirão? Quantos baldes se despejarão? Quantas picadas nas costas acontecerão para que a desconfiança não se instale? E que fazeres, ideias, quereres e seres se tornem flexivelmente mais fortes? Mais maduros... Acho que depois desta chuva só um belo sol de Verão de São Martinho..

qual o valor do nosso trabalho?- pensamentos


Ando aqui às voltas com um tal de "Negotion Cultures, Eugenio Barba and the intercultural debate" do Ian Watson and collegues. Bom... Fala de trocas culturais e afins. Em 1995, tinha uns 21 anitos, lançei-me à profissão de teatreira após umas passagens por cursos de atores. A primeira companhia onde trabalhei foi o Teatro ao Largo. Viajar pelo Alentejo, montar e desmontar palcos, atuar, seguir via...gem. Mostrar teatro a gentes que nunca vira teatro ou tinha uma vaga memória dos saltimbancos. Os espetáculos eram apresentados na praça da aldeia e eram de graça. Levar a cultura onde o povo está. Cultura e arte para o povo DE GRAÇA. Para mim era um sentido de vida, uma missão. Muitas vezes escutei: "Aquilo também eu sei fazer!". Cool... Hoje pergunto-me: "Mesmo que simbólico as pessoas devem pagar?"; "Que valor tem o meu trabalho? As horas de dedicação e pesquisa não conatabilizáveis, não remuneradas e investidas em formação?" Mas o que me entristece é quando malta do meio artistico quer que trabalhe de borla por dá cá aquela palha. EU DOU BORLAS, MAS A QUEM EU ESCOLHO, PORQUE ESTA É A MINHA PROFISSÃO. Aqui há 2 meses escutei do Barba (ao vivo e a cores):"Dar borlas é ser estúpido, há que fazer trocas. O nosso trabalho tem um valor". Ando a pensar nisto e adaptando à MINHA REALIDADE, ONDE O DINHEIRO, NESTE MOMENTO, NÃO É A ÚNICA MOEDA DE TROCA. Mas há contas que só em dinheiro mesmo. To be or not to be. Where is the question?
 
 
Trocar é comunicar, criar uma eventual relação de igual para igual. Há uns anitos atrás viajei para Marrocos com uma malta de Espanha. De carro até ao Sahara com medicamentos, material escolar e roupas para dar. De repente, a meio da viagem..., percebi que estava a fazer turismo humanitário. Ao cruzar-me com um vendedor de tapetes e túnicas ele não quiz dinheiro, porque não lhe servia para nada. Precisava de uns sapatos e dumas peças de roupa. Trocámos. E o mais curioso é que eu não tendo jeito nenhum para regatear, regatiei. Era essa a regra do jogo onde a dignidade do senhor era visivel. Nessa viagem confirmei que ninguém gosta de ser tratado como pobre e o que é dado sem reciprocidade causa ganÂncia entre as pessoas que recebem e não se cria nenhuma relação com quem dá somente. Trocar é valorizarms-nos mutuamente, sem paternalismos