terça-feira, 25 de junho de 2013

SILÊNCIO

O silêncio doí? Depende. Se for um silêncio que nos enraíza no chão e que nos faz mover, que nos faz voar até quem sabe, não doí. Se for uma dor libertadora, aquela dor que nos leva para lá de nós e que num fundo é uma dor benéfica por ser libertadora de nós mesmos, do nosso pequeno grande umbigo. Por outro lado, se for um silêncio fruto do medo, do desprezo então doí. Há um silêncio que aparenta paz, mas é um silêncio ruidoso abafado no escuro da noite. Um grito abafado implorando vida, exigindo paz, pedindo um abraço. Há o silêncio dos corpos cansados, descompassados. Há o silêncio que não necessita de palavras. Há o silêncio na  luz de dia cinzento ou um silêncio de noite com luar. Um silêncio de desejo de sonho. Um silêncio de medo de desejo de sonho. Um silêncio de noite de lua cheia não é realmente um silêncio, pois muitas coisas acontecem. Há também o silêncio da folha branca que vai sendo escrita em silêncio plena de vozes, melodias, cores, odores, sabores, dissabores, calores, clamores, horrores, amores.

A piU
Br, Junho de 2013

pintura: César Teles

Sem comentários:

Enviar um comentário