sexta-feira, 14 de junho de 2013

DE BROMA

Certa vez, entre espanto e riso, chamaste-me de psicopata pelo meu olhar, meu impulso estar descompassado, cansados dessas injustiças sociais, que passaram a anedóticas, como designação. Com gestos dilatados pelo cansaço de não sentir calor chamaste-me refugiada entre risos e outros fait divers. Com dignidade acabrunhei-me sem demonstrar acabrunhamento. Só precisava de um aconchego, uma respiração de alívio, um olhar solidário. Talvez estivesse pedindo muito. Senti sede. Não te deste conta. Lágrimas cairam. Perguntas-te o que se passava. Nem sempre o óbvio é óbvio, pois requer transportarmo-nos para outro lugar fora do nosso. Depois fiquei. E como muitas vezes a história move-se em circulos ora fechados, ora abertos.
Amadeo Modigliani “Woman with a Necklace” (1917)

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