quarta-feira, 26 de junho de 2013

DESPOJAR-SE DE SI


















"Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É saber falar de si mesmo. É não ter medo dos próprios sentimentos” 
Fernando Pessoa


A respiração ofegante de quem queremos bem se diluindo no tempo. O peito que se vai mais o seu calor. Os olhos dum filho que se fecham. Os sonhos e os quereres que se transformam ou que se revelam num outro ângulo, numa outra perspectiva.
Deixar ir. Abrir mão. Segurar o ovo da vida delicadamente na ponta dos dedos. Delicadamente segurando para que não cai no meio do chão e esborrache.
Deixar ir. Deixar que o ovo rebole para onde tiver de rebolar. Não o prender entre os dedos para que este se esmigalhe e já nada restar.
Deixar ir, guardando os momentos. Momentos Kodak. Momentos Brinde. Momentos desmunhecados, delicados, chorados, gargalhados, esperançados, resignados, perdoados, reinventando-nos numa outra calma.
Deixar ir em suaves e vorazes círculos em espiral. Soltarmos-nos de nós mesmos, para nos voltarmos a encontrar. "Porque nada acaba nunca, só muda de lugar".



a piu
Br, 26.06.2013

citação aspas: Paula Só, atriz e encenadora portuguesa












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