De que se fala quando se fala de amor?, perguntou o Raymond Craver num dos seus livros de contos. De que se fala quando se fala de povo?, pergunto eu. 'O povo é burro!", dizem uns. "O poder das massas é brutal!", dizem outros e até mesmo os mesmos. Volto a perguntar: onde se posiciona aquele ou aqueles que dizem que o povo é burro? Do alto da sua sapiciência? Nesse caso que a sua sapiciência sirva para alguma coisa. Que sirva para partilhar com aqueles que acha que estão abaixo de si. Porém essa sapiciência deve andar um pouco coxa, pois talvez desconheça que existam movimentos sociais e populares no ativo. E depois chamarem alguém, de burro!?! Um animal tão dócil e com personalidade que é vista como teimosia. Quem não é completamente domesticável é no que dá... Também é engraçado todos aqueles clichés que se criam em menos de nada, como por exemplo: "O povo acordou finalmente!" E volto a perguntar: "Acordou? O povo? Em massa? Uma manifestação é significativa de um acordar efectivo ou se não houver uma reflexão a curto, médio, longo prazo que despertar é esse?" Podemos-nos sair às ruas de peito aberto vezes sem conta, mas só isso não chega. Quanto ao poder das massas e estas irem numa só direção!... Já vimos que não é assim!
Os Fóruns Sociais no Brasil já existem há alguns anos, mais os seus movimentos e em termos de produção de conhecimento estão a "ultrapassar" a velha e cansada Europa. De facto (desculpem mas fato para minha lusitanidade é paletó e soletro o C. Deste C não abro mão. ihihi) o Brasil é imenso. Dizer que o conheço como a palma da minha mão seria uma perfeita arrogância e falta de noção. Nenhum país cabe na palma da nossa mão. Mas posso adiantar que do Amazonas, passando pelo Matogrosso, descendo a Bahia até Minas, Rio e Pará, aportando em São Paulo já dá para ter algum conhecimento de causa que o povo não é uma massa homogénia e burra, como alguns que se sentem acordados e despertos acham. Os países, as instituições, os lugares são feitos de pessoas e já agora de animais, entre eles o burro que está em vias de extinção por já não ser força de trabalho para o homem, e as plantas. O que é então preciso para fazer uma massa de povo? Pelo menos farinha e ovos. Como o outro diz: "Não se fazem omoletes sem ovos." Então digo:" Não se fazem transfoirmações sociais sem educação, tanto no conhecimento como no trato.
A piU
Br, 19.06.2013
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