segunda-feira, 24 de junho de 2013

DESPOJAMENTOS ENRAÍZADOS



Logo de manhã em conversa com uma pessoa de 12 anos, esta disse-me:"Ainda bem que não fomos à manifestação. Prenderam pessoas." Depois respondi:"Lembras-te lá da escola em Lisboa, quando nas comemorações do 25 de Abril vinha sempre um preso politico falar da ditadura? Sabes, prefiro que sejamos pres@s por defender a nossa liberdade que nos aprisionarem na repressão e no medo. Na paz podre." E ela:" Mas porque é que tens de estar sempre metida nisso para onde quer que a gente vá?" "Primeiro porque somos do lugar onde estamos, segundo por que nasceste aqui. És daqui, como és da velha Europa." Mas continuo a achar, eu cá acho muitas coisas, que os principais opressores de nós somos nós mesmos. Muitas e tantas vezes criamos relações de poder e vigia uns sobre os outros que não nos favorece em nada. Oprimos-nos e oprimimos enquanto não nos libertamos do medo de sermos felizes. De termos o prazer de estar aqui e agora, seja lá em que circunstância for. Estar aqui e agora despojados do sentido de posse e de poder opressivo.
É assim tão abstrato o que falo? Acho que não, basta analisar as relações de dependência que criamos uns com os outros, tantas vezes a maior parte das vezes desnecessária.O Pierre Bourdieu fala de um tal habitus. Mas agora não me apetece falar dele. Apetece-me que falemos de nós no nosso dia a dia, pelas nossas palavras e sentimentos e ações.

A piU
Br, 20 de Junho de 2013

imagem: Pablo Picasso

Sem comentários:

Enviar um comentário