Um dia disseram-nos que era aquele o caminho! Felizes fomos, enaltecidos por grandes ideais. No dia seguinte aprisionados estavamos nesses grandes ideais que afinal não o eram. Ou melhor eram, porém colocados em prática não o eram porque havia sempre alguém que queria levar vantagem. Dois dias depois, após almas e corpos estraçalhados nos campos de batalha dos grandes ideais impraticáveis quando a sede do poder se sobrepunha à fome de justiça, instaurou-se um novo caminho. Nós aliviados e enaltecidos continuamos. Alguém nos levaria para esse caminho de luz onde as trevas se apagariam para todo o sempre. Mortos pela sede dos mesmos e dos outros que passaram a serem os mesmos que em grandes goladas sorviam poder em ruidosos tragos, sucumbiram ao cansaço. Vencidos, resignados ficaram. Condecorados foram por uma pitada de conforto e consumo que logo logo se dissipou para nos levar em remoinho para um abismo total. Alguns tentaram se agarrar às paredes desse abismo, quem de fora estava, por vezes sentiu compaixão, outras virou o rosto para o lado olhando o que lá longe se passava e achando que estava perto. Mais uns dias caminhámos. Depois, já eramos muitos a redemoinhar pelos ares, pelo chão. Quem fome sempre sentira aliviou-se por já não estar só, pois agora aqueles que algumas vezes se esqueceram de olhar para o lado estava no mesmo vai e vem doido, doidaço. Quem fome sentia de liberdade e que muitas vezes se fez passar por louco ou deixou que o fizessem passar por tal, sentiu algum alivio por finalmente não se sentir só nesse vira virote. Muitos dias se passaram até todos acertarem o passo de tão desacreditados que andavam e que era possivel seguirem o caminho por seus próprios passos. Alguns transformaram-se em seres de luz e levitaram enraízados no ar, acima de sedes e fomes. Apenas eram. Os outros em seres de pó navegaram pelas pegadas que imprimiam no barro. E seguiram. Seguiram. Uns levitando, outros navegando traçando um outro rumo num compasso combinado entre todos.Um compasso proposto e não imposto.
A piU
Br, 14 de Junho de 2013
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Vieira da Silva |
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