Não sou economista. Tampouco estudo para tal. Sou uma cidadã comum, que nascida a 1973 viveu durante 38 anos da sua existência em território europeu. Uma cidadã que lê com alguma frequência o "Le Monde Diplomatique' e quando possível o "Courrier Internacional'. Uma cidadã que conhece com alguma familiaridade os habitantes que habitam especificamente em território português. Em 1986 foi um ano muito esperado por alguns e por outros foi o principio do fim. Desde sempre a palavra "crise" fazia parte do noticiário nacional. Porém, esta cidadã que hoje vos escreve nunca assistira a uma crise tão acentuada como a atual. Em 1998 foi o ano das vacas gordas. A apoteose da injeção de dinheiro da comunidade europeia no formato de uma grande exposição internacional. A Expo 98. Conhecendo o seu país de origem como conhece escusado será dizer que muitos meteram ao bolso em beneficio próprio. A Comunidade Europeia pagou ainda para que a produção agrícola em Portugal parasse. Muitas indústrias fecharam, nomeadamente a textil por incapacidade de fazer frente ao mercado chinês. Em 2001 a entrada do euro, como moeda única, aumentou os bens de consumo para o dobro. Os salários não acompanharam e em muitos casos baixaram. Escusado será dizer que os bancos incentivaram o crédito e o endividamento foi troca, tendo como brinde a corda para o bom cidadão se enforcar com as suas próprias mãos. A quem coube gerir dinheiros públicos, em muitos casos, além da incompetência inerente o oportunismo do proveito próprio foi gritante. Grandes carros, enormes casas, viagens e almoços e jantares com o bom e do melhor. Sempre regados com bom vinho. Claro! Hoje a percentagem de desemprego é altíssima. Pessoas qualificadas em universidades públicas e particulares que aderiram à massificação do ensino numa lógica de lucro e num decréscimo na qualidade de ensino são mão de obra barata nos países da Europa do Norte, quando conseguem trabalho. Quanto a puderem emigrar para outros continente, sdó com carta de chamada, contrato de trabalho e respectivo visto antes saírem das suas casas natais.
Enfim, talvez fosse esse o requisito para fazer parte da comunidade europeia: desonestidade. Goethe, o escritor alemão retrata bem em "Fausto" o pacto com o diabo.
Agora vejamos, aqui não se trata de encontrar vitimas e culpados e sim de refletir responsabilidades de ambas as partes. Sim, talvez tenhamos sido uns "stupid pigs" ou talvez não tívessemos outra saída. Mas!!... Pergunto: este consumo exacerbado de hipermercado, shoppings, stands de automóveis e afins não está nas nossas mãos evitar?
Hoje. do outro lado do oceano assisto a um fenômeno quase idêntico, obviamente com outros contornos dado o contexto socio politico e cultural. O uso indiscriminado do cartão de crédito até para pagar a conta da padaria chega a ser assustadoramente anedótico.
Agora, para finalizar de uma forma um tanto ou quanto de forma leve: Se os educados ingleses nos chamam 'stupid pigs" eu respondo como se tivesse seis anos e tivesse a aprender as primeiras letras:"Olha quem diz é quem é! Lava a cara com cholé! E vosso desemprego desde sempre? Julgam que eu não li i diário intimo de Adrian Mole aos 13 anos e meio de idade?"
Ana Piu
Brasil, 28.4.2014
"PIGS é um acrónimo pejorativo originalmente usado na imprensa de língua inglesa, sobretudo britânica, para designar o conjunto das economias de Portugal,Itália, Irlanda, Grécia e Espanha (Spain em inglês). Em inglês o acrónimo significa "porcos", animais por vezes usado em caricaturas para ilustrar a má performance económica dos 4 países. A expressão "economias porcinas" é também usada (...) Como a lista de economias com problemas não parou de crescer, um novo acrônimo foi cunhado pela imprensa anglo-saxônica - STUPIDs - de modo a incluir Espanha, Turquia, Grã-Bretanha, Portugal, Irlanda e Dubai." (wikipédia 28.04.2014)
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