"Quem caminha hoje na capital da Argentina, Buenos Aires lerá o "Ni olvido, ni perdón" gravados nos muros. Sempre impressiona a visão da L Plaza de Mayo, onde as mães e familiares dos mortos e desaparecidos criaram um do mais longos, tenazes e importantes movimentos de denúncia das atrocidades cometidas ao caminharem em torno da praça exibindo cartazes com os nomes e as circunstâncias do desaparecimento de seus filhos e filhas.
A partir daí o Brasil mudou. O medo se incorporou ao quotidiano. A delação e o colaboracionismo fizeram do dedo-duro um dos suportes do regime. Começava-se a falar baixinho ou a nada a dizer e a tudo calar. O bom patriota era o brasileiro com medo, domesticado pelos tambores militares.
citação: TAVARES, Flavio. Memórias do esquecimento. São Paulo, Editora Globo, 1999, p.26
do livro: QUARTIM DE MORAES, Maria Lygia (org). Memórias da Represão Militar e da Resistência Política, Coleção Idéias 7, IFICH, UNICAMP, 2007.
Um país sem livre expressão, sem acesso democrático à educação e à cultura é um país triste, sem vida interior? Ou não? Que alegria essa que dança na batucada do medo? Que alegria é essa onde a desigualdade levada a um extremo desemboca na criminalidade? De onde vem a violência em primeira mão? Não há maior violência que viver num regime autoritário, totalitário, sanguinário?
Volvidos 50 anos depois do golpe militar quantas feridas estão por sarar? Volvidos 29 anos depois da "queda da ditadura militar" ainda há quem saia à rua marchando em nome de Deus, contra o comunistas. Já agora gostaria de saber quem são esses comunistas que apresentam perigo às 17.26 h do dia 1 de Abril de 2014. Honestamente gostaria de conhece-los. Já agora gostaria de saber que Deus é esse que essas famílias usam como saudosismo de uma época sinistra, inqualificável, que atravessou a América Latina. Tão tenebrosa como o Holocausto. Já agora gostava de saber o que Deus acha disso tudo. Se ele subscreve tanta falta de amor e desrespeito pela vida dos que não fazem parte da ala DOS, da ala DOS que merecem viver.
Enfim, a menina de 8 anos pergunta:"O que é tortura? O meu avô falou que é uma pessoa passar uma noite sem dormir com uma luz em cima dos olhos." Respondo que sim, é isso. Não tenho coragem para falar que não é só isso. Para uma menina de 8 anos já é o suficiente. Mas que a memória não se apague. Por nós, por aqueles que já foram e por aqueles que estão chegando.
Ana Piu
Brasil, 1 de Abril de 2014
Regime ou ditadura militar brasileira foi o regime autoritário, militar e nacionalista que se instalou no governo do país entre 1 de abril de 1964 até 15 de março de 1985. A implantação da ditadura começou com um golpe de Estado em 1964, quando as Forças Armadas do Brasil derrubaram o governo do presidente eleito democraticamente João Goulart1 e terminou quando José Sarney assumiu o cargo de presidente, quando o país foi redemocratizado e teve início a Nova República.2 A revolta militar foi fomentada porMagalhães Pinto, Adhemar de Barros e Carlos Lacerda, por governadores dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente, e por grande parte dos grandes veículos de comunicação. O regime militar brasileiro inspirou o modelo de outros regimes militares e ditaduras por toda a América Latina, sistematizando a "Doutrina de Segurança Nacional", que justificava ações militares como forma de proteger o "interesse da segurança nacional" em tempos de crise. (wikipédia)
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