segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

SE O CICLO DA VIDA FOSSE AO CONTRÁRIO DESEJARIA QUE FOSSE E QUE SEJA ASSIM


primeiro somos cremados e as cinzas atiradas do cimo de uma falésia.

fazem uma grande festança com violinos, acordeãos, clarinetes e trompetes. dança-se e canta-se durante 3 dias e 7 noites para celebrar a nossa ida.

depois viajamos pela India e conhecemos as ilhas do Pacifico sul. somos simpáticos e frontais idosos que generosamente mostramos aquilo que somos. nada a ganhar, nada a perder. tudo a partilhar.

viajamos ora solitários abrindo portas a encontros vários ora com companheiros e companheiras de média longa data, reinventando a nossa relação a cada instante sem cair em rotinas. construimos o nosso viver coletivamente. vivemos de trocas de serviços. não precisamos de dinheiro. trocamos produtos da terra com obras de arte, livros por baldes de água. cuidados de saúde por arranjos na casa.

temos tempo fisico e mental para os nossos filhos e amigos. vamos à praia, ao campo. noitadas de festas sem fim de conversas profundas e ou triviais. sonhamos juntos.

ir à escola é um prazer estimulante, instigante.
brincamos na rua.
temos sempre um adulto para nos dar um abraço que nos protege. gostamos de andar nas cavalitas ou à saco de batatas nos costados desses adultos.

não temos medo do escuro.

gostamos do cheiro do peito da nossa mãe.

e voltamos à barriga dela e termina nesse tal fabulástico orgasmo.

piu
Br, 30.12.2013

foto: moi même, A Piu; máscara feita por Denise Valarini


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