de outra vez já tinha dito que já estava tudo dito
na rua, a mulher jovem balouça o cabelo e olha com desconfiança e algum constrangimento
percebe que a vida já existia antes de si
o carro passa na rua esburacada
antes de ser esburacada já fora rua
hoje é buraco com rua
já está tudo dito
as árvores tombadas pelo temporal
a vida que corre devagar achando que o tempo tem de ser afogueado
as palavras já foram todas ditas
se não todas, quase todas as palavras já foram ditas
e a jovem mulher pensa que será sempre jovem e esquece-se de sorrir
e o jovem sente-se jovialmente cansado e esquece-se de amar
e os sorrisos bailm com o tempo
e todas as palavras já ditas bailam nas águas revoltas das chuvas não escoadas
do que ainda esperamos?
os jovens não duram sempre
as almas talvez sim
as palavras sim,
mesmo que cansadas com um pouco de vento e chuva,
abanam e saem do seu lugar
a piu
br, 15 Janeiro de 2013
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