terça-feira, 7 de janeiro de 2014

ANITA NA PISCINA ou "O QUE NOS UNE?"

Ora aqui temos Anita na piscina. Atrás está uma incrição a letra desenhada pela minha mãe: Piscina Oura Junho 1976. Pois é, além de já irem uns bons anitos vou-me deter nesta especifica data. Junho ainda não é época alta. Agosto sim. Um vê se te avias! Os preços sobem em flecha. Porém, quando discorregava o ano de 1976 não ficava mesmo nada bem passar férias no Algarve num aldeamento junto à praia. Coisa de burguêêêês! Resultado: as instâncias balneares estavam às moscas ao preço da uva mijona. Logo, a nha mãezinha e o mê paizinho aproveitaram a deixa. Não! Brincas! Mas o que parece ainda mais brincadeira de criança que muito desse pessoal que corria a sete pés dos burgueses como o diabo foge da cruz anos mais tarde aburguesaram-se cá de um jeito maneira que até deixaram o pobre do Marx careca de nervos, já nem falando do Mao. Que esse! Mauuuu é melhor nem falar desse nem dos que o defendiam!

Hoje, nos dias que discorrem escorregando entre quem somos e o que fazemos aqui não colocaria uma foto minha no face junto a uma piscina. Porquê? Primeiro ninguém tem nada a ver com o que faço ou deixo de fazer na minha vida privada numa rede social, segundo por uma questão de ética relativamente aos meus conterrãneos cuja maioria está a passar pela ressaca das politicas neo liberais, onde a classe média trabalhadora está no desemprego, ou em situação precária ou a emigrar.

Voltando à minha infância que num tem "pruglema" nenhum de partilhar, pois parece-me que é lá que se define mais ou menos muito daquilo que somos na vida que se apresenta diante de nós pelo viver afora.
Desde a mais tenra idade a 'nha mãezinha, quando entravamos numa igreja para contemplá-la e respirar o fresco do seu interior nos dias tórridos de Verão ou nos agrestes dias de Inverno e saborear o silêncio do espaço, dizia: aqui fica-se em silêncio e não se pisam os túmulos que estiverem no interior da igreja.
Desde a mais tenra idade aprendi a fazer silêncio num local de introspecção, mesmo que eu não praticasse o que por lá se prega, e a não pisar os mortos, por consequência também considero que não se deve pisar os vivos. E com todo o respeito que tenho por esse templo fico ainda surpreendida que existam praticantes que não o respeitem. Bom... Cada um sabe de si.

Anos mais tarde descobri um senhor que me suscitou muita curiosidade. Um teólogo libertário brasileiro. O Frei Betto. Gosto mesmo muito daquilo que pensa e escreve. Ontem, dia 6, dia dos Reis Magos, ele escreveu no 'Correio da Cidadania"

"Em uma sociedade tão consumista e competitiva como a nossa, não é fácil sentir-se bem consigo mesmo. A cultura neoliberal impregna o nosso inconsciente de motivações que reduzem o valor que damos a nós mesmos."

Hoje, dia 7 as meninas encontram mais enfeites para colocar na árvore. Enfim, o Natal é quando o pessoal quiser assim como o encontro de espiritualidades e de ideais será sempre o encontro que pelo menos eu espero. Sem ismos, sem relações de poder e subjugação, com respeito e questionamento por nós e pelo próximo. E já agora com a salvaguarda que somos de carne e osso e que falhamos e que podemos sempre nos edificar interiormente seja dando um mergulho na piscina, olhando para o céu e/ou  olhando para dentro de si. Cada um procura o seu caminho. Se é judeu, ateu, agnóstico, católico, budista (é pá! agora não me apetece falar dos evangélicos! desculpem lá, mas ainda estou a digeri-los), cada um faz as suas escolhas. Mas talvez seja esta a pergunta paradigmática para o novo século e milénio: "O que nos une? Que o que nos separa não puxa carroça! Só cria fossos quase intransponiveis."

Anita Piuzita
Br, 7.1.2013




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