Olhou com um olhar magoado quase quase a chegar ao ofendido. Aquele bilhete escrito a tinta permanente pela pena que o pavão deixara mesmo no meio do jardim. Aquele bilhete enrolado na garrafa amarelecida pelo tempo das chuvas e do húmido calor. E quem escrevera o bilhete ali mesmo na sua frente, fitando com um olhar sereno.
Olhou uma vez mais para o bilhete cuja letra tinha sido carinhosa e desafiadoramente desenhada: A melhor queda é cair em si."
Virou-se de costas para suspirar profundamente não sem antes olhar ofendidamente para quem na sua frente estava e fitava com uma serenidade desafiadora.
Não sabia se aquele olhar que a fitava era invasivo ou libertador. Invasivamente libertador. Voltou a suspirar quase num gemido de surpresa pelo que trazia guardado dentro de si e nunca se dera conta.
Deu dois passos atrás, expirou todo o ar que detinha e mergulhou para outro lado do espelho, por outro lado de si.
a piu
br, 8.1.2013
Sem comentários:
Enviar um comentário