Meu querido diário,
ontem em conversa com uns amigos pedi para me falarem da proclamação da República que foi comemorada dia 15 de Novembro e a Independência no dia 7 de Setembro. Partilhei ainda uma surpresa minha relativamente à não comemoração do fim da ditadura militar em 1985. Juntos, eu e os meus amigos brasileiros, concluimos que a memória histórica não é uma coisa que singre muito por terras tropicais. Uma das pessoas da conversa é historiadora e explicou que as pessoas dão mais importância a figuras históricas do que a factos. Porém, não deixo de achar curioso não se ter uma consciência clara de cada período.
Essa historiadora contou que esteve em Coimbra e que escutou esta afirmação de alguns historiadores (não falou em nomes, nem vem ao caso, porque o que interessa mesmo é reflectir sobre uma mentalidade ainda em vigor): "Se ainda tivessemos as colónias não estariamos a passar por esta crise." VERGONHA!SINTO VERGONHA desta mentalidade imperialista que se esquece do genocidio, da escravatura, da destruição de outros povos, já não falando da desvastação ecológica nomeadamente da mata atlântica. Historiadores falarem isso? Maaaannnn pessoas que estudaram a História. Chiça! Com os meus 14 ou 15 anos a ficha caiu logo! Ao estudar os reizinhos, mais a caravelinhas deu para ver que a ganância, o saque sobrepunha-se ao investimento agrícola em Portugal e a Revolução Industrial passou ao lado.
Enfim, nessa lógica temos sempre de ser império de alguém ou sermos imperados... Patricios! Os alemães e os chineses andam aí! Já é tarde! Aguentem-e à bomboka! Ai que saudades do Império Romano que até hoje temos estradas belissimas feitas por elese com uns reparos a cimento ainda dá para usar as instâncias balneares que nos deixaram.
Maaannnn Se liguem!
A piU
Br, 17.11.2013
imagem: João Abel Manta
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