Amanhã, aqui no Brasil é dia da Consciência Negra. Procurei no google aquela velha capa do vínil de 1969 do Jorge Ben, onde está desenhado um homem de tez escura com dois punhos perto do peito com umas algemas arrebentadas. Não encontrei a imagem pelo google, mas encontrei esta do Frank Zappa que tem como legenda "trabalho sujo". Pois, pois ora pois. Primeiro achei a imagem divertida para falar de algo que nem sempre ou quase nunca é divertido: Escravatura.
Por agora achei que estava com muita preguiça para falar das reinvindicações da beleza dos negros. É um assunto que só é assunto, porque... Sei lá! Há negras lindissimas. Há negros igualmente esbeltos e bonitos que lavam a vista. Então nem é um assunto que me apraz debruçar, pois sempre convivi com pessoas de todas as cores, linguas, espiritualidades e cores partidárias. ehehe Como tal ergo a bandeira da empatia, do respeito pela diferença e aquelas coisas todas que estão em voga por serem politicamente corretas serem defendidas mas nem sempre são praticadas.
Também não estou com ganas de falar dos formulários burocráticos brasileiros que pedem para definir a cor da nossa pele, pois de facto fico verde com tal pergunta. Quanto à questão das cotas raciais. Pois, pois, ora raios pois. Questionar o acesso das pessoas "não brancas" à educação e afins... Pois, significa que as oportunidades ainda não são igualitárias e que a cor ainda define o papel social. Aqui a estrangeirola ainda anda a tentar relativizar-se e a tentar entender tal questão, pois diferenciar as pessoas nem que seja pelo assistencalismo, paternalismo é perpetuar diferenciações. Estou enganada? Bem sei que a pergunta pode ser retórica, pois responder pode significar expormos-nos e isso por vezes amedronta.
Para não me estender demasiado pergunto: E a escravatura já foi erradicada ou ainda continuam-se a cometer trabalhos sujos?
Voltando à "minha" velha Europa posso responder que infelizmente sim. Aquelas noticias que chegam de portugueses recrutados para trablharem na Alemanha na construção cívil e posto lá aquilo é uma grande manha. Vivem em condições degradantes, sem contrato, segregados e enganados.
Certa vez conheci um escravo. Um cidadão de Cabo Verde que foi recrutado no meu bairro em Lisboa (Mouraria) para trabalhar numas plantações em Espanha. Uma parte da população da Mouraria é toxicodependente ou emigrantes. Como seres vulneráveis num contexto hostil, sim porque Portugal como os outros países quando não precisa mais dos emigrantes cospe neles, estão mais susceptiveis de serem armadilhados.
Atalhando, esse rapaz que eu conheci no sul da Espanha conseguiu fugir dessa plantação onde trabalhava de sol a sol a troco de um maço de tabaco. Fugiu porque conseguiu ir a uma festa do povoado e pediu ajuda a alguém que conheceu. Conseguiu fugir sem ser pego. Caso contrário, se fosse pego o que lhe aconteceria? CONHECI UM SOBREVIVENTE, entre muitos que deambulam pela velha Europa e pelo mundo.
Mas os qualificados também não estão livres de escravatura, quando as suas condições de trabalho são degradantes, o ambiente é de uma competição mesquinha de ficar roxo, não existem contractos de trabalho e aquilo que se ganha nem dá para pagar as contas.
Indpendentemente da cor, credo, nacionalidade, se a perna manca para a esquerda ou para a direita o que temos mesmo é de ter consciência que trabalho sujo não é aceitável. Cá no meu parecer claro! Entre um dedo no nariz uma ramela no olho e uma cerita no ouvido.
a piu
Br, 19.11.2013
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