quarta-feira, 20 de novembro de 2013

MUSTAFFA OLHANDO NOS OLHOS


Mustaffa ali ficara aninhado nas raízes da grande árvore, esperando aquele impulso último para abraçar o céu e num voo de menino sorrir às nuvens. Mustaffa ainda receava sorrir ao sair correndo pelos  desertos áridos. Naima olhava ligeiramente para trás. Todos os apelos já fizera para subirem aquela grande montanha onde macacos brincavam com a neve. Só a Mustaffa caberia a decisão do impulso último que fariam descobrir outros caminhos de si, mais ninguém o poderia fazer por ele. Mustaffa sentia vertigem da vertigem que poderia sentir ao olhar cá para baixo. Mustaffa receava os receios alheios de quem receava que ele não voltasse. Pensava no que os outros pensariam e julgava que o julgavam. Então aninhava-se nas grandes raízes da árvore que se tornavam pequenas com o passar do tempo. Tentava-se distrair, mas o sentido encontrava-se em outro sentido. Quantas vezes respirara fundo para que o seu querer se transformasse em impulso e acção? Naima olha ligeiramente para trás, mas não lhe cabia convencer Mustaffa a abraçar o céu e rebolar na neve risando com os pequenos macacos do Atlas. Cada um terá de cuidar das suas vertigens e tomar a decisão do impulso último só aí abraçar o céu, as nuvens, subir  o Atlas e voltar às raízes.

a piu
Br, 21.11.2013

Sem comentários:

Enviar um comentário