quinta-feira, 14 de novembro de 2013

REINVENTARMOS NOS

Ando aqui com duas citações às voltas na cabeça e no peito. Mas antes disso, ando com aquela velha questão do ovo e da galinha. O que apareceu primeiro? O nosso pensamento ou a citação que o vai legitimar? Apareceu a citação que nos faz pensar ou tal como a vida nada é linear?

Dadas as circunstâncias que é o viver, a verdade a cada instante pode-se alterar. Ora vamos à primeira citação que hoje dei de caras logo pela manhã:

A verdade só surge quando se renuncia a toda e qualquer ideia pré- concebida. SHOSEKI
in: T.Hall "A Dança da Vida, a outra dimensão do tempo" Antropos Relógio d'Água, Lisboa, 1996

Pois é!... Quem nunca foi protagonista de ideias pré concebidas? Eu já fui! E quando sou e me dou conta constranjo-me comigo mesma. Porém, para a frente é que é caminho! E quem nunca foi alvo de ideias pré concebidas e até mesmo de preconceito? Eu já fui! Para o "bem" e para o "mal". Confesso que em ambos os casos é sempre um desafio controlar esse mal estar. Tento manter a calma, nem sempre é fácil, mas tento.

Ingenuamente já achei que lugares supostamente esclarecidos não estivessem carregados de preconceito. Por vezes esse preconceito é subtil, mas ele está lá. Vou dar um exemplo concreto: certa vez, aliás certas vezes, andava eu em trânsito entre Berlim e Copenhaga tentando entender para onde emigrar. Posto em Copenhaga um amigo apresentou-me a um grupo de amigos seus." Uau! Ela está vindo de Berlim! Que máximo!" Com um sorriso e a mão no peito falei:"My name is Ana." Na mesa riram-se, talvez do meu gesto a dar ares de salamaleque árabe e continuaram a sua conversa sem prestar mais atenção à minha presença.
Enfim... Poderia dar outros exemplos de ideias pré concebidas. Porém o que concluo é que essas ideias pré concebidas, mesmo em contexto supostamente cosmopolita, são provincianas porque não se deslocam do seu padrão de valores.
O que posso concluir é que precisamos ter coragem para sermos quem somos. E não ter vergonha de assumir. Sou mulher. Sou atriz. Sou palhaça. Sou estudante de antropologia. Sou portuguesa. Sou do mundo. Sou mãe. Sou heterosexual até à data. Enfim, sou ser vivo como todos nós e não tenho problemas nenhuns de me reinventar, mesmo que isso dê trabalho e seja um caminho por vezes solitário.

Lá vai segunda citação da Anais Nin (daquelas que se encontram na net e não se sabem de onde vieram, apesar de identificar a autoria):' Eu escolho um homen que não duvide da minha coragem, que não me acredite inocente que tenha a coragem de me tratar como mulher."

Mas ainda acrescento a esta citação: Eu escolho lugares, pessoas que não duvidem da minha coragem, que não me acreditem como um ser perfeito nem desprezível e que tenham a coragem de nos tratarmos mutuamente com nível. Não baixar a fasquia.

That's it por agora! :)

a piu



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