sexta-feira, 1 de novembro de 2013

GABRIELLE

A atriz deve seguir as didascálias/ indicações rigorosamente. Adaptável para teatro radiofónico.

Gabrielle, quando a cortina de vermelho veludo abre e as luzes acendem, já está no centro do palco. De olhar altivo olha o horizonte em diferentes direções. As pontas dos dedos acariciam a longa capa branca.  De expressão quase neutra e coluna direita com o pé esquerdo ligeiramente para fora, enquanto direito aponta os dedos para o pública declama, com a parte superoir da sobrancelha esquerda tremelicando:

- Aqui estou eu ao vosso dispôr! Sempre estive ao vosso dispôr! Nunca me faltou nada! Fui uma meretriz para vós que me pagaram para vos servir.

Gabrielle avança na diagonal para a direita baixa. Abre os braços e ergue o queixo:

- Entreti-vos. Satisfiz a vossa fantasia! Vendi-me a vós, porque me calei!

Gabrielle tira a capa branca das costas e fazendo um trajecto da esquerda baixa, para a direita alta. Movimenta a capa no ar como uma bandeira. Voziveira:

- BANDEIRA BRANCA! BANDEIRA BRANCA! VOCÊS VENCERAM E NÃO CONSIGO VIVER SEM OS VOSSOS FAVORES! OS CONFORTOS QUE ME OFERECEM PARA NÃO ESTAR DO OUTRO LADO! BANDEIRA BRANCA!

Gabrielle atravessa o palco, a plateia correndo. Repetindo as frases cada vez mais alto.
Sai pela porta principal. Silêncio. As luzes apagam. Pausa dramática. Alguém tenta aplaudir. Escita-se um "Chiuuuuuu!"

- Gabrielle de rompante abre a porta e declama:

VENCERAM PORRA NENHUMA!

Depois de dizer "Porra" as faces ficam rubras, pois não está habituada a tal terminologia.

Gabrielle avança para o palco altiva. Coloca-se no centro do palco, como no inicio da cena olhando para cada um dos espectadores. A luz baixa gradualmente.


A piU
Br, 1.11.2013
Gabrielle Rejáne

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