terça-feira, 12 de novembro de 2013

A MULHER TEATRAL



A MULHER TEATRAL

A mulher desmaquiada olha ligeiramente para cima, discretamente. Está sentada sobre o seu canapé fazendo de conta que lê uns papeis. Bate as teclas da sua velha máquina de escrever e escreve:

"Que lábios vermelhos são estes que diante da minha testa se vieram apresentar?" Ri-se da frase, mas ri-se por dentro pois é uma pessoa discreta. Continua a escrever: "Que lábios vermelhos intactos são estes que de tão vermelhos parecem irreais?" A mulher olha o seu reflexo na janela e confirma que está desmaquiada, tal e qual como no dia que chegou ao mundo. Diante de si está um quase vulto. Olha de soslaio. "Porque não conversa comigo e diante de mim se apresenta como um copo de água no deserto ?"

A quem os lábios vermelhos pertencem assim que percebe da presença da mulher tal como o soslaio do seu olhar num ápice dissipa-se no espaço. A mulher então escreve:"Que lábios vermelhos intactos! (?) Porque se dissipam? Temerão que eu escreva sobre eles? Já não vai a tempo! Aparentemente distraida capto cada movimento que se abeira de mim."

A mulher olha novamente para o reflexo da janela e vê-se igaulamente de lábios vermelhos com um olhar distaridamente teatral. Finaliza as suas anotações da seguinte maneira:" A realidade e a imaginação misturam-se é esse o sabor da vida. Tenho vontade de mergulhar na realidade". Levanta-se e sai teatralmente.

a piu
Br, 12.11.2013

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