Era como rio que se entalava entre as pedras
ali ficava encravado, estrangulado, sem fluir
Os seus olhos fixaram-se naquele detalhe
durante segundos nos meses (seriam anos?) desejou que os seus olhos se encontrassem naquele detalhe
porém o rio não seguiu o seu caudal
logo ali à frente ficava seco o desejo do encontro naquele detalhe
o desejo que a água viesse abraçar a terra ainda húmida mas quase seca
deteve-se naquele detalhe sonhando
porque se detinha? determos-nos é ficarmos presos a nós mesmos... teria de se libertar de si mesma
certo segundo de um dia de um mês parou.
que detalhe era aquele? porque se detinha naquele detalhe que não saciava a sua sede?
aproximou-se. de tão seca que a terra estava queimou a planta dos pés.
queimou uma, queimou duas, queimou três, queimou cinco. talvez não se devesse aproximar, mas aproximou-se ainda mais. aproximou-se e ao mesmo tempo que se sentia inspiradamente dilatada viu que já não cabia naquele detalhe!
porque insistiu em insistir no que não era para insistir?
viajou na imaginação. que imaginação era aquela sua?
o que que queria de si mesma? pôr-se à prova? esperança de algo para lá do lá do lá do lá?
talvez teria que esperar mil anos, mas como mil anos seria um sonho viver teria de seguir outro ou outros sonhos.
sorriu. sorriu ao sonhar que poderia continuar a sorrir.
riu lembrando-se que é sempre bom rir junto.
seguiu sem medo na esperança de encontrar semelhantes diferentes igualmente sem medo de rir e viver.
pipipripipiu
Br, 5.11.2013
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