segunda-feira, 8 de abril de 2013

SOBRANCELHA POUSADA


Dezenas, centenas, milhares e milhares de rostos que se repetem na esperança de serem. Milhares e centenas e dezenas de corpos escolhidos a dedo aguardando efémeros aplausos. Aplausos diluídos no pó dos segundos. Aplausos venerados de um ideal desejoso de algo mais, que esmorece no preciso momento do toque. Rostos de olhar vidrado numa fama rápida, perpetuada em cartazes guardados entre as finas pratas que embrulham chocolates com sabor a sabão. Corpos lavados de profundas dúvidas. Corpos guardados, escondidos de seus rostos de olhar perdido no meio de centenas de milhares de aplausos. Sorriso petrificado desejando um abraço generoso, um aplauso intimo, um toque que desfaça o feitiço do glamour vidrado e frágil. Uma sobrancelha espera pousar sobre a simplicidade da expiração. Aquele rosto já não é aquele sorriso. Aquela graça já não é aquele corpo. Aquele ser adquiriu outra graça, outra dimensão no silêncio dos aplausos. No silêncio do glamour milhares e milhares, centenas, dezenas de olhos ávidos de efémero aquele ser deixou de provar o seu estar. Diluído no pó dos micro segundos pousou as sobrancelhas sobre o peito e descansou.

A piU
Br, Abril 2013
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