sexta-feira, 26 de abril de 2013

MULHER CÃO

salvaguarda: Este texto foi escrito sem pretensão alguma, óbvio, de ser cientifico sobre a noção de natureza e cultura. São reflexões empiricas, já que no meio cientifico positivista empirico é o que não está comprovado.  Fica então o foco na reflexão empirica objetivamente subjetiva.


A mulher está para ter um filho. Dentro da barriga carrega nove meses um ser que aos poucos se vai formando, dando sinais da sua existência pelas voltas que dá. Há quem diga que a azia que se intala na glote daquela que carrega esse ser, que aos poucos vai formando células vivas e mortas, é devido à quantidade de cabelo que o ser já tem. O cabelo e as unhas são as tais células mortas, mas o ser que se vai formando na barriga daquela que o carrega está bem vivo. Caso contrário será cuspido cá para fora pela tal da mãe natureza. Mas também acontece que quando o coração desse ser já não bate, não sendo cuspido pela tal mãe natureza, conduz o ser que carrega o outro ser a uma fatalidade irreversivel. A morte. A morte não é uma construção cultural. Ela existe por si. O nascimento também não é uma construção social. Porém, podemos construir o modo como se nasce e morre. Com mais ou com menos dor. Com mais ou com menos humanização. O momento do trabalho de parto é como um vulcão em erupção. Uma vontade enorme, muitas vezes iglória, de defecar. As dores que daí advém não são construidas racionalmente. São dores físicas. O cheiro, o contacto físico com o ser vivente é fisico. O afeto é algo que talvez se construa, pois requer alimento emocional. O nascimento de um ser é momento mágico, pois ou se nasce ou se morre. Poder abraçar aquele ser que anda no embalo da barriga durante nove meses!... Aquele ser que anda ao chute e ao boxe cá dentro... Vê-lo cá fora é um momento único. Talvez haja gente que não sinta apego. Tenho de estudar sobre o caso. Mas que esse sentimento é tão forte que dificilmente se traduz por palavras é. Quanto à indústria da pedicultura e discursos legitimatórios do que é ser uma boa ou má mãe.... Bom, isso já são outros carnavais que requer tempo e dedicação para analisar. Há quem o faça muito bem. Por exemplo a Mariana!

a piu
Br, 26 de Abril 2013

imagem: 'Mulher cão" Paula Rego



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