Deu duas voltas à praça. Deu três, deu quatro, deu cinco voltas àquilo que sentia no peito, que tinha entre mãos. Contornou as árvores, passou por entre a folhagem tentando não se mostrar. Olhou à volta certificando-se que levava aquela esperança bem arrumadinha dentro de si. Passeou o olhar rapidamente certificando-se que se mantinha invisivel. Torneou o pátio, as ruas. Viu as pessoas passarem. Manteve-se invisível. Tentou manter-se invisível. Até quando? Queria encontrar, olhar de frente mas continuava a tornear. Só precisava de tempo para que com suavidade e leveza olhar de frente, em vários ângulos o que desejava sentir do direito, do avesso, de pernas para o ar, com tonalidades diferentes. Levava aquele sentimento entre mãos, saltando do peito. Tentava arrumá-lo, mas de vez em quando este espreitava esticando o pescoço enquanto dava duas voltas à quadra; três nas ruas paralelas, tranversando o verde da grama, diagonolizando os caminhos que secretamente desejava que se cruzassem.
a piu
Br, Abril de 2013
pintura: Marc Chagall
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