Era uma vez o Januário que era amigo do Elias, que era amigo do Deodato que era amigo da Berta e do Leonel. O Leonel que era primo da Maria Clara que era vizinha do José e da Zita andavam todos, mas todos todinhos descontentes. Uma descontenteira que não se podia. Ora, resolveram se juntar para falar da sua descontenteira. E falavam que falavam. Que não podia ser assim. Que a culpa era o do fulano de tal, mais do sicrano e do beltrano. Enfim, resolveram criar um plano para acabar com aquela pouca vergonha toda. Só que! Só que cedo, muito cedo entenderam que mesmo parecendo idênticos os seus descontentamentos eram diferentes. Uns queriam colocar comida em cima da mesa, outros só queriam continuar a ir a restaurantes. Aos poucos, muito aos poucos já todos precisavam só de pôr comida em cima da mesa. Haviam alguns que ainda mantinham as aparências. Uma questão de dignidade. Mas aquele modo gourmet de pensar a mudança ainda lá continuava. Um modo entre a fome de comer e de consumir, a sede de poder, mais o cansaço de velhos padrões... Porém esses velhos padrões eram como uma pele. Uma roupa, não! Uma pele difícil de despir. Muito difícil.
Elias falou:"Descobri o que nos emperra! Descobri! É a nossa mediocridade! A nossa competiçãozeca de trazer por casa que nos impede de estarmos juntos, de pensar outros caminhos! Os nossos egos atrapalham-nos!" Uns apoiaram-no em silêncio. Outros piscaram-lhe o olho e outros rosnaram desconfiados tentando a difamação. Uma delas é que ele talvez andasse a tomar as umas coisas que o faziam ver o mundo do avesso. Talvez uns comprimidos, daqueles que agora estão na moda ou outras coisas piores! Ilegais! Ora o Elias que passava os seus dias a trabalhar, a divagar nos seus pensamentos concluiu a sua conclusão que tinha partilhado com os demais.
Depois a Berta queria receitas para a mudança, mais o Januário, mais o Deodato e a Maria Clara. Mas essas receitas não chegavam. Os amigos tinham de se juntar e encontrar várias soluções. Porém, isso requer trabalho. Continuaram amigos na mesma. Mas nunca encontraram alguém que lhes mostrasse o caminho da luz. O Elias ainda tentou pedir à Zita para avisar que a luz estava dentro de cada um. Mas a Zita já tinha ido embora, mais o Leonel, mais o Ricardo e a Maria do Amparo, entre outros. Foram embora. Cansaram. Ainda olharam para trás e perguntaram-se a si mesmos: "O que nos faz olhar para trás? Talvez seja para contar que um dia houve um lugar que se podia chamar Atlântida e que naufragou porque o orgulho de ser se sobrepôs à humildade de fazer. Pensar e fazer junto.
Porém, do grupo de amigos que ficaram e outros que foram desconheciam que haviam outros grupos que sendo amigos ou não tentavam a todo o esforço organizarem-se para poder contar um dia aos filhos que quase quase a sua terra seria uma Atlântida, mas herculicamente deixou de ser. Pelo menos, foi isso que Elias, mais a Zita, o Leonel, o Ricardo, a Maria do Amparo, entre outros desejaram lá longe. Muito ao longeee, mas tão perto que continuavam a perguntar-se o porquê de tal desejo
a piu
Br, Abril 2013
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