CHICLETE
COM BANANA era uma daquelas revistas que dava sempre jeito ter à mão de
semear. Desenhos loucos com histórias loucaças. Um forte. Uma barrigada
de sorriso e riso.Dava sempre para encontar no alfarrabista, sebo em
terras brasileiras. Eu tive um monte e num gesto de generosidade
impensanda emprestei e nunca mais as revi. Bom, quando cheguei en terras
tropicais entrei num desses sebos e perguntei pela revista já extinta.
Não conheciam. Pôôô eu venho lá de terras lusas e na terra do Angeli, do
Glauco e do Laerte não conhecem a revista num sebo?!! Conformei-me
inconformada. Ontem na revista Piaui li uma reportagem sobre a "semi
transexualidade" do Laerte. Tudo bem. Tudo numa boa. Porque não? Quem
sou eu ou qualquer um de nós para interferir nas escolhas individuais e
intimas de cada um? Mas só houve uma pequena coisinha que me incomodou.
Uma coisa pequenininha: sendo o Laerte, supostamente, um rapaz da
cultura underground que apesar de ser proveniente da classe média alta
esteve envolvido com ideias sindicalistas e de oposição ao regime
ditatorial dá importância a um transplante de seios? Não sei...
Parece-me que há preocupações identitárias que são reproduções do lado
futil da questão. O artigo ainda esmiuça quanto o Laerte ganha por mês,
quanto ele gasta no aluguel e o valor da cirurgia. Talvez seja muito
interessante essa informação para os queridos leitores de esquerda
caviar que gostam de saber que o Laerte tem um papar de mamocas, mas
questiono-me sobre o porquê da revolta que eles criam nos mais
desfavorecidos num país de marcadas diferenças sociais. Há quem diga que
o feitiço se pode virar contra o feiticeiro. Neste caso é punk da
pesada pode-se virar contra o punk que já não é punk ou que nunca o foi.
Isso também pouca importa. Talvez as porraloquices mudem consoante os
tempos, os ventos de mudança. Muito louco assistir a essa "inversão de
valores". No meu ponto de vista. Claro!
A piU
Br, Abril de 2013
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