segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

ACEITAÇÃO


Aceitação não é resignação. Aceitar que somos uma partícula ínfima e efémera do universo, que antes de nós outros tantos por já cá passaram. Respeitar os ancestrais que fizeram algo de construtivo para todos, ou pelo menos tentaram. Aceitar que não somos originais. Ou melhor! A nossa originalidade vem de sermos quem somos em relações com os outros, com a vida.
Aceitarmos que um dia nós partimos. Aceitarmos que um dia, quem nós muito amamos, também parte. Aceitarmos que somos movimento e que nesse movimento somo guias do nosso destino, que numa aparente contradição nem tudo controlamos.
Aceitarmos que existem muitas verdades e que juntas são uma orquestra polifônica, onde o que nos une é o coração limpo e leve daquilo que não nos faz crescer enquanto seres vivos com um fundo construtivo e desconcertante. Aceitarmos que não somos perfeitos. Porque a vida é desconcertante. Porque não existe fórmula para a perfeição, se é que esta existe. Aceitarmos cada ciclo da vida, pois é esta que nos move. Aceitarmos que somos vento e movimento.
Ana Piu
Brasil, 25.01.2015
boneca construída por Denise Valarini
foto: Denise Maher
foto: apresentação do espetáculo: Um buraco no céu, Teatro Balbinas Beduínas em Sousas, São Paulo, Brasil em 2014, a convite do projeto Ultimo Tipo.
— com Denise Valarini em Escuta o cheiro.

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