terça-feira, 6 de janeiro de 2015

ABÓBODA'S MENTALITY- SUCH A WAY OF LIFE (série: crónicas crônicas)


foto: Anita correndo pelo jardim do Estoril num provável sábado ou domingo do ano da graça do senhor de 1976)
obs: esta foto não é patrocinada pelo shampoo Johnson, tampouco paguei ao face bock para promover este texto
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Para avisar Abóboda é um lugarejo situado a 5 km da praia de Carcavelos, quem diz de Carcavelos diz da Parede, a 7 km da Serra de Sintra e a 15 km, pela auto estrada, de Lisboa e 25 Km pela marginal, estrada que serpenteia a linda costa de praias até ao rio Tejo, que banha e ilumina a capital; cidade das sete colinas.
Abóboda tem muito pouco ou quase nada de bonito, segundo os meus valores estéticos que considero aprazíveis para um cidadão que se quer cidadão inspirado pela cidadania. Uma zona rural que nos anos 70 explodiu em construções clandestinas feita à maluca e em fábricas, que hoje a grande maioria está fechada. Assim como casas ostensivas de gosto duvidoso entre leões de pedra e anjinhos que mijam para lagos artificiais.
Resumindo e concluindo: não tem ponta por onde se pegue!!!, segundo os meus parâmetros, mas que postos ao lado de uma favela é um bairro de "luxo"... ( esta afirmação parece cínica mas é muito honesta, porque estamos a falar de processos históricos e sociais diferentes. Não dá para dizermos que um gato é uma lebre, embora sejam semelhantes em alguns aspectos). Por isso não nos nivelemos por baixo, por que o que o que está em causa é a dignidade humana e o direito a não viver na insalubridade, muito menos na mediocridade fomentada pelas oligarquias do caracácá.
A Abóboda tem muito século. O meu pai tem um livro que fala sobre isso, mas esse livro de momento não está comigo e eu não vim aqui falar de livros e sim da Abóboda e daquilo que apreendi desta até então.
Nascida num hospital em Lisboa, um quartito de cor de rosa suave esperava por mim com o respetivo berço e mobiliário branco. Esse foi o meu quartito até aos 18 anos. Tirando O berço. Convenhamos! Mais tarde o mobiliário era de madeira cor da madeira, Ainda lá está com algumas das minhas recordações. Cartas, fotos, livros, pequenos objetos de carga emocional e brinquedos também.
Não sei se gosto da Abóboda. Gosto das minhas memórias de infância guardadas naquela casa onde está o meu quarto. Gosto do corredor com livros e do "velho" gira discos com discos da velha guarda e da nova também. A vista pela janelas é desoladora. A senhoria já não vive na sua casa por motivos óbvios de finitude e os meus vizinhos do lado também não pelos mesmos motivos. A erva daninha cresce lá fora. Um destes dias aquelas duas casas germinadas que datam de 1968 deixarão de existir. Não são mais rentáveis para os sobrinhos da senhoria que nunca teve filhos e viveu como uma miserável cheia de propriedades. Enfim, mentalidades de tempos de escassez e pobreza mental. Segundo essas mentalidades, ser feliz e desfrutar da vida é pecado.
Mas eu comecei o texto como objetivo de escrever sobre a mentalidade da Abóboda de uma forma mais abrangente e que é igual em tantos e muitos outros lugares...
Não saia do seu lugar! Até já!
Ana Piu
Br, 03.12.2014

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