"Esta é a minha amiga portuguesa. Uma rainha."
Oh m'essa! Serei eu a rainha dos plebeus? Ou serei a rainha plebeia? Ou a mais plebeia das rainhas? Up! Alê hop! Confia et toi même (dá sempre estilo e glamour uma francesada pelo meio) Sim! Tu és uma rainha! A rainha do cagaço! "Vamo" lá!
"Portuguesa?". pensa o menino. De rompante grita com um sorriso e o braço levantado:" Morte aos portugueses!"
"Agora ferrou!...", exclama o meu amigo atrapalhado sem perder a pose alegre.
Fiquei logo amiga do garoto . Na hora! A sua espontaneidade e inocência valem ouro, que do outro, aquele que por estas terras exploraram não me apraz. Fiquei curiosa com a sua visão histórica dos acontecimentos. "É que os portugueses queriam a selva toda para eles, mas veio o Dom Pedro com as suas tropas e gritou o grito do Ipiranga." "Só a selva que eles queriam?", perguntei.
De repente, quase de repente, percebi que uma era abria-se e fechava-se com um Pedrito de Portugal. Curioso. Mas como a história tem sempre uma pedra, além de pedros, no sapato, bora lá descalçar a bota nos "entretantos" das "todavias".
Entretanto as luzes da plateia apagaram-se para assistirmos à peça. Ainda, em jeito de brincadeira com algum fundo de seriedade, perguntei de mim para mim, pois o momento era de silêncio visto os atores já estarem em cena:" Morte aos portugueses... E as portuguesas também entram nessa sangria desatada? Quem diz as portuguesas diz tantos outros portugueses que não compactuam com essa ganância secular de ouros, cafés, especiarias e outras iguarias ganhas às custas de outros, dê lá por onde der? Será que não dá para dar uma desculpada? Aliás, uma "pedidada" de desculpas principalmente aos afro brasileiros e aos indígenas? Da minha parte aqui vai: LAMENTO O SUCEDIDO DESDE O ANO DE 1500 ATÉ AO PRESENTE ANO DE 2015 EM TERRAS AMERICANAS/ AMERÍNDIAS.
E já agora aproveito para dizer: Morte aos nossos lados obscuros! Viva a todos que trazemos , ou fazemos por trazer, o sol dentro de nós. Aquele sol que aquece mas não queima. Sim, porque o sol quando nasce é para todos!"
Ana Piu
Brasil, 27.01.2015
A menina da imagem tem um olhar um pouco desconsolado, mas é só para dar uma mexida nas construções culturais de humor. Nem tudo é riso, nem tudo é choro, vulnerabilidade não significa fraqueza, alegria não é a mesma coisa que euforia e ao limite histerismo, cultivar a tristeza é depressão, assim como o histerismo também édepressão. Logo esta menina da imagem o que faz é fitar o seu público tal qual sereia que atravessa o cabo da Boa Esperança, que durante um tempo foi Cabo das Tormentas. Depende do ponto de vista e da energia que se coloca a atravessar marés e tempestades. E a menina canta:" Tantas vezes fui à guerra que só sei é guerrear, eu gostava um destes dias de ter tempo para te amar. Tenho pistolas de prata, tenho uma bala dourada senão tenho o teu amor não me servem para nada"
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