terça-feira, 6 de janeiro de 2015

ABÓBODA MENTALITY ou "Ainda agora aqui ao tanque ouvi dizer..."


foto: Anita com sua blusita lavada com detergente aconselhado pelas principais marcas maquinas de lavar. Esta photo não e patrocinada pelo shampoo Johnson
Vamos aqui combinar textual e metaforicamente: ser da Abóboda é ser tacanho. Podemos até ser de Paris, New York, London, Kopenhagen and so on. Já conheci pessoal com vistas muito mais curtas numa grande cidade que num pequeno vilarejo. Mas como eu cresci na Abóboda e gosto de escrachar de mim para escrachar de tudo, quase tudo, digo e repito: SER DA ABÓBODA É SER TACANHO.
E o que é ser tacanho?
Ser tacanho é não conseguirmos vislumbrar para lá do nosso mundinho. Vermos apenas no que é diferente uma ameaça. Não valorizarmos o outro e o que nos rodeia e espezinharmos o que desconhecemos e estranhamos. Isso é ser tacanho.
Ser da Abóboda e ser tacanho é viver do lado do mar, quem diz do mar diz do vizinho, sem nunca o ver. É não ir ao cinema, nem à biblioteca pública, nem a uma exposição de pintura e/ ou fotografia de entrada livre, muito menos ao teatro. Não me lixem! Há dinheiro para os ténis de marca, mas não há tempo para usufruir do que é público e cultural!... Em suma, é não ter curiosidade. É ser tacanho e achar que assim é que está bem! Ser da Abóboda é igual a ser de New York city, Berlin, Paris, Tokyo quando achamos que o mundo acaba no nosso mundinho que traçámos de modo sofisticadamente rude sem nos valorizarmos a nós mesmos realmente e consequentemente os outros e ainda podemos achar que somos mais que os demais. E encher a boca com desdém: " Deves ter a mania que es mais que os outros!"

Ser da Abóboda é também tomarmos consciência disso tudo e não nos esquecermos de quem somos e para onde queremos ir, mesmo que o destino seja sempre incerto por mais que o queiramos controlar.
Não ser mais da Abóboda é perguntar: " Pagas as minhas contas? Vais me acalentar se eu cair numa cama? Então, continua lá a lavar a tua "roupage" no tanque público, que já não existe, no fim da rua do Lavadouro! Que eu vou de camioneta, carro, moto até à praia mais próxima."
Em suma, resumindo e concluindo: eu fui da Abóboda, da rua do Lavadouro, onde ficava esse tanque municipal que funcionava mesmo depois de chegarem as máquinas de lavar a roupa. E as mulheres comentavam nas suas casas: " Ainda agora aqui ao tanque ouvi dizer............."
Ana Piu
Br, 03.12.2014

Sem comentários:

Enviar um comentário