Deambulo por ambas as cidades ao longo de dois ou três anos para decidir o que fazer à vida, para onde emigrar. Deambulo solitária ou com amigos locais. Mais tarde deambulo com dois seres que saíram da minha barriga e que podem ser mistura com toda e qualquer etnia. Passam por chinesas, ciganas, índias, cafuzas e!... Árabes! " Esta branca de olho claro, que caladinha sem gesticular muito é escandinava ou germânica, o que faz com duas filhas de um árabe!?!" Sim, foi esse olhar que eu senti em Copenhaga. É subjetivo? É, mas eu senti. O que foi decisivo para eu refletir melhor acerca da nossa mudança para um país outro.
A Europa está a voltar a ser o que era, que tentou deixar de ser, mas que ainda é: eurocêntrica, xenófoba e falsa moralista. Curva acentuada à direita.
De que nos rimos quando nos rimos? Se eu dou um murro no estômago de alguém porque essa pessoa é chata isso é liberdade de expressão? Se o menino gordo de óculos é todos os dias alvo de piadinha na escola como é que este se vai sentir e reagir, caso ainda tenha forças para reagir? Se a outra pessoa não está a fim de piadas de mau gosto, piadas essas que assentes no preconceito promovem violência vamos lá e cutucamos.. Isso é ser livre?
O que me assusta é o pessoal dito de esquerda permitir que o seu cérebro se lave cá com uma pinta!! O que me assusta é que em nome do humor, que se quer são e inclusivo, e da liberdade que se quer igualmente edificante se incentive o ódio, o preconceito e má formação ética. De que falamos quando falamos de ética? De que falamos quando falamos de liberdade? Rir do outro é o mesmo do que rir com o outro? E o que é a espiritualidade com religião à parte? Mesmo eurocêntrica, a Europa está descentrada do seu centro. Precisa de dar umas meditadas. Parece. Pelo menos, visto de perto e à distância.
Ana Piu
Br, 08.01.2014
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