Eu até gosto do espetáculo de assistir ao pessoal a assistir ao espetáculo do esférico no campo. Eu até gosto mesmo mesmo, mas mesmo daquele ritual da patuscada, Ahhhh! Na "minha terra" ele é a cervejola, a caracolada, o berbigão, a ameijoa com molho à casa. O tremoço também não falta. Gosto do ritual do guardanapo engordurado, mais o pessoal de semblante suspenso em frente ao ecrã da tv color. Gosto! Começo a imaginar que em vez de futebol é toda uma plateia mundial atenta à revolução humana. "É agora!... é agora!....Ahhhhh ainda não foi desta! E fulano passa para sicrano e sicrano passa para beltrano! Vai! Vai! Goooooool! A paz mundial instalou-se! Gooool! A injustiça social erradicou-se! Gooooool! Os humanos estão conectados com a sua respiração e com a natureza com os restantes seres vivos GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLL" Imagino até que as equipas, ao invés de serem rivais, são aliadas. Desejam fazer gool em ambas as balizas para que o mundo fique equilibrado. Enfim, enfim.
Cá no meu point de view (ãããhhh! dá sempre estilo escrever bilingue e até mesmo trilingue) o futebol está para a telenovela como a copa está para a Eurovisão (festival da canção, vulgus cançoneta pendureta). Chama-se Cultura a algo que além de mover muito dinheiro é puro entretenimento. Ponto final parágrafo. Uma espécie de erudição mas ao contrário. Já agora, já que vou no embalo, a erudição está para o conhecimento, como a sensibilidade está para a sabedoria. E à laia do jornalista já falecido, Fernando Pessa, finalizo: "E esta, hein?"
Ana Piu, a euro dita e desdita
Br, 11.6.2014
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| João Abel Manta |
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